sexta-feira, 15 de setembro de 2006

SÁBADO, SOL NAS BANCAS

Amanhã sábado, 16 de Setembro estará nas bancas a primeira edição do semanário SOL, que será um jornal diferente, inovador e inteligente, segundo as palavras do seu director, José António Saraiva, que durante 20 anos liderou o Expresso.


Diferente porque é diferente de tudo o que existe, inovador porque aposta nas novas tecnologias e nos novos temas, e inteligente porque sendo muito sintético, muito directo e muito objectivo, é um jornal que vai reflectir profundamente sobre o nosso tempo, justificou José António Saraiva.

O semanário promete vários ambientes. Temos uma parte inicial, que é mais política, mais institucional. Uma segunda parte a que chamamos Mundo Real, que é uma parte mais emocional. (...) Temos uma parte mais ligeira, com jardinagem, moda e vida social e, finalmente, uma parte onde combinamos ciência, tecnologia e cultura, descreveu o director do semanário.
O jornal, que sairá aos Sábados, aposta também num site na Internet que albergará blogues dos principais colunistas e de leitores anónimos.

O director do novo semanário afirmou ainda estar convicto de que o jornal atingirá o break-even antes dos três anos previstos.

Vamos conseguir, seguramente. Eu até penso que vamos conseguir mais cedo, porque o prazo de três anos que estabelecemos foi um prazo de segurança, sempre pessimista quer no que respeita às receitas, quer no que respeita às despesas, afirmou José António Saraiva, acrescentando que, neste momento, todos os indicadores já mostram que vamos ultrapassar largamente as receitas que estavam previstas para o primeiro ano.

Para atingir este objectivo, o Sol conta com o naipe de colunistas mais forte de todos os jornais, temas e grafismos exclusivos e a determinação em marcar a agenda política nacional.

Com as estruturas informáticas e de comunicações, instalações e recursos humanos, o Sol fez um investimento inicial entre 4 e 5 milhões de euros.

O Sol nasceu para combater a hegemonia do semanário Expresso até aqui líder de mercado.

Ka

6 Comments:

At 16 de setembro de 2006 às 13:51, Anonymous Anónimo said...

O concentracionarismo

Em 1972 ou 1973, e considerando apenas a imprensa escrita que diariamente se publicava só em Lisboa, a opinião publicada abrangia um leque notoriamente mais vasto e diversificado do que acontece hoje no universo da imprensa escrita de expansão nacional.
Não é uma impressão subjectiva: basta agarrar nuns quantos exemplares dos jornais de então ("Diário de Notícias", "O Século", "Diário de Lisboa", Diário Popular", "República") e verificar.
A comparação com os órgãos de referência de hoje ("Expresso", "O Sol", "Público", "Diário de Notícias") é assustadora.
O grau de cinzentismo, de oficialismo, de uniformidade, que se atingiu a nível de produção de opinião é aterrador. Os grandes jornais nacionais disputam os mesmos comentaristas, os mesmos títulos, as mesmas opiniões, invariavelmente institucionalistas no pior sentido do termo. Note-se que se o estudo se alargar às publicações não diárias nacionais e locais de há 35 anos a comparação ainda resulta mais desequilibrada. Saíam então a "Política", o "Observador", a "Seara Nova", "O Tempo e o Modo", e mais uma mão cheia de periódicos de expansão mais larga ou mais limitada, que podiam ir dos maoístas do "Comércio do Funchal" até aos católicos conservadores da "Resistência" ou aos monárquicos da "Gil Vicente".
O leque fechou-se drasticamente. Os jornalistas agora quando se encontram não discutem ideias e opiniões, discutem marketing e mercado. As variações de tom ou de cor são só as que resultam das preocupações com as tiragens: no resto, tudo é monótono e monocromático.
A concentração da opinião, bem patente na imprensa, acompanha a concentração do poder, político e económico. Que em nada se altera com a titularidade, pública ou privada, do capital accionista.
O que é certo é que o pluralismo autêntico, em todos os campos, se apresenta mais e mais diminuído à medida que observamos o passar das décadas.

