segunda-feira, 14 de agosto de 2006

O ALENTEJO ESTÁ A ARDER CADA VEZ MAIS



O Alentejo arrisca tornar-se um inferno de chamas nos próximos anos, caso se mantenha a tendência de agravamento dos últimos cinco anos. O recente incêndio da serra de Ossa - que terá queimado mais de seis mil hectares - apenas veio confirmar que esta região, praticamente imune aos fogos até finais da década de 90, começa a figurar cada vez mais no mapa dos incêndios devastadores de Portugal.


Para já, os três distritos alentejanos (Portalegre, Évora e Beja) ainda estão longe de estar no topo dos mais incendiáveis do País, mas a evolução dos últimos anos é terrível. Com efeito, olhando para as estatísticas oficiais, o distrito de Portalegre sofreu um agravamento da taxa média anual de 2891% quando se compara o período 2000-2005 com a década de 90. Os distritos de Évora e Beja atingiram agravamentos de 617% e 866%, quando em termos nacionais o incremento foi de 264%, já em si um valor elevadíssimo.


Apesar de esta tenebrosa evolução estar ainda longe de colocar o Alentejo no topo das regiões mais incendiáveis do País, certo é que, de entre os 20 maiores incêndios do último quinquénio, seis iniciaram-se no Alentejo. O maior incêndio de sempre - em Nisa, que queimou 41 mil hectares - é algo assombroso a nível nacional e sobretudo regional, sabendo-se que antes de 2003 o pior ano neste distrito tinha sido 2001, com apenas 2461 hectares queimados.


Os outros dois distritos ainda não tiveram anos tão avassaladores, mas Beja já registou dois anos acima dos 10 mil hectares ardidos (em 2003 e 2005), quando o máximo nos anos 90 tinha rondado os dois mil hectares (em 1994). Em Évora, onde raramente ardiam mais de mil hectares nos anos 90, já arderam quase 10 mil hectares em 2003, valor que deverá ser ultrapassado este ano. Nos últimos anos, destacam-se na zona os incêndios em Almodôvar, Portel e Odemira, que devastaram milhares de hectares.


Do ponto de vista meteorológico, o Alentejo é potencialmente a zona mais susceptível aos incêndios em Portugal: temperaturas elevadas e humidade relativa baixa e praticamente sem chuva durante o Verão. No entanto, tem a seu favor a baixa incidência de fogos - somente 0,8% do total nacional -, para além de o coberto vegetal ser dominado por montados de sobro e azinho, que se tiverem uma boa gestão são quase imunes aos fogos, a que acresce uma menor densidade do arvoredo que dificulta a propagação do fogo.


Contudo, a repentina alteração na incidência de fogos destrutivos deve-se, exactamente, ao progressivo abandono rural e florestal, que permitiu criar matagais por entre o arvoredo, o que constitui autênticos "barris de pólvora". Essa situação, embora afectando mais os pinhais e eucaliptais desta região, começa também a evidenciar-se nas manchas de montado de sobro. Aliás, o sobreiro começa a ser uma espécie florestal ameaçada, dado que no último quinquénio cerca de 80 mil hectares já foram afectados pelas chamas, embora uma parte significativa tenha ocorrido nos distritos de Faro e Santarém.


No entanto, existem ainda outros motivos para que os incêndios no Alentejo sejam bastante destrutivos: esta região é das menos vigiadas por postos fixos e com a pior cobertura de corporações de bombeiros e brigadas de primeira intervenção. Por isso, não surpreende que no ano passado, dos 196 fogos nesta região, 15 chegaram a ultrapassar os 10 hectares. Uma taxa de quase 8%, cerca de quatro vezes superior à média nacional. Ora, quando um destes incêndios "sobrevive" e atinge uma área vegetal contínua e com tempo seco, acontecem as desgraças. E milhares de hectares de floresta ardem, como palha.

Pedro Vieira de Almeida
D.N.

18 Comments:

At 14 de agosto de 2006 às 09:54, Anonymous Anónimo said...

