segunda-feira, 23 de julho de 2007

PPD/PSD

Estive a contá-los e lembro-me de uns 14 presidentes do PPD/PSD.

Do que não me consigo lembrar é de um momento de paz interna no partido, a não ser a paz podre relativa de algum tempo dos governos de maioria absoluta. Os putativos dirigentes andavam muito ocupados com outras coisas. O PSD é um partido de poder e na oposição vive em guerra aberta consigo próprio.



De resto, nem Sá Carneiro gozou de paz interna e várias vezes teve que bater com a porta. Depois de vários dirigentes a termo incerto veio Pinto Balsemão a quem Marcelo, Santana e Cavaco, entre muitos outros, fizeram a vida negra. E depois Mota Pinto, com os contestários do costume. E então Cavaco Silva que, com oito anos de maioria absoluta, conseguiu satisfazer quase toda a sua gente. Mesmo assim, lá para o final dos tempos, digladiavam-se na sombra os diversos candidatos a delfins. Cavaco Silva escolheu Nogueira mas já se calculava que era para perder. Depois sucederam-se Marcelo que, mal as coisas tremeram, viu os seus incondicionais fugirem-lhe para as hostes do inimigo. Depois Barroso, sulista, elitista e liberal. A seguir Santana, com as costas cheias de cicatrizes das facadas que levou. E agora Marques Mendes.

Os jornais de ontem dividiam-se: uns diziam que os cavaquistas, com os barrosistas, entendem que do mal o Mendes, outros diziam que os cavaquistas querem atirá-lo ao Rio. O Mourinho de Cavaco Silva dizia no jornal que quer Mendes até 2009, a disputar as legislativas com Sócrates. Talvez para as perder e manter a actual coabitação.

Segue-se um conselho nacional, as férias, a rentrée, o Pontal na modalidade Quarteira, as directas. Não avança alguém com ideias sem ser apenas a ideia fixa do poder?


J.P.G.

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12 Comments:

At 23 de julho de 2007 às 15:52, Anonymous Anónimo said...

O PSD E A CRISE DOS PARTIDOS NA DEMOCRACIA PORTUGUESA

«Os problemas do PSD são estruturais, como aliás os do PS, mas revelam-se pela conjuntura mais nitidamente do que os do PS, porque o PSD está na oposição e na oposição pobre, sem grandes expectativas nem esperanças. Estivesse ele no poder e pareceria pujante, como parece o PS. Parece, mas não seria, porque provavelmente estaria tão morto como o PS hoje está.

Na oposição pobre tudo se revela, a fragmentação sectária no aparelho, o afastamento das elites, a fuga de personalidades para o lado do poder socialista, o cansaço das "bases", a competição quase mortal pelos fragmentos de poder que sobram (o grupo parlamentar para começar), a sensação de inutilidade, irrelevância e impotência. Antes de se andar no jogo das personalidades em cima e das "espingardas" em baixo, a crise de direcção é propícia, para se discutir esses factores estruturais e os momentos conjunturais que a revelam. E, se não é, deveria ser.

Esses factores estruturais compreendem três processos destrutivos de diferente amplitude, mas todos contribuindo para a crise de partidos como o PSD e o PS, embora com formas e tempos diferentes. O primeiro desses processos é comum a todas as democracias modernas e consiste na erosão dos mecanismos representativos e de mediação sem os quais não é possível a democracia. Essa erosão, que atinge parlamentos, partidos, sindicatos, escolas, etc., tem a ver com o duplo processo de acesso das grandes massas aos consumos materiais e "espirituais", logo ao exercício de poder em áreas onde nunca tinham tido papel, e a subsequente pulsão para a demagogia que as novas tecnologias potenciam. As democracias estão a tornar-se demagogias e, num mundo "participativo", "interactivo", em "tempo real" e com votações instantâneas na Rede ou por telefone, as instituições de mediação não são necessárias, nem nada que "limite" o povo, como a lei. A lei é o "povo" que a faz a cada momento. Nem parlamentos, nem partidos, nem o controlo dos "pares" para os artigos da Wikipédia, mas sim tudo em directo, sem edição (como os blogues), aberto ao "povo" (como as caixas de comentários sem moderação ou o Fórum da TSF), apenas o pão garantido pelo Estado e acima de tudo entretenimento, circo, felicidade embalada. Que sentido tem votar, dar poder a alguém, se "nós" o podemos exercer "em directo"?

Osegundo processo já é especificamente português e tem a ver com o facto de os partidos democráticos, o PS, o PSD e o CDS, terem sido "auxiliados" pelos construtores do nosso Estado democrático para crescerem depressa e se consolidarem, para contrariar o poder do único partido verdadeiramente existente à data do 25 de Abril, o PCP. Por estas razões, os partidos políticos receberam constitucionalmente uma hegemonia completa do espaço público, detendo o monopólio quase perfeito da participação eleitoral, com excepção das eleições presidenciais. Só com muita dificuldade aceitaram a concorrência de independentes nas eleições autárquicas e continuam a manter o monopólio nas eleições para deputados, o último reduto do poder interno das direcções partidárias. O crescente papel dos independentes, mesmo imperfeitos, mostra que esta hegemonia está a rebentar pelas costuras.