 
At 16 de setembro de 2006 às 14:30, Anonymous Anónimo said...

O Expresso deu conta de uma página senegalesa que explica como emigrar para a Europa:

«Poderia trata-se de uma piada de mau gosto, feita por um amador apenas interessado em satirizar um assunto sério. Mas o conteúdo, lido ao pormenor, revela-se um verdadeiro manual de instruções para a imigração ilegal.
Um artigo posto em rede no «site» senegalaisement.com ensina a furar o sistema de fronteiras europeu, apresentando um elenco de seis pacotes que fornecem conselhos práticos sobre como transpor as muralhas da fortaleza sem ser apanhado e sobre como tirar proveito das leis em vigor. São eles o ‘Dia D’, ‘Casamento’, ‘Gravidez’, ‘Estudante’, ‘Homossexual’ e ‘Clássico’.»

A história anda a circular na web há mais de uma semana e até já foi notícia dos jornais espanhóis "20 Minutos", "Libertad Digital" , e trata-se daquilo a que em inglês se designa por "hoax" e espanhol "coña", em português não existe um termo, poderia designar-se por trampa.
Mas é um excelente petisco a que um jonalista descuidado não consegue resistir e o director de qualquer jornal acha logo que é merecedor de uma chama da na primeira página, tem todos os ingredientes para chamar a atenção e vender papel, a emigração senegalesa , a internet e até a Al Qaeda, isto é, os ingredientes de todos os medos do Ocidente.

No Expresso teve direito a um artigo extenso, a entrada de primeira página e até a uma referência de Nicolau Santos com aquele ar de douta sabedoria com que fala no Expresso da Meia-Noite, da Sic Notícias.

O site em causa já havia sido referido em blogues , não tendo sido dado mais pormenores, mas se o Expresso investigar melhor vai perceber que a página em causa nem sequer é senegalesa, está registada em Espanha:

«El caso es que ambos medios han pasado por alto el pequeño problema de que este artículo ha sido escrito por un periodista francés que conoce bien Senegal y que todo su artículo está escrito en clave de ironía. Humor cínico, vamos. Ah, y la web no es senegalesa, sino española (el dominio está registrado en Barcelona).» [El Rey de la Baraja ]

O Jornalista nem tem dúvidas e até começa por dizer "que poderia tratar-se de uma piada de mau-gosto", mas o facto é que estamos mesmo perante uma piada, quanto a tratar-se ou não de mau-gosto isso já depende das papilas de cada um.

Se ainda subsistirem dúvidas ao Expresso sugerimos uma visita ao "France Echos" onde o articulista parece estar a dirigir-se ao director do Expresso:

«Comment ne pas comprendre qu'il s'agit là d'un humour au second degré ? On croirait du Mohamed Fellag !»

Vale a pena completar a caracterização do autor que o Expresso como um condenado:

«O artigo, assinado por Christian Costeaux - um francês condenado em 2004 a um ano de prisão por difamação - data de 9 de Junho de 2006, semanas depois do pico imigratório que se registou em Maio naquele arquipélago.»

É verdade que Christian Costeaux foi condenado mas a descrição do autor feita pelo France Echos é mais completa e rigorosa:

«Certes, Christian COSTEAUX n'est pas un Africain de souche, mais un Français connaissant parfaitement le Sénégal et sa culture, et sa prose ressemble étrangement à celle des humoristes noirs. (Je parle des humoristes, pas des bouffons à la mode Dieudonné.) Il dénonce à longueur de sites internet, et avec son style caustique, les magouilles de ce pays. Il y a même été condamné par contumace à un an de prison ferme et 915.000 euros d'amende en 2004 pour avoir dénoncé une affaire de corruption mettant en cause des élus sénégalais. Et il faut savoir aussi que Christian COSTEAUX n'est pas du tout, mais alors pas du tout apprécié par… les musulmans ! »

É caso para dizer que num dia que viu o "Sol" nascer o Expresso optou por meter água, e à boa maneira portuguesa caiu, e ainda por cima, e porque a maldade veio de Espanha fez como o comboio espanhol, a asneira foi publicada pontualmnte com uma semana de atraso!
Nada como o nome de um jornalista estrangeiro para dar um ar de credibilidade à notícia...

