sexta-feira, 21 de outubro de 2005

A CANDIDATURA DE CAVACO SILVA



Depois de ver Cavaco Silva reafirmar aquilo que já era óbvio na sociedade portuguesa, cheguei à conclusão que a sua segurança mental só pode conduzir a bons resultados práticos para a Nação, caso venha a ser eleito PR, como espero.
Cavaco é tudo menos uma pessoa desprevenida. Prepara-se, estuda, trabalha tempos a fio. É a face oposta de Soares, que improvisa, especula, disserta, generaliza sobre o vacuu da sociedade aberta na companhia do seu amigo - e hoje director do DN - António J. Teixeira.
Mas regressemos a Cavaco, razão de ser deste post: ele é a encarnação de uma actividade meditada, desenvolvida com o tempo do relojoeiro para a conquista e manutenção do Poder - segundo certos ideais que pretende realizar em sociedade.
Ontem, quando vi Cavaco pelas televisões - com uma excelente forma física e mental - lembrei-me que talvez concentrasse as qualidades mais necessárias que a Política encerra: a Ciência mas também a Arte. Será mais um cientista da política do que um artista? A mesma questão feita a Soares tinha resposta óbvia. Mas com Cavaco a formulação fia mais fino.
A Ciência é, afinal, um sistema de conhecimentos, e o seu objecto é possuir a realidade.
A Arte consiste num conjunto de regras práticas que facilitam a acção.
Com uma pretende-se Saber; com a outra Agir.
Foi essa, aliás, a ambivalência política (positiva) que Cavaco me transmitiu ao anunciar ontem - no CCB - a sua candidatura a Belém.
Isto significa que Cavaco se me afigura como alguém capaz da arte de governar; alguém em quem o País deve aproveitar os conhecimentos científicos e experiência política acumulada, e não - como decorre do perfil de M. Soares - uma mera gestão corrente da técnica do poder e da capacidade camaleónica para ganhar eleições ao longo dos tempos.
Eles são o resultado das circunstâncias dos respectivos países, são o resultado das situações mais inesperadas, como sucedeu a Cavaco quando foi à Figueira da Foz fazer a rodagem ao seu carrinho há 20 anos.
Nessa linha, o político tem de actuar em certos casos concretos como um verdadeiro artista, ou seja, um pequeno génio criador, embora recorrendo à experiência, à imaginação e à intuição. Qualidades relevantes para quem está na Política. Cavaco já demonstrou no passado que tem todas elas. E mais: tem uma juventude e uma energia e lucidez que faz inveja. Tem também uma outra qualidade essencial em política: o pragmatismo - a modular a sua conduta, porque em Política - na governação das coisas do Estado - o que interessa é sempre o resultado. Às vezes os princípios, raramente a ética...
A acção política acaba por ser, afinal, um resultado que decorre de todas aquelas qualidades anteriores.
Acumuladas com o tempo e maturadas com o conhecimento e a sabedoria. E que podem, doravante, estar em consonância, em harmonia umas com a outras - juntando Cavaco ao país real, e unindo este a Cavaco numa simbiose perfeita.
Portanto, a Ciência Política de Cavaco naquela sua 1ª apresentação pública no CCB - à qual se seguirá uma outra no Porto (para sistematizar as "suas ambições" para o país), permitiu-nos registar e estudar, antecipadamente, as razões do seu êxito.
Daqui decorre uma conclusão maior: a Política depende sempre muito das qualidades dos actores políticos, da sua personalidade e da forma como lidam com as condições históricas do momento, ou seja, da forma como interpretam a conjuntura e depois agem sobre ela, modelando-a. Uns fazem-no com improviso, com especulação; outros, como Cavaco, fazem-no com Ciência e com Arte - na sequência do que dissémos acima.
Talvez aquele que melhor o pode confrontar, do ponto de vista político, intelectual e científico é, sem dúvida, Francisco Louçã. Precisamente por ter uma sólida formação económica e dominar a incerteza dos grandes números - que ajudam a explicar muitos dos problemas e dos desafios sociais, políticos e económicos que Portugal - e a Europa - têm pela frente. Louçã, neste capítulo, e por ser "demasiado igual" a Cavaco, representa uma ameaça intelectual, científica e dialéctica que se projectará, certamente, no contexto eleitoral que se avizinhará. Aliás, Louçã já começou a corrigir Cavaco relativamente aos números do desemprego em Portugal...Mas para Cavaco ganhar Belém não lhe bastam só aquelas características que enumerei. Para ganhar folgadamente Cavaco tem de ser um pouco Soares, ou seja, tem de soltar-se e fazer com que as suas qualidades e conhecimentos científicos na área da economia e finanças possam potenciar-se com o talento criador de soluções mais amplas. Tudo em nome do bem comum que Aristóteles nos ensinou.