Oterceiro processo é o resultado da conjugação dos dois anteriores com a nossa história política pós-25 de Abril, que envolve a dinâmica política entre o PSD e o PS, e, em menor grau, mas também presente, entre o PSD e o CDS e agora o PP. Esta dinâmica política tem duas componentes, uma de carácter político e ideológico, e outra do modus operandi e do modus vivendi. Deixarei, para já, de lado as questões políticas e ideológicas, para olhar para os factores de crise propriamente partidários.

Para começar, existe a ideia de que se pode em democracia, ou melhor, se deve, prescindir dos partidos ou pelo menos minimizá-los, quando há coisas sérias para fazer, como seja governar. Nessa altura, convém pôr os partidos a milhas, e essa foi uma doutrina que com Ramalho Eanes na presidência e Cavaco Silva como primeiro-ministro ganhou foros de prática. É uma ideia que em Portugal tem um pano de fundo muito poderoso, o esconjurar da "porca da política", numa tradição que já vem do século XIX e que ganhou fortes raízes na mentalidade popular e das elites com os 48 anos de política de "união nacional", baseada na conjunção do autoritarismo com o ódio ao conflito. Este pano de fundo encontrou expressão nalgumas ideias do PREC, mostrando a mesma rejeição do confronto democrático e dos partidos a favor de unanimismos salvíficos num MFA suprapartidário em que se votava em branco. Nos dias de hoje manifesta-se em concepções tecnocráticas do exercício do poder, que se apresentam como resultado da eficácia empresarial e do saber técnico acima da "partidarite" e das "divisões entre portugueses", a favor dos "consensos", com predominância da linguagem yuppie dos gestores modernos e da imprensa económica.

Neste contexto, várias coisas começaram a correr mal no PSD desde que no tempo de Cavaco Silva se começou a acentuar a separação entre o exercício do Governo, assente em núcleos políticos muito restritos de confiança pessoal, deixando o partido para a gestão corrente e as tarefas menores. Esse divórcio agravou-se pela falta de fiabilidade dos órgãos partidários para actuarem com a reserva e a discrição que o processo de decisão implicava. Sob pressão da comunicação social, num momento de grande agressividade antigovernamental e de competição entre os jornalistas entre si por oportunidades de carreira, prestígio e salário na altura muito razoáveis, os órgãos partidários, conselhos nacionais, comissões políticas começaram a transformar-se em "fontes com pernas". Nada se podia decidir que não aparecesse antes, durante e depois nos jornais, interpretado pela "fonte" e pelos jornalistas em função das suas simpatias pessoais e políticas. A qualidade decisória e de aconselhamento desses órgãos, que necessita sempre de uma certa reserva e de um tempo diferido de divulgação, foi-se degradando e correlativamente aumentaram os órgãos informais, que não respondiam a não ser na base da confiança pessoal. Esses "núcleos duros", task forces, começaram a proliferar ao lado dos órgãos formais, afastando a política e as decisões políticas de órgãos eleitos.

Essa evolução para a concentração no Governo e em órgãos informais no tempo de Cavaco Silva foi patente, aliás, nas escolhas de secretários-gerais para o partido, em que depois de uma direcção política (Dias Loureiro) se caminhou para uma gestão técnica (Falcão e Cunha). Acentuou-se assim a divisão entre os que controlavam as decisões políticas e se acantonavam no Governo e os que eram barrados desse controlo e eram deixados apenas à gestão corrente dos seus interesses, a quem foi deixado o partido.

Não foi um processo pacífico, porque o PSD estava então muito mais vivo do que o PS está hoje no poder, mas levou rapidamente à ascensão e rigidificação de uma burocracia partidária oligárquica que se instalou nos seus pequenos poderes nas secções, fechando o partido a qualquer competição, acentuou a tendência para os sindicatos de voto, instalou a JSD e os TSD como "partidos paralelos" com quotas de poder interno, instituiu "carreiras" que viviam apenas e só do controlo interno. O partido começou a ter mais "vida interna" do que influência externa e a perder a relação com os sectores mais dinâmicos da sociedade, os self-made man que tinham sido a causa do seu sucesso no passado e que agora não queriam ter nada a ver com o PSD.

Estas tensões estavam patentes na conflitualidade entre "loureiristas" e "nogueiristas", a origem próxima de muitas fracturas dos dias de hoje.»

José Pacheco Pereira
Jornal Público
21/Julho/2007

 
At 23 de julho de 2007 às 22:12, Anonymous Anónimo said...