O que é preciso saber sobre os fogos

Na última semana, houve dias com mais de 500 fogos. Esta é uma situação inédita?

Não. Em anos anteriores, e na segunda metade da década de 90, era normal contabilizar-se um maior número de dias com valores superiores a meio milhar de ocorrências. Aliás, de acordo com os dados oficiais, se compararmos o número de fogos entre os quinquénios 1996-2000 e 2001-2005, até se verifica uma tendência de decréscimo, da ordem dos 6%, embora a área ardida tenha aumentado 120%. No entanto, em Portugal, o sistema de registo do número de fogos nunca foi muito rigoroso. Antes de 1995, muitos fogos não eram sequer registados, sobretudo nos distritos do litoral. Por exemplo, o concelho de Paredes - que na última década registou oficialmente mais de 8100 fogos - não tem qualquer fogo registado antes desse ano. Mas o sistema de registo, mesmo agora, não tem um controlo rigoroso. Actualmente, o seu maior problema são as inflações.

Significa isso que há incêndios registados que não existem?

Em muitos casos, é uma evidência, confirmada oficialmente. Sempre que um incêndio ultrapassa a fronteira de um concelho, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) regista um novo incêndio. Os reacendimentos - devido a um rescaldo ineficaz, situação bastante frequente - também se contabilizam como novas ocorrências. Além disso, há fogos que são registados com área ardida minúscula. No ano passado, cerca de 28% dos fogos registados queimaram, cada um, menos de cem metros quadrados. Em 14 distritos, essas ocorrências foram superiores a 25% do total, chegando-se mesmo aos 62% em Leiria. A DGRF defendeu recentemente que estes são valores simbólicos, para quantificar pequenos incêndios. Mas, se assim é, torna-se difícil compreender que existam então milhares de registos com áreas queimadas, em metros quadrados, de um, dois, três, quatro, cinco, etc.

Mas, afinal, como funciona o registo dos fogos?

Os fogos podem ser detectados pelos postos de vigia (oficiais) ou através do sistema telefónico de emergência (112 e 117). Nestes casos, é feito logo o registo pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e os meios de combate (bombeiros ou brigadas helitransportadas) são accionados. No entanto, muitas chamadas são feitas directamente para os bombeiros. Nestes casos, o registo da ocorrência é transmitido a posteriori ao SNBPC. Como apenas os incêndios com uma área ardida superior a dez hectares (cerca de 3% do total) são depois confirmados pela DGRF, na esmagadora maioria dos casos acredita-se simplesmente na informação dos bombeiros. Este ano, o SNBPC colocou, online, a lista dos incêndios mais relevantes (todos os que têm mais de cinco autotanques ou mais de duas horas de duração), mas mesmo nos dias com mais de 500 fogos registados nunca foram identificados mais de 50 incêndios, ou seja, muito menos de 10%.

Se assim é, qual o interesse nessa inflação?

Quando surgem incêndios devastadores, os bombeiros e até os Governos alegam que existe muita dispersão de meios devido ao elevado número de ocorrências. Por outro lado, ter muitas ocorrências classificadas como fogachos "beneficia" o indicador de eficácia da primeira intervenção e, no final do ano, reduz a área média queimada por fogo. Além disso, há evidentes vantagens económicas para as corporações na existência de muitas ocorrências, dado que podem reivindicar mais verbas e meios para acabar com tantos fogos. Em todo o caso, não existem dúvidas de que os portugueses causam demasiados fogos.

O número de fogos é uma das causas para o aumento da destruição da floresta e matos?

Não. A devastação é causada por uma pequeníssima quantidade de incêndios. Por exemplo, no ano de 2003 - o pior de sempre, em que arderam 425 mil hectares -, houve 26 mil fogos, mas destes bastaram 175 para causar 93% da área total queimada. Por regra, 76% dos fogos nem sequer atingem mais do que um hectare.

Os incêndios mais devastadores ocorrem nas regiões com mais fogos?

