terça-feira, 8 de agosto de 2006

OS HIPÓCRITASNO PODER


Parece que uma empresa irlandesa, a Dotcom Directories, publicou na imprensa um anúncio para recrutamento de pessoal, avisando (conta o "Financial Times") que os fumadores poderiam desde logo abster-se de concorrer. Uma eurodeputada trabalhista britânica, Catherine Stihler, questionou a Comissão Europeia acerca da legitimidade dessa restrição.
É preciso dizer que a Comissão tem vindo a aprovar e a fazer aprovar pelo Parlamento Europeu um vasto conjunto de leis contra a discriminação com base no sexo, em diferenças étnicas, deficiências físicas, idade, práticas religiosas ou opção sexual de, por exemplo, candidatos ao emprego.
A resposta do comissário europeu veio, célere não, eliminar fumadores (mesmo que não fumem no seu local de trabalho, evidentemente) numa candidatura a um emprego, não constitui discriminação.
Uma ventania de insanidade percorre, com o seu rasto de hipocrisia, o pessoal de Bruxelas e do poder europeu hoje.

O patrão da Dotcom Directories considera - diz o jornal "Público" de 6 de Agosto - que "fumar é idiota"; portanto, "os fumadores não têm o nível de inteligência" que ele entende necessário.
Evidentemente que qualquer candidato a um emprego na Dotcom Directories poderá mentir; está no seu direito e constitui, mesmo, se for fumador, um dever moral.
Não pode ver-se privado dos seus direitos pelo facto de, ao fim da tarde, no intervalo de almoço ou na sua vida privada, decidir fumar um cigarro ou um charuto.
Portanto, vê-se na obrigação de mentir.
Nenhum patrão, nenhum director, ninguém, tem a ver com o facto de, fora das horas de trabalho ou do horário social (em que existem regras de comportamento expressamente definidas), um cidadão poder fumar a sua cigarrilha.
Que os hipócritas e tarados de Bruxelas aceitem vedar o emprego a um cidadão por ele fumar fora do local de trabalho, é a confirmação da insanidade.

O mundo está, inegavelmente, mais perigoso e idiota.
Toda a gente quer meter-se na vida privada dos outros e as leis anti-tabaco, que me merecem toda a compreensão, são uma das guardas avançadas desse espírito persecutório que começa a crescer à nossa volta.

Evidentemente que estou de acordo com o princípio que preside às leis anti-tabaco. E defendo que não se deve poder fumar no interior de edifícios públicos.
O projecto de lei português, que devia ser revisto por um psicanalista e um grupo de psicólogos (tais são a sanha persecutória e o radicalismo da sua proposta que vai banir o fumo dos restaurante e bares) é um desses casos de ditadura e de agressão cívica.

Conto-lhes uma história há uns anos, em Nova Iorque, no final de um seminário que ocupou cinco dias de trabalho, houve um jantar comemorativo.
A comida era banal mas era festa.
No final, enfiados em fatos de cerimónia e "smokings" (outra palavra que vai sair do nosso vocabulário), cinco almas mediterrânicas e mais uma dezena de americanos, rondávamos pelas salas do edifício em busca de uma sala para acender os nossos charutos.
Nada.
Até que um cidadão, solícito, veio buscar-nos e nos levou para uma sala onde havia, sobre uma mesa de vidro, alguns fios de cocaína que se destinavam aos convidados.
Não recusei escandalizado; mas recusei (até hoje, aliás).
Os meus pares fizeram o mesmo - mas um de nós disse: "Ah, isso não queremos, obrigado, mas se pudéssemos acender um charuto em algum lugar."
O homenzinho recuou, como se tivesse visto o velho Satã: "Ah, fumar é proibido."

A seguir, quem tiver colesterol alto, pneu na barriga, ou gostar de feijoada, pode começar a temer pelo seu emprego a Comissão Europeia, tal como o desejo de Hitler, quer um homem novo, totalmente novo, higienizado e inodoro. E já estão no poder, os pequenos fascistas.
Francisco José Viegas

7 Comments:

At 8 de agosto de 2006 às 14:54, Anonymous Anónimo said...