 
At 16 de setembro de 2006 às 22:13, Anonymous Anónimo said...

Hoje é Sábado e mergulhei numa pequena aventura: fazer algo que já não fazia há anos - tocar num jornal de papel, i.é, de carne e osso para o sentir e cheirar e tirar algumas notas breves como tempo que passa, misto de um gesto de liberdade e curiosidade, esse novo vírus imparável.

Mesmo sabendo, duma maneira geral, e pela cadência hiperbólica e contraditória da informação, que tanto faz ler um jornal de hoje como da semana passada, e mesmo quando os jornais aumentam de preço as notícias também não melhoram. Descontado isto, vejamos essas breves impressões sobre o novo semanário dirigido pelo José António Saraiva - que um dia ainda será Prémio Nobel da literatura. E eu acredito..., pois então se até Saramago foi nobilizado - ante a estupefacção do planeta - porque razão não o haverá de ser alguém que escreve bem!?

Primeira nota: gostei do equilíbrio geral do Sol. O formato, o equilíbrio gráfico, a aproximação aos assuntos. Leve q.b., com José António Saraiva a fazer bem aquilo que sempre fez: escreve com clareza e objectividade. Não se perde nem se alonga nas curvas. Escreve com conta, peso e medida. Deixou-nos um traço do estilo de Sócrates, mais anguloso e menos palavroso do que Guterres. Apesar do estilo ser (quase) tudo reconheceu que Sócrates toma decisões, mesmo que algumas delas - como no sector da Saúde - sejam discutíveis e problemáticas. É o regresso do velho estilo socrático (o de Atenas...) na forma de boa e curta prosa jornalística, agora ao estilo Sol. O estilo Saraiva. aqui convém não esquecer as suas raízes, é que o seu pai - António José Saraiva - juntamente com Óscar Lopes foram referências da cultura portuguesa que tiveram enorme relevância estética, filosófica, literária e até política. Filho de peixe sabe nadar, como se costuma dizer...

Filomena Mónica faz aquilo que mais aprecia: dizer mal dos províncianos dos portugueses, e dentre destes, em seu entender, encontram-se os políticos. Por isso, fala-nos sobre Santana Lopes e dos palhaços, sem ofensa para os palhaços, acrescento eu. Pois haverá muita gente boa na escola de Teatro dirigida por Teresa Ricou, a conhecida "mulher palhaço" que conheci na casa de Agostinho da Silva na década de 80, que se sentirá ofendida quando comparada com S. Lopes, daí a minha ressalva. Que vai ao encontro, aliás, de um dos princípios editoriais do estatuto do Sol: o respeito pela pessoa humana. Contudo. MFM terá de ter algum cuidado com o que escreve, não só para não ser processada criminalmente por difamação mas, acima de tudo, para evitar pensar que algum do material que arruma no sótão da sua memória possa ser considerado de valia histórica passível de ser utilizado em memórias ou mesmo pequenas peças de recorte jornalístico. Observando esta regra de prudência MFM evita ser classificada (como tem sido por uma nova geração de sociólogos, de que João Pedro George com o seu livro - Não é Fácil Dizer Bem) - da mesma forma que classifica S. Lopes. Se esta regra prudencial não for tida em devida consideração, qualquer dia MFM vê-se confrontada - por essa nova geração de sociólogos - que de parvos não têm nada - com frases do género: "Foi na "cafetaria" de uma clínica em Biarritz que acabei de ler o Prison Notebooks, de A. Gramsci, etc, etc... que naquele cit. livro se pode compulsar (na pág.87) - e que até está bem esgalhado e é uma pedrada no charco na esfera da sociologia da literatura/cultura em Portugal. Enfim, mais um candidato ao nóbel da literatura, o Arq. Saraiva que se cuide... Neste campeonato, excusado será dizer, que Saramago não entra, aliás, nunca deveria ter entrado.

