segunda-feira, 6 de novembro de 2006

ELES COMEM TUDO...

Valor actual é de 385,90 euros por mês


Poder de compra do

salário mínimo é

inferior ao de 2001



Os portugueses que em 2001 ganhavam o salário mínimo nacional conseguiam adquirir mais bens e serviços do que os que hoje também recebem como retribuição esse salário. A evolução é retratada por informação do Eurostat enviada pelo Governo aos parceiros sociais como elemento para a discussão sobre o assunto, que hoje se inicia na concertação social.

Um dos dados que vai estar em cima da mesa é a intenção do Governo de discutir a actualização do salário mínimo - actualmente em 385,90 euros - a um horizonte de três anos. Mas o Executivo ainda não avançou com os valores que pretende ver ser associados a este "instrumento de política salarial e de rendimentos" que encara como um "factor de imunidade à pobreza".

A degradação do salário mínimo nacional é também visível quando se compara a sua evolução com o que se passou em Espanha. Os 390 euros do salário português de 2001 (valor mensal multiplicado por 14 salários), tinham nesse ano um poder de compra semelhante aos 433 euros ganhos nessa altura pelos espanhóis, o que será explicado por um diferente nível de preços nos dois países. Mas a evolução dos anos seguintes mostra um ganho consistente de Espanha, ao passo que Portugal não só cresceu menos como sofreu depois, em 2004, uma grande quebra de que ainda não recuperou e que acentuou ainda uma maior diferença de "paridade de poder de compra".

O assunto interessa a um número significativo de trabalhadores. As informações mais recentes dos quadros de pessoal, relativos a 2004, indicam que 8,7 por cento dos trabalhadores por conta de outrem tinham remunerações de base não superiores ao salário mínimo. E que outros 6,7 por cento recebiam até cinco por cento acima daquele valor.

Medido não no seu valor nominal, mas de forma a comparar o poder de compra, o salário mínimo de Portugal é não só inferior ao de todos os países da União Europeia (UE) a 15 onde existe, mas também ao de Malta e da Eslovénia. É contudo superior aos restantes países da UE, considerando já o próximo alargamento que a alargará a 27 países.

In:Jornal Público

4 Comments:

At 6 de novembro de 2006 às 11:14, Anonymous Anónimo said...

Mais um momento húngaro de José Sócrates: "O que é isso da classe média?"


A não perder a excelente reportagem da viagem africana do primeiro-ministro José Sócrates, no "Público" de ontem.
Sendo um trabalho puramente jornalístico, rigoroso e imparcial, limita-se a uma descrição dos factos ocorridos, do ambiente no avião e das frases proferidas. Mas é muito interessante em todos os sentidos, sobretudo porque extremamente reveladora do modo como funciona a máquina de propaganda socratista, pela voz do seu principal protagonista, o primeiro-ministro em pessoa.

A começar na desconfiança que tem em relação aos jornais e a sua preferência pela televisão: "desde que está em São Bento, concedeu uma única entrevista a um jornal (ao Expresso), e arrependeu-se, preferindo, sempre que necessário, falar em directo na televisão - onde há menos margem para a hierarquização de títulos e para a interpretação". Tudo isto já era mais ou menos sabido, outros comentadores e analistas o têm dito, mas torna-se mais claro e evidente quando nos aparece assumido por José Sócrates.

A reportagem tem, porém, um momento especialmente forte, ou melhor, mais um momento húngaro do primeiro-ministro português, na forma de uma frase assassina dita pelo próprio, a propósito dos que acusam o Governo de estar a sobrecarregar de impostos a classe média. Diz Sócrates, em conversa informal, numa frase citada pelo jornalista entre aspas: "O que é isso da classe média, a não ser um lugar comum?"

