PORTUGALINLÂNDIA
Os devotos do Beato orientadores de S. Bento conselheiros de Belém patronos da alta finança e beneficiários da macro economia acharam aqui há uns tempos ter chegado a hora de lançar mão ao ácido sulfúrico para expungir da Constituição e de outras leis a granel todo e qualquer resquício de direitos que lhes tolhessem a sanha exploradora do trabalho alheio.
O ímpeto com que vieram demarcar o caminho da flexigurança à portuguesa foi tal e tão destemperado que destacadas figuras da direita mais conservadora e reaccionária saíram à liça para dizer que também não era preciso tanto, que a democracia coisa e tal e os trabalhadores enfim não se pode matá-los, de tal sorte que depois do que se escreveu e disse ficou mais fácil varejar direitos argumentando que podia ser muito pior, ufe, valham-nos as boas almas.
Depois disso chegaram as férias para quem as tem e as pode gozar, nem que seja a prestações, e a flexigurança retirou-se para segundo plano enquanto o pessoal foi a banhos para as caparicas do País distraindo contragostos com castelos de areia e baldes de praia, cervejolas caracóis e frango assado, embalado pelas ondas e pelos cartões de crédito.
Ora foi justamente por esta altura que o Diário Económico (edição de 27 de Agosto) divulgou uns dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), cujos comprovam que no final do segundo trimestre do ano mais de 34 por cento do emprego em Portugal (1,76 milhões de pessoas) assentava em relações laborais precárias (contratos a prazo, recibos verdes, trabalho sazonal e outras situações instáveis).
Ainda de acordo com o INE, aquele valor é o mais elevado desde 1998, o que explica a crescente tendência para o aumento do número de pessoas com dois empregos.
Há um empobrecimento generalizado que leva as pessoas a buscarem outras fontes de rendimento. Para além disso, as pessoas sabem como é o mercado e tentam acautelar eventuais situações de precariedade, logo o perigo de cair no desemprego, diz o INE.
Na mesma notícia, Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, diz que há cada vez mais precariedade, que no último trimestre nem sequer existiu criação de emprego, o que prova que a economia portuguesa é flexível ainda que de modo informal e que as empresas arranjam sempre maneira de manterem vínculos mais frágeis com os seus empregados.
Miguel Beleza, outro economista da nossa praça, dá uma achega explicando que as situações de emprego mais provisórias podem prejudicar a produtividade pois as empresas tendem a investir menos nas pessoas.
O Banco de Portugal corrobora: os contratos com termo estão tipicamente associados a um menor nível de produtividade.
Desconhece-se qualquer reacção a tão subversivas afirmações, donde se torna lícito concluir que analistas e fazedores de opinião ao serviço do grande patronato ainda estão a sacudir a areia dos calções ou, na pior das hipóteses, vasculham nos manuais da especialidade como explicar aos portugueses que o caminho para o modelo finlandês apontado por Sócrates passa pelo regresso ao passado do pobrete mas alegrete, é uma casa portuguesa com certeza, que mais queres tu no país do Sol onde podes andar nu, aperta aí mais um furo que é por mor da economia nacional.
Do Beato nada transpira: a mensagem está dada, Sócrates que faça o resto.
A.F.
O ímpeto com que vieram demarcar o caminho da flexigurança à portuguesa foi tal e tão destemperado que destacadas figuras da direita mais conservadora e reaccionária saíram à liça para dizer que também não era preciso tanto, que a democracia coisa e tal e os trabalhadores enfim não se pode matá-los, de tal sorte que depois do que se escreveu e disse ficou mais fácil varejar direitos argumentando que podia ser muito pior, ufe, valham-nos as boas almas.
Depois disso chegaram as férias para quem as tem e as pode gozar, nem que seja a prestações, e a flexigurança retirou-se para segundo plano enquanto o pessoal foi a banhos para as caparicas do País distraindo contragostos com castelos de areia e baldes de praia, cervejolas caracóis e frango assado, embalado pelas ondas e pelos cartões de crédito.
Ora foi justamente por esta altura que o Diário Económico (edição de 27 de Agosto) divulgou uns dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), cujos comprovam que no final do segundo trimestre do ano mais de 34 por cento do emprego em Portugal (1,76 milhões de pessoas) assentava em relações laborais precárias (contratos a prazo, recibos verdes, trabalho sazonal e outras situações instáveis).
Ainda de acordo com o INE, aquele valor é o mais elevado desde 1998, o que explica a crescente tendência para o aumento do número de pessoas com dois empregos.
Há um empobrecimento generalizado que leva as pessoas a buscarem outras fontes de rendimento. Para além disso, as pessoas sabem como é o mercado e tentam acautelar eventuais situações de precariedade, logo o perigo de cair no desemprego, diz o INE.
Na mesma notícia, Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, diz que há cada vez mais precariedade, que no último trimestre nem sequer existiu criação de emprego, o que prova que a economia portuguesa é flexível ainda que de modo informal e que as empresas arranjam sempre maneira de manterem vínculos mais frágeis com os seus empregados.
Miguel Beleza, outro economista da nossa praça, dá uma achega explicando que as situações de emprego mais provisórias podem prejudicar a produtividade pois as empresas tendem a investir menos nas pessoas.
O Banco de Portugal corrobora: os contratos com termo estão tipicamente associados a um menor nível de produtividade.
Desconhece-se qualquer reacção a tão subversivas afirmações, donde se torna lícito concluir que analistas e fazedores de opinião ao serviço do grande patronato ainda estão a sacudir a areia dos calções ou, na pior das hipóteses, vasculham nos manuais da especialidade como explicar aos portugueses que o caminho para o modelo finlandês apontado por Sócrates passa pelo regresso ao passado do pobrete mas alegrete, é uma casa portuguesa com certeza, que mais queres tu no país do Sol onde podes andar nu, aperta aí mais um furo que é por mor da economia nacional.
Do Beato nada transpira: a mensagem está dada, Sócrates que faça o resto.
A.F.
Etiquetas: Economia, Economia Pararela, Emprego, Portugal
1 Comments:
Comentarios? nao e necessario para um (des)governo comandado por um homem comhabilitacoes como todos sabem.
Estes senhores o melhor que faziam era irem todos para o Polo Norte eentregarem isto aos Espanhois, onde mexem so fazem porcaria, ate tem um ministro funerario a tomar conta da pouca saude que temos.
Ja nao ha paxorra para estes xuxas
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