quinta-feira, 21 de setembro de 2006

EM PONTE DE SOR, COMO TEM SIDO?






"Enquanto presidente da câmara, Fátima Felgueiras terá encaminhado ilegalmente para o FC Felgueiras verbas que ultrapassaram os três milhões de euros. A acusação do Ministério Público responsabiliza também o ex-presidente Júlio Faria e cinco ex-vereadores da Câmara de Felgueiras pelo esquema de transferência de verbas para o clube. Faz hoje um ano que a autarca regressou do Brasil."

PÚBLICO



É para isto que os senhores "autarcas",querem mais dinheiro dos impostos da carneirada?



J.G.

15 Comments:

At 21 de setembro de 2006 às 15:44, Anonymous Anónimo said...

Porque sera que ninguem comenta esta noticia?
De facto e uma materia intocavel, fecham-se hospitais e escolas, mas financiam-se estadios de futebol privados.
No caso da nossa cidade ate ja se contratam pseudo craquespagos regiamente com dinheiros que nao s esabe bem donde vem.
Ennfim e o pais que temos

 
At 21 de setembro de 2006 às 15:51, Anonymous Anónimo said...

Corrupção: um diálogo entre

o Big foot e o Big hand:


Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor e os Patos-Bravos que fizeram as obras de construção civil da Fundação António Prates.


Um retrato da cidade de Ponte de Sôr no ano da graça de 2006 sobre a gestão municipal do doutor:

Todos nós já ouvimos histórias sobre corrupção.
Umas sérias, outras nem por isso, outras assim assim.
Mas quase todas ficam impunes, como não se provam os ilícitos tudo fica como dantes no quartel general em Abrantes.
Mas de há uma década para cá a soit disant corrupção evoluiu, sofisticou-se, generalizou-se, democratizou. E atinge largas camadas da população.

São pequenos favores na Administração Pública, facilitação de procedimentos, fuga aos impostos, comissões em obras, luvas (brancas, pretas, amarelas, azúis), pagamentos por fora a troco de contrapartidas várias. Tudo isto se traduz num esbulho ao erário público, um roubo a cada um de nós. Como dizia alguém, o Estado passa a vida a roubar as pessoas, e as pessoas tentam fazer o mesmo, apesar de terem menos sucesso.

Tudo isto não seria grave se a corrupção e a fraude fiscal não representassem o principal bloqueio ao crescimento e desenvolvimento económico e social de uma Nação.
Com a nossa mui pequenina economia passa-se isso mesmo.
Ou seja, um conjunto de pessoas, bem posicionadas, muitas vezes com responsabilidades no aparelho de decisão (central ou local), subtraem verbas ao Estado pertencentes à comunidade, que dela carece para a realização do bem comum, como dizia o nosso velho amigo Aristóteles.
Há tempos que não falamos.
Tenho de lhe ligar...
Mas a última vez que o vi - ao Aristóteles - foi na rua grande...
Ah grande Aristóteles...

Mas convém dizer aqui uma coisa:
- muitos de nós, para não dizer todos, à esquerda e à direita, olhamos para a fuga aos impostos como uma espécie de libertação, uma caminhada para a felicidade, um passaporte para o paraíso.
Qualquer coisa que sirva para punir o Estado, por acção ou por omissão, é uma benesse de Deus.
Talvez porque o Estado se tenha formado para administrar a força contra as pessoas e porque se constituiu para cobrar impostos indesejáveis pelas populações.
Daí o "amor" entre as pessoas e o Estado, e vice-versa.
Tipo cão e gato.

Portanto, estamos aqui perante um facto indesmentível.
Tudo quanto se trate de gestão de dinheiros públicos ou de decisões de conteúdo económico ou financeiro, deve arrumar-se numa gaveta que diz o seguinte:
a virtude é um bem escasso; e a ânsia de recolher vantagens privadas é enorme.
Das autarquias aos clubes de futebol, dos bombeiros aos bancos e às empresas - tudo quer tocar no pote de mel e resgatar para si o seu quinhão.
De preferência, roubando o Estado o mais possível. E com a máxima descrição.