Longe de mim tentar explicar ao chefe do Executivo o que é isso da classe média, sobre a qual recai a maior percentagem de impostos directos e indirectos previstos no Orçamento para 2007. Não, não me arrogo a tal ambição, preferindo citar uma outra frase de José Sócrates, desta vez proferida em plena campanha para secretário-geral do PS, no mês de Setembro de 2004. Recorro outra vez ao "Público" e leio o que lá está citado, de novo entre aspas: "Este é o maior ataque fiscal à classe média portuguesa e o PS vai-se opor a estas medidas porque são injustas".

José Sócrates sabia então o que era isso da classe média e não a considerava um "lugar comum". Mas claro que na altura dava muito mais jeito que o soubesse, porque "o maior ataque fiscal à classe média portuguesa" era atribuído ao Governo de Santana Lopes e especialmente ao ministro das Finanças, Bagão Félix.

Sim, nesses tempos não tão longínquos como isso, José Sócrates sabia bem o que é a classe média e até a definia com algum conhecimento: "a política económica dos últimos dois anos vai ser paga pelos suspeitos do costume: os trabalhadores por contra de outrem, a classe média portuguesa".

 
At 6 de novembro de 2006 às 13:50, Anonymous Anónimo said...

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se-ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?

Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
É só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

BERTOLT BRECHT

 
At 6 de novembro de 2006 às 13:50, Anonymous Anónimo said...

Pior que os "vencidos da vida" são os "CONvencidos da vida", ou seja: aqueles que vivem agarrados à teta amiga, rapando o tacho antes que acabe o banquete.

Falam de trabalho, mas não sabem o que isso seja, pois nunca trabalharam; falam de responsabilidade, mas são irresponsáveis; falam de competência, mas não passam de inúteis e incompetentes; falam de justiça, mas promovem a intriga e o clientelismo; falam da necessidade de apertar o cinto, mas vivem à conta do orçamento e gastam à tripa forra; falam de seriedade, mas são seres desprezíveis; falam de integridade, mas são visceralmente corruptos.

São assim os CONVENCIDOS DA VIDA, secretários e capachos dos poderes instituídos, manajeiros e ferrabrazes deste pobre país.

 
At 6 de novembro de 2006 às 21:59, Anonymous Anónimo said...

"Cocktails"
O País está em polvorosa com os efeitos da política do Governo.

Mas o que o maior partido da oposição quer saber é quanto custaram os ‘cocktails’ de um encontro do primeiro-ministro com empresários. É a oposição-croquete.

O País está inquieto com a crueldade do Orçamento. Cada português vai pagar, em média, mais 271 euros de impostos em 2007. Nem sequer escapam os reformados com pensões inferiores a 435 euros ou os deficientes, cuja carga fiscal chegará a aumentar 18 vezes. Num país onde mais de 20 por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza, vão aumentar as taxas moderadoras da Saúde. No terceiro país da OCDE com maior aumento da carga fiscal nos últimos 20 anos, haverá impostos a aumentar 1000 por cento. Num país com 330 novos desempregados por dia, avizinham-se despedimentos – com esse ou outro nome – na Administração Pública. O endividamento das famílias é galopante. Os aumentos dos preços de serviços anunciados ultrapassam quase todos, por larga margem, a subida da inflação, num país onde o poder de compra perde terreno pelo quinto ano consecutivo. A electricidade vai aumentar com efeitos retroactivos e a promessa de não mexer no estatuto de “sem custos para o utilizador” das Scut já tem excepções. Mas o que o maior partido da oposição quer saber é quanto custaram os ‘cocktails’ de um encontro do primeiro-ministro com empresários. É a oposição-rissol.

O País está inquieto mas não está parado. Há um calendário de protestos, manifestações e lutas, envolvendo vastíssimos sectores da sociedade, que começa com uma greve nacional da Administração Pública. Mas o que o maior partido da oposição quer saber é quanto custaram os ‘cocktails’ de um encontro do primeiro-ministro com empresários. É a oposição-canapé, torradinha no forno, alourada com manteiga e com as côdeas aparadas.

 

Enviar um comentário

<< Home