O dr. Marques Mendes devia criar as condições para que os cento e vinte mil militantes do PSD se possam candidatar, querendo, ao seu lugar. Sobretudo propiciar - já que são muitos - que se "arrebanhem" em grupos, dirigidos por um militante mais "informado" que lhes pague as quotas até ao natal e que, em caso de necessidade, indique o seu endereço para os acolher.
Há cerca de três anos abandonei o PSD. Enviei uma carta com o cartão ao secretário-geral e recebi uma amável carta em troca que me informava da "desfiliação".
Mesmo assim, continuei, durante uns tempos, a ter as quotas em dia... Ou seja, alguém pagou, sem que eu lhe pedisse, as quotas que nem sequer já devia. E, antes disso, aquando de um congresso qualquer em que me interessava votar, dirigi-me à Lapa para pagar quotas em atraso. Paguei e, pouco tempo depois, devolveram-me o dinheiro porque, afinal, já tinham sido pagas.
Só conto isto para que se perceba por que é que, eventualmente, Mendes acabe por ir sozinho às "directas".
Não é bom para ele, nem para o partido, nem - concedo - para o país.
Todavia, pior é eternizar os caciques e servir-se deles para constituir os chamados sindicatos de voto que ninguém controla. Menezes, no seu choradinho, "esqueceu-se" de mencionar esta evidência e estranho que Ferreira Leite, sempre tão firme e hirta, lhe tenha dado indirecta razão.
O problema é outro.
Todos, como bons cobardolas, "guardam-se" para umas quaisquer "vacas gordas" depois de 2009, à espera que Mendes perca estrondosamente contra a situação. Acontece que, com ou sem Mendes, não se vislumbra sucesso na direita em matéria de pastar a vaca, dado o estado anestesiado e bovino em que nos encontramos por obra e graça do novo senhor do dr. Júdice. Provem-me que qualquer das salvíficas alternativas a Mendes é melhor do que ele e depois falamos.

 
At 23 de julho de 2007 às 22:13, Anonymous Anónimo said...

Marques Mendes arrisca-se a ir sozinho às directas de 28 de Setembro. Por um lado, as manobras do aparelho dissuadem os rivais. Por outro, ninguém em seu perfeito juízo vai perder a oportunidade de o ver cozer em lume brando até 2009. Rui Rio deu outro dia uma resposta sensata: «O meu compromisso é com a Câmara do Porto. A democracia tem regras...» Elementar. Menezes e Aguiar-Branco, aparentemente, não têm pruridos. Mas intuíram o risco de desastre. Santana, que é quem talvez pudesse galvanizar metade do partido, provocou tantos anticorpos que teria contra ele todas as facções que sobram (e perdia). O problema é que não é fácil ser oposição a este governo. Dito de outro modo: um partido da Direita, com ambições de ser governo, tem muita dificuldade em opor-se ao actual governo. Porque o actual governo tem feito tudo o que a Direita queria fazer mas não foi capaz enquanto esteve no governo. Isso é notório em várias áreas, com particular incidência na política financeira, na reforma do Estado, na saúde, na educação, na administração interna, na defesa nacional e na justiça. Na justiça chegou-se mesmo a um pacto entre o PS e o PSD. Mas noutras áreas o desnorte é total. Por exemplo, tem sido patético assistir às cambalhotas do PSD em matéria de reforma do Estado. Às segundas, quartas e sextas, o governo é trapalhão e não pára de alimentar o monstro. Às terças, quintas e sábados, coitados dos funcionários que estão a um passo de ser despedidos, e os que não forem despedidos sofrem vexames e perseguições que fariam corar Salazar e Vasco Gonçalves. De cada vez que a CGTP, como lhe compete, faz uma manif, o PSD, como não lhe compete, aplaude a manif e agita o espantalho do descontentamento popular. Em que ficamos? Querem mais Estado ou menos Estado? Cadilhe, que não é líder do partido, nem candidato, pôs as cartas na mesa: «Deve-se despedir 150 mil funcionários e indemnizar segundo as regras do mercado.» Ao contrário, Mendes tem um discurso populista que fará dele a primeira vítima se tiver o azar de ter de formar governo. Basta recordar o que foram os 26 meses do governo Barroso para perceber que o PSD foge da acção como o diabo da cruz. O PSD está no impasse em que estão todos os partidos com vocação governamental que têm o azar de ser oposição com um governo forte. Constâncio, à frente do PS, não foi melhor do que Mendes está a ser à frente do PSD. Verdade que Constâncio tem outra preparação técnica, mas o líder da oposição tem de ser um político, de preferência com eles no sítio.

 
At 23 de julho de 2007 às 22:15, Anonymous Anónimo said...

Afinal, Menezes avança. Com ar de prisão de ventre, mas avança. Avança para que não haja... «funcionários públicos perseguidos». Não é tocante?

 
At 23 de julho de 2007 às 22:21, Anonymous Anónimo said...

"Alguém acredita que é possível no mês de Agosto reflectir, apresentar e discutir quaisquer ideias para o partido e o país?" A frase é de José Pedro Aguiar Branco, ex-provável candidato a líder do PSD no amabilíssimo processo eleitoral que o partido promove em Setembro. Aguiar Branco tem razão no que diz - mas, para sermos mais generosos, podemos alargar o sentido da própria frase e alterá-la sem mencionar o papel que Agosto poderia ter na matéria "Alguém acredita que é possível reflectir, apresentar e discutir quaisquer ideias para o partido e o país?" Não é preciso estar lá Agosto - para nada.

Ora, a gente vê o dr. Marques Mendes e tem dúvidas - não sobre o homem em si, a sua intimidade (digamos), a sua tenacidade, a sua capacidade de ter "ideias para o partido". Mas há dúvidas. E a culpa, vamos e venhamos, é de Marques Mendes. Isto não faz dele um personagem antipático ou menosprezável; o PSD tem para com Marques Mendes uma dívida incalculável. Mas trata-se do partido. O partido que resolva essa dívida.

