terça-feira, 18 de setembro de 2007

A FALTA DE HÁBITOS DE TRABALHO

«Será que vivemos num país de gente tonta?»

Quando ouço professores, pais, comentadores e políticos continuarem a eleger, publicamente, a falta de hábitos de trabalho como a principal causa do insucesso escolar e a necessidade dos trabalhos de casa como estratégia de remediação do problema, não posso deixar de rir às gargalhadas e concluir, forçosamente, que vivemos num país de gente tonta.

Com isto, não quero dizer que não considere essenciais os trabalhos de casa para sedimentar o conhecimento e as aprendizagens. Acontece que o nosso sistema de ensino pós-Roberto Carneiro e Ana Benavente foi estruturado para não haver trabalhos de casa. E das duas uma: ou reduzimos a carga horária dos alunos e o número de disciplinas e introduzimos os trabalhos de casa ou mantemos a actual carga horária e, pura e simplesmente, os trabalhos de casa devem ser banidos.


Com efeito, dar trabalhos de casa a alunos que têm mais 40 horas lectivas é não só revelador da total falta de sensibilidade do professor como de uma extrema crueldade para todos os alunos, sobretudo para os alunos mais desfavorecidos, que residem longe da escola e que não têm pais que lhes façam os TPC ou que paguem a um explicador para lhos fazer.


Exigir trabalhos de casa a alunos de 12, 13 e 14 anos que têm mais de 40 horas lectivas é absolutamente desumano, quando é certo que os professores têm apenas 22 horas lectivas, precisamente para poderem dedicar o resto do tempo aos seus trabalhos de casa e outras actividades escolares.

E se sindicatos, professores e Ministério da Educação não querem a redução da carga horária dos alunos (e todos sabemos porquê), então os trabalhos de casa devem ser proibidos, da mesma forma que não se exigiria a um professor que levasse trabalho para casa se o seu horário lectivo fosse igual aos dos alunos, ou seja, com mais de 40 horas lectivas.

Hoje, um aluno do ensino básico ou secundário entra às 8H30 e sai às 17H30, com uma hora para almoçar, o que significa, para muitos (em regra, os mais desfavorecidos), sair de casa às 7 horas da manhã e chegar à hora de jantar. Obrigar qualquer ser minimamente inteligente a fazer trabalhos de casa, depois de os ter obrigado a passar 9 horas seguidas na escola, fechados numa sala de aula a ouvir professores a debitar matéria, é uma violência só comparável a algumas praxes militares.


Trabalhos de casa, aulas de substituição e de apoio defendidas pela ministra e, por razões óbvias, pelos sindicatos dos professores (que, noutro contexto, seriam absolutamente adequados) são não só totalmente contraproducentes como anti-pedagógicos, na medida em que aumentam o caudal de tráfego numa estrada onde os alunos têm dificuldade em progredir precisamente porque a estrada está já totalmente congestionada de disciplinas.


É natural, pois, que os pais, como sucede cada vez com mais frequência, se substituam aos filhos e lhes façam os tr
abalham de casa ou paguem para alguém os fazer. Qual é o pai que não se condói de ver o filho a fazer trabalhos de casa até às duas da manhã (alguns deles de disciplinas que só servem para lhes ocupar inutilmente o tempo), quando sabe que o filho se tem de levantar no outro dia às 7H30?

Infelizmente nem todos têm pais que lhes sabem fazer os trabalhos de casa... E como o actual sistema não dá tempo aos alunos para os fazerem, sem a ajuda dos pais ou do explicador, quem não tem pais com dinheiro para o explicador ou com conhecimentos tem, forçosamente, de ficar pelo caminho.

O actual sistema de ensino, sob o pretexto de pôr em pé de igualdade pobres e ricos, criou, à boa maneira socialista, um sistema perverso onde os mais desfavorecidos não têm a mínima hipótese de competir, uma vez que não se lhes dá tempo para fazerem por si aquilo que os outros só conseguem fazer à custa dos pais.


REXISTIR


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9 Comments:

At 18 de setembro de 2007 às 23:30, Anonymous Anónimo said...

«Escolas portuguesas não têm condições, diz Deco
Muitas escolas portuguesas são «frias, húmidas e apresentam ar interior de má qualidade», de acordo com as conclusões de dois estudos em 40 salas de 20 instituições escolares, realizados em Fevereiro.

Na maioria dos locais, «há excesso de humidade no ar e temperaturas baixas», sendo que, numa das 16 salas afectadas, chegaram a registar-se 13 graus centígrados. A Deco aponta os defeitos de construção como um dos factores para estas consequências.