A guerra acabou
George Steiner, um dos últimos casos de cultura e civilidade que interessa ler com atenção, escreveu recentemente um breve ensaio. Sobre a idéia da Europa, intitulado "A Idéia da Europa". Ambição estimável: mostrar como a Europa possui uma unidade cultural e até espiritual que a distingue dos outros cantos do globo. Para Steiner, a Europa, a sua Europa (que, de certa forma, é minha também), surge como herança maior de Atenas ou Jerusalém, ou seja, como herança maior do pensamento racional e das grandes teologias judaico-cristãs. É igualmente um espaço que é possível calcorrear a pé, permitindo um confronto permanente com praças ou pracetas, ruas ou avenidas, que transportam no nome um pedaço de história ou memória. Como se houvesse em cada esquina a sombra inapagável de um passado de mortos.

Mas a Europa é também a Europa dos "cafés": ao contrário do "pub" inglês ou do bar americano, os cafés da Europa não são apenas locais utilitários de bebida ou refeição. São espaços de encontro, romance, discussão ou criação. Espaços de fumo e bebida. Vadiagem, malandragem. E em cada café da Europa existe também a presença invisível dos que o habitaram: Kraus em Viena; Pessoa em Lisboa, Sartre em Paris; e porque a ficção se mistura tantas vezes com a realidade, os gangsters de Isaac Babel nos cafés de Odessa. Porque a Europa dos cafés estende-se da Lisboa de Pessoa à Odessa de Babel.

Leio o pequeno livro de Steiner e não posso deixar de sentir uma certa nostalgia. A descrição do autor talvez seja útil para entender a Europa. Mas que Europa? A Europa do passado? Sem dúvida. Mas sobre a Europa do presente, o sábio George está equivocado. Não apenas pelo declínio cultural que a Europa conheceu depois da Segunda Guerra Mundial, quando o "espírito do tempo" emigrou para Nova York, e não mais para Londres ou Paris. Mas porque na Europa, e sobretudo na Europa dos cafés, dificilmente encontramos o ambiente físico e espiritual que Steiner retrata. A vida intelectual é hoje essencialmente solitária e privada, onde os escribas vão cultivando os seus feudos, e os seus ódios, sob a luz triste da existência suburbana. E sobre beber ou fumar, a maioria dos cafés do continente já foi abolindo o último vício, esperando-se que se ocupe agora do primeiro. Os cafés da Europa serão, a prazo, jardins infantis.

O "espírito do tempo" não emigrou apenas para outras paragens. Ele foi destruindo uma cultura de adultos, entregando as rédeas do mundo à ideologia patética da juventude. Não admira, por isso, que o último passo tenha sido dado nos últimos dias: uma empresa irlandesa publicou um anúncio de emprego. E estabeleceu: fumantes escusam de se candidatar. De acordo com o diretor da empresa, pessoas que fumam não revelam a inteligência necessária para trabalhar no covil irlandês. E cheiram mal. E são insuportáveis para terceiros.

O gesto indignou algumas consciências políticas e uma eurodeputada britânica resolveu levar o caso à Comissão Européia, que pastoreia e vigia a vida do continente. Será legítimo excluir do trabalho alguém que fuma? A Comissão respondeu afirmativamente: a Europa proíbe a discriminação no emprego com base na raça ou etnia; na deficiência; na idade; na orientação sexual; na religião ou nas crenças. Mas não necessariamente quando uma empresa faz juízos objetivos sobre escolhas individuais. O problema já não está na mera possibilidade de proteger os não-fumantes do vício de terceiros, disponibilizando espaço próprio para os últimos. O problema está, tão só, na mera existência dos viciosos, que devem ser erradicados da paisagem comum.