Não. Nos dias em que há mais de 500 fogos em Portugal, mais de 200 situam-se apenas nos distritos do Porto e Braga; a esmagadora maioria não passa de fogachos. Embora, nos últimos anos, estes distritos também estejam a ser mais devastados, é no interior que os fogos são mais destrutivos, apesar de sofrer muito menos fogos. Por exemplo, em 2003 houve apenas 13 incêndios em Nisa e foi aí que ocorreu o maior incêndio de sempre (41 mil hectares). Uma quantidade de fogos praticamente irrelevante quando comparada com outros concelhos. Por exemplo, em Paredes houve, nesse ano, 1045 fogos.

Nas informações divulgadas pela comunicação social, os fogos activos são apresentados como não circunscritos e circunscritos. Qual a diferença?

Na prática, nenhuma. Um fogo circunscrito constitui apenas uma expectativa do comando dos bombeiros em conseguir extinguir um fogo quando os meios conseguiram circundar todas as frentes. No entanto, muitas vezes, o fogo comporta-se como uma locomotiva em andamento e aos bombeiros apenas lhes resta recuar. Nesta fase, o incêndio pode chegar a zonas com maior vegetação e tornar-se mais descontrolado - ou seja, não circunscrito. Em outros casos, os incêndios são considerados circunscritos quando nada mais há para arder ou se dirigem para zonas queimadas. Na verdade, nem sempre a extinção de um fogo significa que houve sucesso no combate: o incêndio "morre" sozinho.

Em Portugal, alguns fogos considerados extintos ou circunscritos acabam por reactivar. Qual é o motivo?

Quando um fogo reactiva, significa que, na verdade, nunca esteve extinto ou sequer circunscrito. Mesmo quando não existem labaredas visíveis, a queima pode manter-se na manta morta. E, como num braseiro, o vento pode reavivar as chamas. Por isso, o rescaldo acaba por ser uma operação tão importante como o combate, não podendo ser feito apenas com água, mas sim criando um perímetro de segurança com trabalho de sapador. Um fogo com mau rescaldo é perigosíssimo, porque pode desencadear, sobretudo em incêndios com áreas grandes, vários focos, distantes uns dos outros. Mesmo dias depois da extinção do fogo inicial.

 
At 14 de agosto de 2006 às 12:32, Anonymous Anónimo said...

A geografia dos incêndios deste ano

Os fogos deste mês estão a devastar sobretudo concelhos que, na última década e meia, quase estiveram imunes às chamas. Uma situação que acaba por demonstrar que o cenário actual é mais grave do que aparenta. E que a eficácia do combate aos incêndios até piorou, dado que as regiões de maior risco estão agora em «pousio», livre de incêndios, devido à destruição sofrida nos últimos anos.

Embora inexistam ainda dados actualizados sobre a área já afectada na última semana, torna-se notório que de entre os incêndios mais duradouros, quase todos têm atingido municípios que, em anos anteriores, quase não conheciam de forma dramática a cor do fogo e o cheiro a carvão. O exemplo mais evidente aconteceu na serra de Ossa, onde os concelhos que a envolvem se encontravam na cauda dos incendiáveis. Com efeito, no período 1990-2005, de entre os 278 concelhos de Portugal Continental, Estremoz ocupava a posição 272 com apenas 0,3% do seu território afectado pelas chamas. Borba e Redondo estavam, respectivamente, nas posições 271 e 233.

Mas mesmo nos distritos que em outros anos tiveram incêndios graves, os concelhos que agora estiveram a arder – em alguns casos mais de 24 horas –, habitualmente não apresentavam destruições maciças. Paredes, por exemplo, embora seja o município com maior número de fogos do país (na última década registou mais de 800 ignições por ano), ocupava na lista dos incendiáveis apenas a posição 73. No Norte, o mesmo se aplica a outros dois concelhos nortenho que estiveram sobre brasas nesta semana: Valongo (61º lugar, mas muito por causa dos incêndios do ano passado), Amarante (68º), Mirandela (116º), Melgaço (127º), Arcos de Valdevez (130º). E o município de Barcelos – onde ardeu quase três mil hectares em Junho – ocupa o 183º lugar no período entre 1990 e 2005.