Mas o que assusta hoje, ao contrário das décadas passadas, e que foi um fenómeno potenciado pela integração de Portugal na União Europeia que permitiu a entrada de milhões contos per day, é que já não é o presunto que se dá ao gerente do banco, o cabrito que se oferece ao Sr. Juíz, nem o caixote de garrafas de "Visky de Sacavém" ao oficial da GNR.
Não, agora os escândalos financeiros são de grande amplitude, os interesses cruzados são imensos, os métodos da corrupção são como os passos do padre na igreja, mal se sentem.
Tudo mudou.
Até a natureza das práticas da corrupção.
O tempo mudou, mas o homem é o mesmo:
continua ambicioso, invejoso, soberbo e o mais que há de pecados capitais.

Quer dizer, hoje as Boas Festas(as Broas) não se fazem só com o cabrito, o presunto e o contentor de whisky.
Hoje a malta tem tudo isso aos pontapés nas grandes superfícies e a preços acessíveis para a classe média.
Hoje também já não há sinaleiros que recebem as oferendas dos transeuntes ali no Liceu Camões.
Hoje a escandaleira é de dimensão global, e os escândalos fiscais são apenas um índice dessa realidade mais ou menos oculta neste Portugal onde a economia e a sociedade ainda é muito informal: não é por acaso que se fala em malas pretas com dinheiro lá dentro por causa de escolas de condução, transferências de somas avultadas para zonas francas onde familiares aprendem a arte da condução na via pública, participação em negócio, subtracção de receitas fiscais, desvios de subsídios da então CEE (de que a UGT ao tempo de Torres Couto foi pródiga) etc, etc, etc.
Tudo isto somado dá cabo do Produto Interno Simpático...

Muitas empresas têm de alinhar com os autarcas, pagando-lhes comissões para aprovarem licenças de construção.
Inúmeros subsídios públicos de regiões e municípios à futebolítica só servem para aumentar o escandaloso ordenado dos treinadores e jogadores.
Que, ao menos, podiam aplicar num curso de português intensivo. Tanto os clubes de futebol como as associações de bombeiros são dos organismos menos fiscalizados.

Vejamos agora um pequeno diálogo entre o autarca, o empresário e o modo como cada um organiza o seu universo mental de interesses e monta, por sua vez, o esquema operacional para melhor conseguir os seus intentos.
Que é esbulhar o Estado da forma mais invisível possível.
O diálogo que se segue é pura ficção, mas qualquer correspondência com a realidade não passa de pura coincidência. Vejamos o que eles dizem uns aos outros.


- DIÁLOGO DE CAVALHEIROS.
TUDO BONS RAPAZES
- UM RETRATO Da CIDADE, A NOSSA QUERIDA PONTE DE SÔR.
DE AGORA, DE SEMPRE


- O Empresário (Big hand) - que por convenção designamos aqui de Big Hand (mão grande).
O que é que este "pato bravo" pensa, senão saber quem está em melhor posição nas sondagens para ganhar as eleições.
Mas como não tem a certeza financia os dois partidos que estão mais próximo desse limiar de vitória.