Por favor, escusam de me enviar mensagens indignadas. A guerra acabou e, de certa forma, vocês, fanáticos, venceram. A luta contra o tabaco nunca foi uma luta pela saúde dos "passivos" (o que seria compreensível). Foi simplesmente uma luta contra a liberdade individual em nome de uma utopia sanitária: os fanáticos não desejam apenas que o fumo não os perturbe; desejam que a mera existência de um fumante também não. É a intolerância levada ao extremo e servida numa retórica simpática e humanista. E agora com cobertura legal.

A prazo, essa luta não irá ficar apenas pelo fumo: pessoas gordas; pessoas que bebem; pessoas que desenvolvem atividades sexuais promíscuas; pessoas inestéticas; pessoas que não se adaptam à cartilha higiênica das patrulhas serão enxotadas, como ratazanas da espécie, de qualquer presença visível numa sociedade crescentemente dominada pelo culto da saúde. Seremos como as tribos primitivas, elevando o corpo a um novo deus. Caprichosos e cruéis.

George Steiner, no mesmo ensaio, afirma que a Europa só não morrerá se souber preservar as suas "autonomias sociais": línguas, tradições, liberdades, excentricidades. E, citando o célebre dito de Aby Warburg, relembra que "Deus está nos detalhes".

Pobre George. Pobres de nós. De que vale o otimismo de um sábio quando os bárbaros são recebidos como heróis?

João Pereira Coutinho
In: Folha de São Paulo

 
At 8 de agosto de 2006 às 14:57, Anonymous Anónimo said...

AINDA O FASCISMO HIGIÉNICO DA COMISSÃO EUROPEIA
"A discriminação é punível se for feita com base no sexo, religião, raça, etnia ou orientação sexual. Mas não é proibida se for feita contra fumadores. E se não é proibida é permitida."

Paulo Ferreira, no editorial de Domingo do Público.

Pergunto: se uma empresa discriminar um muçulmano fumador, um gay fumador, um hindu fumador, um negro fumador, ou uma mulher fumadora, em que é que ficamos? O que dirá a polícia bruxelense da Comissão?

 
At 8 de agosto de 2006 às 14:59, Anonymous Anónimo said...

A CORAGEM QUE FALTA
Uma empresa que se recuse a contratar uma pessoa unicamente por ser fumadora não está a violar a legislação europeia contra a discriminação no trabalho, considerou este sábado a Comissão Europeia. Esta consideração deve deixar felizes os fundamentalistas anti-tabaco e de tão radical no politicamente correcto não espanta que tenha saído das cabecinhas sapientes da Comissão Europeia. Eu só faço duas perguntas: 1ª: E se fôr um toxicodependente, considera a Comissão Europeia que a legislação contra a discriminação no trabalho está a ser violada? 2ª: Por que não tem o poder político a coragem de proibir a produção e a comercialização de tabaco, como sucede com as substâncias psicotrópicas já proibidas?

 
At 8 de agosto de 2006 às 16:33, Anonymous Anónimo said...

DOS "BURROCRATAS" DA COMISSÃO EUROPEIA

Bruxelas "contra" discriminação de fumadores por empresas
As pessoas devem ser contratada com base nas suas competências e qualificações", afirmou a porta-voz do comissário europeu do Emprego




A Comissão Europeia precisou hoje ser "contra " a discriminação de fumadores na contratação para um emprego, ainda que a legislação comunitária exclua este factor da lista de actos discriminatórios proibidos no local de trabalho.

"O facto de a legislação comunitária excluir a não discriminação de fumadores não significa que a Comissão vê esta discriminação como legítima. As pessoas devem ser contratada com base nas suas competências e qualificações", afirmou a porta-voz do comissário europeu do Emprego, Katharina von Schnurbein.

A porta-voz respondia assim à polémica criada na sequência de afirmações de que os empregadores podem recusar trabalho a fumadores sem serem acusados d e discriminação à luz da legislação europeia.