Na região Centro, os maiores incêndios deste ano também atingiram, até agora, concelhos relativamente «amenos»: Santarém (148º lugar na lista dos incendiáveis), Sever do Vouga (138º), Alcanena (105º), Tábua (96º), Porto de Mós (93º), Vieira do Minho (64º), São Pedro do Sul (37º) e Sertã (30º). Na verdade, raríssimos têm sido os incêndios, que surgem no «site» do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, que atingiram qualquer um dos concelhos do top 20. E em nenhum caso, esses incêndios demoraram mais de meia dúzia de horas até serem extintos. razão: rapidamente evoluem para zonas ardidas nos anos anteriores, extinguindo-se.

Este cenário acaba assim por mostrar que pouco mudou em relação ao último quinquénio. E pior, poderia estar a ser pior se, ironicamente, não tivesse havido devastações, nos últimos três anos, em muitos concelhos de maior risco. «Nos últimos três anos arderam mais de 900 mil hectares, com especial incidência nas maiores manchas contínuas, como na zona Centro e no Algarve», destaca Cardoso Pereira, professor do Instituto Superior de Agronomia, acrescentando que, nessas circunstâncias, «há agora poucas zonas onde se podem repetir, de imediato, incêndios com dezenas de milhar de hectares».

Recorde-se que nos últimos três anos ocorreram 12 incêndios com mais de 10 mil hectares, sendo que o mais destrutivo (Nisa, em 2003) atingiu 41 mil hectares. «Após os incêndios, essas zonas ficam numa espécie de pousio até que a vegetação recupere, criando-se então condições físicas para haver novos fogos», esclarece Cardoso Pereira. Este é, aliás, o típico ciclo do fogo que se verifica nos concelhos mais fustigados na última década, como Monchique, Vila de Rei, Gavião, Mação, Pampilhosa da Serra, Poiares, Loulé ou Silves. Por isso, como arderam muito nos últimos anos, mesmo que agora haja incêndios, dificilmente estes se tornam grandes, porque rapidamente «esbarram» em zonas ainda não recuperadas. O ano de 2003 deixou uma mancha carbonizada superior a 100 mil hectares contínuo, podendo-se então ir desde a margem da albufeira de Castelo de Bode até à fronteira espanhola andando sobre cinzas. A esmagadora maioria destas áreas estão, assim, ainda «imunes» a novos fogos.

Deste modo, se os concelhos mais incendiáveis não ardem este ano porque pouco possuem para arder, e os concelhos que eram pouco incendiáveis estão agora a arder, significa que não existem motivos para elogiar a eficácia do combate; pelo contrário. «Quando tivemos 2003 com 425 mil hectares, que era o que então ardia em três ou quatro anos, seria expectável que não ardesse quase nada nos anos seguintes», refere Cardoso Pereira. Mas ardeu. Em 2004, o balanço foi de cerca de 130 mil hectares – não tendo sido pior em virtude de um Agosto muito chuvoso – e em 2005 atingiu-se 325 mil hectares. Este ano, pelos sinais da última semana, a procissão acabou agora de sair do adro – estamos a meio do Verão – e não vai bem composta. Já fumega e cheira a esturro. Novamente

 
At 14 de agosto de 2006 às 12:34, Anonymous Anónimo said...

Esquizofrenia estatística


O ministro António fez ontem um balanço sobre os fogos e, claro, surgiu de novo à baila o problema do número elevado de fogos. Disse ele que «a média de ignições foi claramente superior, mas os danos claramente inferiores», mas apesar de só na próxima semana serem divulgados dados concretos sobre a área ardida nos últimos dias, o assegura que houve «clara melhoria da capacidade de resposta dos meios», uma vez que até ao dia 31 de Julho tinham ardido 13 mil hectares e, nos outros anos, a média rondava os 70 mil hectares. A insistência em estatísticas comparativas antes da procissão terminar costuma dar mais resultados. É bom recordar que há duas semanas, o mesmo ministro andava todo contente e viu-se. Para mostrar que as coisas não estão a correr nada bem. Este ano e, pior ainda, para o futuro.

