quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

PORTUGAL É UM PAÍS OPACO ONDE NÃO ACONTECE NADA

Corrupção?

Voos da CIA?

É só fumaça!


É uma atitude que vem do antigamente, quando a Censura moldava a opinião pública às chamadas verdades convenientes. Não se passava nada a não ser o que a Censura queria que se passasse. E o tique mantém-se, sem censura e com ligeiras diferenças, após 32 anos de democracia.

Por regra, em Portugal não se passa nada.
A corrupção em geral é uma mania do engenheiro João Cravinho, tal como a corrupção no futebol é uma extravagância da procuradora Maria José Morgado e os voos da CIA são uma ideia fixa da eurodeputada Ana Gomes. De maneira que os projectos de João Cravinho passam à história e fazem-se já apostas no fracasso do voluntarismo de Maria José Morgado. Agora, é uma maçada imensa para o status quo que o Parlamento Europeu tenha acolhido várias propostas de Ana Gomes sobre os voos da CIA.

O relatório encoraja as autoridades de Lisboa a investigarem casos de eventuais vítimas de prisão arbitrária e de tortura transportadas pela CIA através de Portugal.
Mas neste País de brandos costumes não há encorajamento que chegue para ir ao fundo de questões melindrosas.
Já foi assim, em 1990, quando o Parlamento Europeu encorajou os estados-membros a investigarem as actividades da chamada rede Gládio e Portugal assobiou para o lado. Ou quando a Espanha investigou o terrorismo anti-terrorista dos GAL e Portugal disfarçou quanto ao ramo português do banditismo de Estado.

É possível que se passem umas coisas sombrias mas o povinho e a opinião pública não têm nada com isso.
Portugal é um estado opaco e discreto que vive no sobressalto das excepções à regra.
Às vezes acontecem.

João P. Guerra

14 Comments:

At 24 de janeiro de 2007 às 14:41, Anonymous Anónimo said...

Pró-americanismo
por Ana Gomes

A virulência de alguns ataques contra mim, por causa da investigação sobre os voos da CIA em Portugal, não me surpreende. Nem desanima.

Como aconteceu em 2003, quando me opus à invasão do Iraque - e merecerei algum crédito por ter contribuído para essa posição do PS - há duas acusações que sempre são tiradas da cartola por quem tem falta de argumentos: o meu passado maoísta entre 73 e 75 (que nunca escondi); e um suposto "anti-americanismo".

Ora a verdade é que, apesar de muito crítica e alarmada pela catástrofe global em que a Administração Bush ajudou a mergulhar todo o mundo, "ich bin eine New Yorkerin", como escrevi em 12 de Setembro de 2001 ao meu colega e amigo Bob Gelbard, então Embaixador americano em Jacarta. Fui "americana" quando o horror de 11 de Setembro se abateu sobre Nova Iorque, sentindo que aquele ataque era não só contra os EUA, mas também contra a Europa e o mundo civilizado.

Sou pró-americana quando leio as conclusões do 'Grupo de Estudo sobre o Iraque', liderado por James Baker e Lee Hamilton, que apela a uma ofensiva diplomática séria no Médio Oriente, envolvendo o Irão, a Síria e o conflito israelo-árabe. Em resposta, esta Administração fugiu para a frente e, tal como largou o Afeganistão para mergulhar no atoleiro iraquiano, atira-se agora para uma perigosa escalada com o Irão. A imprensa israelita revelou esta semana que israelitas e sírios conduzem há dois anos contactos informais para um acordo de paz sobre a questão dos Montes Golã, mas qualquer possibilidade de negociações formais tem esbarrado na luz vermelha de Washington.

Sou pró-americana quando leio as declarações do Senador Joe Biden, Presidente da Comissão de Relações Externas, sobre a escalada de confrontação com o Irão, lembrando à Administração que o Congresso não tolerará o alargamento da guerra no Iraque aos vizinhos.

