"ISTO ANDA TUDO LIGADO"
A encruzilhada do eleitorado
José Sócrates e o seu Governo andam por aí a dizer que as coisas estão a melhorar; mas acrescentam: para o ano é que vão ser elas.
José Sócrates e o seu Governo andam por aí a dizer que as coisas estão a melhorar; mas acrescentam: para o ano é que vão ser elas.
Não sabemos para que lado pender: se para o optimismo da primeira afirmação, se para a funesto prognóstico contido na segunda.
Os bons Governos são-no quando se não sente o peso das suas decisões. Aplicando esta norma à realidade, este Governo não é mau, é péssimo: mão insuportavelmente pesada, horizontes cada vez mais negros.
Custa-me a compreender as lúbricas alegrias de alguns articulistas, cujas prosas rejubilam com os impostos aplicados enviesadamente, os espancamentos que o Executivo aplica no dorso dos mais debilitados, as facilidades obscenas que oferece aos mais poderosos, as genuflexões escabrosas perante os grandes investidores, o desprezo absoluto ante os protestos inconformados de quem se sente socialisticamente atirado para o limbo.
Eduardo Prado Coelho, esse, então, não pára de louvaminhar.
Os bons Governos são-no quando se não sente o peso das suas decisões. Aplicando esta norma à realidade, este Governo não é mau, é péssimo: mão insuportavelmente pesada, horizontes cada vez mais negros.
Custa-me a compreender as lúbricas alegrias de alguns articulistas, cujas prosas rejubilam com os impostos aplicados enviesadamente, os espancamentos que o Executivo aplica no dorso dos mais debilitados, as facilidades obscenas que oferece aos mais poderosos, as genuflexões escabrosas perante os grandes investidores, o desprezo absoluto ante os protestos inconformados de quem se sente socialisticamente atirado para o limbo.
Eduardo Prado Coelho, esse, então, não pára de louvaminhar.
Na sua crónica de anteontem, no Público, a propósito de uns blogues sobre plagiários, escreve: (?) eu acho que Sócrates serve, e muitíssimo bem. Devo dizer aos meus pios leitores que aprecio o Prado Coelho, considero-o e respeito-o, inclusive nas suas, por vezes, extravagantes tinetas e opiniões.
Esta, porém, carece de fundamentos reais.
O País (quero dizer: a maioria dos portugueses) está de pantanas: conta os cêntimos, o desemprego aumenta; fábricas e empresas encerram as portas ocasionalmente de modo fraudulento; o medo instalou-se na sociedade e esta, por seu turno, está, dia-a-dia, mais precaucionista (para usar a excelente definição do meu velho amigo Fernando Lopes); os suicídios crescem porque o desespero e a angústia não diminuem; homens de 40 anos são atirados para o vazio sem saída como seres inúteis; as perspectivas são medonhas - a avaliar o que o Governo nos promete.
A contestação está generalizada.
A contestação está generalizada.
Viajo, frequentemente, pelo País, participo em debates e em discussões, e as evidências assentam em argumentos irretorquíveis.
José Sócrates falhou em quase tudo o que prometeu, traiu um eleitorado que, desabrido, nele confiou inteiramente, e criou, no seu próprio partido, um ambiente de cortar à faca.
As dissenções ideológicas, os atritos entre facções são tantos que só dificilmente podem ser dissimulados.
A melancolia portuguesa nada tem a ver com peculiaridades idiossincráticas.
A melancolia portuguesa nada tem a ver com peculiaridades idiossincráticas.
Dêem ao português as condições prometidas e logo se encontrará a justificação para o velho dizer francês: les portugais sont toujours gais.
Criem um novo empresariado, menos burro, menos ganancioso, mais organizado, mais informado e, se possível, mais culto e mais criativo, e verão que o trabalhador português é capaz de tudo e de mais alguma coisa.
Sócrates perdeu, creio que irremediavelmente, o capital de esperança de milhões de pessoas. E ele não deve acreditar, em absoluto, no que é relativo: as sondagens.
Sócrates perdeu, creio que irremediavelmente, o capital de esperança de milhões de pessoas. E ele não deve acreditar, em absoluto, no que é relativo: as sondagens.
As sondagens servem para que alguns jornais se divirtam um pouco com extrapolações de carácter voluptuoso: quem vai à frente e quem está atrás.
Coisa ruim.
As sondagens são o correspondente aos topes dos livros: os melhores autores só raríssimas vezes ocupam os primeiros lugares.
Como está a democracia em Portugal?
Como está a democracia em Portugal?
Não está bem.