Mário Ramires (MR), na pág. 6 dá uma valente e oportuna estocada jornalística no ditador disfarçado de democrata da Madeira: Alberto João Jardim - que levou vários invernos a tirar o curso de Direito mas parece que lá conseguiu. E agora vê-se confrontado com um apertado OGE e com budget zero made in Bruxelas, portanto a asfixia do sr. da Madeira estará à vista. Será mais um cachalote que virá morrer à praia..., digo eu. Agora, como refere - e bem - Mário Ramires - é que o dito nos poderá cunhar a todos de cubanos, comunas e colonialistas e mais o que ele quiser.. Até nos diverte. Afinal, a democracia portuguesa tem poucos entertainers, especialmente desde que S.Lopes foi cilindrado da vida pública nacional o país ficou mais triste. Na sua peça MR também retrata Manuel Monteiro segurando numa boga ou um carapau gigante - que mais parece Ribeiro e Castro a estrebuchar. Não sei se foi essa a ideia, mas se não foi R. e Castro também acaba por aparecer.

Depois o Sol oferece ao leitor uma peça Histórica - que era devida ao público: a razão e os circunstancialismos que originaram o aparecimento do Sol. Só o facto dessa história aparecer esclarecem-se duas coisas: que Balsemão também estrebucha nas horas de maior aperto e quando quer assumir os comandos no cokpit conclui que o avião já tem novo piloto e co-piloto; e que o Sol já já uma história muito vincada, e isso também faz com que a sua corporate identity sobressaía. Razão por que ainda antes de nascer já tenha sido considerado um menino aprumado e promissor. Também aqui o Sol pontuou e foi inteligente na narrativa. É que há quem conte histórias e, sem querer, dê tiros nos pés. Não foi o caso.

Na pág. 12 - também gostei de ver Marques Mendes cumprimentando com as suas duas mãos Sócrates - que aparece numa curvatura de 180º para assim se pôr ao nível do seu interlocutor - com quem, aliás, assinou um Pacto de Justiça - mediado por Belém. A este outros se seguirão, também com o mesmo padrinho. We shall see... Mas pelo menos, o Sol aparece como um jornal democrático, aparecem todos os líderes partidários, e até Portas do BE escreve, e não escreve mal. Apesar de ser muito neomarxista para o meu gosto, além de que as dinâmicas históricas também não se explicam usando sempre esses chavões interpretativos. Portas terá de renovar o seu baú bibliográfico, senão está sempre a bater no mesmo ceguinho e ainda acaba no PCP. Todavia, esta peça de Socas e M.Mendes - sobre o Pacto - foi assinada por Helena Pereira e por Sofia Rainho, parabéns a ambas pela matéria - "Pacto passo a passo".

Esqueci-me dum flash relativamente importante logo na 1ª pág.: mais uma bronca na vida de Isaltino Morais - relativa à apreensão duma vivenda que tem no Algarve. Também aqui se registam dois factos a favor do Sol: Isaltino é um pássaro ferido de morte, a sua credibilidade pública é diminuta, já ninguém o leva a sério, e assim torna-se problemático governar - ainda por cima num dos maiores e mais competitivos concelhos do País: Oeiras. Então Oeiras não teria ficado melhor servido com Teresa Zambujo?! Claro que sim. O que prova que o Sol também é um jornal de causas - e que se preocupa em denunciar as irregularidades e as injustiças na cidade - sempre com respeito pessoa humana, claro está.

Pelo meio irrompe o caderno "Confidencial" que nos fala de economia e negócios. Não desgostei. Ah, e a Pub. muito importante, porque sem ela não se podem comprar os "melões".

