terça-feira, 31 de outubro de 2006

A "ESTÓRIA" DE PORTUGAL

O Departamento de Estado dos EUA desclassificou e colocou online www.archives.gov mais de 200 mil telegramas diplomáticos relativos a 1974, dos quais cerca de três mil respeitam a Portugal. Eles mostram a forma como a diplomacia norte-americana acompanhou o primeiro ano da «revolução dos cravos». Aqui se contam alguns dos segredos encontrados numa pesquisa não exaustiva, mas que também revela erros, desatenções e lacunas.


In: EXPRESSO/Dossiês


"O secretário-geral do PS, inicia um périplo europeu com a intenção de dar a conhecer o novo Portugal. A 2, é recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, James Callaghan. O futuro primeiro-ministro inglês escreve ao seu homólogo norte-americano, Henry Kissinger, sobre o “útil encontro” com o português, que sugeriu que “a única pasta que o PS aceitaria” no Governo em formação seria a de primeiro-ministro.
Soares adianta que “declinaria o cargo de ministro dos Estrangeiros” e apresenta o PS como “a única força capaz de resistir aos comunistas, que, em sua opinião, contam com o total apoio da União Soviética”. O dirigente socialista mostra-se “muito impaciente” em avistar-se com Kissinger e visitar os Estados Unidos. Callaghan oferece-se como intermediário para um encontro. Acerca de Soares, o ministro britânico só tem palavras de elogio: “conheço-o há muitos anos e tenho uma grande confiança nele”, pelo que irá oferecer ao PS “ajuda técnica e organizacional, acreditando que um governo com a sua participação é o que melhores perspectivas oferece para o Ocidente”.
Kissinger responde de imediato a Callaghan (que trata por “Dear Jim”), a quem informa que o seu relato coincide com a conversa de Soares com o embaixador dos EUA em Bona, Martin J. Hillenbrand. Na opinião do responsável pela política externa norte-americana, “a situação em Portugal ainda é confusa e as intenções de Spínola não são claras”. Na capital da Alemanha Federal, Soares encontra-se também com o chanceler Willy Brandt, a quem explica as vantagens de integrar membros do PCP no Governo, por forma a “co-responsabilizá-los” pela política governamental. Ainda em Bona, avista-se com o embaixador da URSS, Valentin Falin; o embaixador americano faz questão de acentuar que a iniciativa partiu do soviético.
Segue-se Helsínquia, onde Soares transmite aos líderes sociais-democratas da Escandinávia os seus planos de integrar o futuro Governo, “talvez como primeiro-ministro”. Também aqui apoia a participação comunista no executivo.
A etapa seguinte é o Vaticano, onde é recebido pelo respectivo ministro dos Estrangeiros, o arcebispo Agostino Casaroli, que partilha as suas impressões com o embaixador dos EUA em Roma. Conta John A. Volpe que o número dois do Vaticano “sente-se incapaz de estar verdadeiramente optimista sobre o futuro” de Portugal. Tal como Kissinger, também Casaroli se queixa da falta de informações fidedignas, já que os relatórios do Núncio Apostólico em Lisboa, o arcebispo Giuseppe Maria Sensi, têm por fonte os anteriores contactos junto da Igreja e do Governo. Casaroli conta que esteve duas horas com Soares e que este lhe causou uma “impressão extremamente favorável, de uma pessoa inteligente, moderada e equilibrada
”.



Pergunte-se ao Albert Henry Kissinger qual foi a sua política para o burgo e o que é que ele pensava da posição (relativa) do então PCP sobre o PS e dos ulteriores desenvolvimentos dos interesses portugueses ultramarinos, designadamente na Ásia - à luz da lente da política externa de Washington d.C. (conluíada com Jakarta e com o ditador e corrupto do lagarto de Comoro).

Lembro-me que o dito Albert em 1991 veio a Portugal dar uma conferência ao Hotel Ritz - e só admitia no seu cardápio receber 3 questões. Depois meteu os 10 mil contos ao bolso - por dizer meia dúzia de babuseiras (na altura eram pérolas) e pirou-se para o aeroporto porque já tinha o avião à espera.

Aquilo que salientamos é a relatividade das coisas e das pessoas, tudo é perene, tudo definha, tudo perde importância.

Na altura ouvir Kissinger era como escutar um oráculo, hoje é um pouco como ouvir o beato César das Neves a explicar ao mundo que a Europa está em crise por causa da fragmentação da família. E do rebanho das alminhas que assim deixam de ir à igreja, que assim vê enfraquecida a sua influência na sociedade. O meu ponto é este: o que o tempo faz às pessoas... E à igreja, e aos beatos!!!

Beatos esses que quando vêem um puto esfomeado na rua viram a cara ao lado com receio que a sarna se pegue.

Mas lá se aperaltam para ir à igreja aos Domingos, todos engravatadinhos e polidos, mas é só por fora... Porque por dentro são exactamente iguais ao Kissinger. Quero dizer, piores porque entretanto já passaram 30 anos. Tempo que faz aparecer muito parkisson por aí...

A última vez que Kissinger foi visto a subir a escadaria do Capitólio levava umas saias escocesas vestidas - dizem. E por cá, alguns restolhos, leia-se, ex-ministros do velho Botas, também passeiam a sua surdez pelos corredores dos micro-poderes. E se amanhã a democracia lusa virasse uma ditadura musculada, seriam os primeiros a dizer que nunca apreciaram a democracia.

Com um bocado de sorte a dona Maria Eliza ainda elege um desses "grandes" portugueses apoiado nestes "citeriosos critérios".

Às vezes é bom viver em Portugal.

Outras vezes até apetece mandar Portugal à merda!!!

PS: Hoje não pedimos desculpa por ter mandado a nação à merda. Boa parte dela até merece.


Pedro Manuel

2 Comments:

At 31 de outubro de 2006 às 14:54, Anonymous Anónimo said...

CIA TENTA SILENCIAR PROTSTOS EUROPEUS



Contra os voos secretos.

«The CIA tried to persuade Germany to silence EU protests about the human rights record of one of America's key allies in its clandestine torture flights programme, the Guardian can reveal.

According to a secret intelligence report, the CIA offered to let Germany have access to one of its citizens, an al-Qaida suspect being held in a Moroccan cell. But the US secret agents demanded that in return, Berlin should cooperate and "avert pressure from EU" over human rights abuses in the north African country. The report describes Morocco as a "valuable partner in the fight against terrorism".»
http://www.guardian.co.uk/usa/story/0,,1931693,00.html

 
At 31 de outubro de 2006 às 14:59, Anonymous Anónimo said...

AVIÕES DA YES E DA AIR LUXOR


Serviram de prisão da CIA:

«Mais de 400 detidos paquistaneses foram transportados em 2002 dos Estados Unidos para Islamabad em dois voos de companhias aéreas portuguesas. Planeando as operações em segredo, as autoridades norte-americanas fretaram os aviões à Yes e à Air Luxor pouco tempo depois do 11 de Setembro, num estratagema para afastar o risco de potenciais ataques terroristas a aeronaves oficiais americanas.

O voo da Yes remonta a 23 de Novembro de 2002 e foi confirmado pela actual administração da empresa de «charters» - que mudou o nome para White e deixou de ser propriedade da TAP, depois de ter sido comprada em Setembro deste ano pela Omni. O contrato com o departamento de justiça norte-americano foi feito através de um operador inglês e correspondeu a um voo ACMI (‘Aircraft, Crew, Maintenance & Insurance’), uma espécie de pacote “tudo incluído”.»
Expresso

Boicotem-se os voos da Yes, já que à Luxor nem o dinheiro da Cia se safou.

 

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