sexta-feira, 6 de julho de 2007

A ISTO PODERÁ CHAMAR-SE DEMOCRACIA?

As crónicas da comédia política já esgotaram todos os eufemismos para falar da relação entre vitórias eleitorais e assalto ao poder.

Mas só agora se chamam os “boys” pelos nomes. O deputado Vítor Batista, socialista eleito por Coimbra, proclamou em S. Bento para que o País ouvisse que o PS ganhou as eleições “para nomear pessoas”. É o que vem na imprensa de ontem: “Ganhámos as eleições para nomear pessoas”.

O deputado teve este desabafo quando tentava acalmar um par da sua bancada que, exaltadíssimo, gritava que as nomeações partidárias “são normais, tendo em conta os resultados eleitorais”. Diga-se que a discussão foi suscitada por actuações do PS, que é quem está actualmente no poder, mas aqui não há dissemelhanças no comportamento dos partidos. É assim com o PS como foi com o PSD e até, por tabela, com o CDS que não ganhou eleição nenhuma. E com as eleições e o poder local a lógica do sistema é idêntica. Só há diferenças no tamanho e quantidade das fatias do bolo. E é assim desde que existe o parlamentarismo em Portugal. Já Eça e Ramalho discreteavam sobre a matéria, com a Ramalhal Figura a gozar com “todos aqueles que maçam os ministros com cartas de empenho para abiscoutarem empregos”.

Mas agora está dito e escrito que é assim mesmo: “Ganhámos as eleições para nomear pessoas”. E isto dito por quem tem um extenso currículo a sustentar a autoridade de tudo quanto possa proclamar sobre a matéria. Quer dizer: pede-se ao povinho um voto para levar um representante ao Parlamento e, somados os votos, tomam-se de assalto os empregos da administração. Se possível os empregos todos. E ai dos vencidos.

E a isto poderá chamar-se democracia? Será mais correcto e justo chamar-lhe saque.


João P.Guerra

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3 Comments:

At 7 de julho de 2007 às 00:14, Anonymous Anónimo said...

Legenda para o vídeo:
Portugal, 24 de Abril de 1974, pela secretária de Estado da Saúde Carmen Pignatelli

 
At 7 de julho de 2007 às 00:17, Anonymous Anónimo said...

Um dia destes, o Joaquim Letria, no «24 horas», desabafou:
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Como pode o PS e as pessoas boas que por lá andam deixarem-se comparar a um bando de bufos, serem um tumulto de gente vingativa e sem maneiras à mesa do Orçamento, depois de se terem batido contra a ditadura e pela liberdade em 75?!

Tudo descambou com o cheirinho a azedo do guterrismo, essa espécie de socialismo de comandantes da Mocidade Portuguesa, com perfume de sacristia. Foi aí que o Terço dos Filhos da Mãe desfraldou estandartes, benzendo-se após cada atrocidade. Juntaram-lhes cursistas da UEC e arrependidos do PC, soltaram os pitbulls dos maravedis e misturaram-lhes, em lume brando, os comissionistas do Centrão. Hoje em dia, perseguem tudo e todos sem vergonha!

Não tarda que ostentem o “crachá de ouro” e assinem os respectivos diplomas uns aos outros, com selo branco, para não haver dúvidas. Bem podem mandá-los emoldurar, para os mostrar às mães e deixá-los aos filhos. Cheios de orgulho!

 
At 7 de julho de 2007 às 00:19, Anonymous Anónimo said...

Agora já compreendi ..., depois de ter visionado o video mais de 50 vezes. Cito de cabeça, "Nas nossas casas, nos cafés, nas esquinas com os NOSSOS AMIGOS". A dificuldade está em saber quem são OS NOSSOS AMIGOS! O Charrua (o engraçado do Porto) também pensava que estava entre amigos e ... ops!!! P.I.D.E./D.G.S. (Ponha Imediatamente o Difamador na Escola/Desinforme o Gabinete do Sócrates).

 

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