É verdade que Marques Mendes foi o primeiro a avançar para a luta contra um Santana Lopes engripado e aniquilado pela derrota nas eleições de Fevereiro de 2005; foi penoso, na época, ver o PSD dominado pela "guerra do empurra", esperando para ver quem seria o líder a trucidar durante a temporada de maioria absoluta do PS. O PSD está cheio de senadores, valha a verdade, e de especialistas em ter "ideias para o partido" (que geralmente se reduzem ao pagamento de quotas, à contabilidade das concelhias, à troca de favores, às prioridades da "jotas" ou do pessoal que esteve "com Cavaco" - na altura em que era fácil estar com Cavaco); mas o papel dos "senadores" é especial. Alguns deles desertaram; ou se passaram para "o inimigo" ou lhe fazem "favores", ou então dedicaram-se com mais proveito à "privada", depois de terem exercido no "público" durante os anos em que havia lugar para todos. O poder deixou de lhes interessar pela devastadora razão de que já não o têm. Eles aparecem, a espaços; mas nunca têm disponibilidade, ou nunca estão reunidas "as condições" ideais. No PSD, o papel dos "senadores" é esperar. Sejamos velhacos esperar, para entrar; e esperar, para sair. Para muitos deles, o PSD é uma sala-de-espera. Até aparecer "qualquer coisa".

É evidente que os partidos necessitam de exercer o poder e de o ocupar. Mais. Para existir, precisam de querer ambas as coisas. É isto que falta ao PSD ter ideias para exercer o poder. Por isso, a gente olha para Marques Mendes e tem dúvidas. Nota-se-lhe a determinação, nota-se-lhe o jeito para manobrar, decidir, escolher. Mas, bem vistas as coisas, é o líder de uma sala-de-espera. Muitos dos seus frequentadores esperam uma oportunidade, outros esperam que "a coisa" não quebre (arrastando-se pela legislatura, penosamente), e uma larga maioria espera outro líder, enquanto outros, diligentes funcionários, arregimentam concelhias, distritais e quotas em atraso. Disso se tem feito grande parte da vida do PSD nos últimos tempos. Disso e da "política imediata", com Marques Mendes usando os rumores que a imprensa faz circular, que os blogues avançaram há muito ou que outros militantes, de menor peso, arriscam transformar em temas sérios.

Transformar a vida do PSD numa luta entre Marques Mendes e Luís Filipe Meneses ou um alegado "gabinete barrosista" (quem?), é uma novela de família, um folhetim de costumes. Mas não dá ideia de mobilização, nem de debate, nem de vontade. Muitos têm receio da expressão "refundação da direita" (um tema do PP, parece); é justo. O PSD não é o monstro da direita. Mas é um corpo adormecido em busca de refundação, de programa e de gente nova. Os senadores acham isso um exagero. E Agosto, como se sabe, está fora de hipótese.

 
At 24 de julho de 2007 às 14:46, Anonymous Anónimo said...

Não vale a pena estarmos com meias palavras: Marques Mendes não tem condições para ser o candidato a 1º Ministro.

Não tem conhecimentos da vida real - o que é que ele fez até hoje, quais as suas vivências ?- não tem força nem capacidade para mobilizar os portugueses.

Nem a inteligência suficiente para agir. Agora deu a José Sócrates o balão de oxigénio. Deu-lhe a Câmara de Lisboa.

E foi tão estulto que indicou para candidato o juiz que condenou o ex-Secretário de Estado da Saúde , num Governo do PSD!!!

Negrão deixou a Câmara de Setúbal para ser .... vereador na Câmara de Lisboa!!

É esta a ética de Marques Mendes?

Um político tem de ser mais que Marques Mendes. É um verbo de encher.

O José Sócrates brinca com ele!!! Destroi-o em cada debate parlamentar!!

Marques Mendes lê alguma coisa? Estuda alguma coisa?

A solução não é Manuela Ferreira Leite.

Ela significa o passado, o apertar do cinto, o decréscimo do crescimento ecónómico.O desastre do PSD!

Quando é que os dirigentes do PSD vão ter aulas com Sarkozy?

O PSD tem de encontrar alguém com carisma, alguém com capacidade política, com vontade para se sacrificar, para trabalhar, para lutar politicamente.

O PSD ou acerta o passo ou é um "menino" nas mãos do PS.

Marques Mendes fique lá com o lugarzinho de deputado mas desça à sua dimensão política. Dá para viver. O resto ele não tem capacidade política.

Marques Mendes foi oportunista quando atacou Santana Lopes. Mas nem lhe chega as calcanhares!

Marques Mendes fez asneiras sucessivas e nem soube capitalizar o descontentamento popular.

O que quer agora ? Deve ficar calado e deixar o lugar a quem sabe, a quem pode fazer OPOSIÇÃO.

Marques Mendes está a prejudicar o PSD e a prejudicar Portugal.

Paula Teixeira da Cruz o que é politicamente? Nada. É a mulher do Presidente do BCP. Fora!

O "Moralismo Político" de Marques Mendes mete dó, faz pena tal é a falta de senso.É o passaporte para a mediocridade política e para o desastre do PSD.

Ostracizar um candidato porque é arguido num processo? Só por isso?

É tempo de o PSD ter um Secretário Geral com energia, com visão política, que alie um profundo sentido de estado ao conhecimento dos dossiers , culto e com elevada capacidade oratória para saber passar a mensagem e empolgar as pessoas.

 
At 24 de julho de 2007 às 15:08, Anonymous Anónimo said...