Mas para que tal suceda urge a tal formulação de regras da arte política que tem sido feita ao longo da História - e de que O Princípe de Nicolau Maquiavel - é, ainda, a matriz inspiradora, embora possa vir a ser temperado com o sentido de missão que a política deve servir - e que teve em Erasmo de Roterdão uma outra referência.
Cavaco é já um valor em si. Basta-se a si próprio, diria Kant. Depende muito pouco de outros. Só depende do eleitorado. Foi inteligente em não se rodear da chamada "tralha cavaquista", de que o sr. Loureiro Dias foi um expoente; assim como também existe igual tralha na área socialista, representada pelo Sr. Dr. Jorge Coelho.
Cavaco percebeu que a colagem desses caciques à sua pessoa só desprestigiam a política e, por tabela, minguavam a importância da sua candidatura.
Espera-se, doravante, que esses mesmos caciques não venham a integrar a candidatura pela chamada "porta do cavalo".
Se assim fôr perderão milhares de votos, o meu incluído.
É que a política jamais poderá consistir em meros conselhos práticos, uma espécie de elixir que alguns demagogos dão ao Princípe.
A Política é a tal Ciência e Arte que só alguns possuem.
Desconfio que no íntimo da suas novas cátedras, quer Guterres quer Vitorino, só para citar dois homens superiormente inteligentes que são da área socialista, irão votar Cavaco.
Sabemos onde estão os seus corações, mas como homens inteligentes que são sabem, desta vez, que quer a razão, quer as circunstâncias históricas - e até o País real no seu conjunto - estão com Cavaco Silva.


Pedro Manuel

12 Comments:

At 21 de outubro de 2005 às 15:43, Anonymous Anónimo said...

Cavaco Silva deve perceber (como sempre percebeu) que os movimentos ganhadores atraem todo o tipo de oportunistas.

Quando lerem este artigo já Cavaco Silva apareceu ao País e ao Mundo, num cenário suficientemente despojado de acólitos (que lá estarão para a semana, no Porto), anunciando a sua candidatura presidencial. Em bom rigor trata-se de uma recandidatura, ou melhor, da segunda tentativa para chegar ao Palácio de Belém, depois de ter sido derrotado por Jorge Sampaio em Janeiro de 1996. Na altura, o ‘trend’ político era contra Cavaco Silva, e Jorge Sampaio fez uma campanha estrategicamente brilhante (contra Soares, contra Guterres, contra o aparelho do PS ); agora, o ‘trend’ está do lado de Cavaco Silva. E isso esconde muitos perigos, sobretudo para o candidato.

Há no centro-direita uma ideia peregrina de que anda por aí a pairar ”o fim do regime”. E que esse “fim do regime” só pode ser salvo por um momento redentor e por um homem que o assinale. Há, assim, quem olhe para as presidenciais e para Cavaco como Hegel olhou para a Batalha de Jena e para Napoleão. Muitas destas pessoas são as mesmas que sempre desvalorizaram o papel e os poderes do Presidente da República, mas que, agora, estão prontas a defender um golpe de estado Constitucional (tipo Hugo Chávez parta dar um exemplo mais contemporâneo) a transformar o antes “inexistente” cargo de Presidente no lugar mais executivo do nosso País!
A ideia de adaptar a Constituição ou as leis eleitorais à conjuntura política e aos homens que a protagonizam não é nova no Mundo mas é típica do terceiro-mundo ou de Democracias hiper-realistas como é o caso da Itália de Berlusconi. Mas não é isso que tem travado alguns raciocínios que eu achava impossíveis de serem ditos em público sem provocar riso ou preocupação séria.