- o Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sôr (Big foot)
- pode ser designado por Big foot.
Este gosta de dar grandes passadas de cada vez.
Não lhe chega um T 4 no Algarve, ele quer logo (também) o duplex do último andar - que com o terraço - vai para os 350 m2.
Assim pode fazer biclicleta, skate e tudo o mais que der para partir as pernas.
Só que os autarcas do Partido Socialista em Ponte de Sôr, como sabemos.
Logo, o duplex com vista acaba por ter outras finalidades que aqui são manifestamente inconfessáveis.
Remetem para outros prazeres: obras de arte, uvas, morangos, champagne francês, e muitas pernas de galinha em regime de fricassé. Tudo habita o duplex que o Big Hand teve de passar ao Big foot como contrapartida por uma licenciamento de terreno manhoso.
É agora que os dois se encontram, o empresário e o autarca, o big hand e o big foot - e vão desenvolver o diálogo que reflecte um retrato tosco da realidade actual: as autarquias e o mundo da construção civil.
- Diz o Big foot - olhe lá ó Big hand você sabe que eu tenho poderes para lhe demorar os pedidos de licenciamento da obra que você me pediu ali para o monte da pinheira de cima?!
Ou você alinha cá com o Big foot - ou então terá um pesadelo e a sua obra ficará parada uns 3 aninhos a mais do que a conta, e você terá de pagar à banca e aos fornecedores as derrapagens, não é verdade?!"
- Pois claro diz o Big hand.
Já tenho experiência disso.
No anterior mandato deste, bem lixado fui.
Fui parvo, quer dizer não alinhei e fiquei a aguardar mais 8 meses pelos licenciamentos.
Resultado: além de só poder vender os meus apartamentos mais tarde, tive de os vender a mais alto custo tornando a venda mais difícil.
Então, mas nós podemos olear a máquina administrativa camarária de alguma forma que sirva ambos os interesses.
O seu e o meu, não acha?
- Acho!! - diz o Big foot.
Assim é que eu gosto de conversar com homens inteligentes, sábios, talentosos e, acima de tudo, sensíveis à perspectiva dos outros.
Isto merece uma ida à boite das meninas seguida de uns Whiskis valentes.
Pode ser Dimple 3 murros... On the rocks, please..

- Vejo que o senhor presidente é rápido a pensar, diz o Big hand. Então e quanto é que me vai custar a brincadeira?
Não fazemos isso com duas garagens e uma arrecadação de 100 m2..?

- Ó homem, agora você ofendeu-me - diz o Big foot.
Umas garagens e uma arreca....da-kê?
Olhe, só por causa dessa tirada saloia já nem me apetece beber o Whisky consigo.
Você deve ser de norte, já se vê... E levanta-se para se retirar com ar crispado, numa simulação perfeita..

- Senhor presidente, senhor presidente - não leve isto a peito - diz Big hand.
Foi apenas uma proposta.
Sente-se pfv, e retomemos a nossa conversa.
Pode ser...
Eu ainda não tinha acabado:
dizia duas garagens, uma arrecadação e o duplex maior da vivenda que estou a construir.
O tal que você visitou inicialmente e de que gostou muito, lembra-se?

- Sim, claro! - diz Big foot - Lembro-me perfeitamente.
É o que tem 320 m2 não se esqueça. E deixe em stand by o do lado esquerdo que tem, salvo erro, 280m2. Esse fica "por conta", uma vez que o senhor anda também a construir em mais quatro sítios no Concelho de Ponte de Sor: Barreiras, Montargil, Foros do Mocho e Farinha Branca. Certo? E para tratar da papelada dessé terreno e da troika de vivendas você tem de saber tomar as boas decisões empresariais.
Compreende?

- Pois, compreendo! - diz Big hand. Que está já com vontade de enforcar o Big foot na sua própria corda (diz para os seus botões).
No fundo, o senhor presidente é o meu maior comissionista.
Leva-me parte do lucro que espero vir a obter com a venda dos meus apartamentos.
Assim, terei de os vender muito mais caros... E quem se lixa, como deve imaginar, é o cidadão, ou seja, o cliente, o zé povinho que precisa de um tecto para morar.

- Também é verdade - diz o Big foot - envolto em fumo e já com as lentes dos óculos todas embaciadas.
Mas proponho-lhe uma coisa:
você conhece aqueles terrenos alí da barragem de Montargil e que os ecofundamentalistas dizem que é reserva natural e mais não sei o quê...
Olhe estou a pensar a seguir ao Natal alterar o PDM e alterar a natureza do solo a fim de se poder lá construir.
Por isso, em Janeiro do ano que vem você pode, em 1ª mão, comprar o maior lote de terreno (que depois lhe indicarei) que a Câmara vai vender a um baixo custo, como vou fazer alí nas Barreiras.
Que me diz?!