Se a democracia é o poder do povo pelo povo, a verdade é que o povo não manda nada, se é que alguma vez alguma coisa mandou.
Porém, os Governos ditos de esquerda deveriam constituir uma força ideológica que correspondesse às urgências morais e sociais do nosso tempo.
Nada disso.
De cada vez que a Esquerda vai para o poder registam-se nítidos retrocessos sociais.
A prática da política transformou-se num negócio altamente competitivo, no bojo do qual se movem interesses não só cavilosos como, amiúde, sórdidos.
A iliteracia caminha, impante e impune, e os cortes na educação e na cultura acentuam-se.
A iliteracia caminha, impante e impune, e os cortes na educação e na cultura acentuam-se.
Sócrates é bom utente do idioma, mas a maioria dos seus ministros troca a preposição para se estatelar no verbo.
Estas questões não podem ser expostas de modo abstracto, e todas elas possuem relações entre si.
Como dizia o Eduardo Guerra Carneiro: isto anda tudo ligado.
Esta caricatura de democracia faz acumular o descontentamento na sua eficácia.
O nome de Salazar volta a ser soletrado com transporte e unção.
Claro que poucas diferenças existem entre o PS e o PSD.
Claro que poucas diferenças existem entre o PS e o PSD.
A desfiguração do PS vem de longe: não deve ser assacada, somente, a José Sócrates e à sua prática política, mais social-liberal do que solidária e fraterna. Dizia-me um amigo que as diferenças estão no tratamento: os do PS despedem as pessoas com um sorriso; os do PSD, à bruta e de má catadura.
Mas entre os dois venha o diabo e escolha.
Não há escolha possível, exactamente porque estamos confinados a decidir entre aqueles dois partidos, entendidos como partidos de poder.
Não há escolha possível, exactamente porque estamos confinados a decidir entre aqueles dois partidos, entendidos como partidos de poder.
Resta-nos a abstenção (o desdém mais cruel pela democracia) ou o envolvimento em acções públicas eficientes. Ou, ainda, votar no PCP ou no Bloco de Esquerda. Para quê?, se a possibilidade de qualquer daqueles partidos chegar ao poder é extremamente remota?
Funciona, neste caso, a consciência social, cívica de cada um de nós. E os dirigentes do PS e do PSD sabem muitíssimo bem que o eleitorado se encontra numa encruzilhada.
B.B.
B.B.
3 Comments:
Com os governos do PS a politica executada é mais à direita que a do CDS/PP.
Porquê?
Quando era miudo assisti a um espectaculo do prof Karma, o qual hiptonitaza um aplateia dum cine teatro.
Hoje em dia fico admirado como e que um conjunto de pessoas, consegue hiptonizar 51% do eleitorado Portugues.
So pode ser hiptnotismo senao vejamos:
- Conseguiram por Portugal na cauda da Europa quanto ao desenvolvimento.
-Esbanjam o erario publico, com brutais reformas e tachos.
- Para que sao perto de 200 individuos a descansar num dos mais bonitos palacios da capital, pagos a precos de ouro?
Criam comissoes e nao conseguem chegar a nenhuma conclusao(ex.: camarate, Entre rios...)
Reduzam para um por partido e chega.
- Um TGV para que?
-Quando ele acelerar ja esta em Espanha(sera que sabem ke o TGV e um comboio de alta velocidade para grandes distancias?)
-Um aeroporto na Ota, quando na area de Lisboa existem 4 aeroportos militares que nao servem para nada?)
-Claro como vinha hj no jornal so generais ganham 13 milhoes d eeuros /ano.
Enfim ou etsamos hipnotizados ou estamos num Pais de terceiro.
Ontem houve vários Momentos-Chavez para o Primeiro-ministro, hoje haverá mais. O TGV já deu para dois Momentos-Chavez e ainda dará para mais. Agora começou-se a desdobrar os actos públicos - um com o ministro, que também quer os seus Momentos-Chavez; outro, igual ao anterior e sobre a mesma matéria, com o Primeiro-ministro.
Ontem a RTP deu outro exemplo de como se actua pela imagem: enquanto o Ministro das Finanças fazia o seu discurso punitivo contra as finanças da Madeira, Jardim aparecia em imagens de fundo a passear-se num elefante. O Justo e o Tolo. Duvido que imagens de Soares passeando numa tartaruga ou vestido de marajá passeando num elefante alguma vez passem em fundo de qualquer notícia sobre ele. É verdade que Jardim muitas vezes pede-as, mas não pode ser a televisão pública a dá-las.
José Pacheco Pereira
No:ABRUPTO
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