António Pedro Vasconcelos teve pena de nunca ter sido titular da pasta da Cultura, então fala-nos dela e da utilidade do ministério com esse nome. Nada de novo, naquele seu estilo meio redondo, meio futebolístico que aprendeu nos "donos da bola" por onde se arrasta a comentar o infinito.., aliás, hoje não há "gato sapato" que não comente futebol, e alguns até pensam que a bola é quadrada. Desconhecemos se será o seu caso, mas a nós parece-nos um ser que pensa fixado ainda no séc. XIX. Enfim, as amizades também são importantes, às vezes são mesmo tudo - do nada que resta.

José Cabrita Saraiva - tem uma rúbrica Corte & Cultura - e fala-nos ao de leve na programação cultural, no Ground zero e noutros produtos culturais de forma leve e bem esgalhada.

Na penúltima pág. emerge o grande Marcelo Rebelo de Sousa. Mas duma forma estranhamente criativa, não tanto pelo que escreve (afectos, massificação das mulheres na universidade, regresso aos jornais, 11 de Setembro e da humilhação de Soares na tv a debitar sobre o terrorismo) mas pelo nome que empresta ao seu espaço: Blogue. E eu que nunca tinha visto um blogue num jornal, ou seja, fora ciber-espaço - pasmei!!! Há ali uma lei da compensação para quebrar algum analfabetismo digital que nele é por demais manifesto. Todavia, Marcelo é sempre um plus desejável na vida de qualquer organização, hoje sente-se mais nova-iorquino e repete aquilo que os mais bem informados escreveram há uma semana em blogues: é que Mário Soares é pateta, ou patético... Rogamos aqui a alguém que ajude, agora, pfv, Marcelo a ter um blog autentico, i.é, no ciber-espaço. Mas confesso que estranhei uma coisa: Marcelo começa por dizer que está alí a escrever no novo semanário dirigido por JAR pela "amizade" que lhe tem. Dito assim, parece até um daqueles favores excepcionais que não devo comentar, mas creio que não fica bem. É importante, mas acho curto. Poderia dizer - que se trata dum projecto credível e, como tal, vale por si, ou seja, vai para além ou é independente da amizade. Ainda esperei encontrar esse complemento ou corolário lógico no corpo dos seus textos naquele seu sui generis "blogue", mas só encontrei afectos na esquina da memória com um tal "Francisquinho" a comer pastelinhos na "pastelaria da micas". Ó prof. Marcelo - francamente... Às vezes, depois de iludir até consegue desiludir. Bolas!!! - Confesso que esperava mais e melhor. Marcelo já anda a desiludir muito há muito tempo e de forma surpreendente. Ainda não percebi se é ele que continua igual a ele próprio se somos nós - vide a blogosfera mais exigente - que está mais inteligente, sagaz e talentosa...E, já agora, rápida como a lebre.

Na última página - José António Lima também faz bem aquilo que já fazia no semanário de Pinto Balsemão. Desta feita, JAL fala-nos do Pacto da Justiça, do estilo Sócrates e na desgraça em que mergulhou António Costa, o maior nado-morto do governo Sócrates, e que presumo ainda seja ministro da Justiça no momento post-Pacto. Estará preso por fios. Como agora todos estamos mais velhos e mais maduros, é natural que JAL refine aquilo que já fazia bem: pequenas e curtas da polis doméstica e do mundo. Veremos se mantém o ritmo.

Quanto ao estatuto editorial - que é a filosofia e o corpo de princípios que o jornal se obriga a respeitar no âmbito da sua actividade, enuncia os seguintes: independência, identificação no acesso à informação, exactidão, respeito pela pessoa humana ("palhaços" incluídos), direito de resposta, fontes confidenciais e interesse público. Esperemos que os cumpra - um a um - e todos na sua globalidade.