- Oh senhor presidente, diz Big hand - que boa notícia.
Sempre sonhei povoar a barragem de Montargil com cogumelos brancos e transformar aquilo numa espécie de Lego, só que em ponto grande.
Mas aqueles dois duplex de uma vez só é uma valente rabocada no meu orçamento...

- Pois é - diz Big foot - mas o valor daqueles terrenos justificam bem essa transação. E depois de fazer umas continhas constatará que falo verdade.
Tão verdade como eu querer os seus apartamentos e você querer os meus licenciamentos.
É uma troca justa, não é!?
Você nem imagina o que custa ganhar eleições, enganhar este povinho...
Um homem tem de se humilhar, andar a cumprimentar gajos que nem sequer conhece, a beijar velhas com mau hálito, crianças ranhosas, e uma variedade de pontessorenses nos bancos dos jardins com as mãos todas suadas, sabe-se lá por onde andaram...
Mas o que mais custa é não podermos despachar à siciliana meia dúzia de bloguistas que andam para aí a dizer falsidades sobre a minha honorobilidade que, como você vê, é inteiramente impoluta..

- Impolutíssima sr. Presidente!! - diz Big hand.
Vendo bem as coisas por esse prisma, ser eleito presidente sempre custa mais do que sacar um empréstimo bancário junto do Ricardo E..., ao menos o ambiente é mais selecto, e não tenho de andar a cumprimentar esses ranhosos de rua, alguns até devem ter hepatite B e sei lá mais o quê.

- Está a ver - diz Big foot - Você está quase lá...
Acho que já me compreendeu e podemos colaborar francamente.
Olhe, a semana passada apanhei uma urticária que desconfio ter sido alí na zona ribeirinha.
Ainda me ando a esfregar com águas das malvas e com um pó-de-talco especial que comprei numa das muitas viagens que fiz à vossa custa ao estrangeiro, mas com magros efeitos.
Até perdi o apetite.
Então, temos negócio, não é verdade?

- Ok, sr. presidente - diz Big hand.
Mas eu sou o primeiro a comprar o maior Lote de terreno na barragem de Montargil, ok. E quero tudo aprovado para poder terraplanar o terreno e começar a abrir os caboucos no mês seguinte, ok?

- Claro meu bom amigo - diz Big foot - Isso está tudo pensado ao pormenor, apesar de não fazer parte do Plano Director Municipal.
Mas está tudo na minha mente.

- Vejo que o sr. presidente - diz Big hand - tem uma mente brilhante.
Com homens assim até dá gozo vender apartamentos.
Mesmo que tenhamos os dois de enterrar vivos os nossos futuros clientes:
o Zé Povinho

 
At 21 de setembro de 2006 às 16:00, Anonymous Anónimo said...

"(...) mas o que me enoja é a carneirada que apesar de roubada, apesar de enganada .... continua a querer o sr. Taveira Pinto para os liderar e gerir o dinheiro dos seus impostos...."

É o povo que temos (que somos). Enquanto o valor de um político for aferido pelos favores que concede aos interesses menos legítimos, ou mais obscuros, de cada um:
o empregozito que se arranjou;
a construção da casita (ou da "torre"!), violando normas, mas "facilitada" (quando não expressamente autorizada);
o terreno para o qual se autorizou - ou pelo menos não se impediu - um uso não previsto;
os olhos que se "fecham" a esta ou aquela irregularidade ou falcatrua;
os favores de toda a espécie.

Com um povo cujo objectivo na vida é "safar o seu e que se lixe o resto" (e por isso não creio que seja verdadeiramente enganado, antes pelo contrário);
num país que é um gigantesco "apito dourado", o que se há-de esperar?

 
At 21 de setembro de 2006 às 22:20, Anonymous Anónimo said...

