sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

ISTO PASSA-SE NO ALENTEJO E EM PORTUGAL NO SÉCULO XXI...

Sete horas à espera de um serviço ambulatório.
Pode ser fatal.
Quarenta minutos sem a linha de emergência 112.
Não há registo de eventuais consequências, nem se conhecem os motivos da anomalia.
Estamos em Portugal, este ano.

O que aconteceu em Odemira e nos distritos de Lisboa, Porto e Viseu deveria ter responsáveis.
A começar pelo prolixo ministro da Saúde, a quem não se ouviu qualquer comentário ao sucedido, admitindo-se que esteja a estudar a melhor maneira de sacudir a água do capote.
Aconteceu em Odemira como poderia ter sido em outro lugar.
Há concelhos do distrito de Beja, de Évora e de Portalegre que não possuem qualquer serviço de socorro e zonas onde vivem milhares de pessoas dependentes de um auxílio a mais de 100 quilómetros de distância.
O caso mortal de Odemira tem dez dias – surgiu, entretanto, a promessa do Governo de melhorar as condições no concelho.
O 112 falhou na segunda-feira – aguarda-se um relatório de operadoras de telecomunicações e da PSP.
Portugal é assim, um sítio onde a culpa morre solteira.

Sobretudo quando a responsabilidade é política.

R.V.

6 Comments:

At 19 de janeiro de 2007 às 22:53, Anonymous Anónimo said...

E se fosse um senhor Ministro ou familiar?
DEmorava o mesmo tempo?
Claro que nao, lembram-se ha uns anos quando um acidente ccom senhores do Parlamento Europeu tiveram um acidente perto da Ponte Sor, apareceram logo os Helicopteros?
Mas que se esperava dos nossos governantes:
- Cai uma Ponte morrem pessoas, ninguem tem culpa
- Morrem os pescsdores a beira da praia os socorros falham , ninguem, tem culpa.
-Morre o individuo no algarve, ninguem tem culpa.
Por favor nao nos queiram fazer estupidos, um dia o povo abre os olhos.
Gostava de ver alguem proximo do sr Ministro da saude ter um acidente como seria tratado?Demoraria 8 horas?
DEMITAM-SE
pelo menos tenham vergonha

 
At 19 de janeiro de 2007 às 23:25, Blogger O Semeador ao Pó das Obras said...

Ontem a viatura médica de emergência e reanimação (VMER)de Portalegre estava a funcionar em Março de 2007, depois de ter sido anunciada para Junho de 2006.
Hoje está prevista o funcionamento em Junho de 2007.
Todos sabemos que o actual director do Hospital José Maria Grande (Hospital Distrital) de Portalegre era muito incompetente e já se servia dos bens do estado para dar consultas particulares no mesmo hospital usando meios e funcionários do referido hospital, mas agora fica mais uma vez provado que este "boy" do PS de Portalegre é mesmo um incompetente.
Senhores deputados do PS de Portalegre Senhor Governador Civil de Portalegre estão à espera do quê para se demitirem?
Vocês são cumplices desta situação toda!

 
At 19 de janeiro de 2007 às 23:37, Anonymous Anónimo said...

"O que se há-de fazer!?"

Um cidadão, residente no concelho de Odemira, foi "colhido por um automóvel" quando seguia - na sua vida - de bicicleta.
O seu nome, António José Oliveira. Eram 7.30 da manhã, tinha 57 anos e muitos de trabalho e, sem sorte nenhuma, estava no local errado e na hora errada.
Era, do mesmo modo, um cidadão obscuro.
Não tinha cunhas, não era conhecido dos jornais, não era doutor nem escrevia em blogs e consta que nunca foi ao Plateau, ou ao Lux.
Nada o poderia salvar, portanto.
E assim foi.
Há momentos, fatais, na nossa vida. Inimagináveis.

O nosso cidadão, foi levado para o SAP de Odemira, que não "dispõe", esclarece, de meios assistenciais, para tamanha gravidade.
Passavam 3 horas, entretanto, desde o incidente

[Correia de Campos, algures andava em trabalhos ministeriais, com agarrado séquito emplumado. O trabalho governamental é uma canseira afamada. Uma escravidão solene.]

Ao António José Oliveira, cidadão residente no concelho de Odemira, foi-lhe concedido uma "viatura de emergência e reanimação do INEM", vinda de Beja.
Mais 1 hora na espera.
Outra, ainda, para "estabilizar a vítima".
O padecente era, evidentemente, o próprio cidadão e a putativa "estabilização" - 5 horas passadas - era para "evacuar o ferido por helicóptero", para o Santa Maria.
Em Lisboa, capital do império.

Não chegou em vida, o nosso cidadão, ao Hospital de todos os enfermos. 7 horas se passaram.
Azar, como se percebe, existir uma única viatura "com apoio médico" em todo o distrito.
Infelicidade chamar-se António ... José Oliveira.
Infortúnio habitar no distrito de Beja.
Viver em Portugal.
Ser cidadão europeu.

Entretanto, em fugidia observação à TVI, Correia de Campos, o perturbado político, diz não ter "disponibilidade na agenda para fazer comentários" ao sucedido.
O trabalho, afinado, da destruição do SNS assim o exige e (sabe-se) a agenda política nunca acaba.
Depois, rezam as croniquetas, ficou curioso para saber se "alguma coisa de errado funcionou".
Perfeito de humor, este ministro.