Cavaco Silva deve afastar-se destas ideias. Deve ser aquilo que ele sempre foi no sistema político português, como ministro, como líder partidário, como primeiro-ministro e como candidato presidencial: saber as regras do jogo e o lugar de cada jogador. Deve perceber que a ideia de transformar uma candidatura presidencial numa espécie de vanguarda governamental é uma tontice e se arrisca a correr mal. E deve perceber (como sempre percebeu) que os movimentos ganhadores atraem todo o tipo de oportunistas e desempregados políticos, capazes de mudarem de opinião em 5 segundos como forma capazes de saltar de Santana Lopes para esta candidatura presidencial sem perceber que estavam a protagonizar um movimento bizarro.

Para concluir, deixo uma mensagem aos apoiantes de Cavaco: esfreguem os olhos e lavem a cara com água fria porque o que viram ontem no CCB não foi Napoleão a Cavalo em Jena, nem Sidónio Pais ressuscitado nem sequer o Cavaco Silva da Figueira da Foz. O que viram ontem foi um homem que não quer governar o País, que conhece a Constituição, que sabe o que é uma “magistratura de influência” e se lembra das “forças de bloqueio”, numa simples frase, um homem que só quer ser Presidente da República.

 
At 21 de outubro de 2005 às 15:49, Anonymous Anónimo said...

A corrida presidencial só ontem começou verdadeiramente, com a oficialização da candidatura de Cavaco Silva. Com ela arranca um debate político que tem todos os ingredientes para ser dos mais profundos – e, espera-se, elevados – da última década. Cavaco e Soares estão ombro-a-ombro no protagonismo que tiveram na vida política do país democrático.
Um, verdadeiro animal político, foi determinante a dar forma ao regime institucional e partidário que temos hoje. Foi Soares quem normalizou o país no seu tempo e no seu espaço europeu.

Outro, de perfil mais tecnocrático, deu o impulso de modernização que se impunha depois da estabilização política. Cavaco fez reformas económicas e políticas determinantes para o salto de desenvolvimento da década de 90.

Dificilmente dois curriculuns podiam ser mais complementares. Tão diferentes no conteúdo mas tão próximos na importância.

A diversidade dos dois perfis é um bom ponto de partida para um debate que terá que ser feito: os limites da função presidencial e a forma como cada candidato a interpreta.

A discussão tem hoje um enquadramento que não tinha há 10 anos, quando Cavaco e Sampaio protagonizaram o último verdadeiro duelo presidencial.

Hoje o país está mergulhado numa crise de modelo de desenvolvimento e tem assistido ao falhanço de sucessivos governos. Não estando em causa a estabilidade governativa, estão ameaçados a estabilidade social e económica e o bem-estar colectivo a médio prazo.

Este é um cenário novo, que coloca ao futuro inquilino de Belém, como já colocou a Sampaio, um novo patamar de acção, pouco compatível com um papel tipo «rainha da Inglaterra»: pode e deve um Presidente ser um acelerador de reformas? E de que forma pode o Presidente fazê-lo sem entrar no campo de acção de Governo?

O tema já começa a ser aflorado na sua forma mais prática: qual é a melhor coabitação para o Governo de José Sócrates, que tem mostrado vontade de fazer? Um político nato do mesmo partido? Ou um reformista convicto do outro partido?

Esta é a verdadeira chave do «jackpot» destas eleições presidenciais.

Os sinais dos últimos dias são tudo menos claros. Têm saído da área política do PSD os apoios mais genuínos ao Orçamento do Estado, que não só elogiam o caminho que é seguido como pedem mais profundidade nas reformas mais duras.

E não será difícil adivinhar que a opinião de Cavaco andará muito próxima da que têm expressado economistas como Miguel Beleza, João César das Neves ou Eduardo Catroga.

Já em Mário Soares é-lhe conhecida a fraca inspiração para números, compensada com um sentido político ímpar e por uma defesa dos valores sociais e humanistas da esquerda socialista.

São estas duas influências distintas sobre a governação que vão estar em jogo nestas eleições. Delas podem sair sinais importantes sobre a forma como os portugueses olham para possíveis mudanças no modelo social. A discussão que está em curso é essa e mais nenhuma.

 
At 21 de outubro de 2005 às 15:50, Anonymous Anónimo said...