Gostei ainda de saber que o Sol irá divulgar os trabalhos de qualidade de um nosso amigo: Ernâni Lopes. Não só porque tive o privéligo de o ter o ano passado a apresentar um livrinho de que sou autor, mas essencialmente porque ele ainda é das raras pessoas em Portugal que ocupa o seu tempo a estudar os verdadeiros problemas e nós que estrangulam a modernização e o desenvolvimento do país: o impacto da OTA, o futuro de Sines e do Alentejo, o futuro da nossa floresta, do mar, da economia nacional como um todo, e até da imagem externa do país que os escroques do futebol ajudam a destruir, além de outros pareceres pseudo-jurídicos que sobre eles incidem... Ernâni Lopes, mau grado o problema grave de doença que o afectou nos últimos tempos, soube com determinação dar a volta por cima, e hoje aparece no Sol a brilhar revelando que sabe fazer bem uma coisa essencial: Pensar Portugal.

Por todas estas razões, e como primeiras e leves impressões, queremos dar aqui os nossos parabéns ao Arq. José António Saraiva - bem como à sua equipa dirigente e de colaboradores por esta 1ª eficiente impressão que causou, que é uma gota no oceano.

 
At 17 de setembro de 2006 às 12:30, Anonymous Anónimo said...

Tenho que ser sincero, não gostei do novo jornal, o Sol pareceu-me um sucedâneo do Expresso com umas pitadas de O Independente dos tempos de Paulo Portas e do 24 Horas numa versão "chic", e quanto a independência política só faz sentido em relação aos partidos da direita.

Se quanto ao conteúdo não fiquei particularmente feliz, graficamente achei-o pobre. E como o pior ficou para o fim, e ainda bem que assim foi para manter o discernimento, fiquei profundamente desiludido ao ver que a revista encerra com um artigo de Paulo Portas.

Detesto o Expresso e a lógica de manipulação do poder exercida pelo grupo Impresa, de Pinto Balsemão, mas não foi desta que o Sol me convenceu a mudar de hábitos, mal por mal fico como estou, até porque não sou cliente das versões impressas.

Impressionante é o número de blogues que foram criados na edição electrónica do Sol, só durante o dia de ontem foram criados mais de 700 blogues.
A aposta do Sol nos Blogues começa com a fórmula mais simples de criar um blogue e, ainda por cima, com excelente resultados ao nível da velocidade de abertura, o ponto fraco estará na impossibilidade de modificar o template.

 
At 17 de setembro de 2006 às 21:33, Anonymous Anónimo said...

Ontem, apanhei o Sol logo pela manhã e peguei-lhe com cuidado, com algum receio de queimar as expectativas.

A bem dizer, a última vez que tal aconteceu, foi por causa de ter apanhado um Independente, num dia de Maio de 1988. E a penúltima, foi já num outro dia de Maio, de 1975, dessa vez por causa de um O Jornal. E isso, porque cheguei um pouco atrasado ao primeiro número do Expresso, de 6 de Janeiro de 1973

As aventuras dos semanários portugueses, em papel de jornal, assumem por vezes facetas épicas e vibrantes, quando dão à costa da primeira página, cachas de escândalos de interesse geral.

Em 2 de Maio de 1975, O Jornal, decidiu cachar em primeira página que o Conselho da Revolução decidira que a Intersindical já era Confederação e que em Luanda havia recolher obrigatório e luta nas ruas. As páginas seguintes, dividiam uma entrevista extensa de Rosa Coutinho para quem a campanha eleitoral lhe parecia um “destlilar de veneno de lacrau”.

O primeiro número de O Jornal, era um primor gráfico. O “lettering” e a paginação era um gozo visual, acrescido pelos cartoons de João Abel Manta, um prosélito do PREC e um magnífico artista gráfico, cujo álbum de cartoons dessa época se encontra indesculpavelmente esgotado. O Jornal, pretendia, na altura e em editorial, dar o seu “apoio à proposta socialista do MFA e aos partidos progressistas”, mas com “uma posição crítica e um amplo debate de ideias “. No aspecto gráfico, nestas três décadas de semanários, o mais inovador tem um nome breve e uma ideologia de esquerda em bloco: Já, aparecido em 21 de Março de 1996. A direcção gráfica era de Luís Carlos Amaro e a paginação de Pedro Costa e Faustino Fernandes. Brilhante é o adjectivo que me ocorre e a que nem o conteúdo do jornal, algo fosco, retirava cor.