Sou pró-americana quando leio um extenso artigo no Herald Tribune (13/14 de Janeiro) do eminente especialista americano em questões de segurança e defesa, Anthony Cordesman, que desconstrói o novo 'plano para a vitória' no Iraque dos neo-conservadores que restam a Bush. Cordesman sublinha que, tendo em conta a negligência a que os EUA votaram o Afeganistão e a Al Qaeda a nível global, "a Administração Bush parece não ter nenhuma estratégia para a 'outra' guerra no Afeganistão, ou mesmo para a guerra global contra o terrorismo".

Sou pró-americana quando partilho a angústia do colunista Frank Rich (Herald Tribune, 15 de Janeiro), sobre o perigo de esta ofensiva de Bush no Iraque só adiar o inevitável e visar passar a derrota para um próximo Presidente - provavelmente um Democrata.

Na minha última contribuição para esta coluna (ainda em 2006) reiterei aquilo que tenho por fundamental: "os EUA precisam da Europa e vice-versa." A Europa sozinha não consegue lidar com os desafios globais defrontados pela nossa geração (terrorismo, proliferação e desarmamento de ADM, genocídio, crime organizado) e não vejo outras grandes potências, como a Rússia ou a China, mais dispostas a tomar decisões e acções acertadas.

Guantánamo, as 'rendições extraordinárias', a invasão irresponsável do Iraque e outros crimes desta Administração já constituem um capítulo negro na história dos EUA. E a História julgará severamente aqueles que até ao fim pactuaram com eles. Só se os aliados dos EUA lhes falarem com franqueza e sem subserviência acrítica é que os ajudarão a regenerar-se dos tremendos erros desta Administração. Só assim se reforça a Aliança transatlântica, só assim se defendem os valores em que ela se funda. E só assim é que a Aliança vale a pena.


(artigo publicado no COURRIER INTERNACIONAL em 19.1.2007)

 
At 24 de janeiro de 2007 às 14:50, Anonymous Anónimo said...

TENTAR PERCEBER
Vale a pena ler na íntegra.

"A GRANDE ESTRATÉGIA"