Por outro lado, convém ter muita atenção aos números de ignições. No meu livro fiz uma abordagem bastante exaustiva sobre os «mecanismos» dos registos de ocorrências, onde mostro que há falta de controlo de qualidade naqueles números e fortíssimos indícios de aldrabice da grande. Colocarei aqui, em breve, um texto a publicar na edição de amanhã do Diário de Notícias onde se explica como se contabilizam os incêndios em Portugal e como facilmente são manipuláveis ao gosto do freguês.

Por fim, deu-me vontade de rir os números dos meios envolvidos durante esta semana, que apenas serve para mostrar como os políticos manipulam números. De acordo com uma notícia da Lusa, nos últimos dias mobilizaram-se, segundo o SNBPC, «65 mil homens»! Claro está que um só homem entrou quatro ou cinco vezes nesta estranha estatística.

 
At 14 de agosto de 2006 às 12:35, Anonymous Anónimo said...

Se se confirmar que o falecimento da bombeira em Porto de Mós se deveu à inalação de monóxido de carbono, então estamos perante uma morte estúpida e que apenas demonstra a irresponsabilidade na logística do SNBPC.
Acham admissível num país decente que os bombeiros descansem nas cabines dos veículos, em áreas que podem ser de risco?
Isto é de um amadorismo atroz e homicida.

 
At 14 de agosto de 2006 às 12:38, Anonymous Anónimo said...

Acidente viário com bombeiros, desta vez na serra de Ossa.
Iam cinco pessoas num auto-tanque com água em terreno íngreme.
Num país decente, num auto-tanque só deve ir o condutor e os restantes bombeiros devem seguir em jipe.
Mas em Portugal gasta-se o dinheiro todo em auto-tanques.
Com isto, acho que se anda a ver se se arranjam uns quantos heróis... mortos!

 
At 15 de agosto de 2006 às 13:09, Anonymous Anónimo said...

Agora ja toda a gente cohece a visao abrangente de Taveira Pinto, em vez de escolher aazinheiras e outras arvores escolheu Palmeiras ja a contar com a desertificação do Alentejo, tao bem executada pelos nossos inteligentes Governantes

 
At 15 de agosto de 2006 às 14:59, Anonymous Anónimo said...

pronto so ca faltava um abronho sem graça alguma. mata-te.

 
At 15 de agosto de 2006 às 15:21, Anonymous Anónimo said...

Como es tao ignorante sera melhor ires ver a um dicionario o que e abronho,saberas o que e um diccionario?

 
At 16 de agosto de 2006 às 10:13, Anonymous Anónimo said...

Deixar arder que é só o único Parque Nacional do país


Não tenham dúvidas de que se a Peneda-Gerês fosse uma área protegida como povoações in ou com casas de gente importante ou perto de Lisboa - como acontece por exemplo na Arrábida -, o fogo jamais estaria a lavrar durante uma semana. Como não tem, apenas ao quarto dia se mandou mais meios, quando o mal já estava feito. E mesmo assim, pelo que se ouve, não parece haver problemas: só está a arder floresta e mato, como ainda agora disse o comandante distrital de Viana do Castelo do SNBPC.

 
At 16 de agosto de 2006 às 11:35, Anonymous Anónimo said...

