sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

POBRE PAÍS O NOSSO... ENTRE A GENTE DESTA!

Quem votar sim fica sem funeral religioso

Os cristãos que vão votar sim no referendo serão alvo de excomunhão automática, a mais pesada das censuras eclesiásticas, garante o cónego Tarcísio Alves, pároco há cinco anos em Castelo de Vide (Portalegre).
A excomunhão automática atinge ainda todos os intervenientes na execução do crime, como, por exemplo, médicos e enfermeiros, sublinha, enquanto consulta página a página o Código Canónico.

Se um católico aceitar a liberalização do aborto incorre na censura da excomunhão e não poderá ser reintegrado na comunidade cristã sem intervenção do bispo, sustenta ainda. Doutorado pela Universidade Católica de Salamanca em Direito Canónico, Tarcísio Alves tem distribuído nos últimos tempos, pelos paroquianos, um boletim informativo em que adverte os devotos para os perigos de votar sim no próximo referendo e as consequências, junto da Igreja, que poderão sobrevir. Não fui eu que inventei estas regras, está tudo bem explícito no Cânone 1398 sublinha.

Mas o vigário judicial da diocese de Portalegre e Castelo Branco vai mais longe ao alertar os fiéis para outros perigos que podem surgir, se no próximo referendo o voto recair no sim.
Se votar no sim ou se se abstiver, poderá estar também a cometer um pecado mortal gravíssimo.
No referendo até as irmãs vão sair dos conventos porque senão também incorrem num pecado de omissão, adverte.

Para o clérigo trata-se de um caso grave, porque todos aqueles católicos que violarem as leis da Igreja sobre este ponto não podem casar, baptizar-se e nem poderão ter um funeral religioso - Cânone 1331.

Tarcísio Alves garantiu ao DN que não faz política nem fala do caso durante as missas de domingo, mas no seu boletim paroquial e através de e-mails.
O cónego promete continuar a esclarecer a população e a prova disso passa pela edição, ainda hoje, de mais um boletim que no último parágrafo apela mais uma vez ao voto no não


Hugo Teixeira
Diário de Notícias

10 Comments:

At 19 de janeiro de 2007 às 22:48, Anonymous Anónimo said...

Esse senhor paroco tb pensa que esta na Idade Media ao servico dos carrasco que queimavam as vitimas que diziam cheias de pecados.
Que este senhor pensa assim ainda va la, foi o que lhe meteram no cerebro e ainda vive nos tempos do obscurantismo da Europa medieval, agora as pessoas aimda irem no paleio dele?
Desculpem estamos no seculo XXI, e por esta gente que Portugal esta onde esta na cauda da Europa e no obscurantismo total.
ESTEJAM CALADOS EM VEZ DE DIZEREM BARBARIDAES.

 
At 19 de janeiro de 2007 às 23:12, Anonymous Anónimo said...

Por menos que isto em 1975 o cónego Albano esteve para ser enforcado na vila de Castelo de Vide.

Este Fundamentalista Católico pode-lhe vir acontecer o mesmo.

 
At 20 de janeiro de 2007 às 00:04, Anonymous Anónimo said...

Eu voto Sim
A demonstração a favor ou contra a interrupção voluntária da gravidez é sempre problemática. Restam, pois, considerações pragmáticas.

Não é simples a questão da interrupção voluntária da gravidez. Porque envolve a própria questão da vida. Ou da gestação da vida. Se nos lembrarmos que há quem defenda que as relações sexuais têm como única razão de ser a procriação (veja-se a hilariante poesia de Natália Correia sobre um famoso deputado) poderemos imaginar quão difícil e delicada é esta questão. É a questão da génese da vida humana. Da determinação do momento em que é possível considerar que o processo de gestação deu origem a uma vida humana. Desta decisão derivam automaticamente consequências radicais para a interrupção voluntária da gravidez: crime ou não. Trata-se, todavia, de uma questão de difícil resolução, uma vez que não é possível decidir tendo unicamente como base uma decisão sobre o processo de emergência da consciência de si. Até porque, numa simetria invertida, muitos defendem a legitimidade da eutanásia, apesar de o doente ter plena consciência de si, mas não tendo qualquer controlo sobre o seu corpo condenado e sofredor. Mesmo sem emergência de consciência explícita de si e encontrando-se o corpo em mero processo de gestação inicial, não são inatacáveis os argumentos a favor da interrupção voluntária da gravidez se não se verificarem situações de evidente radicalidade. Por exemplo, provável morte do feto e da mãe.

