quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

ALENTEJO SEM FUTURO



Segundo dados do Instituto Nacional de estatística, 48% da população alentejana é constituída por pensionistas e reformados que auferem em média 265 euros mensais.
A taxa de desemprego é a mais elevada do país, cifrando-se em 9,3%, enquanto 60% da população activa é composta por trabalhadores não qualificados.

Perante estes dados oficiais, que futuro para a outrora Província do Alentejo, cuja área é maior que alguns países da União Europeia, e da dimensão de Israel junto com o mártir Líbano?
Se nas principais cidades ainda há uma população medianamente jovem, nas aldeias e vilas, os velhos são a sua larguíssima maioria, sabendo-se que dentro de um quarto de século estarão despovoadas.
Na larga maioria dos concelhos do Alentejo o principal empregador é a própria Autarquia, mas com a falência daquela, a situação tende a piorar.
Se há muito que as escolas do primeiro ciclo fecharam, centrando os alunos nas sedes de concelho, as escolas do segundo ciclo e as secundárias estão com tendência a fecharem e os seus alunos transferirem-se para as cidades de maior dimensão.
Também o ensino politécnico tem os dias contados, ficando no futuro apenas o pólo universitário e politécnico de Évora, por muito que isso pareça impensável.

Seria a Regionalização a terapia para o mal de que há décadas sofre o Alentejo?
...

Mário Martins
A Voz Portalegrense

5 Comments:

At 3 de janeiro de 2007 às 20:13, Anonymous Anónimo said...

De novo a fome
NÚMEROS:

48% da população alentejana, segundo dados do INE, é constituída por pensionistas e reformados que auferem em média 265 euros mensais.

9,3% é o valor da Taxa de Desemprego no Alentejo: a mais alta do país.

60% da população activa é composta por trabalhadores não qualificados.

Meio-dia de terça-feira em Évora. Junto a uma porta discreta do edifício-sede da Fundação Alentejo – Terra Mãe, jovens excluídos à procura de trabalho, adultos desempregados de longa duração e idosos com reformas muito baixas esperam numa fila ordem de entrada num pequeno refeitório, onde aquela instituição fornece, desde Setembro, uma refeição gratuita a todos os que precisam de mitigar a fome. E mal a porta se abre precipitam-se para o seu interior. Recebem uma sopa de grão e um pão com chouriço que poderão consumir ali ou levar para casa.

De uma forma geral, os homens comem sozinhos, trocam escassas palavras, não os incomodando a possibilidade de serem fotografados. Mas escusam-se a falar das suas vidas e dos seus problemas.

Ao invés, as mulheres vão buscar as marmitas para levar para casa onde muitas bocas as esperam, e algumas mostram-se disponíveis para desabafar sobre o cortejo de dificuldades que lhes atormentam o quotidiano. Foi o caso de Maria do Céu Carrapito, de 51 anos, doméstica, moradora na zona mais degradada do Bairro da Malagueira, “vivo neste T3 com mais dez pessoas, entre as quais dois filhos deficientes, um genro desempregado e duas netas. O meu marido tem 66 anos e está reformado. Foi carteiro e agora sofre de esquizofrenia, além de ter um cancro na próstata”, confessa num apequena sala atafulhada de colchões, cobertores e mantas á mistura com pacotes de fraldas, aos pés de uma imagem da Senhora de Fátima. Em sua casa entram todos os meses, provenientes da reforma e subsídios vários, 932 euros, que são insuficientes para prover à renda de casa, luz, água, medicamentos e ao sustento de tanta gente.

Teresa Caetano, directora da Associação Pão e Paz, que em parceria com a Fundação Alentejo – Terra Mãe criou o projecto, revela que “diariamente são fornecidas refeições a 52 pessoas referenciadas e há pedidos de inscrição de muitas outras”. E sublinha: “até ao momento o serviço prestado só contempla três das setes freguesias urbanas da cidade, pelo que o número de carenciados será bastante significativo”.

Opinião idêntica expressou Antónia Condeixa, presidente da delegação de Évora do Banco Alimentar contra a Fome, única representação no Alentejo, que na campanha de Inverno último apenas recolheu 38 toneladas de alimentos. “São mais 400 quilos que no ano anterior, mas os pedidos individuais que nos assoberbam vão muito para além das 50 instituições que apoiamos na região”, assegura. Esta voluntária chama ainda a atenção para “o fenómeno dos sem-abrigo, até aqui desconhecido nas cidade alentejanas e que está em contínuo crescimento”.

A gravidade da situação foi, entretanto, confirmada pela recente divulgação do Anuário Estatístico da Região Alentejo do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativo a 2004. Consultando os dados verifica-se que em cada 100 alentejanos mais de 30 vivem na pobreza. Uma conclusão lógica apresentada em Beja no decurso da conferência ‘Alentejo: desigualdade, pobreza, solidariedade’ organizada pela revista ‘Alentejo’.

Antónia Condeixa afirma que “de então para cá tudo piorou”. Os números oficiais parecem dar-lhe razão: a taxa de desemprego que há três anos era de 8,1% passou agora para os 9,3%, mantendo-se a mais elevada do país. Numa região de economia débil e investimentos praticamente nulos, não é de admirar que o último Inquérito ao Emprego, da responsabilidade do INE, tenha revelado que 60% da população activa seja constituída por trabalhadores não qualificados, trabalhadores do pequeno comércio, vendedores, operários, pequenos artífices, e operadores de máquinas, cujos rendimentos são inferiores ou iguais ao salário mínimo nacional. E na maioria dos agregados familiares só o homem trabalha.