O silêncio de Cavaco Silva era o último tabu existente em Portugal. Depois dele dificilmente haverá outro que dure meses sem fim. Sempre se disse, entre nós, que o calado é o melhor. Cavaco, calado, esperou até ao último segundo para anunciar que avança. Aníbal Cavaco Silva não é Aníbal, o general cartaginês, que lutou contra o Império Romano, reformou a administração e combateu os abusos da administração.
Aníbal Cavaco Silva não é Aníbal, o general cartaginês, que lutou contra o Império Romano, reformou a administração e combateu os abusos da administração. Quando esteve prestes a conquistar Roma, entregou-se à vida fácil e à moleza. Ficou na história a frase «as delícias de Cápua» para explicar o que o perdeu. Mas Aníbal Cavaco Silva pode beber nos ensinamentos do general Aníbal.

Gestor de silêncios, escutou o ensurdecedor clamor dos que lhe pedem que ponha ordem neste sítio. O tabu foi a estrada menos frequentada que o leva às portas de Belém. Mas, agora, Cavaco não chega num carro incógnito para se afirmar como líder. É esperado com uma passadeira vermelha para caminhar triunfante. Há, no entanto, algo importante a reter.

Na política o silêncio é a melhor defesa. Mas, a partir de agora, Aníbal tem de começar a falar. O capital que o silêncio permite garantir é fácil de gastar na caixa registadora da política diária. É essa gestão que será a sorte ou o azar de Aníbal.

 
At 21 de outubro de 2005 às 15:52, Anonymous Anónimo said...

O que Anibal Cavaco Silva aprendeu com Mário Soares

Ambos mudaram nos últimos 10 anos. Mas a diferença está na forma como se interioriza o desafio e se prepara o combate. Para Mário Soares o regresso aconteceu pelas circunstâncias, embora a vontade tenha sido construída; em Cavaco Silva o processo foi-se solidificando.
Viu-se ontem, por contraponto com o longo monólogo do seu adversário. A primeira impressão confirma o que está assimilado pela generalidade da opinião pública: falta saber se Cavaco ganha à primeira ou se será obrigado a um esforço suplementar. É óbvio que Soares partiu em desvantagem. Por razões conhecidas e justificáveis – algumas das quais poderiam ter sido contrariadas pelas características inatas do candidato. Mário Soares sempre se mostrou aos portugueses como um político sem medo da adversidade, capaz de inverter o resultado antes do fim do jogo. Tem feito o contrário. Dois exemplos: já disse que os responsáveis pelas sondagens que lhe são desfavoráveis terão que ser responsabilizados pelo seu trabalho; já acusou a comunicação social de estar a levar o adversário «ao colo». Vimos estes erros em Santana Lopes. Cavaco privilegiou os jornalistas na sua primeira intervenção. Aprendeu com Soares.

 
At 21 de outubro de 2005 às 15:53, Anonymous Anónimo said...

Durante a última década, Cavaco Silva foi o ausente mais influente da vida política nacional. Escreveu pouco, falou pouco, apareceu pouco - mas, apesar desse apagamento voluntário, ninguém como ele interpretou, de forma tão clara, as inquietações e as fragilidades do país.
Com uma precisão cirúrgica e a cerimónia que o fato de professor lhe confere, Cavaco Silva fez das suas intervenções armas letais. Mas também dos seus silêncios. Recorreu à imagem do monstro para denunciar o descontrolo da despesa pública e António Guterres confrontou-se com o pântano; lembrou a lei de Gresham para sublinhar a degradação da qualidade dos agentes políticos e assistiu à queda de Pedro Santana Lopes. A verdade é que Cavaco Silva nunca se retirou da vida política: tomou posição, influenciou e reconciliou-se com a comunicação social, sem nunca se desviar dos seus valores. E geriu habilmente sucessivos tabus, nunca saindo de cena. Embora não parecesse, Cavaco Silva sempre andou por aí. Sai agora da sombra. E a política portuguesa agradece.

 
At 21 de outubro de 2005 às 16:28, Anonymous Anónimo said...

