BUFOCRACIA
No excelente filme alemão As Vidas dos Outros, que se mantém heroicamente em cartaz numa sala de Lisboa, assiste-se a dado momento do enredo ao caso de um funcionário da ex-RDA, personagem secundária do filme, que conta uma história jocosa relativa a Erich Honnecker.
Não há reacções aparentes dos superiores hierárquicos que assistem ao episódio. Mas o filme segue e, no final, acompanhando o destino do protagonista, o espectador vai saber que o funcionário, afinal, foi drasticamente punido e despromovido.
É assim, mais ou menos, como em Portugal, 33 anos após a instauração da democracia, 18 anos após a queda do Muro de Berlim, estando no governo um partido que se reclama, por razão e tradição históricas, campeão da tolerância.
Em cima do caso da instauração de um processo disciplinar a um professor por ter dito uma piada sobre as habilitações do primeiro-ministro estala o caso da directora de um SAP demitida por não ter tomado medidas contra um cartaz jocoso sobre o ministro da Saúde.
Mas esta fúria persecutória por parte de dois ministros que disputam entre si o lugar do fundo da tabela da popularidade, sendo gravíssima, nem sequer é o aspecto mais inquietante.
O mais preocupante de tudo isto é o clima Orwelliano de delação interesseira, de bufaria interessada, que parece estar instalado no País.
O professor foi denunciado pelo amigo com quem almoçava todos os dias.
A directora do centro de saúde foi denunciada pela zelosa organização local do PS que, aliás, já viu o lugar da demitida atribuído a um dos seus.
É horrível mas inelutável pensar isto: em 1974 havia em Portugal cerca de 30 mil informadores da PIDE, mas só não houve mais bufos por falta de oportunidade histórica.
João P. Guerra
Etiquetas: Câmara Municipal de Ponte de Sor, Partido Socialista, Portugal
3 Comments:
Portugal não é governado por poetas. É liderado por homens e mulheres que pensam através de números. Neles não há "se": há "quanto". A poesia nunca se deu bem com a política, especialmente a destes tempos em que tudo tem a ver com resultados. A poesia liberta. O Governo actual é o Robespierre da poesia: corta a mão do pensamento.
O Governo usa a lupa para ver melhor o que não o deixa dormir porque julga que o pode pôr em causa. E esquece-se de olhar para assuntos que são verda deiramente importantes. Veja-se o que se passa na raia. Na maternidade de Badajoz, médicos, enfermeiros e funcionários espanhóis aprendem por tuguês. Porquê? Em 3000 partos ali realizados, 260 foram de portuguesas. O Governo português fecha. Os espanhóis aprendem a nossa língua. E ganham com isso. Clientes e dinheiro. Mas, com a cabeça enterrada no chão na sua política de avestruz, o que é que interessa ao executivo do sítio? Coisas mais importantes, como calar as frases jocosas e ler a correspondência dos funcionários, não vá alguém, no meio dessas missivas, ter alguma ideia irónica sobre os iluminados seres que nos governam. O Governo não pode argumentar que os seus Edgar J. Hoover de pacotilha actuam à sua revelia. Se assim não fosse os ministros já tinham actuado. O executivo indígena já descobriu o pilar da democracia. Ele é Robert Mugabe. Entre Badajoz e o Zimbabwe, o executivo já escolheu o que quer. Começa a ser necessário uma atitude. Simples e sensata. Remova-se esta forma de governar. Já.
De facto com estes senhors o nosso Pais adquiriu o titulo d eRepublica das Bananas, e uma balda anedotica so faltava os metodos pidescos.
por favor nao comparem os Politicos Espanhois com os nossos.
Quando os burros ptrugueses desaparecerem vamso mas e ser governados pelos inteligentes de Madrid
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