Por via de considerações filosóficas, a demonstração a favor ou contra a IVG é sempre problemática. Restam, pois, considerações pragmáticas. É sensato considerar que nenhuma mãe deseja praticar a IVG sem um sofrimento profundo, quer por razões instintuais de apego à vida e à sobrevivência quer por espontânea afectividade para o ser que germina quer, ainda, pela dor que antevê no acto. Os seres vivos funcionam assim. A decisão de proceder à IVG é tomada com intervenção da razão, num ambiente pessoal onde, todavia, se mantêm em forte tensão as motivações de natureza instintual, sobre factores – da mais variada natureza, desde uma eventual violação ou de graves malformações até ao perigo de vida – que podem justificar uma decisão tão drástica. Por outro lado, tal como se verifica, do ponto de vista de determinadas convicções religiosas uma posição rígida e dogmática em torno do conceito de vida, também é verdade que existe uma mundividência de senso-comum, que funciona com os banais instrumentos cognitivos usados na vida quotidiana, que assume a vida em gestação, nos seus primeiros momentos, numa óptica não absoluta, ou seja, como processo vital conducente à ulterior formação de vida humana. Ou seja, que considera o processo de humanização como um fenómeno ‘in progress’, em crescendo, em construção permanente. De algum modo, é algo parecido a isto que está contido na formulação filosófica existencialista “a existência precede a essência” ou na formulação de Gramsci sobre a construção do homem: o homem é aquilo em que se torna. Ou seja, é resultado do seu próprio processo de autoprodução. É claro que a questão que tratamos tem uma dimensão mais funda, uma vez que vai até à raiz da existência orgânica. E por isso é tão difícil. Só que também a reflexão sobre a produção da existência pelos humanos pode ajudar a esclarecer a raiz profunda e orgânica da vida humana.

Mas também é verdade que ao assunto em causa há que juntar dimensões de vida pragmáticas, uma vez que elas integram, com dignidade ontológica, o próprio conceito de vida. A descriminalização da IVG até às dez semanas – que é o que está em causa – evita de ciência certa essa chaga do “aborto clandestino”, essa florescente economia submersa que tem tanto de real como de sórdido e de perigoso para a saúde de quem a ela se submete, com os efeitos para a saúde pública que são conhecidos.

A dizer que voto Sim pela descriminalização da IVG até às dez semanas e à possibilidade de o fazer em estabelecimento legalmente autorizado para o efeito, digo-o no pressuposto de que as cidadãs que se obrigam a fazê-lo estão em sofrimento profundo, mas com a clarividência racional de que o fazem em nome de razões superiores e em condições socialmente aceitáveis

 
At 21 de janeiro de 2007 às 00:19, Anonymous Anónimo said...

Fala quem sabe

Quando ouvi a notícia não liguei. Julguei que se tratava de mais um fanáticozito a rezar alarvidades ao abrigo da impunidade que o isolamento da interioridade também comporta.
Depois li o DN. Afinal, o pároco de Castelo de Vide parece saber o que diz - Tarcísio Alves é doutorado em Direito Canónico pela Universidade Católica de Salamanca. A sua ameaça de excomunhão automática e de proibição de funerais religiosos deve ser levada a sério. Aparentemente, esse anátema dirigido a quem apoiar o "Sim" consta expressamente das normas que regem a igreja e os crentes. E deverá ser aplicado, em pia coerência.
Cordialmente, cumpre-me dar os parabéns à campanha do "Não" por mais esta manifestação de moderação e de tolerância no debate.

 
At 21 de janeiro de 2007 às 00:30, Anonymous Anónimo said...

Este F... da P... que é padre não fala nas missas de Domingo, mas sim nas outras missas de todos os dias, até nas missas de corpo presente/funerais o animal faz campanha.

Pode ser que eu me engane mas o F... da P... do cónego Tarcísio Alves vai ter um fim triste.
Ai, vai , vai!!!

