CONFIANÇA
O Dr. Cavaco acha altamente "anormal" que a "crise de confiança" permaneça, apesar da maioria absoluta do PS.
Não lhe ocorre que a "crise de confiança" é, em primeiro lugar, uma "crise de confiança" no regime, talvez porque ele próprio não se considera parte do regime.
Não lhe ocorre que a "crise de confiança" é, em primeiro lugar, uma "crise de confiança" no regime, talvez porque ele próprio não se considera parte do regime.
Mas basta pensar na nossa feia história de 85 até hoje para perceber que seria, ao contrário, altamente anormal se um pequeno episódio político, como a última eleição parlamentar ou a próxima eleição do Presidente, conseguissem de repente apagar o efeito acumulado de um desastre de vinte anos.
O "cavaquismo" acabou, e não por acaso, no meio de uma densa hostilidade do país: tinha prometido que os portugueses "nunca mais voltariam a apertar o cinto" e, no fim, tinha "apertado o cinto" aos portugueses; tinha prometido a "modernização" de Portugal e, no fim, fora um verniz de superfície, Portugal continuava arcaico.
Depois de um optimismo quase histérico fazia uma saída de sendeiro.
Guterres foi o "pântano" desde o princípio e nunca ninguém o respeitou, porque ninguém respeita a ânsia de "agradar" se ela se mistura à indecisão e à fraqueza. Barroso não representava nada excepto a vontade de poder e ganhou mentindo. Santana era o que era. E Sócrates, um recurso do desespero, chegou onde chegou pelo silêncio, o cálculo e a dissimulação.
Como baixa e servilmente a Assembleia e os partidos permitiram isto, ficou o desprezo geral pela política e pelos políticos.
Não se confia em quem se despreza.
E há pior.
E há pior.
Levados velhacamente de esperança em esperança, os portugueses sentem que os burlaram.
O Serviço Nacional Saúde começou logo pela irresponsabilidade e a decadência; e vai de reforma em reforma para um caos desumano.
A educação, objecto de tanto palavrório, passa moeda falsa: promete o mundo e não dá saber ou trabalho. A justiça, na prática, não existe.
Para remediar e esconder a sua incompetência, o Estado pede dinheiro e mais dinheiro e falta a compromissos que solenemente estabeleceu. E o desemprego efectivo ou futuro, que ele não previu, não tentou evitar e não compensa, abate e humilha milhões de portugueses.
Toda a gente sabe que não está segura. Para cúmulo, a frustração e a miséria assistem dia a dia ao triunfo da impunidade.
Da negligência médica à fraude política e do negócio de favor ao roubo puro e simples, o crime entrou tranquilamente nos costumes.
Mesmo a Ditadura, no seu tempo, se recusou a ir tão longe.
Confiança?
Pensem bem.
Vasco Pulido Valente
7 Comments:
SOMOS A GERAÇÃO PERDIDA DE CAVACO SILVA
Os dez anos de governo de Cavaco Silva não foram uns anos quaisquer, determinaram muito do que somos hoje, andámos na escola ou em escolas que surgiram nessa época, temos uma administração Pública com uma geração de dirigentes que foi promovida nesse tempo e de funcionários maioritariamente admitidos no mesmo período, trabalhamos em empresas que nasceram, consolidaram-se, cresceram ou foram privatizadas nessa época, somos uma economia marcada por uma cultura adquirida nesse período.
Queiramos ou não, gostemos ou não, somos a geração Cavaco Silva, e, lamentavelmente, somos uma geração perdida como se pode concluir pela situação económica, que não se explica apenas pelos défices públicos de quatro anos.
E quem o diz não sou só eu, é Cavaco Silva que o admite implicitamente ao admitir que na sua governação a preocupação eram as infra-estruturas e que agora chegou o tempo de apostar na educação e na inovação.
Isto é, a troco das suas obras emblemáticas, de um conceito de desenvolvimento ultrapassado e de um crescimento artificial, Cavaco condenou uma geração que hoje não está habilitada aos desafios da concorrência internacional, onde ou se concorre com os países tecnologicamente avançados ou se disputam os mercados de produtos de indústrias que sobrevivem graças às vantagens comparativas da mão-de-obra barata.
Para que ficasse no panteão nacional como o homem da modernização das infra-estruturas, ganhando eleições graças a inaugurações sincronizadas com períodos eleitorais, Cavaco condenou-nos a participar na globalização dos baixos salários, ficámos mais próximos da Europa mas a concorrer com a Ásia.
Ao assumir tal opção Cavaco mostra quão criminosas foram as suas opções, pois uma boa parte das ajudas comunitárias foram concedidas no âmbito do Fundo Social Europeu, destinavam-se precisamente a eliminar uma das grandes causas do nosso atraso económico, as carências em formação e especialização dos trabalhadores portugueses, e todos sabemos onde foi parar esse dinheiro. E não foi só o dinheiro do FSE que foi mal gasto, lembro-me de um programa STAR que se destinava a projectos no domínio da informática e telecomunicações, que em Portugal serviu para a PT vender os seus primeiros telefones móveis.