Pois é Taveira Pinto igual a Fatima Felgueiras, daqui por uns tres quatro anos nem eletrico, nem dinheiro,nem Ponte de Sor fica tudo na merda.

 
At 21 de setembro de 2006 às 22:20, Anonymous Anónimo said...

Pois é Taveira Pinto igual a Fatima Felgueiras, daqui por uns tres quatro anos nem eletrico, nem dinheiro,nem Ponte de Sor fica tudo na merda.

 
At 21 de setembro de 2006 às 22:28, Anonymous Anónimo said...

Era bom que as instituições judiciais deste pais investigassem o que se tem passado tambem nesta camara, quanto é que o electrico levou nos ultimos anos e este ano? à volta de 500.000 € /ano. O beneficio é assim tanto, Dr Taveira Pinto? Quando é que esta bola rebenta? e a sua responsabilidade com o caso do seu ex-adjunto dilecto, dirigente do basquetebol, financiado à parte pela Camara

 
At 21 de setembro de 2006 às 22:36, Anonymous Anónimo said...

Em Ponte de Sor como tem sido?

500.000 €/ano, um dos maiores orçamentos da 2ª Divisão, daqui nada estão na 1ª ou na Distrital quando o palhaço mudar de humor e fechar a torneira

E o caso do ex-adjunto, responsavel pelo basquetebol do electrico, financiado a parte pela Camara? o dinheiro foi para onde?

 
At 22 de setembro de 2006 às 11:34, Anonymous Anónimo said...

Inclua-se na nova Lei das Finanças Locais um capítulo dedicado ao pão-de-ló, porque burros para o comer é coisa que não falta nas nossas autarquias.

 
At 22 de setembro de 2006 às 11:36, Anonymous Anónimo said...

Sugira-se ao Ministério Público que aplique investimentos idênticos aos que vez nas investigações de Fátima Felgueiras à generalidade das autarquias.

 
At 22 de setembro de 2006 às 15:44, Anonymous Anónimo said...

Eu até tenho pena da Fáti, ela tem razão para perguntar: então só eu, cadê os outros?

 
At 22 de setembro de 2006 às 15:56, Anonymous Anónimo said...

Onde param os socialistas?

Que resta ao PS de socialismo, mesmo que "à portuguesa" esse socialismo alguma vez tenha sido? Benevolentemente, pouco; rigorosamente, nada.

Em termos canónicos, o socialismo não existe em parte alguma, naufragado entre a capitulação histórica dos seus dirigentes (incluindo Jean Jaurès e, numa perspectiva mais trágica, Léon Blum) e a perversão de gerir, com intenso êxito!, um capitalismo torpe e sem a menor grandeza. O "socialismo real" terminou em 14 de Fevereiro de 1956, com o Relatório Kruschev. Gorbachev foi o epígono inexorável.
Os desapontamentos, as perplexidades e os desencantos, resultantes do documento que escarmentava Estaline e revelava os seus crimes, mortificaram milhões e milhões de homens.

O eurocomunismo surgiu como emenda.
Mas não era solução.
Togliatti, no seu dramático testamento, previra o que Berlinguer não conseguiu evitar. O "compromisso histórico", com Aldo Moro, foi imediatamente contrariado pelo americano Jimmy Carter e pelo alemão Helmut Schmidt, no sinistro Pacto de Porto Rico.
Carter e Schmidt acordaram em que comunistas no Poder, em Itália, era não só impensável como evitável a todo o custo.
Sabe-se a que preço sangrento.
O assassínio de Moro é um crime sem nome.
Sabe-se, hoje, quem manobrava as Brigadas Vermelhas. E também se sabe que o mundo seria diferente, caso o acordo entre a Democracia Cristã e o PCI tivesse seguimento histórico.
François Furet chegou a experimentar essa suposição.

O Partido Socialista português tem sido mais uma representação teatral do que a prática de uma experiência ideológica. As "alianças" políticas usadas ou professadas aniquilam o rigor moral a que se devia.
Para já não falar na questão doutrinária e política.
Em tempos, escrevi que o PS era o MDP do PSD.
Emendo: o PS é um PSD em staccato.