"Somos uns ingratos. O primeiro-ministro põe o seu melhor fato e o seu melhor teleponto para nos anunciar a estratégia que vai finalmente fazer de nós um "país mais culto e qualificado" - e isto, em sete anos e com apenas 45 milhões de euros. E nós, sem consideração, arranjamos maneira de criticar, descrer e gozar. Imagino o tempo gasto a preparar o Quadro de Referência Estratégico Nacional. Adivinho o empenho com que se apuraram as fórmulas, ou a ansiedade com que se previram as reacções. Tudo isto, para quê? Será consolo para José Sócrates saber que está em ilustre companhia, entre os visionários escarnecidos por esta nação incorrigível? Há precisamente 120 anos, em 1887, o escritor J. P. Oliveira Martins apresentou na Câmara dos Deputados o seu QREN, sob a forma de um Projecto de Lei de Fomento Rural. Também ele queria aproveitar o potencial dos portugueses. Só que, em vez de mestrados e cursos de formação, pretendia dar-lhes terra para cultivarem. Sim, os tempos eram outros. A ideia de Oliveira Martins consistia em fixar a população excedentária do Norte do país nos campos subaproveitados do Sul, em pequenas quintas viabilizadas pelo regadio. Oliveira Martins desejava, como toda a elite sua contemporânea, modernizar o país. Mas sabia que não chegava converter os portugueses às ideologias modernas. Era preciso mudar as suas condições de vida, torná-los mais ricos. E para isso, Oliveira Martins propunha-se fazer de Portugal uma "colmeia rural", em que a maioria da gente tivesse emprego em propriedade própria, e o território fosse uniformemente valorizado. Como foi então acolhido o seu plano? Para uns, tratava-se de uma fantasia, já que não havia dinheiro para as necessárias obras hidráulicas no Alentejo. Para outros, era uma farsa: Oliveira Martins procuraria apenas protagonismo para chegar a ministro. Desde há décadas, que os governos e as luminárias da nação se dedicam afincadamente a gastar dinheiro para ajudar o futuro a nascer. Abundaram sempre os QREN. E há algumas décadas que os seus objectivos, por entre variações de vocabulário e contexto, são os mesmos. A memória corrente reteve as proclamações de Cavaco Silva no fim da década de 1980. Mas recuando mais no tempo, encontram-se estas grandes prioridades: "Aceleração do ritmo de crescimento do produto nacional; repartição equilibrada do rendimento; correcção progressiva dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento." Não, não é uma citação do QREN de Sócrates nem das Grandes Opções do Plano de Cavaco Silva, mas do III Plano de Fomento de Salazar, publicado em 1967. Nas considerações desse Plano, lamenta-se já a falta de "formação profissional" dos portugueses, e a ineficiência da administração pública, cuja "rotina" e "burocracia" podem "comprometer iniciativas públicas e privadas que exigem celeridade". O grande horizonte, em 1967, era claro: "alcançar o mais rapidamente possível os níveis de desenvolvimento da Europa Ocidental", através de uma "reconversão da economia". Já éramos assim há 40 anos. Não reparamos nisto, porque gostamos de reduzir a nossa história recente a uma sucessão de cortes e saltos salutares, do capitalismo para o socialismo (com o PREC), ou das ditaduras para a democracia (com o actual regime). Andamos sempre, como fez Sócrates na apresentação do QREN, a "cortar com a cultura do passado". Para que servirá então lembrar a longa tradição do nosso desenvolvimentismo de Estado? Para demonstrar que nada mudou? Não, Portugal mudou. Só que nunca mudou como os seus dirigentes políticos, por entre largas despesas, previram e planearam. Os que, no século XIX, procuraram criar condições para uma "colmeia rural" nunca imaginaram a industrialização do século XX. Os que, nas décadas de 1940 e 50, contaram com uma indústria que sobretudo substituísse importações, foram surpreendidos pelas exportações de vestuário e calçado depois da entrada na EFTA. Quem pensou em explorar esse filão com a adesão à CEE viu-se confrontado na década de 1990 com o seu definhamento e com a expansão dos serviços e da construção civil - uma mudança que comprometeu os ritmos de crescimento económico do passado. Em Portugal, o que estava previsto e planeado quase nunca aconteceu, e o que aconteceu quase nunca foi previsto e muito menos planeado. Por isso, tudo aquilo que verdadeiramente se passou, desde a industrialização até à urbanização, passou-se "desordenadamente", à revelia dos planos e mesmo fora da lei. Até hoje, os governos andaram sempre a tentar mudar o país em meia dúzia de anos. Talvez fosse preferível tentarem compreendê-lo."

Rui Ramos,
In:Público

 
At 25 de janeiro de 2007 às 15:39, Anonymous Anónimo said...

O ministro da Defesa do governo português, Luís Amado, disse há alguns minutos , na RTP1, algo enigmático sobre o caso dos alegados voos da CIA, na ilha Terceira e cuja polémica tem sido alimentada pela eurodeputada socialista Ana Gomes.
Disse que "O Estado não pode ser usado para ajustes de contas com o passado. E ajustes de contas pessoais".

Não me lembro de ter ouvido a um governante, em exercício de funções, algo tão esquisito. "Ajustes de contas pessoais", neste caso?
Importa esclarecer já quem é que pretende ajustar contas com quem. E pessoais ainda por cima, abusando da dignidade das instituições do Estado, como instrumento de ajuste de contas. E- evidentemente- retirar daí todas as consequências políticas e não só.

 
At 25 de janeiro de 2007 às 18:17, Anonymous Anónimo said...

FALTAM DOIS DIAS PARA A MISSA DO 7.º DIA

Ao que parece os dirigentes da DGCI fizeram folga na cobrança dos impostos e preparam afanosamente a liturgia programada para a próxima sexta-feira dia 26, anda tudo nervoso com os pormenores do momento mais alto da campanha de propaganda preparada ao milímetro pelo dr. Macedo.

Será que Sócrates aparece para a abertura?
O primeiro-ministro anuncia ali a recondução do dr. Macedo ou dará sinais nesse sentido?
A máquina do PSD dos impostos, os escritórios de advogados anexos, o contencioso fiscal do Millennium, os amigos de Dias Loureiro estão todos excitados com a hipótese de um primeiro-ministro do PS consolidar o poder que alcançaram na máquina fiscal.