O Independente de 20 Maio de 1988, era já outra coisa. Graficamente pobre, as capas explodiram desde o início com fragor nos meios políticos, por causa dos escândalos de primeira página. Era essa a noção, à época, de “uma nação a falar consigo mesma”, no slogan feliz de Miguel Esteves Cardoso que fez com os seus colaboradores um jornal de paixões e entusiasmos que com o tempo esmoreceram e desapareceram.

Dos três jornais semanários, o Expresso foi sempre o mais conservador, ponderado e equilibrado. Talvez resida aí a razão do seu sucesso, porque as pessoas não são genericamente estúpidas e reconhecem o pulsar da vida em sociedade, porque vêem, ouvem e lêem.

O actual director do Sol, José António Saraiva, escrevia em Janeiro de 1988, por ocasião das comemorações dos 15 anos de Expresso, que o jornal “não se colocava em nenhum dos dois campos em que até aí se dividia a Imprensa portuguesa: não se apresentava nem como um jornal da situação nem como um jornal da oposição tradicional.” Isto, em 1973. Apresentava ainda um trunfo na manga: era independente de grupos económicos e de forças políticas organizadas, apesar de vinculado a personalidades de um quadrante político de oposição democrática e liberal. O Expresso introduziu outra noção nova: fazia investigação para apresentar aos leitores notícias novas e exclusivas.

O novo Sol, parece seguir as pisadas do velho Expresso- e ainda bem, porque o antigo, definitivamente, perdeu o rumo e o sentido. O Sol nascente vai provocar o ocaso do Expresso decadente.

Os semanários em jornal valem o que vale o seu primeiro caderno. Foi assim com O Jornal e foi assim com o Independente. Os suplementos, por atacado, marcam uma tendência cultural, actualmente superficial, irrelevante e de curiosidades caleidoscópicas.

Parece actual e relevante a noção primordial do Expresso de 1973: é essencial a investigação “para apresentar aos leitores notícias novas e exclusivas”. E é também essencial obter boa informação, com fontes bem informadas e seguras.

O Expresso nos melhores tempos, tinha boa informação eventualmente por ter bons jornalistas, competentes na escrita e rigorosos em certos detalhes que acreditam as mesmas.

O Sol, em duas ou três notícias aparenta as mesmas características. O Expresso actual é sombra do passado e reflecte uma falta de informação relevante e interessante.

O Sol , no entanto, tem um amplo sector de irrelevâncias com destaque para os cantinhos de opinião. Só espero que António Pedro Vasconcelos escreva sobre livros, nada mais. E que Cid desenhe e ilustre como sabe, nada mais também. Mas o jornal tem uma lacuna grave quanto a informação cultural de qualidade acima da média. O Sol neste campo, está muito atrás do Times e parece querer alinhar com o The Sun. Sem a página três...

Seja. Do mal, o menos

 
At 18 de setembro de 2006 às 15:01, Anonymous Anónimo said...