Os poderes de Cavaco

Não foi por acaso que Cavaco Silva sentiu a necessidade de repetir várias vezes no seu discurso de quinta-feira que conhecia bem os poderes presidenciais. Cavaco teve que dizer que conhecia, entendia, respeitava e não queira alterar os poderes do Presidente. E fê-lo porque é assim que pensa (e sempre pensou) mas também para explicar a alguns dos seus apoiantes que as presidenciais não são a segunda volta das legislativas.
Os portugueses têm uma capacidade absurda de depositar todas as esperanças nas eleições seguintes. É interessante como louvor à democracia, mas é perigoso porque nem todas as eleições tê os mesmo objectivo. As legislativas, as europeias, as autárquicas e as presidenciais têm objectivos claramente diferentes. E, se já foi ridículo ouvir pedidos de demissão do governo na noite das autárquicas, continua a ser ridículo pensar que o próximo Presidente vai governar o País. Não vai nem quer, seja ele Cavaco, Soares ou Alegre.

Cavaco sentiu necessidade de dar esta explicação porque muitos dos seus apoiantes têm aspergido as massas a teoria dos super-poderes presidenciais. E apoiam-se em três factos e um desejo:


a) O País vive uma profunda crise.
b) Cavaco é que dava um bom primeiro-ministro.
c) Jorge Sampaio criou um precedente quando dissolveu o Parlamento.
d) Cavaco vai dissolver o Parlamento, correr com Marques Mendes e fazer de António Borges ou Dias Loureiro primeiro-ministro.
O raciocínio está todo errado:


a) A crise que o País vive é profunda mas não depende de um regime presidencialista.
b) Cavaco não quer governar, quer presidir.
c) Cavaco teria feito o mesmo que Sampaio (e mais cedo).
d) Cavaco sempre defendeu as maiorias absolutas e a estabilidade (muito mais que Sampaio ou Soares).
Concluindo, os poderes que Cavaco quer são os que já lá estão. Nem mais nem menos. E era isso que ontem o Pais precisava de ouvir, Temos, assim, uma eleições presidenciais e não vamos assistir a nenhuma mudança de regime.

 
At 21 de outubro de 2005 às 17:00, Anonymous Anónimo said...

PRESIDENTE DE CÂMARA DO PS MADATÁRIO DE CAVACO SILVA

Carlos Beato é o mandatário de Cavaco Silva para o distrito de Setúbal e Litoral Alentejano.
O presidente da Câmara Municipal de Grândola, eleito nas listas do Partido Socialista, foi convidado pelo ex-Primeiro ministro há 10 dias e resolveu aceitar o convite.
Carlos Beato considera que, o ex-Primeiro ministro é nesta altura aquele que reúne melhores condições para ser o Presidente da República.

O autarca de Grândola diz que, informou o PS local sobre a sua decisão, mas quer a nível nacional quer a nível distrital não houve quaisquer contactos.

Carlos Beato é o mandatário de Cavaco Silva para o distrito de Setúbal e Litoral Alentejano, nas presidenciais do próximo ano.

 
At 21 de outubro de 2005 às 17:10, Anonymous Anónimo said...

A mim não me levam lá

Apresentou-se finalmente o candidato que antes de ser já o era.
Sobre a apresentação, pode dizer-se o que se tem dito: que disse o menos possível fazendo que dizia alguma coisa. Ou, como outros têm dito, Cavaco foi fiel a si próprio. E será sempre fiel a si próprio. Apenas.
Sobre o candidato, o diagnóstico mais autorizado veio do seu próprio mandatário oficial. O Prof. João Lobo Antunes, que também foi mandatário oficial de Jorge Sampaio, explicou tranquilamente que não descortina grandes diferenças entre um e outro. E ele sabe, não só porque é o mandatário de ambos como por ser muito entendido em cérebros. É mesmo um grande especialista na matéria.
Eu, que sei apenas por intuição e por observação, também tenho impressão idêntica.
E digo mais: estou em crer que Sócrates está de acordo. Em quem pensam que Sócrates vai votar, lá no segredo da câmara de voto? Eu não tenho dúvidas: ele suspira por Cavaco, enquanto empurra Soares da mesma forma que empurrou Carrilho. Sonhando que a aventura do velho tenha o mesmo fim que a do filósofo.
Sócrates fez o caminho com Guterres, mas quem ele aprecia é Cavaco, não o engenheiro mole e parlapatão.
E o austero Cavaco simpatiza com Sócrates, aos seus olhos incomparávelmente superior aos desatinos mundanos de Santana Lopes e sua corte.
Em conclusão: os dois estão ansiosos por se entender, e entretanto vão-se entendendo sem palavras.
Quem quiser mesmo desestabilizar e inviabilizar a boa marcha da carruagem de Sócrates deve apostar em Soares. Com este, que nada sabe de economia ou de finanças, é que não é possível qualquer negociação razoável. Com ele, só mesmo a submissão, ou a demissão.
E nestes devaneios esqueci-me da mensagem a que vinha: a mim não me apanham lá. Para que conste.