À custa do trabalho dos funcionários da DGCI, do aumento das taxas dos impostos suportadas pelos contribuintes, do empolamento das percentagens do aumento das cobranças resultante do mau desempenho dos dois anos anteriores e do voluntarismo de meia dúzia de quadros que emprestaram as suas ideias ao dr. Macedo, esta imensa máquina duvidosa anseia pela consolidação do poder.

Será que José Sócrates ainda não percebeu onde se está metendo?

 
At 25 de janeiro de 2007 às 18:19, Anonymous Anónimo said...

Depois de ter feito uma campanha de propaganda digna de um candidato presidencial com o objectivo de forçar José Sócrates a reconduzi-lo no cargo de director-geral dos Impostos, o dr. Paulo Macedo vai encerrar essa campanha com um suposto seminário onde estarão presentes todos os dirigentes da DGCI.
Será que José Sócrates vai ceder à campanha do Millennium aceitando abrir um seminário cujo objectivo é precisamente exibir o primeiro-ministro ao lado do dr, Paulo Macedo?
Depois de o presidente do STI ter sido exibido como troféu de caça, certificando o apoio (falso) dos trabalhadores do fisco, chegou a vez de apresentar o mais ambicionado troféu de caça, o próprio primeiro-ministro.

Grande Millennium, consegue ser envolvido na Operação Furacão e ao mesmo tempo que dirige a DGCI, e ainda consegue que seja o primeiro-ministro a entronizar o seu discípulo.
Algo que só seria concebível no Uganda de Idi Amin Dada.

 
At 27 de janeiro de 2007 às 00:36, Anonymous Anónimo said...

OS PROFESSORES EFECTIVOS DO FISCO

Há quadros do fisco que ganham mais a "dar aulas" na banca do que o montante d prémio que a ministra instituiu para o melhor professor do ano:

«Existem vários funcionários da Administração Fiscal que recebem dinheiro de instituições bancárias, acumulando as funções de funcionários públicos com rendimentos provenientes do sector privado. Segundo apurou o Correio da Manhã, há casos em que esses pagamentos superam os 25 mil euros por ano e que duram há vários anos.»
In:Correio da Manhã

Pergunte-se ao senhor ministro das Finanças se acha mesmo que são aulas que esses senhores estão a dar nos bancos.

 
At 27 de janeiro de 2007 às 00:36, Anonymous Anónimo said...

O JORNAL TAL & QUAL FEZ JUSTIÇA

Pela primeira vez um jornal português deu-se ao trabalho de ler as estatísticas das receitas fiscais e descobriu quão enganosa é a publicidade do dr. Macedo e as notícias que faz passar nos órgãos de comunicação social do Millennium/Opus Dei:

«Discreto e parco em palavras – raramente dá entrevistas –, Paulo Macedo tem exercido o cargo de Director-Geral de Impostos de forma exemplar. A sua postura quase estóica no combate à fraude fiscal valeu-lhe rasgados elogios do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e um consenso quase generalizado sobre a sua competência para o lugar. Há quem mesmo entenda que até tem sido endeusado na Comunicação Social. Mas poucos saberão que um dos seus subdirectores, Nunes dos Reis, actualmente nos serviços de IVA, foi o último homem do Fisco a conseguir resultados capazes de impressionar uma opinião pública cada vez mais descrente na justiça fiscal. E, ao contrário de Macedo, Reis não contou com o aumento do IVA para 21 por cento, nem com os cortes nos benefícios fiscais do IRS, decisivos para a receita.

O_percurso de Nunes dos Reis, Director-Geral dos Impostos em Março de 1997, quando o Governo era chefiado por António Guterres, foi marcado por uma saída extemporânea do cargo, assim que Durão Barroso chegou ao poder. Manuela Ferreira Leite, então ministra das Finanças, anunciou no plenário que a sua primeira medida seria dispensar o Director-Geral, atribuindo-lhe responsabilidades pela fraca receita arrecadada. Mas esta não foi a única razão: a polémica decisão de aceitar acções do Benfica como forma de pagamento de dívidas fiscais, não lhe deixou margem para seguir no cargo.