Seria mais sério casarem-se do que viver neste conúbio ambíguo.
O contrato sobre a Justiça, abençoado pelo Chefe do Estado, indicia que, em breve, novos assentos serão firmados.

Não há alternativa, nem alternância.
De transigência em transigência, o PS é outra coisa, para ser coisa nenhuma. Bagão Félix, que pode ser acusado de todas as malignidades, mas é dono de uma das melhores cabeças da Direita, exige, ainda, uma capitulação maior e uma desfiguração definitiva do Partido Socialista.
Declara que o "não" de Sócrates a uma "reforma sistémica" da Segurança Social "é uma cedência do Governo aos sectores mais à Esquerda do PS".
Bagão defende a sua dama. E, neste torneio, os cavaleiros socialistas baixam o montante.

Basta querer ver - para ver.
Na verdade, o PS, quando no Poder, nunca conseguiu melhorar as nossas vidas.
Pelo contrário.
Exemplo actual: as novas taxas moderadoras em nada resolvem os problemas da saúde.
São mais impostos dissimulados. Como afirmou o dr. Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, trata-se de um financiamento;
se forem altos, estão feridos de inconstitucionalidade;
se forem baixos, não resolvem coisíssima nenhuma. Ou, como muitos asseveram, representam outra machadada no Serviço Nacional de Saúde.

O Estado Social tem de ser repensado.
Para o melhorar, não para o destruir.
Como?
Defendendo o velho modelo europeu de sociedade, no estabelecimento de uma espécie de conciliação entre responsabilidade do Estado, responsabilidade colectiva e responsabilidade individual. Creio, e estou bem acompanhado, que este combate exige políticos cuja herança não tenha sido precedida de testamento [René Char] e sejam capazes de repensar a "globalização" reafirmando o papel do trabalho na sociedade.
Os números são significativos: outrora, nos países industrializados, os trabalhadores consagravam cem mil horas ao trabalho, durante a vida; actualmente, são dispensadas entre setenta mil a setenta e cinco mil horas.
Calcula-se que, dentro de cinquenta anos, o número de horas de trabalho não ultrapassará as quarenta e cinco mil.

A questão é imperiosa:
que democracia desejamos?
A que implica a participação activa e efectiva de todos os cidadãos, ou a que é proposta pelas leis do mercado, cuja finalidade é o lucro pelo lucro?
A Esquerda devia fazer ressaltar as possibilidades da criação de um terceiro sector de actividade, entre o mercado e o sector público, sem nunca descurar a importância deste último.
Jacques Delors escreveu: "É preciso redefinir as bases do contrato social: aceitamos a democracia de opinião, com os média, as sondagens? Ou queremos, antes, restabelecer uma democracia mediatizada?"

As minorias, cada vez mais alargadas, são, também, cada vez mais marginalizadas.
Releva de uma peculiar des-democratização o facto de o PS sistematicamente recusar o diálogo com as forças à sua esquerda. Assim como já quase deixou de causas surpresa o secretismo com que os dirigentes socialistas estabelecem compromissos, acordos e combinações à revelia da clareza exigida pela própria natureza das suas origens. E José Sócrates, susceptível como um samurai, diz pouco do que não quer dizer, e a sua direcção em nada contribui para a discussão ideológica:
segue a regra, é um tributo ao mercado, sem reserva nem reflexão. Honra lhe seja: o seu discurso nunca cedeu à palavra socialismo. Quando muito, falou de "Esquerda moderna", expressão sem vértebras que chega a ser deprimente.

Torna-se cada vez mais penoso viver em Portugal. E muitos dos meus correspondentes "em linha" começam a ser concordes em que, se a política é a arte da espera -, já andamos a esperar há demasiado tempo.

 
At 23 de setembro de 2006 às 17:03, Anonymous Anónimo said...