"É uma má interpretação dizer que a UE concorda com a discriminação contra os fumadores. A Carta dos Direitos Fundamentais diz claramente que a UE é contra qualquer tipo de discriminação", acrescentou a porta-voz.

Katharina von Schnurbein esclareceu ainda que o Tratado da União dá à Comissão a possibilidade de legislar em certas áreas anti-discriminação, proibida pelas normas comunitárias com base na idade, deficiência, orientação sexual e religião ou crença, no caso do local de trabalho, e em geral com base na raça, origem étnica ou género.

Neste sentido, acrescentou, qualquer tipo de discriminação que vá para além do alcance da legislação comunitária é responsabilidade dos Estados-membros.

"A Comissão promove um ambiente livre de tabaco no local de trabalho como medida de protecção da saúde dos fumadores e não fumadores, mas duvida fortemente que seja aceitável politicamente a discriminação contra os fumadores", segundo um comunicado do executivo comunitário hoje emitido em Bruxelas.

A polémica foi lançada por um anúncio de emprego de uma empresa irlandesa, que indicava aos fumadores que eles deveriam "abster-se de candidatar-se".

Em resposta a uma pergunta da eurodeputada irlandesa Catherine Stihler sobre o assunto, o comissário europeu do Trabalho e Assuntos Sociais, Vladimir Spidla, afirmou que essa referência não entrava em nenhuma das discriminações proibidas pela lei comunitária, pelo que não violava a legislação europeia.

HÁ GRANDES "BURROCRATAS" EM BRUXELAS

 
At 8 de agosto de 2006 às 20:17, Anonymous Anónimo said...

Só posso tecer um comentário! Vão todos para um sitio que eu cá sei, enchem-nos com cocaína, e morram todos! Gente idiota que está no poder!

 
At 9 de agosto de 2006 às 16:08, Anonymous Anónimo said...

Só agora é que o Viegas acordou?!
Então ainda ninguém notou que a europa está a ser governada com políticas de direita?...

 
At 16 de agosto de 2006 às 11:48, Anonymous Anónimo said...