Polémicas à parte, uma pequena análise é suficiente para perceber que Ferreira Leite estava enganada: Nunes dos Reis elevou a receita fiscal para valores que o país não voltaria a conhecer, nem mesmo com Paulo Macedo.

Apesar de um percurso descendente, fruto de uma crise que se começou a instalar nos finais de 1999, Nunes dos Reis conseguiu sempre receitas fiscais acima dos sete pontos percentuais. Comparando com os actuais valores de Paulo Macedo – que atingiu os 5.5 em 2005, e 7.2 em 2006 –, período durante o qual beneficiou do aumento do IVA e de cortes no IRS, dificilmente se voltará apelidar o actual director-geral de recordista das cobranças fiscais.
Enquanto director-geral, o aumento mais tímido que Nunes dos Reis conseguiu foi no ano 2000, quando já se adivinhava a queda de Guterres e era visível a crise económica. Pouco depois, nas autárquicas de 2001, o primeiro-ministro apresentava a demissão e generalizava-se o discurso do “país de tanga”. »
In:Tal & Qual

 
At 27 de janeiro de 2007 às 19:55, Anonymous Anónimo said...

Afinal havia outro -

Ao contrário do que o Governo pensa, Paulo de Macedo não é o “herói” do Fisco.
Há 10 anos, Nunes dos Reis conseguiu melhores resultados do que o actual Director-Geral dos Impostos. E ganhava oito vezes menos.
Só que, por motivos políticos, foi afastado.
No entanto,mantém-se nas Finanças, mas num cargo subalterno.

Nunes dos Reis desempenha hoje um cargo quase invisível à opinião pública: é responsável pela direcção de serviços de IVA.
Mas há 10 anos era Director-Geral de Impostos – cargo que ocupou durante cinco anos – e foi o último homem forte do Fisco a ocupar a cadeira durante tanto tempo seguido.
No seu mandato obteve resultados que nem o actual director, Paulo Macedo, almejou. Hoje, diz, “vou manter-me sempre ligado aos impostos. Por uma questão de princípio”. Discreto e parco em palavras – raramente dá entrevistas –, Paulo Macedo tem exercido o cargo de Director-Geral de Impostos de forma exemplar.
A sua postura quase estóica no combate à fraude fiscal valeu-lhe rasgados elogios do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e um consenso quase generalizado sobre a sua competência para o lugar.
Há quem mesmo entenda que até tem sido endeusado na Comunicação Social.

Mas poucos saberão que um dos seus subdirectores, Nunes dos Reis, actualmente nos serviços de IVA, foi o último homem do Fisco a conseguir resultados capazes de impressionar uma opinião pública cada vez mais descrente na justiça fiscal. E, ao contrário de Macedo, Reis não contou com o aumento do IVA para 21 por cento, nem com os cortes nos benefícios fiscais do IRS, decisivos para a receita.

O percurso de Nunes dos Reis, Director-Geral dos Impostos em Março de 1997, quando o Governo era chefiado por António Guterres, foi marcado por uma saída extemporânea do cargo, assim que Durão Barroso chegou ao poder.
Manuela Ferreira Leite, então ministra das Finanças, anunciou no plenário que a sua primeira medida seria dispensar o Director-Geral, atribuindo-lhe responsabilidades pela fraca receita arrecadada.
Mas esta não foi a única razão: a polémica decisão de aceitar acções do Benfica como forma de pagamento de dívidas fiscais, não lhe deixou margem para seguir no cargo.

Polémicas à parte, uma pequena análise é suficiente para perceber que Ferreira Leite estava enganada: Nunes dos Reis elevou a receita fiscal para valores que o país não voltaria a conhecer, nem mesmo com Paulo Macedo.

Apesar de um percurso descendente, fruto de uma crise que se começou a instalar nos finais de 1999, Nunes dos Reis conseguiu sempre receitas fiscais acima dos sete pontos percentuais.
Comparando com os actuais valores de Paulo Macedo – que atingiu os 5.5 em 2005, e 7.2 em 2006 –, período durante o qual beneficiou do aumento do IVA e de cortes no IRS, dificilmente se voltará apelidar o actual director-geral de recordista das cobranças fiscais.