 
At 21 de janeiro de 2007 às 14:06, Anonymous Anónimo said...

O cónego de Castelo de Vide lançou a sua fatwa sobre todos os que votem sim, condenando-os a uma excomungação quando o Código Canónico só prevê o inferno eterno para quem aborte.
E como quem cala consente e não se ouviu um responsável da Igreja contestar o exagero teremos que nos preparar para tão triste destino.

 
At 21 de janeiro de 2007 às 19:49, Anonymous Anónimo said...

Caro cónego Tarcísio Alves

Em 5 de Setembro de 1541 começou a funcionar o Tribunal da Santo Oficio de Évora, sob a presidência do seu primeiro inquisidor, o temível licenciado Pedro Álvares de Paredes, o qual julgou e condenou à fogueira muitos cristãos novos do distrito de Portalegre a maioria deles residentes na vila de Castelo de Vide, bem como de Galveias, Avis e Ponte do Sôr.
A Inquisição de Évora foi um tribunal dito da fé que sujeitava à sua jurisdição todos os crentes, incluído o rei, a quem por vezes ameaçou de excomunhão.
Zelava pela fé tridentina e pela limpeza de sangue.
As suas presas privilegiadas eram os cristãos-novos.
Opunha-se tenazmente à sua fusão com os cristãos-velhos, medindo continuamente o sangue das vítimas e contrariando os casamentos mistos.
O seu santo oficio consistia em vigiar, escutar, ler, prender, interrogar, submeter a tortura, julgar e condenar sem apelo nem agravo os chamados heréticos, os relapsos, os sodomitas, os feiticeiros, os bígamos, os solicitantes, os ateus.
Só prestava contas ao Conselho Geral e ao Inquisidor-Geral.
Todas as justiças ficavam sujeitas ao seu poder que, por intermédio do Conselho Geral e das outras Inquisições, cobria o território nacional e o império marítimo.

O seu aparelho era formado por três inquisidores com preeminência do mais antigo, o da primeira cadeira, por deputados, promotor, notário, fiscal, meirinho, alcaide e guardas dos cárceres.
No pessoal eventual, incluíam-se o médico, a parteira, o barbeiro, o pintor das efígies dos condenados à morte, os padres que eram incumbidos de ajudar, nos últimos momentos, os condenados a confessar ou a morrer. A acrescentar a estes funcionários da sede, espalhavam-se pelas principais cidades e vilas os comissários ou delegados locais do Santo Oficio, escolhidos entre os clérigos mais eminentes, os familiares leigos que asseguravam com a sua espada as prisões e a ordem no auto da fé, os qualificadores ou doutores universitários que analisavam as proposições suspeitas de heresia.

A história está a repetir-se com as suas declarações inflamadas e "tolas"...

Com os melhores cumprimentos,
uum abraço daquí da cidade da ponte.

 
At 22 de janeiro de 2007 às 00:43, Anonymous Anónimo said...

REFERENDO SOBRE O ABORTO

O padre Anselmo Borges dá uma lição aos defensores do não:

«Numa questão tão delicada, com a vida e a morte em jogo, não se pretende que haja vencedores nem vencidos, mas um diálogo argumentado, para lá da paixão e mesmo da simples compaixão. Ficam alguns pontos para reflectir.

1. O aborto é objectivamente um mal moral grave. Aliás, ninguém é a favor do aborto em si, pois é sempre um drama.

2. A vida é um bem fundamental, mas não é um bem absoluto e incondicionado. Se o fosse, como justificar, por exemplo, o martírio voluntário e a morte em legítima defesa?

3. Para o aparecimento de um novo ser humano, não há "o instante" da fecundação, que é processual e demora várias horas.

A gestação é um processo contínuo até ao nascimento. Há, no entanto, alguns "marcos" que não devem ser ignorados. É precisamente o seu conhecimento que leva à distinção entre vida, vida humana e pessoa humana. O blastocisto, por exemplo, é humano, vida e vida humana, mas não um indivíduo humano e, muito menos, uma pessoa humana.

Se entre a fecundação e o início da nidação (sete dias), pode haver a possibilidade de gémeos monozigóticos (verdadeiros), é porque não temos ainda um indivíduo constituído.