Por mais leis que se façam, por mais promessas de rigor que se cumpram, o dinheiro do Estado é mal gasto e, não raras vezes, é mesmo muito mal gasto, dia sim dia, não ficamos a saber de mais um abuso ou de um novo truque para evitar as regras e até mesmo novas soluções para inventar dinheiro quanto este escasseia.

São centenas de gestores de serviços do Estado e de autarcas, uns a poupar e outros a gastar como se fosse “dinheiro macaco”, e apesar de não faltarem inspecções e controlos diversos nenhum governo conseguiu pôr cobro ao abuso quase generalizado.
Sócrates criou a figura do controlador financeiro para os ministérios mas tenho muita dúvidas de que algum deles consiga fazer o que quer que seja, alguém está ver algum controlador financeiro a “atacar” um director-geral que está no cargo porque é das relações do ministro?
O objectivo pessoal dos controladores financeiros dos ministérios é ficarem nas boas graças do respectivo ministro e, como se sabe, na hora de gastar cada ministro puxa a brasa à sua sardinha, a grande ambição da maioria deles é ter mordomias idênticas às dos directores-gerais.

Particularmente grave é a situação das autarquias onde não existe qualquer controlo, cada autarca arranja dinheiro como pode e gasta-o da forma que entende e na hora das eleições nem tem que prestar contas.

Se em relação ao Governo existem diversos documentos financeiros e instituições mais ou menos independentes que avaliam a situação orçamental e quando isso não basta chama-se o dr. Constâncio, os eleitores das autarquias vão para as urnas de olhos fechados, no último ano foram várias as autarquias que se declararam falidas, sem que os eleitores conhecessem tal situação no momento de escolherem ou renovarem os mandatos dos autarcas.

Há tempos e ainda antes da criação da figura do “controlador financeiro” defendi aqui que as instituições do Estado deveriam incluir nos seus órgãos de gestão um órgão de controlo correspondente aos conselhos fiscais das empresas, um órgão que avaliasse gestores, contas e resultados e elaborasse relatórios independentes.

Também nas autarquias deveriam haver um mínimo de controlo, e esse mínimo deveria ser a divulgação periódica e atempada das suas contas, para que os eleitores soubessem em quem votam e para que não se assistisse ao espectáculo anual do orçamento, com o país a ter que aguardar meses para apurar o défice orçamental, por se desconhecer as contas das autarquias.
Deveria também haver um órgão de controlo financeiro que avaliasse o rigor com que são gastos os dinheiros das autarquias.

 
At 23 de setembro de 2006 às 17:12, Anonymous Anónimo said...

MAIS UMA DOS ILUSTRES AUTARCAS:

AUTARQUIAS CONTRATAM PROFESSORES

E pagam-lhe menos do que ganham as empregadas domésticas:

«Professores destinados a actividades de enriquecimento curricular no 1.º Ciclo do Ensino Básico estão a ser contratados por autarquias a recibo verde num verdadeiro leilão de preços. As duas principais organizações de docentes mencionam pagamentos entre cinco e oito euros à hora, embora o JN tenha encontrado avenças de 12, quando as autarquias disputam o mercado.»

In: Jornal de Notícias

 
At 23 de setembro de 2006 às 18:27, Anonymous Anónimo said...

Lindo recebem 15 do ME para onde vai o resto da guita?

 
At 25 de setembro de 2006 às 12:11, Anonymous Anónimo said...

Pois é... daqui a pouco vão dizer que blogs como este de "corte e costura" ou de "fazer de camisola" ou se preferirem de "dizer mal de tudo e todos desde que não seja eu", tambem deveriam ser financiados pelo Estado, pelas Câmaras e pelas Juntas!!! E aquele que tiver mais visitas andou metido a desviar dinheiros públicos e influências politicas.
Oh meus amigos...não havia necessidade...vão mas é para casa ligar a máquina de lavar e verem a roupa a girar e a espumita a saltar contra o vidro, hummmm??

 

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