Sempre que numas eleições há um vencedor anunciado, também há um derrotado anunciado, é o que vai suceder nas directas do PSD, Marques Mendes vai vencer e Luís Filipe Menezes vai perder. Se toda a gente sabe que Menezes vai ser derrotado, porque razão ele concorre? Luís Filipe Menezes perde uma oportunidade de humilhar Marques Mendes obrigando-o a concorrer contra a abstenção, mas sabe que para ser o futuro substituto do actual líder tem que se manter na corrida.

Marques Mendes vai perder em 2009 e perante mais quatro anos de oposição ninguém com pés e cabeça vai concorrer a líder do PSD, por isso Menezes, um verdadeiro Santana Lopes de aldeia, se mantém na corrida, ele sabe que não havendo alternativa será o escolhido para a liderança do PSD.

 
At 24 de julho de 2007 às 17:51, Anonymous Anónimo said...

José Miguel Júdice diz que PSD e CDS devem fundir-se para serem alternativa ao PS. Vasco Pulido Valente acha que os portugueses não se revêem nos partidos porque, tirando o PCP, não há diferença essencial entre eles: são partidos “da classe média”, sem história e sem identidade.
É curiosa esta reflexão, de dois grandes pensadores, sobre o actual momento político em Portugal. Júdice tem razão quando diz que os eleitores de 20 e 30 anos não se revêem no PSD e CDS. E que grupos de intervenção, como o “Compromisso Portugal”, deviam ser trazidos para os partidos. O problema é que este raciocínio está incompleto. Aquelas pessoas não abraçam os partidos “da classe média” porque estes não se conseguem reformar: PSD, CDS e PS são hoje máquinas dominadas pelos “lobbies” situacionistas, que bloqueiam a entrada de gente com “drive” e ideias novas. É esse o problema. Só que isso não se resolve com “novos partidos”, mas com uma reforma (profunda) das regras de democracia interna dos partidos. Os tais da “classe média” (o PCP continua enfeudado aos dogmas que o viram nascer). Sem essa reforma, não haverá novos líderes. Pessoas carismáticas, capazes de arrastar atrás de si o eleitorado. Como Cavaco, nos anos 90, e Sócrates, agora. Porque só esse tipo de político consegue contrariar a desmotivação criada por partidos que mal se diferenciam.

 
At 24 de julho de 2007 às 17:53, Anonymous Anónimo said...

Quando ao fim de dois anos a popularidade do Governo Sócrates começa a consolidar uma tendência de baixa, custa a perceber a situação em que o PSD se encontra. Há, contudo, várias causas explicativas. Algumas das quais não são da responsabilidade do PSD – por exemplo, as circunstâncias do exercício da oposição em Portugal e o reposicionamento do PS, que é hoje percepcionado como o partido do poder e do reformismo, lugar outrora ocupado pelo PSD. Ainda assim, grande parte dos males que afectam hoje o maior partido da oposição são da sua exclusiva responsabilidade.

Desde logo a experiência governativa Barroso/Portas/Santana, que persiste na memória dos portugueses e sobre a qual o PSD, de facto, nunca reflectiu. É verdade que a afirmação de Marques Mendes foi feita como contraponto a Santana Lopes. O problema é que o declínio eleitoral do PSD e a sua incapacidade de corporizar o descontentamento face ao Governo não têm a ver com Santana Lopes. Este pode ter sido responsável por um conjunto de episódios que marcaram a imagem do partido, mas o essencial da desafectação eleitoral do PSD já vinha de trás, do Governo Barroso/Portas.

Aliás, o destino ficou logo traçado com o discurso inicial, do “país de tanga”. A partir de então, o PSD ficou preso pela incapacidade de conciliar a preocupação com o défice orçamental com iniciativa reformista noutras áreas das políticas públicas. Este quadro, combinado com um discurso ideologicamente contaminado pelo PP nas áreas sociais e com o apoio à invasão do Iraque, afastou o PSD do seu espaço eleitoral tradicional. E, como é sabido, perder eleitores é bem mais fácil do que recuperá-los.

Claro que as responsabilidades de Santana Lopes não podem ser minimizadas. Antes de mais porque se há imagem que não pode estar associada a um partido de centro-direita é a da ingovernabilidade. E depois de Santana Lopes, sobre o PSD, ficou a pairar o espectro da ingovernabilidade. É por isso mesmo que os episódios que levaram à implosão da vereação em Lisboa foram particularmente graves. Com a queda de Carmona Rodrigues, promovida pelo próprio PSD, a ingovernabilidade deixou de estar associada apenas a Santana Lopes e passou a fazer parte da identidade recente do PSD. Com a gestão politicamente desastrosa que levou a cabo em Lisboa, Marques Mendes recolocou o partido onde Santana Lopes o havia deixado.

Perante este cenário, os resultados do passado domingo e a abertura de uma crise interna eram uma inevitabilidade. Marcado pelo lastro do Governo Barroso/Portas e pela ingovernabilidade com Santana/Carmona, o PSD tinha poucas hipóteses de corporizar e representar o descontentamento face a José Sócrates. Se a isto somarmos a inabilidade política que Marques Mendes revelou, percebe-se os 15% que o PSD alcançou.