Antes da décima semana, não havendo ainda actividade neuronal, não é claro que o processo de constituição de um novo ser humano esteja concluído. De qualquer modo, não se pode chamar homicídio, sem mais, à interrupção da gravidez levada a cabo nesse período.

4. Sendo o aborto objectivamente um mal, deve fazer-se o possível para evitá-lo. Tudo começa pela educação e formação. Impõe-se uma educação sexual aberta e responsável para todos, que, não ficando reduzida aos aspectos biológicos e técnicos, tem de implicá-los, fazendo parte dela o esclarecimento, sem tabus, quanto à contracepção.

5. O aborto é uma realidade social que nem a sociedade nem o Estado podem ignorar. Como deve então posicionar-se o Estado frente a essa realidade: legalizando, liberalizando, penalizando?

6. Não sem razão, pensam muitos (eu também) que, se fosse cumprida, a actual lei sobre a interrupção da gravidez, permitida nos casos de perigo de morte ou grave e duradoura lesão para a mãe, de nascituro incurável com doença grave ou malformação congénita e de crime contra a liberdade e autonomia sexual (vulgo, violação), seria suficiente.

7. De qualquer forma, vai haver um referendo. O que se pergunta é se se é a favor da despenalização do aborto até às dez semanas, em estabelecimentos devidamente autorizados, por opção da mulher.

Por despenalização entende-se que, a partir do momento em que não há uma pena, a justiça deixa de perseguir a mulher que aborta e já não será acusada em tribunal.

Aparentemente, é simples. Mas compreende-se a perplexidade do cidadão, que, por um lado, é a favor da despenalização - despenalizar não é aprovar e quem é que quer ver a mulher condenada em tribunal? -, e, por outro, sente o choque de consciência por estar a decidir sobre a vida, realidade que não deveria ser objecto de referendo. O mal-estar deriva da colisão dos planos jurídico e moral.

8. Impõe-se ser sensível àquele "por opção da mulher" tal como consta na pergunta do referendo, pois há aí o perigo de precipitações e arbitrariedades. Por isso, no caso de o "sim" ganhar, espera-se e exige-se do Estado que dê um sinal de estar a favor da vida.

Pense-se no exemplo da lei alemã, que determina que a mulher, sem prejuízo da sua autonomia, deve passar por um "centro de aconselhamento" (Beratungsstelle) reconhecido. Trata-se de dialogar razões, pesar consequências, perspectivar alternativas. A mulher precisará de um comprovativo desse centro e entre o último encontro de aconselhamento e a interrupção da gravidez tem de mediar o intervalo de pelo menos três dias. As custas do aborto ficam normalmente a cargo da própria.

O penalista Jorge Figueiredo Dias também escreveu, num contexto mais amplo: "O Estado (...) não pode eximir-se à obrigação de não abandonar as grávidas que pensem em interromper a gravidez à sua própria sorte e à sua decisão solitária (porventura na maioria dos casos pouco informada); antes deve assegurar-lhes as melhores condições possíveis de esclarecimento, de auxílio e de solidariedade com a situação de conflito em que se encontrem. Sendo de anotar neste contexto a possibilidade de vir a ser considerada inconstitucional a omissão do legislador ordinário de proporcionar às grávidas em crise ou em dificuldades meios que as possam desincentivar de levar a cabo a interrupção". [Diário de Notícias]

Leia-se porque as opiniões diferentes nunca fizeram mal a ninguém, a não ser aos que não gostam de as respeitar.

 
At 23 de janeiro de 2007 às 00:14, Anonymous Anónimo said...

Sugira-se à Igreja Católica Portuguesa que reze pelas almas dos portugueses assassinados pelo Santo Ofício

 
At 23 de janeiro de 2007 às 00:16, Anonymous Anónimo said...

VATICANO É A CAPITAL DO CRIME

Quem diria?

«The Vatican's attorney general Nicola Picardi released the astounding statistic at the start of 2007: The tiny nation's justice department in 2006 had to contend with 341 civil and 486 criminal cases. In a population of 492, that measures out to 1.5 cases per person -- twenty times the corresponding rate in Italy.»
In:Spiegel
www.spiegel.de/international/0,1518,460967,00.html

 

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