Um mundo enlouquecido
José Miguel Júdice

O mundo está cada vez mais louco, o que não significa - infelizmente - que esteja a ter cada vez mais graça. Os exemplos abundam e muitos deles são bem mais sintomáticos e graves do que o caso que vos trago para leitura de férias. Mas, por vezes, vale a pena usar para reflexão situações menos relevantes, pois desse modo a ilustração desejada passa com mais facilidade.
Somerset Maugham escreveu um dia, provocatoriamente - pois eram tempos de acesa dominância da teoria da luta de classes como explicação para a evolução histórica -, que a grande divisão da humanidade era entre os que tomavam e os que não tomavam banho matinal. Se escrevesse no nosso tempo, provavelmente afirmaria que a grande tensão é entre os fumadores e os não fumadores. Ou melhor, entre fanáticos que transformam o tabaco na razão de todos os males e os que ousam exercer a sua liberdade saboreando um cigarro ou um charuto.
Aflorações deste fanatismo fundamentalista surgem regularmente. As mais recentes são, curiosamente, contraditórias. No famoso e iconoclasta Fringe Festival de Teatro de Edimburgo, uma peça centrada em Winston Churchill teve de ser representada sem o conhecido e icónico charuto, por causa de uma lei que impede que se fume em lugares públicos. Mas, por outro lado, a Comissão Europeia veio afirmar que é "uma discriminação ilegítima, politicamente inaceitável" que empresas recusem empregar quem tenha o hábito ou o gosto de fumar.
Tudo isto me parece supinamente ridículo e disparatado. Não sou fumador; mas, como disse a outro propósito Kennedy ("Ich bin ein Berliner"), eu sinto-me fumador de cada vez que uma lei estúpida impede a natural fruição do que é assumido como um prazer ou, pelo menos, uma decisão individual. Eu sei que a liberdade de cada um deve terminar onde começa a liberdade dos outros; por isso, concordo que se não possa fumar em aviões, por exemplo. Por isso, aceito com naturalidade que em espectáculos teatrais a assistência não deva fumar, comer, ter relações sexuais (ou simulá-las...), beber cerveja, cantar, agredir os vizinhos, berrar.
O absurdo é que todos esses actos, que os espectadores não devem fazer, são praticados - quando o enredo o justifica - pelos actores em cena. Excepto fumar, ficou agora a saber-se. Não se pode fumar em cena, mesmo que assim se destrua toda a coerência artística da peça, a simbologia do personagem, a lógica imanente ao enredo. Para mim, isto é pura e simplesmente censura. E se hoje é o tabaco, amanhã com a mesma lógica pode ser qualquer coisa que desagrade a quem mande. Podemos acabar a aturar uma lei que impeça actores e actrizes de representar com indumentárias reduzidas, dizendo certas palavras, exprimindo ideias ou sentimentos proibidos. E desse modo se destroem séculos de luta pela liberdade da criação artística!
O disparate é ainda maior se trouxermos à colação a outra história, que felizmente - pelo menos por agora - acabou bem. Realmente, não se consegue entender como é possível proibir Mel Smith de interpretar Churchill fumando um charuto e se não permite que seja recusado emprego a quem fume. O argumento subjacente a este tipo de insensatas proibições é a saúde pública (quem fuma terá mais probabilidade de adoecer), a publicidade (se não se autorizar a publicidade do tabaco o consumo diminuirá) e o incómodo causado aos que não fumam.
Estes intenções e argumentos - cuja razoabilidade ou rigor não é aqui o local nem o momento para discutir - podem ser concretizados de formas ponderadas e equilibradas: pela pedagogia das entidades públicas, pelas restrições ou regras limitativas à publicidade, pela criação de espaços reservados para fumadores. O que estou a estigmatizar não é, portanto, a existência de regras que ninguém com sensatez rejeita. Do que se trata é atacar os que pretendem levar tais regras a extremos absurdos e desnecessários, em nome da "political correctness", desse modo se lesando direitos como são o direito à cultura, à verdade histórica e ao emprego. Mas, se o fundamentalismo tiver de triunfar, sempre será possível dizer que é menos lógico e adequado proibir um charuto na peça Allegiance, Winston Churchill and Michael Collins do que seria permitir não contratar um fumador por esse "horrível" motivo.
Mas o que tudo isto tem de mais preocupante é que as sociedades modernas - que legislam de forma tenaz e radical contra o tabaco e incomodam pacíficos fumadores - convivem tranquilamente com a extrema miséria, com as mais abjectas e sanguinárias ditaduras, com a mutilação dos órgãos genitais de mulheres, com chacinas em massa de populações, com doenças endémicas como a malária a que não destinam recursos e que dizimam populações inteiras, com penas degradantes e desumanas como as que ainda se aplicam em certos países muçulmanos, como a pena de morte.
Por isso é que concluo que o mundo está louco. Como uma vez disse o meu saudoso amigo Francisco Lucas Pires, um avião fez uns disparos sobre um quartel e como resposta nacionalizaram a banca. Esta tendência para a insensatez e para o totalitarismo do pensamento único continua a crescer e temo que não fique por aqui. Hoje é o tabaco, amanhã será qualquer outra coisa. E, sempre, serão coisas muito menos merecedoras de intervenção dos Estados e de coragem de punir do que são os exemplos que atrás referi, podendo seguramente apresentar muitos mais.
O que afinal significa tão-somente que a matriz das sociedades modernas passa pela criação de temas tolos que são hipostasiados e servem para simular poder e energia, e também para com isso evitar mostrar poder e energia (e já agora coragem) para ser radical e exigente em relação aos verdadeiros horrores do nosso tempo. Vamos indo assim. Mas vamos em direcção a um abismo.

 

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