Perante este cenário, a Fundação Alentejo – Terra Mãe está empenhada em abrir postos de ajuda alimentar em Beja e Portalegre. E enquanto a Caritas e a Cruz Vermelha se desdobram em acções para minorar os problemas, os núcleos distritais alentejanos da Rede Europeia Antipobreza parecem só existir formalmente, uma vez que o seu contacto se torna inviável. (…)

José Frota
30 de Dezembro de 2006
in EXPRESSO

 
At 3 de janeiro de 2007 às 22:28, Anonymous Anónimo said...

O trabalho de José Frota na edição do "Expresso" de sábado passado deixou os socialistas à beira de um ataque de nervos.
Pode ler-se aqui uma amostra, e avaliar as razões dos incómodos.
Incomodados estarão, os notáveis socialistas alentejanos; mas de barriga cheia, essa é que é essa!

 
At 4 de janeiro de 2007 às 17:21, Anonymous Anónimo said...

Números do Alentejo

* 535 mil era a população residente em 2001, contra 802 mil em 1950, ou seja, houve uma perda populacional da ordem dos 33 %.
* 40 % da população é constituída por idosos (+ 65 anos), havendo aldeias em que essa taxa atinge 70 %.
* 15 % da população é analfabeta.
* 17 % da população é deficiente.
* 75 % dos deficientes alentejanos estão fora do mercado de trabalho.
* 60% da população activa é composta por trabalhadores não qualificados.
* 25 a 30 mil é o número de pessoas desempregadas.
* 48 % da população auferiu, em 2004, uma pensão média de 265 euros.

Este é o retrato negro do Alentejo. Uma região pobre, envelhecida, "desvitalizada" e onde as desigualdades sociais são "obscenas". Quase um terço dos habitantes da região, 160 mil pessoas, vive numa situação de pobreza. Metade da população vive apenas com 8,8 euros, por dia, de pensão.

 
At 5 de janeiro de 2007 às 13:07, Anonymous Anónimo said...

O NOME DOS BOIS

É com alguma tristeza que verifico a existência de números tão dramáticos, que ilustram o estado da nossa nação alentejana.
São números que desoladoramente nos constrangem de alguma forma, na medida da nossa alentejanidade.

Todavia, é com a sabedoria reforçada pelos belos vinhos que cá produzimos e que me lubrificam ainda as entranhas após esta época de libações, que tentarei realçar as nossas potencialidades, de facto adormecidas e que terão que despertar de alguma forma.

Então cá vai, senhores governantes deste país da API:

De quem é tanta terra abandonada neste 1/3 do território nacional?
Que responsabilidade é devida a estes senhores por terem tanta terra abandonada?

Porque se calam os senhores governantes deste país, incluindo autarcas alentejanos, por aceitarem mudos e quedos, que o Sr. Durão Barroso assine por baixo uma decisão da nossa querida união europeia, que consiste em indemnizar os proprietários das herdades alentejanas, sujeitas a ocupação durante o PREC, por «danos morais» causados a estes senhores?
Não causaram, estes senhores danos morais irreparáveis em gerações de famílias que alimentaram os seus filhos durante décadas com pão, ervas e algum tremoço?

Não se terá reflectido no comportamento de cada um dos alentejanos, que neste momento lê isto, e demais, a deficiência de que hoje padecem e que os inibe de serem autónomos e não conseguirem levar o Alentejo para a frente?

A nossa deficiência, apatia, medo, desinteresse, é genético sim senhor, como se pode verificar…e daí?
Estamos doentes pois…e a causa está à vista!
Tragam pois… psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e máquinas…porque precisamos, primeiro de nos recompormos da psicose dos filhos de pais incógnitos, muitas vezes conseguidos «à custa» do lavrador.
Precisamos de nos nutrir e crescer sem medo do deserto da fome de carinho da família nuclear, quase sempre «por conta» do patrão…
Depois…iremos trabalhar…
Autarcas e não autarcas…façamos ouvir a nossa voz!

 
At 6 de janeiro de 2007 às 14:53, Anonymous Anónimo said...

Há 40 anos perdemos as mãos, agora vão as cabeças!...
(…) Há cerca de 40 anos Portugal assistiu a um grande surto de imigração por parte dos Portugueses pois o país não lhes oferecia condições de vida. Muitos destes, levantaram com as suas mãos uma Europa que estava de rastos.
Falamos numa época de ditadura.
No nosso tempo, século XXI, e caso muitos não se dêem conta, estamos a assistir cada vez mais à partida dos nossos cérebros para o estrangeiro, muitos em busca de conhecimento e outros tantos em busca do desenvolvimento. Será que Portugal não estará a exagerar nas políticas de desenvolvimento, local, nacional e internacional?
Será que Portugal possui neste momento alguma estratégia a este nível?
O Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e ensino superior apenas se limita a cortar e não investe, ou seja, para que serve o ensino sem ciência nem tecnologia???
Como é possível que num país que se diz desenvolvido e que tenta há anos sem fim sair da cauda da Europa esteja a assistir impávido e sereno à fuga dos seus cérebros para outros países!? Será que não tem sido muitos destes que desenvolveram outros países? E o nosso como vai ficar mais uma vez?
É triste ver que este governo apenas se limite a reformar o que não deve e que ao mesmo tempo não invista no que já tem de melhor...
Passados 45 anos uma nova reforma... Reforma Socratiana... Quase me atrevo a chamar a Portugal o país das reformas...

Há cerca de 40 anos perdemos as mãos agora, séc. XXI, perdemos a cabeça...

 

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