Há três anos, por esta altura, o ministro era o dr. Figueiredo Lopes, do dr. Barroso. No ano seguinte, Santana Lopes escolheu Daniel Sanches. Nos últimos dois anos, tem sido o dr. António Costa, coadjuvado por um batalhão de secretários de Estado - um dos quais ex-comentador televisivo - e um subsecretário de Estado. Estas três estimáveis criaturas têm em comum os incêndios e a mesma incapacidade de lidar com eles. Figueiredo Lopes "fundiu" o Serviço Nacional de Bombeiros e a Protecção Civil criando uma trapalhada em que se afundaram sucessivos presidentes do novo instituto público. Daniel Sanches "apanhou" as coisas como elas se encontravam e, naturalmente, com a costumada época de fogos indomáveis. António Costa, finalmente, mudou os homens, manteve as "estruturas", arranjou um avião e deu garantias - ainda este ano - que tudo seria diferente. Não foi. Não está a ser. Não só não foi, como procurou que os media fossem "moderados" na exposição da catástrofe o que só serviu para os "animar". Não sei se não será preciso "apoio psicológico" - uma modalidade muito em voga por tudo e por nada - para as pessoas que ocupam o cargo de ministro da Administração Interna. É que juntar na mesma barca o referido instituto público, os seus múltiplos coronéis e comandantes, os e as (são muitas raparigas socialistas...) governadores civis, os javardos que estragam as matas e as florestas, a retórica vã do próprio ministro e, last but not the least, o dr. Ascenso Simões, é fogo

 
At 16 de agosto de 2006 às 11:36, Anonymous Anónimo said...

O dr. António Costa gostava que fosse possível ver as matas e as florestas antes das "ignições". Queria com isto dizer, delicadamente, que os cidadãos que ele pastoreia, enquanto ministro da Administração Interna, são promíscuos e uns porcalhões. Passada a evidência, fica o maravilhoso termo da "ignição" que se deve juntar ao já familiar "circunscrito".
São vocábulos que ilustrarão, no futuro, o anedotário do combate aos incêndios em Portugal no início do século XXI.

 
At 17 de agosto de 2006 às 14:30, Anonymous Anónimo said...

Os políticos portugueses têm uma virtude: só entram em pânico em períodos de crise. Isso é visível no Verão. Durante a fase da «silly season» dizem banalidades.
Durante a dos incêndios procuram culpados debaixo da cama. Este ano, para que o país se comporte dentro da normalidade, parte da mancha florestal voltou a arder. Só que, desta vez, a catástrofe atingiu o que restava do pulmão de Portugal: o Parque Nacional da Peneda-Gerês. De nada valeu a aposta nos meios de combate. A fauna e a flora única transformou-se em cinza. O investimento dos últimos resistentes à desertificação do interior, e que apostavam na apicultura, na doçaria, ou no pasto para alguma da melhor carne consumida entre nós, desapareceu. Em dias destruiu-se um meio de subsistência único. Muitas das pessoas que ali residem vão deixar de poder ter meios para viver até que fauna e flora renasçam. Na Peneda-Gerês sucedeu aquilo que é o síndrome do país: resolve-se depois o que deveria ter sido prevenido. E a prevenção é simples: limpeza das matas e dos caminhos, pessoal no terreno todo o ano, meios de intervenção rápidos. Isso custa dinheiro. Mas só isso permitirá que não se destrua a economia sustentável que se perdeu talvez para sempre na Peneda-Gerês. Quem conheceu esta zona bela, e os aromas e sabores que ali germinavam, sabe que se devastou um universo sem paralelo. Os políticos podem agora entrar em pânico. Um dia destes só vai restar a «silly season» para o Verão.
Porque não há floresta.

 
At 17 de agosto de 2006 às 14:32, Anonymous Anónimo said...

A questão do número de incêndios é uma falácia - e algo que é facilmente manipulável.
Basta reparar que neste mês de Agosto, de entre os quase 550 fogos, nem 50 surgiram na página do SNBPC (que apenas inclui os fogos com mais de duas horas de duração ou com mais de 5 veículos). Ou seja, mais de 90% dos incêndios não deram quase nenhum trabalho.

 
At 18 de agosto de 2006 às 09:43, Anonymous Anónimo said...

OS IMPREVISÍVEIS
Com que então "a prevenção do incêndios só produz efeitos a médio e longo prazo"? Se Jaime Silva, o ministro da Agricultura, não se pôe a pau, o dr. Costa faz-lhe o mesmo que fez ao dr. Campos e Cunha. Já no tempo de Guterres, esse sage chamado Jorge Coelho fartava-se de chamar a atenção para os "independentes". São, por assim dizer, imprevisíveis.