Do mesmo modo, convidado a pronunciar-se sobre o infeliz facto e o apoio assistencial dado, um irmão do nosso cidadão disse à TVI: "O que se há-de fazer!??".
E, na verdade, está tudo dito.
Que podemos fazer com este ministro, este Ministério, este País?
Pode-se saber?
Ou já não há salvação?

 
At 20 de janeiro de 2007 às 16:30, Anonymous Anónimo said...

Imaginm que o acidentado se chamava coreia campos, demorava quanto tempo os socrros?
Seriam num apuce pq teriam de salvar a mente brilhante que quer reduzir os encargos do estado matando os contribuintes.
Sao estas pessoas que dao ma fama a este rectangulo.

 
At 20 de janeiro de 2007 às 20:14, Anonymous Anónimo said...

E AGORA?
SEU GRANDE FILHO DA PUTA CORREIA DE CAMPOS!

lentejo
Odemira: homem morre de ataque cardíaco mais de quatro horas após alerta de socorro
20.01.2007 - 19h08 Lusa


Um homem de 57 anos morreu hoje no centro de saúde de Odemira (Beja), vítima de ataque cardíaco, mais de quatro horas depois de accionada a emergência, disseram fontes dos bombeiros e da ARS/Alentejo.

O porta-voz da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, Mário Simões, disse que a morte do homem foi declarada no centro de saúde de Odemira às 13h40, quase quatro horas e meia depois de accionado o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Fonte dos bombeiros de Odemira explicou que a emergência foi accionada cerca das 09h15, tendo a vítima sido socorrida meia hora depois, por uma ambulância da corporação, na Praia da Atalainha (Zambujeira do Mar), local onde se encontrava caída e para o qual se havia deslocado para a prática de pesca desportiva.

A 8 de Janeiro, um homem de 54 anos, que sofreu ferimentos graves ao ser atropelado, também na zona de Odemira, só deu entrada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa - onde viria a falecer dias depois -, mais de seis horas após terem sido accionados os primeiros meios de socorro.

De acordo com o porta-voz da ARS do Alentejo, o alerta de socorro para o INEM foi dado às 09h17, tendo a vítima sido transportada pelos bombeiros e dado entrada no centro de saúde de Odemira às 10h40.

Já no centro de saúde, segundo Mário Simões, o homem foi observado, tendo-lhe sido diagnosticado edema pulmonar agudo por enfarte do miocárdio.

Segundo o relato do porta-voz da ARS, os médicos do centro de saúde chamaram, cerca das 11h00, a viatura médica de emergência e reanimação (VMER), sedeada no Hospital de Beja.

O INEM esclareceu que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) "recebeu às 11h01 um pedido do centro de saúde de Odemira para apoio à transferência de um doente com enfarte agudo do miocárdio para o Hospital de Beja".

"Face à necessidade de acompanhamento médico, foi de imediato disponibilizada a VMER de Beja, que chegou ao centro de saúde de Odemira pelas 11h50", precisou o INEM.

De acordo com o instituto, "a equipa médica iniciou as medidas de estabilização com vista ao transporte assistido do doente, mas face à deterioração progressiva do quadro clínico foi decidida a transferência para um Centro de Cardiologia de Intervenção, em Lisboa".

Entretanto, apesar de aplicadas todas as medidas terapêuticas adequadas, alega o instituto, "o doente entrou em falência cardíaca aguda e fez paragem cardio-respiratória pelas 13h00".

O instituto assegura ainda que foram efectuadas manobras de reanimação durante cerca de 40 minutos, tendo sido verificado o óbito às 13h40.

O helicóptero pedido chegara ao centro de saúde local às 13h15.

 
At 21 de janeiro de 2007 às 19:26, Anonymous Anónimo said...

Viver e morrer em Odemira
Não gosto de esconder factos aos leitores. Nasci, tenho família e amigos em Odemira. Conheço os locais onde morreram António Oliveira e Fernando Santos, a geografia do concelho, os meios dos bombeiros e a sua dedicação à missão humanitária, as carências do Centro de Saúde. Por isso sinto a autoridade suficiente para dizer que aqueles são apenas as vítimas mais tragicamente conhecidos de uma catástrofe que há anos se repete em Odemira e que é a quase total ausência de meios materiais e humanos na área da saúde. Não há meios de emergência médica, não há médicos, não há equipamentos, não há especialistas, não há nada! Os hospitais mais próximos são os de Beja e Setúbal, que ficam a 100 e 150 quilómetros. Morre-se em Odemira por falta de assistência na estrada ou nas praias mas também se morre porque uma consulta de cardiologia em Beja pode nunca acontecer ou já muito tarde. É isso que costuma acontecer aos mais idosos em Odemira, assistidos em Beja e mandados para casa morrer. Viver em Odemira é muito difícil mas morrer é escandalosamente fácil. E é mais escandaloso que em parte isso fique a dever-se ao facto de ali viver pouca gente, ou seja, poucos votos, escassa ou nenhuma capacidade de influência social e política junto dos governos. Como, aliás, se tem visto nos últimos dias ouvindo o que dizem tanto o ministro da Saúde como alguns altos responsáveis pela emergência médica.

Eduardo Dâmaso
21 Janeiro 2006
in Diário Notícias

Infelizmente algumas das medidas economicistas em desenvolvimento na área da saúde, vêm sublinhar as Odemiras que existem no Alentejo, onde é cada vez mais difícil viver e escandalosamente fácil morrer.

 

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