Ao contrário de escolas como a de Vila Cova, em Braga, sem aquecimento, Quarteira e Portimão obtiveram as melhores qualificações devido ao clima moderado da região. O Gavião, em Portalegre, apesar do bom conforto térmico, é das piores na qualidade do ar.

Apenas quatro escolas apresentavam uma qualidade de ar «aceitável». A maioria apresentava níveis de contaminantes acima dos valores legais de referência, nomeadamente dióxido de carbono, bactérias e fungos, o que pode levar ao aumento do risco de problemas alérgicos e respiratórios, assim como a diminuição da concentração.

A Deco Proteste detectou ainda problemas de construção e conservação dos edifícios, com a presença de placas de fibrocimento com amianto em sete escolas. «Tudo isto depois do Parlamento ter recomendado, em 2003, a substituição deste material, que pode libertar fibras cancerígenas», critica a associação.»
In:Diário Digital

Isso agora não interessa nada.
Até pode chover dentro das salas de aula. O falso engenheiro resolve o problema com um plano tecnológico: coloca computadores nas escolas, fornece portáteis aos alunos e professores (a tmn e a vodafone agradecem) arranja uns quadros interactivos, implementa o cartão electrónico de aluno, "dá" banda larga, instala vídeovigilância nas escolas e prontos.
Já "semos" muito modernos.

 
At 19 de setembro de 2007 às 13:55, Anonymous Anónimo said...

NÃO HÁ ESCOLAS EM ESPANHA?

Acompanho a comunicação social espanhola e acho que há qualquer coisa de errado naquele país, não dei, aliás, nunca dei pelo início do ano escolar naquele país. Os jornais e a TVE não mostram reportagens em escolas que não abriram, não li uma única intervenção de um sindicato de professores, nem sequer há grandes debates. Das duas uma, ou em Espanha não há escolas ou está tudo bem.

Tudo bem não está, ainda ontem a OCDE divulgou dados relativos ao abandono escolar e a situação em Espanha não é muito melhor do que aquela que assistimos em Portugal. Se há dados sobre o abandono escolar serei forçado a conclui que em Espanha também há estudantes, escolas e professores. Então porque motivo lá não se assiste ao espectáculo que o ensino nos proporciona todos os anos por esta altura?

A razão é simples, enquanto em Portugal usamos os problemas para cada um não assumir as culpas e dizer que o culpado é quem está ao lado, em Espanha os problemas serem para serem resolvidos e não para alimentar uma comunicação social de qualidade bem pior do que o nosso ensino.

 
At 19 de setembro de 2007 às 13:58, Anonymous Anónimo said...

Ouço os responsáveis governamentais, ouço os professores, ouço os políticos da oposição e cegou à conclusão de que os alunos são o que menos importa. Os políticos da oposição, a este ou a qualquer outro governo, têm sempre a mesma opinião, tudo foi mal feito. Os sindicatos fazem o que lhes cabe, o ensino está bem se conseguiram ver satisfeitas as suas reivindicações. Os governantes desdobram-se em busca de indicadores de sucesso, como se viu a ministra afirmar no programa Prós e Contras o que importa são os resultados, a diminuição do abandono precoce e do insucesso escolar.

Os alunos pouco importa, para uns são argumento político, para outros são a matéria-prima necessária para empregar professores e para os últimos são facilmente convertíveis em resultados estatísticos. É o resultado de um modelo de ensino que tem por objectivo massificar o ensino e cujo resultado pretendido é a mediania. O objectivo não é a excelência, a crer na felicidade da ministra o sucesso do sistema de ensino está na redução do abandono e em menos reprovações, os bons alunos são úteis apenas porque dão menos trabalho aos professores e ainda os podem ajudar sentando-se ao lado dos alunos com dificuldades. Quando se pergunta a um aluno como correu o ano ele não nos responde dizendo que teve boas notas, limita-se a dizer que passou, passar é o único objectivo fixado para os nossos estudantes.

Só que os que mais se queixam de o país ser pouco desenvolvido são precisamente os que condenam a excelência, os que mais se queixam de estarmos na cauda da Europa são os mesmos que odeiam os quadros de honra, os que mais defendem a competência são precisamente os que se batem por objectivos medianos para o sistema de ensino.

O nosso sistema de ensino não é mau só porque há abandono escolar e insucesso, é mau porque não promove a excelência, porque se não fossem os pais muitos bons alunos seriam reduzidos a alunos medianos, porque aposta tudo nos mais fracos e despreza os melhores.