E se os trabalhadores ficaram mal preparados, os empresários ficaram mal habituados graças à multiplicação dos mecanismos corruptos e facilitadores (como a utilização do FSE para ajudar empresas em situação difícil), a competitividade deixou de ser uma preocupação para muitos empresários, um bom amigo no partido do governo trazia mais vantagens do que o investimento em novas tecnologias.
UMA DIREITA UNA?
Cavaco Silva gosta de se apresentar como um candidato independente, querendo com isso dizer que não representa os partidos da direita; como também não é de esquerda nem representa nenhum partido deste quadrante político teremos que reconhecer que é o candidato da direita, e não é o apoio de algum militante eu tenha abandonado os seus ideais que lhe dará um carácter nacional à sua candidatura.
Por outro lado critica-se o facto de a esquerda apresentar candidatos a mais, supostamente a direita é inteligente porque se apresenta unida e a esquerda dá uma imagem de desunião. Aí é que está o grande problema.
Excluindo a questão de Manuel Alegre (ainda não sei se é um caso do foro partidário ou se deve ser estudado no âmbito da psicologia) compreende-se que quem admira Estaline ou Trotsky não se sinta bem na companhia dos “descendentes” políticos de Krutchev e Brejnev, assim como é natural que quem defende um modelo de economia de mercado não se sinta à vontade para negociar o apoio dos defensores ditadura do proletariado. Há muitas razões para não haver unidade na esquerda. E na direita não há?
À direita vemos os defensores de uma economia concorrência unidos aos corruptores do sistema político, os que há uns anos tentaram entrar para a Internacional Socialistas de braço dado com os admirados de Salazar, Mussolini e Franco os membros da Opus Dei juntos a maçons, os ultra liberais saudosistas da escola de Chicago e dos sucessos económicos de Pinochet aos supostos social-democratas do PSD. E pior ainda, a direita auto elogia-se pela sua unidade como se unidade tivesse algum mérito ou pudesse ser motivo de elogio.
Por vezes parece-me que a direita portuguesa ainda não se conformou com a alternância no poder, depois de ter governado quarenta e oito ano sem o incómodo das eleições. A unidade de que Cavaco fala não é mais do que a incapacidade da direita portuguesa se afirmar pela ideologia, preferindo o poder a qualquer csto, e em qualquer companhia.
«La ópera italiana se arruina
El Gobierno de Berlusconi recorta las ayudas a los teatros líricos, que sufren pérdidas millonarias
Artistas caros, programaciones irracionales, subvenciones insuficientes y escasez de público han llevado a las instituciones operísticas italianas, que se cuentan entre las más prestigiosas del mundo, a una crisis sin precedentes. Las deudas se han acumulado en los últimos ejercicios y la temporada de 2006 se inicia estos días bajo malos presagios. La Scala de Milán, que alza el telón el próximo miércoles con nuevo superintendente y nuevo director artístico tras las convulsiones que forzaron en abril la dimisión del maestro Riccardo Muti, constituye el caso más grave de una crisis que afecta a casi todos los teatros. En cinco años las pérdidas han sido millonarias y el Gobierno prevé reducir progresivamente las subvenciones.»
Esta notícia foi publicada e retirada do El Pais de 4 de Dezembro último. Sendo certo que a situação em Itália resulta muito do fenómeno Berlusconi e do seu atavismo perante a ideia que o desenvolvimento das faculdades artísticas da população é da mais alta importância, sendo mesmo um facto crucial no processo de criação de riqueza (Marshall), é também verdade que o fenómeno acontece, não só por culpa de Berlusconi, mas também porque os agentes culturais se puseram a jeito.
Em Portugal, como é costume, continua a tapar-se o sol com a peneira há já muito tempo e é certo que mais dia, menos dia o fenómeno italiano nos vai bater à porta. Dada a facilidade dos fundos comunitários, continua-se a construir equipamentos culturais, sem que, no entanto, se comprometa os agente envolvidos na sua sustentabilidade, muitos deles tem ódio à ideia do que isso possa significar e tão pouco existe uma qualquer ideia de avaliação e impacto dos projectos. As redes de programação continuam a ser um conceito indeterminado. Os programas de formação e captação de públicos esgotam-se no encher as salas até ao gargalo à custa de arrebanhar alunos de escolas, como se daí resultasse para os próprios algum proveito e prazer. O pressuposto que o espectáculo deve resultar na sua simbiose com o público é considerado uma heresia e um crime de lesa majestade, continuando a fazer-se e apresentar-se coisas que só interessam aos ditos criadores e, por deferência, aos familiares e amigos próximos. E não me venham com o paleio que este discurso pressupõe um propósito de avaliação da perfomance ao vivo unicamente pelo ganho financeiro alcançado, que não é disso que se trata, nem tal é verdade. Por isso, não pode continuar a verificar-se que o contexto das subvenções públicas leve de forma sistemática a que seja maximizada a utilidade dos agentes culturais em vez do próprio público (A. Peacock) sendo que, no final e ao seguir-se este caminho, serão as boas práticas culturais que vão acabar por ser as principais prejudicadas, por causa de uma espécie de omerta que existe à volta do meio e que impede que se diga com todas as letras que o rei vai nu. Recado dado e depois não digam que não foram avisados.
