NO MELHOR PANO CAI A NÓDOA

Quando há cerca de três ou quatro meses, o Presidente da Câmara de Ponte de Sor descobriu que a Junta de Freguesia de Galveias estava prestes a inaugurar uma piscina pública, que, por erro de implantação, saía do perímetro urbano da vila e invadia uma área afecta à reserva ecológica nacional, um comunicado, qual tiro de rajada que procurava, pelo menos, ferir tudo e todos, a denunciar as graves ilegalidades, não se fez esperar…
A maioria PS na CMPS fez então aprovar actos administrativos contra a Junta de Freguesia, o seu presidente e o executivo, disseminando ofícios e notificações e difundindo notas de imprensa de que havia ilegalidades gravíssimas e um atentado ambiental nas imediações de Galveias.
Dos resultados, e só um debate sério o demonstraria, ninguém negou a evidência de como o complexo das piscinas se sobrepõe a uma linha que, se tiver um milímetro de espessura, equivale a 25 metros no terreno. Ninguém negou, de facto, que estávamos perante uma desconformidade com o Plano Director Municipal de Ponte de Sor.
Mais uma vez claro está, e para não variar, a forma como foi desempenhado o espírito de entreajuda de Taveira Pinto, é que se questionou. Mas a população de Galveias percebeu a golpada e a politiquice!
Mais recentemente, têm surgido em jornais nacionais, notícias de que junto à Albufeira de Montargil estão a decorrer obras que indiciam ilegalidade. Os factos então tornados públicos reportam-se a obras de construção que deveriam ser de ampliação e à ocupação da faixa do domínio público hídrico, ao longo da albufeira, no Monte da Sagolga e junto ao Hotel Barragem.
A barafunda de designações que ninguém de direito sabe justificar, ou não quer, estão integradas em zonas fortemente condicionadas do ponto de vista urbanístico, em área sujeita a um plano especial de ordenamento do território, na reserva ecológica nacional e na rede natura – sítio de Cabeção/Aldeia Velha.
Com já não é de estranhar, sobretudo onde não há controlo editorial, Taveira Pinto, no seu tom habitual, esperneia no primeiro acto: isto é obra dos comunistas (desta vez associados a malfeitores ecologistas) que estão contra o desenvolvimento do concelho.
No segundo acto, a culpa desta vez não é de nenhum técnico municipal. É, pasme-se, do Eng. Almeida Coelho, vereador do pelouro.
Neste momento, não questiono sequer se o projecto deu entrada nos serviços de obras do município. Mal andaríamos se, nem sequer tivesse havido análise e despacho sobre uma operação urbanística requerida por um cidadão mais especial que o normal.
Neste momento, questiono-me se houve parecer favorável ou desfavorável sobre a operação urbanística. Neste momento, interessa perceber, mesmo correndo o risco de me repetir na análise, se há fundamentos sérios e explicações verídicas quanto aos factos ocorridos e entretanto noticiados.
Penso não correr o risco de partilhar com todos, que neste momento assistimos a uma esgotamento ético, político e moral deste executivo PS, encabeçado por Taveira Pinto.
Com posturas públicas destas, o presidente da Câmara corre o sério risco de fazer engrossar inesperadamente o grupo dos que se vão rindo às gargalhadas dos sucessivos números circenses.

João Pedro Amante
in: Jornal A Ponte,
ed. Julho.2007