 
At 21 de outubro de 2005 às 17:27, Anonymous Anónimo said...

Pedro Manuel,

Não diga disparates. Não fale do que não sabe. Estude, leia e tente colamatar as falhas dos poucos anos de vida que provavelmente tem...

 
At 21 de outubro de 2005 às 18:09, Anonymous Anónimo said...

PARA O SENHOR GARCIA DA ROCHA, IDOSO DA CIDADE E GRANDE ESTUDIOSO:

Este homem está em movimento há algum tempo.
Dirige-se para algum lado com um objectivo.
Nós sabemos qual é esse objectivo e qual o destino para que se encaminha.
Sabemos tudo isso.
Você também.
Só não sabemos o que irá fazer em Belém e como irá utilizar o seu majistério em ordem a ajudar o governo a governar bem.
Parece que o governo socialista também sabe isso.
Só não sabe é o que vai ser o futuro.
Nem o futuro sabe o que será dele próprio.
Para incertezas basta-nos o presente. E para traumas chega-nos o passado.
Em suma: Cavaco assume-se, doravante, como o homem tridimensional.
O homem que veio do passado para o presente e, agora, convence-nos de que é o Homem do Futuro e com Futuro.
Oxalá haja futuro.
Que orgulho, a partir do Algarve, deverá ter o seu Pai - a olhar para um filho daqueles.
É como se o passado saltasse o muro do presente para espreitar o futuro.
Afinal, o que é o tempo??!!
Senão a consideração momentânea e fugaz da equação de todas aquelas memórias do espaço e, já agora, do tempo...
O problema é quando morremos, e depois alguém começa a pensar isto por nós...
Até que o ciclo se repita na roda dos tempos.

Como somos solidários com os respeitodos 80 anos de Mário Soares deixamos aqui votos de uma boa campanha.
Desta vez, Mário Soares já não pode acusar Cavaco de conotações com o ancien regime - colando-o ao salazarismo, que era o expediente utilizado por Soares para ganhar eleições contra os candidatos do centro-direita.
Foi assim, com agitação desse espantalho em 1986, contra Freitas do Amaral. E mesmo aí Soares só ganhou as presidenciais por uma unha negra.
Esperemos, desta vez, que o respeitoso octogenário não recorra a truques baixos dessa natureza contra Cavaco.
É que além de já não pegarem, a juventude que vota também já nem tem memória disso.
Por isso, fica aqui a advertência tolerante para com o "super mário".
Que é até uma ideia gira.
Quando tiver quase um século de vida também gostaria de ser prendado com tamanha afectuosidade, mesmo que virtual. Uma vez que hoje tudo o que é real tem de o ser préviamente na esfera virtual.
Logo, o virtual é o real. Às vezes enganamo-nos... E quando isso sucede arranjamos uma depressão

 
At 25 de outubro de 2005 às 12:42, Anonymous Anónimo said...