O problema é que, uma vez aberta a questão interna, a disponibilidade do partido para discutir as verdadeiras causas do seu fracasso eleitoral torna-se ainda menor. Nos próximos tempos, assistiremos a um PSD fechado sobre si próprio e absorvido por questões estatutárias. Nisto, sairá reforçada a ideia de que nada distingue os putativos candidatos à liderança do partido. Embrenhados em discussões processuais, o espaço para uma estratégia de demarcação entre eles torna-se mais exíguo.

Entre avanços e recuos de candidatos, notícias em ‘off’ nos jornais, acusações de cacicagem de parte a parte e arrebanhamento de sindicatos de voto, ouviremos dizer que estas são as razões por detrás do declínio do PSD e explicam a sua incapacidade enquanto maior partido da oposição. Acontece que não é assim: o principal problema do PSD é, sim, nunca ter reflectido sobre as verdadeiras causas da situação em que se encontra actualmente. Resta saber se agora já não será tarde de mais e o que era efeito (uma liderança fragilizada, um partido fechado sobre si mesmo e incapaz de falar para fora) não passará a ser também causa. Se assim for, e com um PS sem competidor, arriscamo-nos, em 2009, a ter umas legislativas pouco mobilizadoras e com níveis de abstenção a lembrar as intercalares de Lisboa.

 
At 25 de julho de 2007 às 12:13, Anonymous Anónimo said...

As posições em confronto no Conselho Nacional do PSD defendiam, uma, que a regularização das quotas pelos filiados que não as tenham pago seja feita até dez dias antes da data marcada para o sufrágio; outra, que os mesmos filiados possam proceder a essa regularização até ao próprio dia em que hão-de exercer o seu direito de voto.

Esta segunda posição diz que a primeira conduz a uma "blindagem" e afirma que assim só poderão votar 20 mil filiados no partido, enquanto, se as quotas pudessem ser pagas até ao dia da eleição, haveria 120 mil a participarem nela. E invoca o caso de outros partidos e até de clubes de futebol que, garante, admitem a possibilidade de as quotas serem pagas até ao dia da eleição.

Venceu a primeira posição, porque a maioria do Conselho Nacional de sábado passado foi sensível a razões que se prendem com a possibilidade de verificação da correcta inscrição nos cadernos eleitorais, com a formulação e o julgamento atempados de eventuais reclamações e com a garantia de total transparência do processo.

De outro modo abrir-se-ia a porta ao caciquismo e à fraude, por ficar excluída, ipso facto, qualquer possibilidade de controlo da regularidade do procedimento de cada militante. Também para as eleições presidenciais, legislativas, autárquicas e europeias há um prazo para inscrição nos cadernos eleitorais que termina muito antes do dia para elas designado. Nem pode deixar de ser assim, como é evidente.

Haverá portanto 50 dias para a regularização das quotas, o que pareceria ao comum dos mortais mais do que razoável e mais do que suficiente para tal efeito, mas a posição derrotada não o entende assim. E este tornou-se o cerne da polémica. Uma diferença de dez dias.

É tudo menos óbvio que mais dez dias tivessem qualquer efeito especial na afluência às urnas. Mas o que é ainda mais difícil de entender é o profetismo estatístico dos próprios pressupostos de que parte a posição derrotada e que podem enunciar-se assim:

- Primeiro, que menos de 20 mil militantes do PSD têm as suas quotas em dia e que, durante os tais 50 dias, tudo o que se conseguirá será, quando muito, atingir esse número e mais nada;

- Segundo, que há mais 100 mil militantes que devem as quotas e não virão a tratar de regularizá-las, apesar de disporem de 50 dias para o efeito, período que excede largamente o das férias de qualquer cidadão que porventura se encontre no gozo delas. Só o fariam se tivessem 60 dias em vez de 50, sendo que os dez dias a mais trariam também a solução miraculosa dos problemas invocados quanto ao sistema de pagamento (vales devolvidos, passwords em falha e coisas assim);

- Terceiro, que essas mesmas 100 mil criaturas nutrem um tal interesse pelo seu próprio partido e vivem a sua militância com tal empenhamento que, além de se precipitarem a pagar as quotas, se auto-arrebanharão para o voto congestionando as urnas, mas só se dispuserem de mais esses dez dias. Nunca menos;

- Quarto, que o PSD, com 100 mil militantes nessa situação, é um partido político digno desse nome e de continuar a desempenhar um papel de relevo na vida do país, como oposição ou como Governo, apesar de, pelos vistos, nada menos de cinco sextos dos seus inscritos não cumprirem a obrigação mais elementar que têm como militantes;

- Quinto, que os adversários de Marques Mendes apenas se disporiam a agir, sintonizados nesse mesmo comprimento de onda, desencadeando acções de persuasão dos militantes faltosos e acções de campanha própria de challengers a sério, se pudessem contar com aqueles preciosos dez dias suplementares.

A questão mais grave não está propriamente na inconsistência pueril de uma rábula que transforma os seus argumentos em portentoso álibi para se dispensar de propor e discutir estratégias para o partido, preferindo ficar agarrada àqueles famigerados dez dias.

A questão mais grave está em que assim se apresenta o PSD como um partido de baratas tontas e se concebe a opinião pública como um bando de tansos sem remédio.

Se é essa a intenção, percebe-se. Mesmo os idiotas são capazes de contar até dez, se o fizerem pelos dedos.

