quinta-feira, 30 de novembro de 2006

AVIÕES EM PORTUGAL

A questão da passagem ou não por aeroportos portugueses de voos da CIA transportando prisioneiros parece ser vista com alguma displicência pela opinião pública, pese ser verdade que a comunicação social não a silenciou - bem pelo contrário.


O preocupante da situação é que, lentamente, passo a passo, vamos verificando que valores, juízos que pareciam inteiramente adquiridos no património civilizacional e em particular na Europa, começam a enfrentar o desgaste de situações às quais com justiça se pode aplicar a fulgurante síntese de Hannah Arendt: a banalização do mal.



O mesmo jornal que informa um cidadão português de que terá estado estacionado no Aeroporto de Pedras Rubras um jacto transportando prisioneiros raptados - de forma obviamente ilegal - num qualquer país do Médio Oriente, que, sabe-se lá como, os seus aéreos carcereiros pernoitaram num hotel do Porto e outras miudezas, igualmente informa que nesse dia morreram umas dezenas de iraquianos num confronto envolvendo soldados americanos, que um jornalista foi raptado algures em Bagdad ou que o Presidente dos Estados Unidos da América promulgou uma lei que "legitima" legalmente a tortura.

Mais: o mesmo jornal, ao longo das semanas, tornou claro que aquela "legitimação" de George W. Bush acaba a ser um pormenor que encobre o facto de a prática da tortura se ter entretanto generalizado nas unidades de marines ou de soldados britânicos - se ter, de facto, banalizado.

O leitor acabará por se perguntar "voos da CIA - e daí?..."

Ora, o problema começa exactamente quando chegamos a este ponto. Que um traficante de droga assassine um rival numa favela do Rio de Janeiro é um fenómeno que, à luz dos edifícios construídos por séculos de civilização, se passa ao arrepio dos padrões de comportamento que aceitamos como bons. Suficientemente bons para que aceitemos que eles sejam protegidos pela lei, que os legisladores produzam leis que os protegem e que o Estado assegure condições para defender a sua aplicação.

Aceitar como banal que um polícia (e um agente da CIA é um polícia) rapte um inocente, o transporte, o torture, o retenha clandestinamente, que os legisladores do seu país não só o autorizem como criem legislação que o legitima - então tudo passa a ficar em risco.

E isso passa por Portugal.

R.C.

1 Comments:

At 30 de novembro de 2006 às 22:37, Anonymous Anónimo said...

Mas o que vem a ser isto??
Que rebaldaria vai na quinta.
Eu disse para se expressarem, não para fazer um concurso de chorrilho de asneiredo do mais básico.
E até boatos de outras quintas aqui são metidos...
Nesta quinta a liberdade de expressão faz-se segundo as normas da boa educação e da sátira.
Até posso ir um bocadito mais longe no meu carcarejar, mas faltas de educação e linguagem menos apropriada isso é que não.
Face à constante linguagem abusiva e ordinária, vil e sem vergonha, aviso e ordeno que qualquer comentário que passe das estribeiras será imediatamente eliminado.
Lamenta-se que borregos e galinhas amedrontados e possuidores de cargos de destaque usem o meu espaço de expressão para exercitarem a sua má-criação e frustrações.
A semelhança desta Quinta com a realidade pode irritar muita gente, mas nesses locais e contextos advertimos é que a realidade imita a ficção.
Lembrem-se sempre que eu sei quem vocês são!!
Eu sei Tudo!!
Eu estou em todo o lado!!
E eu posso ser o grande Censor!
Eu Sou Deus.
O Todo Poderoso!!
O Altivo e Crista Bem Erguida

Chicken

 

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