Enquanto director-geral, o aumento mais tímido que Nunes dos Reis conseguiu foi no ano 2000, quando já se adivinhava a queda de Guterres e era visível a crise económica. Pouco depois, nas autárquicas de 2001, o primeiro-ministro apresentava a demissão e generalizava-se o discurso do “país de tanga”.

Contrariamente ao que foi divulgado, o director-geral não foi despedido.
Nunes dos Reis viu a pasta das Finanças rodar por três ministros e, após mais de cinco anos no cargo, perante as declarações de Ferreira Leite, antecipou-se e apresentou ele a demissão.
Armindo de Sousa Ribeiro substituiu-o durante os dois anos seguintes, até perder a confiança política do seu superior.
Paulo de Macedo foi o senhor que se seguiu.

Informatização

Nunes dos Reis chegou à direcção-geral em 1997.
Durante o seu mandato, em parceria com António Cavalheiro, implementou um sistema que revolucionou a luta contra a evasão fiscal: a informatização da DGCI.
À sua chegada, apenas 27 repartições estavam informatizadas. Quando se demitiu, o processo ficou praticamente concluído.
Agora, é apenas um “subalterno” de Paulo de Macedo.
T&Q - Qual era o seu vencimento como Director-Geral dos Impostos? Nunes dos Reis - Era o vencimento de um Director-Geral de Impostos. Muito inferior a 23 mil euros, seguramente. Não me recordo bem, mas rondava os três mil euros.

T&Q - Como avalia o trabalho do Dr. Paulo Macedo?
NR - Não vou dizer nem mal nem bem do director-geral. Sou funcionário dos impostos e sou sempre solidário com quem está à frente.

T&Q - Caso o Dr. Paulo Macedo abandone o cargo, gostava de ser novamente convidado?
NR - A água nunca passa duas vezes por baixo da mesma ponte, não estou minimamente interessado nessa função. Sinto-me muito bem no local onde estou. Digo sempre aos meus colegas que, por uma questão de princípio, continuarei sempre ligado aos impostos.

T&Q - Foi o director-geral que esteve mais anos no cargo. Que balanço faz desses anos de serviço?

N.R. - A crítica ao meu desempenho na DGCI deixo-a para os outros. A história encarregar-se-á de me dar ou não razão.

T&Q - Durante o seu mandato, em 2000, a receita aumentou apenas 4%, contrariamente aos outros anos em que se manteve sempre acima dos 7.5% Porquê?

NR - Nem tudo pode aumentar sempre. Os objectivos são sempre cumprir o orçamento. No meu mandato cumpri todos.
T&Q - Porque se demitiu?
NR - Durante o meu mandato tive sempre o governo ao meu lado. A partir do momento que deixei de ter confiança política, entendi que era altura de sair.

 
At 28 de janeiro de 2007 às 14:58, Anonymous Anónimo said...

As várias opiniões que ouvi acerca das intervenções do ministro das Finanças e de José Sócrates apontam para um grande cuidado de ambos em elogiar a DGCI e os seus funcionários sem permitir que as suas palavras pudessem ser interpretadas como a entronização de Paulo Macedo.

É mais do que evidente que este encontro foi o culminar de um programa de promoção pessoal que levaria Paulo Macedo a Presidente da República, se o lugar não estivesse já ocupado por Cavaco Silva, o objectivo era forçar o Governo a anunciar a sua recondução. Isso não sucedeu e depois da indignação gerada pela missa de acção de graças e com muitas vozes a desconfiar dos milagres anunciados por Paulo Macedo, que neste capítulo nos lembra Edir Macedo, o bispo da IURD, Paulo Macedo sai fragilizad deste encontro. Esgotada a campanha não alcançou o seu objectivo e gerou antipatias que não tinha antes de a começar. A estratégia parecia brilhante, lançou a a confusão na máquina fiscal, gerou oposição como nunca se tinha vista, coleccionou inimigos nos meios laicos e menos sensíveis ao perfume do dinheiro do Millennium, mas acabou mal.

Ainda por cima meteu umas gaitas na boca dos chefes do fisco e pô-los a dar uma gaitada colectiva que vai ficar no anedotário do fisco, para não referir o uso abusivo que fez da imagem do filme do Gladiador.