Vasco Graça Moura

 
At 25 de julho de 2007 às 16:03, Anonymous Anónimo said...

Há uma palavra que deve ser a mais repetida no mundo da política: “mudança”. Todos os políticos querem “mudar”. O país, o líder actual, a mentalidade. Isto é, querem riscar do mapa os pecados cometidos e instalar a virtude da sua liderança. O problema é que “mudar” nem sempre quer dizer “alterar”.

Muitos candidatos a líder querem “mudar” para que tudo continue na mesma. Com outra máscara. Um dos problemas do PSD é esse. Exceptuando o aparelho, ninguém gosta do vizir. E, por isso, todos desejam ser califas no lugar do califa. A sucessão do PSD é a versão em carne e osso da história do vizir Iznogud. A saga de Iznogud e do PSD é a do jogo de bastidores. Por isso, caindo o califa Marques Mendes, imagina-se o que será a “mudança”: puramente de colocação das cadeiras internas. É esse o erro da oposição: nada mudará com um novo líder.

A menos que ele traga ideias definidas de reforma da sociedade cinzenta e seguidista em que vive o país. Hoje, a generalidade dos dirigentes são pessoas que desde a mais tenra idade se tornaram funcionários públicos do partido a que pertencem: sobem por antiguidade na carreira. Não conhecem nada para lá dos corredores onde se joga o poder e dos gabinetes com ar condicionado que está cheio de vírus. O PSD não precisa de um novo líder porque é preciso “mudar”. Precisa de bases programáticas de mudança. Claras e reformistas. Que falem à sociedade. E que não interessem apenas aos caciques que contam os dias para se tornarem Iznoguds ou califas.

 
At 29 de julho de 2007 às 13:33, Anonymous Anónimo said...

A história recente intrapartidária no PSD começou com o conflito entre os "loureiristas" e os "nogueiristas" nos anos de Cavaco Silva. Na verdade, esta fractura não apareceu do nada, tinha profundas raízes na história do partido, algumas das quais genéticas, mas só então ganhou a expressão que ainda hoje podemos identificar como actual na crise do partido. Em ambos os casos, os termos estão muito para além dos homens que lhe deram o nome.

O PSD fora feito, em 1974, por um grupo de políticos que tinham tido um papel na primavera marcelista, que tinham acreditado na liberalização prometida por Marcelo Caetano. O facto de a sua ruptura ter sido efectiva e pública, com o afastamento da maioria da chamada "ala liberal" dos lugares políticos na Assembleia Nacional, e de se ter realizado com base em fracturas associadas à democracia, liberdade, direitos e garantias dos cidadãos, com preocupações sociais muito fundadas na doutrina da Igreja, tudo isso permitiu que a legitimidade política de homens como Sá Carneiro permanecesse incontestável no pós-25 de Abril.

Estes políticos da "ala liberal" vinham das profissões tradicionais da política antes do 25 de Abril e dos meios sociais certos, mas a eles juntaram-se depois do 25 de Abril algumas estruturas locais quer da oposição moderada anticomunista, quer oriundas do regime ditatorial. Enquanto o PS e o CDS recebiam alguns dos altos quadros do regime de Salazar e Caetano, reciclados em particular pela Maçonaria, o PSD viu facilitada a sua implantação regional pela adesão de algumas "forças vivas" locais que tinham estado, mais por necessidade do que por ideologia, ligadas à Acção Nacional Popular. Esta situação, consolidada pela luta anticomunista (juntamente com o PS) e com a luta pela democratização política e económica (aqui já mais o PSD do que o PS), manteve a lógica intrapartidária em termos próximos dos iniciais. O facto de o partido não ter estado no poder a não ser no breve período da Aliança Democrática, até à experiência ambígua do Bloco Central, impediu que os fenómenos de clientelismo e da consolidação oligárquica do aparelho, que já existiam, ganhassem expressão dominante e destruíssem tudo o que vive dentro do partido como acontece hoje.

A classificação de "loureiristas" e "nogueiristas" teve origem na comunicação social e retratava uma realidade desigual nos seus termos. Na verdade, enquanto o "nogueirismo" existia de facto, o "loureirismo" era mais uma corrente do que um grupo, alicerçava-se mais numa linha política tendencial do que num controlo partidário de pessoas e bens. Grosso modo, o "loureirismo" era a expressão de uma elite partidária mais voltada para uma liberalização da economia e da sociedade, mais voltada para o mundo dos negócios, para o Portugal que emergia depois da revisão constitucional que permitia as privatizações. Esta elite detinha mais influência social do que partidária e tendia a agregar de forma solta personalidades cuja militância partidária era pequena, mas cujas relações sociais e profissionais a colocavam numa situação de "prestígio" e poder. Contrastava com o "nogueirismo", que tinha uma expressão política mais anónima, mais cinzenta, mas que coincidia em consolidar no partido as tradições clientelares das "forças vivas", os mecanismos assistenciais do Estado-providência, uma política paternalista dum Estado forte, detentor de meios de comunicação, da hegemonia do espaço público e dador de emprego. Era mais social-democrata do que liberal, menos reformista e mais conservadora, remetia mais para um Portugal antigo, provinciano, universitário-coimbrão, e menos empresarial, menos yuppie, menos universitário-Nova, menos desenvolto comunicacionalmente. Foi este PSD "nogueirista" que o Independente de Portas atacou violentamente, usando as fugas de informação para moldar as "condições do exercício da política", protegendo por outro lado aquilo que achava ser o "velho dinheiro" dos Mellos, Espírito Santos, etc.