O jornal Sol ( www.sol.pt) lançou uma suspeita que queima a reputação de uma figura elegível para cargos de responsabilidade no Estado que se querem de algum modo independentes.
Escreveu que o Conselheiro do STJ, Pinto Monteiro, teria sido apontado como potencial PGR e a sua putativa filiação no GOL, da Maçonaria (ir)regular portuguesa, o afastaria desse cargo, ipso facto.
Para além de nem ser líquida a filação, fica uma mancha de suspeita sobre a importância negativa de uma filiação em clube secreto e ainda uma verificação de facto: a Maçonaria regular portuguesa não tem boa imagem publicada.
Sendo eventualmente constituída por pessoas de bem, que juram praticar boas acções em prol dos irmãos e da sociedade, numa noção alargada de solidariedade, são apontadas frequentemente como mafiosos de vão de escada e suspeitos de vilanias e manigâncias no uso do poder.
No outro dia, um jornal de escândalos que se publica de 24 em 24 horas, anunciava ao mundo que passa nos quiosques e bancas que António Vitorino e Vitalino Canas, tinham sido irradiados do convívio fraterno das pranchas circulares, por não terem pago as quotas societárias.
A notícia implicava um juízo negativo sobre aquelas figuras, a que associava muitas outras, mas toldado pela revelação confirmada da respectiva pertença a uma associação secreta.
A Maçonaria portuguesa, na sequência do escândalo da Universidade Moderna ficou exposta ao vilipêndio da opinião publicada por uma evidência explicada:
A Maçonaria não é apenas uma associação de aperfeiçoamento moral através do estudo e respeito do Antigos Deveres.
Infelizmente, a ideia generalizada e corrente, é a de que a pertença ao clube gera vantagens pessoais imediatas e tangíveis, materiais acima de tudo, porque a utilidade se sobrepõe ao que é agradável e respeitável.
A experiência e os exemplos concretos, comprovam-no e é aplicável à Maçonaria o aforismo ancestral do mal de Frei Tomás: olhem para o que ele diz; não façam o que ele faz.
Cinismo, por isso, é a palavra que define melhor o sentimento de pertença a clubes secretos.
Desta asserção decorre todo o vilipêndio e toda a perseguição movida ao longo dos séculos aos lojistas iniciados.
Em abono da verdade revelada, muitos deles reconhecem a justeza e verdade desta evidência.
Um dos requisitos para a inclusão maçónica é precisamente um dos mais importantes e esquecidos na hora:
Declarar, sob palavra de honra, que não se é movido por quaisquer interesses de ordem pessoal ou indignos.
Quem se inicia para se valer da fraternidade para a vidinha, desvirtua mesmo ali o valor de qualquer dever. E as evidências de tal procedimento, são, a meu ver esmagadoras.
O cinismo deve ser, por isso, o valor mais respeitado na ordem maçónica.
Em segredo, como convém.
Em tempos, o antigo grão mestre da Maçonaria do GOL, António Arnaut de sua graça e com respeito, disse numa entrevista uma coisa extraordinária que todos devem conhecer:
Disse que alguns assuntos que nos afectam a todos e que são objecto de apreciação e decisão em forma de projecto ou proposta de lei, pelos governantes, são, ANTES DISSO, discutidos nas lojas que o honorável frequentava.
Esta afirmação publicada, é de uma gravidade maior que só por si justifica todas as suspeitas e receios que o actual poder tenha mesmo a intenção firme de colocar no antigo palácio do Duque de Palmela, um nome graduado e habituado às pranchas circulares. Como foram colocados outros, noutros lugares de poder administrativo e organizativo, incluindo variadíssimas empresas de capitais públicos, em lugares de boa administração.
Alguns dos colocados até se gabam de serem pessoas de firmes convicções…
Assim, o que parece impor-se cada vez mais, é uma coisa simples e de sanidade elementar:
A viragem do GOL para a luz e a saída da clandestinidade! Impõe-se a divulgação pública dos nomes que compõe o GOL e lojas adjacentes!Basta de clandestinidade!
Quem vive na sombra e vive de sombras, e daí manobra mesmo com a melhor das intenções, sendo estas respeitáveis e dignas, apouca-se socialmente, sempre que utiliza esse esquema de secretismo para se infiltrar em círculos de poder temporal, político e social.
E esse fenómeno é indesmentível na sociedade portuguesa, sendo fonte de iniquidades e concentração de poderes fácticos que se revelam ao fim de algum tempo nocivos para os próprios princípios que regem os antigos deveres.
Não deveria ser admissível que a escolha de nomes de pessoas para lugares chave do Estado e da Administração passe por uma filtragem secreta e insindicável baseada em pertença a clubes de segredo e cujos objectivos estão longe dos poderes temporais e afastados dos interesses da vidinha de quem se iniciou.
Aproveite-se o exemplo inglês e frutifique-se nas lojas a observância dos deveres antigos- e modernos.
Estes, principalmente, que aconselham a transparência nas escolhas públicas para cargos de responsabilidade pública.

 

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