PS: Um dos momentos mais altos foi a apresentação do vídeo onde foram apresentadas as grandes obras de modernização empreendidas. Ficámos a saber que a grande obra no domínio das instalações foi a reparação do soalho do edifício do IVA. Como diria uma das personagens do filme a Idade do Gelo: "Que grande evolução!".

 
At 28 de janeiro de 2007 às 14:59, Anonymous Anónimo said...

SÓCRATES ELOGIOU PAULO MACEDO?

Muito curiosa a interpretação que o jornalista do Jornal de Notícias fez das palavras de José Sócrates:

«Sócrates admitiu que "o bom trabalho foi feito até antes do actual Governo", uma referência a Paulo Macedo, que foi requisitado para a administração fiscal quando Manuela Ferreira Leite era ministra das Finanças. "Estamos muito satisfeitos com a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI)", afirmou.» In:Jornal de Notícias

Sugira-se ao jornalista que leia novamente as gravações pois as frases que cita dão para muitas interpretações, o mesmo se podendo dizer da intervenção do ministro das Finanças.

 
At 28 de janeiro de 2007 às 15:01, Anonymous Anónimo said...

MACEDO O GLADIADOR

Temos um novo artista de circo:

«Outro factor de “motivação” foi a exibição de partes do filme de Ridley Scott, ‘O Gladiador’, em que o protagonista, o actor Russell Crowe interpreta um general romano caído em desgraça. A cena em que o general (Maximus) luta na arena romana com outros gladiadores e os incita à união para sobreviverem foi exibida, como forma de apelar à união de todos os trabalhadores do Fisco, para ultrapassarem as dificuldades.»
In:Correio da Manhã

As coisas a que a Opus Dei recorre...

 
At 28 de janeiro de 2007 às 15:02, Anonymous Anónimo said...

CEM PAULOS MACEDOS

Provavelmente porque não se deu ao trabalho de consultar os dados da DGO e escreve com base no que lês na comunicação social António Pires de Lima defende Paulo Macedo, se estudasse bem os dados poderia concluir que a DGCI passaria bem:

«À contestação, o dr. Paulo Macedo foi respondendo com trabalho. Aproveitando a informatização dos serviços, iniciada nos governos PS, e a agilização dos mecanismos de utilização de dados, aprovados pela maioria PSD/CDS, o gestor soube motivar uma equipa, até então desmoralizada e alvo de críticas constantes. Em poucos anos, a administração fiscal portuguesa de obsoleta passou a modelo de eficiência. Os contribuintes são hoje invadidos com notificações fiscais reclamando dívidas, exigindo juros, cobrando coimas. A linha da razoabilidade foi mesmo ultrapassada quando se exige ao vulgar cidadão que abdique do seu segredo bancário para poder reclamar qualquer incidência fiscal em que se julgue credor de razão.» In:Expresso

Arquive-se por falta de rigor e desconhecimento da realidade.

 
At 28 de janeiro de 2007 às 15:03, Anonymous Anónimo said...

O melhor professor
No mesma semana em que soubemos a banca paga mais de 25.000 euros por ano a alguns distintos professores do fisco que os ensinam a pagar menos impostos, a ministra da Educação institui um prémio para o melhor professor do ano. Se o prémio é de montante inferior ao pago pelos bancos, então esperemos que os professores efectivos que o fisco tem na banca não venham a concorrer, por aquilo que ganham são tão bons que o prémio já está no papo.

 
At 28 de janeiro de 2007 às 15:04, Anonymous Anónimo said...

O PSD lidera o combate à corrupção
Marques Mendes continua a usar como discurso político os papéis que consegue encontrar nos caixotes do lixo de São Bento, desta vez foi ao caixote do lixo da bancada parlamentar do PS, encontrou os projectos de João Cravinho e no dia seguinte apareceu a liderar o combate à corrupção. Com tanta vontade de combater a corrupção ainda se vai transformar em consultor do Ministério Público no caso Braga parques, agora que as investigações se orientam para a pista do financiamento partidário.

 

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