Parece que o procurador-geral da República se transformou, por assim dizer, num tema "fracturante". A pusilanimidade, quer a do próprio, quer a do poder político, também ajudou. Souto Moura, convém recordar, foi escolhido para o cargo por um triunvirato político constituído pelo dr. António Costa, à altura ministro da Justiça, pelo engº Guterres, primeiro-ministro, e pelo dr. Sampaio, presidente da República. Passaram os tempos, os ministros e os primeiros-ministros e ficaram os drs. Souto Moura e Jorge Sampaio. A actual maioria, virtuosa respeitadora da moderação institucional, decidiu - presume-se que de acordo com o referido Jorge Sampaio - manter Souto Moura. Souto Moura, muito legitimamante, decidiu manter-se a ele mesmo. Joga-se agora, com a maior das hipocrisias - também "institucional" - para cima dos candidatos presidenciais o tema "Souto Moura". Até o moralista Louçã admitiu que se deve ajudar o PGR a terminar com dignidade o seu mandato. Existe - e o país não tem nada com isso - uma questão mal resolvida entre o PS e o dr. Souto Moura. Do seu exílio parisiense, Ferro Rodrigues manifestou-se interessado em prolongar a telenovela. A vingança continua a servir-se fria. Nestas peripécias altamente prestigiantes para a "justiça, ninguém sai bem. Haja o que houver, passou o "tempo" para "este" poder político ter actuado. Ou para Souto Moura se ter demitido. As coisas são o que são e o Ministério Público não tem forçosamente de ser melhor do que a generalidade do país. Estão, em certo sentido, muito bem uns para os outros.
Caro amigo, ajude e publicite, Vila Viçosa - Património Mundial!!!
Vá ver ao Restaurador da Independência!!!
Muito obrigado!!!
Saudações Alentejanas!!!
É muito ambicioso este desiderato do candidato presidencial Cavaco Silva de fazer de Portugal a “Califórnia da Europa”. Mas tem os seus quês. A Califórnia tem o quádruplo do território e da população de Portugal. Essa não seria a questão. Mas há algumas questões.
Por exemplo. Se fosse um país independente, a Califórnia era a oitava economia do mundo. Na agricultura, o Estado da Califórnia é proprietário de 89 mil ranchos, enquanto Portugal há muito que aboliu a reforma agrária. Na indústria, a Califórnia é líder na produção de alta tecnologia, ao passo que Portugal está á espera do choque respectivo. E, nos serviços, o Estado da Califórnia emprega 2,4 milhões de pessoas, mas essa população de funcionários governamentais produz 11 por cento do produto estadual. E aqui entra a grande questão, a da formação. A Califórnia, nos termos da sua Constituição, atribui 40 por cento do orçamento do Estado à educação e o ensino é obrigatório até ao 13º ano. Mudemos de assunto.
Há alguns termos de comparação entre Portugal e a Califórnia, cuja costa foi aliás explorada em primeira-mão pelo português João Rodrigues Cabrillo. A Califórnia já foi independente. Portugal também. A Califórnia está dividida em 58 condados. Portugal é mais de barões. A Califórnia tem oito mil lagos. Portugal é mais “pântano”. Na Califórnia situa-se a capital mundial do cinema. Portugal é mais de fitas. A Califórnia é governada por Arnold Schwarzeneger e Portugal também tem tido no poder alguns “exterminadores implacáveis”.
Mas, enfim, é um sonho. Já os Mamma’s and Pappa’s sonhavam e, nos anos 30 do século passado, Reinaldo Ferreira também sonhou, numa reportagem ficcionada, transformar Portugal na “Califórnia da Europa” e de Alcabideche fazer Hollywood.
O que estará em causa no dia 22, como já aqui foi sugerido é mais ou menos isto: 1) irão os portugueses dar o 4º ordenado/reforma a Cavaco, ou o 2º a Soares? O capital tentará enganar até ao último dia, dizendo-nos que quanto mais lhe dermos, melhor será para nós. Seria o regresso do capitalismo popular... Da tanga!
O que precisamos é de um Presidente corajoso, sem ser temerário, e honesto. Será M. Alegre esse homem?
Enviar um comentário
<< Home