O "nogueirismo" era naturalmente forte entre os autarcas do partido e nas estruturas partidárias locais, cujos interesses clientelares levava ao topo do Estado. Era um eficaz distribuidor de poder e benesses, que a rigidez de outros mecanismos sociais impedia e por isso, num certo sentido, serviu para democratizar a acção política, levando-a onde não havia força nem votos para chegar, mas havia apenas o PSD. Só que, com o tempo, os interesses particulares da clientela e das carreiras profissionais dentro do partido sobrepuseram-se ao papel de justiça social que a acção partidária levava a um Portugal profundo e de outro modo marginalizado. Aliás, um mecanismo semelhante ao "nogueirismo", mas mais rudimentar, existe também no PS.

O "loureirismo", não sendo um grupo, foi tomando diferentes incarnações, no "marcelismo", no "barrosismo", e numa parte do "cavaquismo" pós-Cavaco (outra parte permanece mais próxima do "nogueirismo"), e nesse híbrido fugaz que foi o "santana-barrosismo". O "santanismo" tem neste processo um papel menor como corrente partidária de per se, mas o movimento que gera o populismo nos partidos políticos, e que "fez" Santana Lopes e a saga do "menino-guerreiro", permanece vivo e perigoso. O "santanismo" foi uma realidade gerada pelo cinzentismo do "nogueirismo" e pela nonchalance partidária do "loureirismo" e que se alimentou dos dois, antes e durante o seu breve exercício do poder. Fora disso, Santana Lopes é o odd man out, que nunca conseguiu ter mais do que um escasso número de fiéis assente num culto de personalidade, nunca ganhou um congresso do partido em circunstâncias de normalidade. Luís Filipe Menezes é um seu herdeiro e continuador, associando uma prática "nogueirista" de controlo do aparelho com uma expressão pública populista.

Os termos em ismo são facilitantes da comunicação social e tanto identificam ismos verdadeiros (o "nogueirismo"ou o "santanismo", que remetem para classificações políticas como o populismo e o aparelhismo clientelar), como pseudo-ismos que pouco mais são do que grupos de amizade, afinidade e "destino", que se esgotam num círculo de confiança. O "barrosismo", por exemplo, é uma inexistência partidária.

Mas a verdade, convém sempre lembrá-lo, é que o "barrosismo", o "loureirismo" e mesmo uma parte do "cavaquismo", conviveram melhor com Santana Lopes do que o "nogueirismo", que lhe percebeu o curso suicidário e, num certo sentido, ajudou imperfeitamente a ultrapassar. Este é um factor relevante para o entendimento da crise actual, em que a capacidade de se ir mais fundo na análise e na compreensão depende muito de se perceber que a crise que se vive no PSD não se deve a Marques Mendes em primeiro lugar, mas a Barroso e Santana Lopes. Daí que, por exemplo, Aguiar Branco pode ter mais prestígio social nas elites, e Marques Mendes menos, mas a realidade é que Aguiar Branco nunca viu mal nenhum no "menino-guerreiro" e Marques Mendes demarcou-se dele.

Com tempo, e num processo que vem dos governos de Cavaco Silva, evoluiu-se dos "nogueiristas" e "loureiristas" para dois partidos que comunicam pouco e quase sempre por mal-entendidos, o "de cima", constituído por um conjunto de personalidades que se comportam como donos do partido, muitas vezes como os latifundiários absentistas eram donos das herdades lá no fundo do Alentejo e vinham gastar o dinheiro no Casino Estoril, e o "povo trabalhador", cada vez mais dependente das posições que detinha e detém na estrutura partidária, vivendo um sonho de uma burocracia assistida e assistencial.

Esta fractura é uma fractura sociológica, de modus vivendi e de modus operandi e de "necessidade" do partido. Os dois grupos necessitam do partido de modo distinto e exercem o seu poder de forma muito diferente. Quando "os de cima" governam, deixam o aparelho partidário entregue a si próprio, quando os "de baixo" ficam sozinhos, digladiam-se ferozmente pelos pequenos poderes que sobram. Vivemos um típico ciclo dos "de baixo", muito dominado pelos poderes de dentro, logo muito mais tumultuoso e "plebeu".

Veja-se o artigo de de Pedro de Abreu Peixoto, membro da secção concelhia de Vila Real do PSD, "Carta aberta aos barões do PSD", no Público.

Mas convém não ter nojos aristocratas (que a história mostra serem mais burgueses do que aristocratas...) face a esses tumultos. A razão por que não aparecem candidaturas nas actuais eleições vindas "de cima" tem a ver com o facto de não se prever uma chegada do PSD ao poder a curto prazo e porque o jogo dos interesses instalados favorece uma complacência com Sócrates. É esta a grande fragilidade dos "de cima", em particular para um partido que está na oposição. É inclusive por isto, mas não só, e por estranho que possa parecer (fica para outro artigo), que é mais fácil mudar o PSD a partir de baixo do que "de cima"

José Pacheco Pereira
Público
28/Julho/2007

 

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