 
At 18 de agosto de 2006 às 09:44, Anonymous Anónimo said...

A REALIDADE
O misterioso ministro da Presidência, o dr. Silva Pereira, aderiu, à falta de melhor, à técnica do sobe-e-desce para nos convencer que, afinal, não arderam tantos hectares assim quando se compara com a devastação de anos anteriores. Os quase 50 mil hectares deste ano satisfazem o ministro que acha que tal se deve "ao conjunto de acções no domínio da prevenção mas também no domínio do combate aos incêndios". Isto ou nada é a mesmíssima coisa, embora o ministro fale como se estivesse já a fazer um balanço. Nada, porém, o autoriza a tal, a não ser a momentânea chuva que, como os fogos, costuma surpreender toda a gente - os mesmos - por causa das inundações. Ou seja, Silva Pereira foi chamado "à frente" porque não havia mais explicações para dar e era preciso pôr um termo "político" à realidade. E a realidade é muito simples de descrever. A prevenção e os meios anunciados pomposamente pelo dr. Costa falharam, como, daí para baixo, falhou muita coisa numa ambígua "cadeia de comando" que nunca se sabe bem onde começa ou onde acaba. Enquanto os fogos decorrem, há sempre alguém que anda ao telefone a discutir legitimidades, o que ajuda, e muito, o combate aos incêndios. Por causa das referidas legitimidades e das capelinhas, os "serviços" do Estado que intervêm nesta área, não se entendem. Ninguém viu os ministros do Ambiente ou da Agricultura por aí. Viram-se, sim, anódinos funcionários, "directores", comandantes e coronéis a palrar pura burocracia, com o fogo em fundo. Em suma, o dr. Silva Pereira veio "deitar água" na fervura, sem nenhumas garantias de que, amanhã ou depois, a realidade lhe volte a entrar pela casa adentro.

 
At 18 de agosto de 2006 às 10:25, Anonymous Anónimo said...

Os parabéns ao Ministério do Ambiente pelo bom serviço


Se nas áreas protegidas arderam 9.068 hectares (cf. informações do ICN); e se estas constituem cerca de 8% do total do território português, significa que se Portugal inteiro ardesse como as áreas protegidas deveríamos ter até agora um saldo de quase 115 mil hectares. Como ardeu «apenas» 50 mil, quer isto dizer que o Ministério do Ambiente está de parabéns: em termos proporcionais ardeu o dobro daquilo que ardeu no país!

 
At 18 de agosto de 2006 às 10:26, Anonymous Anónimo said...

O que fazer quando tudo arde?


Conta a Lusa que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, considerou hoje que a redução na quantidade de área ardida este ano, que representa quase 50 mil hectares, deve-se «ao conjunto de acções no domínio da prevenção mas também no domínio do combate aos incêndios». Ou seja, «esquece-se» que ardeu 900 mil hectares nos últimos três anos e que essas zonas estão em pousio.
Eu, confesso, começo a ter dificuldades de estômago para aguentar esta demagogia «homicida» dos governantes. O país vai continuar a arder. Este ano e nos próximos. E merece!

 
At 18 de agosto de 2006 às 11:10, Anonymous Anónimo said...

AS CAUSAS DOS INCÊNDOS FLORESTAIS

Que o ministro da Administração Interna centre as causas dos incêndios florestais na prevenção até se compreende, mas o mesmo não é aceitável no ministro da Agricultura que sabe muito bem que as causas são bem mais profundas e merecem outro tipo de abordagem, designadamente, pelo seu próprio ministério. Há algumas décadas os meios de combate eram diminutos, a prevenção não existia, a mancha florestal era muito maior e os incêndios não eram o flagelo a que temos assistido. Não basta falar em prevenção e atribuir as culpas a questões ambientais, a questão é de ordem sociológica e deveria estar no centro da atenção do ministro da Agricultura.

 

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