Eu, social-democrata, me confesso

Não vi a declaração do Professor de Boliqueime, no entanto, horas depois tive oportunidade de ver as linhas principais. E é de bramar aos céus, quando afirma, o agora candidato, que não é político. Então é o quê? Astronauta?!
A noite entrava e as televisões promoveram alguns debates. A dado momento, ao ouvir uma intervenção, fiquei atónito. Alguém disse, não me recordo quem, que o Professor de Boliqueime é social-democrata.
Ora, tendo-me, ideologicamente, no campo da social-democracia, há algo que não bate certo. Teria naquele senhor a referência política, em Portugal, da social-democracia?!
Após o baque momentâneo, deveria rir?, devia!, pensei: será que a referência é ao nome partidário ou ao ideológico?
Apenas encontrei resposta, à social-democracia do já assumido candidato, na filiação partidária, que, disse, já não ter... Pois... se não chovesse podia fazer Sol... repare-se nos mandatários distritais, entre outros, que, só por mera coincidência, aconteceu, só mesmo por acaso, são alguns dos nomes que pertenceram a Governos que o senhor liderou.
Continua o mesmo estilo, de política apolítica, mas até esta é política. Note-se. No entanto, este estilo é o mais dúbio. Não se compromete com nada, nem com ninguém.
Alguém referia, numa caixa de comentários, num dos textos mais abaixo, que o problema e atraso de Portugal não reside na economia, mas sim nas mentalidades. Concordo inteiramente. Mas é precisamente este género de mentalidade, que não se define, que não se compromete, que não se assume, que não quer ser nada, que é preocupante.
É esta a mentalidade, da marca branca, sem qualquer inscrição, que não se sabe ao certo o que é, que preocupa. Que queremos ser, afinal, se não nos definimos?
Eu, social-democrata, me confesso.

 
At 25 de outubro de 2005 às 12:43, Anonymous Anónimo said...

Pantagruel
Bolo-rei

Nesta rubrica de comeres tradicionais portugueses incluímos hoje o mais famoso de todos os produtos de pastelaria fina, bijous e brioches, que se destina a ser servido entre a Consoada Natalícia e o dia de Reis.
Trata-se de um produto genuinamente português que, no consumo, não prescinde de ser acompanhado por um cálice de esquecimento vintage.
Deve ser mastigado alarvemente.

Tempo de preparação: 10 Anos
Grau de dificuldade: Difícil
Ingredientes (para 10.000.000 de pessoas):
Alguns milhares de milhões de açúcar da UE (vulgo $)
7.678.981 Kg de alcatrão
92.123.458 Kg de cimento
9.999.920 Favas
70 Prendas de pechisbeque
10 Brindes de oiro fino
3.650 Dias de fermento de pato bravo
1g de frutas cristalizadas
2g frutos secos de Boliqueime
Raspas de insensibilidade q.b.
Raspas de lima-limão, de toranja e outras cascas ácidas q.b.
150.500 Funcionários de gordura
1 Colher de sobremesa sem sal
52 Cascas de ovo
1 Kl de vinho doce de Lagoa para esquecer

Preparação:
Depois de retirar muitos milhares de milhões para os bolsos de meia-dúzia, pique o alcatrão, misture-o com o cimento e estenda o preparado pelos campos, vales e costas até que surjam os primeiros blocos de betão.
Misture o fermento de pato-bravo com areias do Rio Douro e dissolva-a em silêncios de forma a conseguir um tabu consistente, junte-lhe meia dúzia de sobreiros verdes e deixe levedar em lugar não muito frio durante 8 anos. Entretanto, bata nos 150.000 funcionários de gordura, depois de moídos, (conserve os 500 restantes inteiros, em lugares de gestão de vira-casacas para posterior enfeite do bolo), a que juntará as raspas de insensibilidade e das cascas ácidas.
Quando tudo estiver bem ligado adicione o resto de cimento e tempere com o vinho doce. Amasse até que a massa fique elástica e macia e junte as frutas, misturando muito bem. Molde a massa numa bola, polvilhe com farinha e tape a massa com um pano, deixando levedar num ambiente não muito frio durante mais 2 anos. Depois da massa ter duplicado de volume, coloque-a sobre um tabuleiro e faça-lhe um buraco orçamental/deficitário no meio. Introduza os dez brindes de oiro (bem embrulhados em papel vegetal com endereço), as 70 prendas de pechisbeque (levemente embrulhadas em papel de prata) e as 9.999.920 favas.
Pincele o bolo com casca de ovo, enfeite com frutas cristalizadas inteiras, torrões de alcatrão, figos de Boliqueime e os 500 funcionários de gordura em lugares de gestão e leve a cozer em forno morno. Depois de cozido pincele o bolo-rei com muita geleia diluída num pouco de água quente.
Sirva-se num fim de tarde de Outono no CCB.

Nota: Se o bolo não crescer pela segunda vez, volte a repetir o preparado com novo tabu e deixe-o repousar numa piscina em São Bento ou numa vivenda Mariani.

 

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