Se queremos investigação científica, empresas bem geridas, uma Administração Pública mais moderna, políticos mais competentes, empresários mais ambiciosos, uma economia mais competitiva e trabalhadores qualificados não chega termos um sistema de ensino que produz alunos que passaram, é necessário promover e apoiar a excelência, sob pena de um dia destes ser bom aluno se transformar em motivo de vergonha. Aliás, na nossa tradição o aluno que é bom porque estuda é marrão, é a vítima das “cacholetas” da turma.

O ensino não pode ser visto apenas na perspectiva do interesse dos professores ou das estatísticas governamentais, os objectivos do sistema de ensino devem centrar-se no aluno, promovendo a ambição e a excelência. Não basta que os alunos “passem”, Portugal precisa de muitos bons alunos sem os quais não sairá do círculo vicioso do subdesenvolvimento.

Não faz sentido esperar grandes resultados do país quando o sistema de ensino promove a mediania e onde qualidades como a ambição, a dedicação, o esforço, a excelência e a competitividade são considerados defeitos dignos de um processo de reeducação numa aldeia da Coreia do Norte.

 
At 19 de setembro de 2007 às 14:07, Anonymous Anónimo said...

A ministra da Educação chamou-lhe "revolução silenciosa". "Está a fazer-se uma revolução silenciosa nas escolas portuguesas", disse ela na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães, onde lhe calhou fazer a distribuição de computadores do início do ano lectivo. Tudo o que é ministro, secretário de Estado e assessor cancelou nesse dia a agenda, deixou os conspícuos afazeres governamentais e andou a distribuir computadores pelas escolas do país no meio de dezenas de câmaras de TV, máquinas fotográficas e jornalistas de esferográfica em punho. Foi a mais barulhenta "revolução silenciosa" de que há memória no início de um ano lectivo. Silenciosos, silenciosos, foram, porém, os números, dias depois, divulgados pela OCDE Portugal é dos países (o 23º em 34) que menos investem em educação, pouco mais de 5000 euros/ano por aluno, para uma média de 6115 euros entre os países da OCDE (os EUA e a Suíça, por exemplo, gastam mais de 10 000). Portugal figura no topo apenas no "ranking" do… menor número de alunos que terminam o Secundário (só 26% portugueses acabam o 12º ano, contra 68% nos países da OCDE). Mas as revoluções, sobretudo as silenciosas, não se fazem de um dia para o outro. Continuaremos na cauda da Europa, mas há-de ser em banda larga.

 
At 20 de setembro de 2007 às 19:47, Anonymous Anónimo said...

Infelizmente temos uma ministra muito pouco inteligente. Mas esse até nem é o problema principal. O pior é que ela ainda se conseguiu rodear de pessoas menos inteligente do que ela, o que parecia, assim à primeira vista, quase impossível.
Depois, uma grande parte dos professores estão já perfeitamente formatados, assemelhando-se muito aos polícias que mandaram parar a ambulância que ia em serviço de urgência.

 
At 20 de setembro de 2007 às 21:39, Anonymous Anónimo said...

O rodearem-se de incompetentes e norma no PS, vejamos em Ponte Sor o irmao do Presidente, o primo Nuno, o vereador Larangeira, os tecnicos que aprovavam as plantas do falso eng (nao eesse) o Giacometti, quem recrurou a fugida prof de nataçao, claroq ue um ugnorante so sobressaino meio de outros mais ignorantes.
Esta Camara anda ha anos a fazer uma pagina na net, ja sei que o Sr Presidente quer entrar para o guiness, para isso ja tem o maior aquario da europa, a fundaçao do Prates , que mete mais agua que a barragem d emontargil, o tal empreendedor ainda transforma sem licença aquilo num hote

 
At 20 de setembro de 2007 às 21:39, Anonymous Anónimo said...

O rodearem-se de incompetentes e norma no PS, vejamos em Ponte Sor o irmao do Presidente, o primo Nuno, o vereador Larangeira, os tecnicos que aprovavam as plantas do falso eng (nao eesse) o Giacometti, quem recrurou a fugida prof de nataçao, claroq ue um ugnorante so sobressaino meio de outros mais ignorantes.
Esta Camara anda ha anos a fazer uma pagina na net, ja sei que o Sr Presidente quer entrar para o guiness, para isso ja tem o maior aquario da europa, a fundaçao do Prates , que mete mais agua que a barragem d emontargil, o tal empreendedor ainda transforma sem licença aquilo num hote

 
At 20 de setembro de 2007 às 21:39, Anonymous Anónimo said...

O rodearem-se de incompetentes e norma no PS, vejamos em Ponte Sor o irmao do Presidente, o primo Nuno, o vereador Larangeira, os tecnicos que aprovavam as plantas do falso eng (nao eesse) o Giacometti, quem recrurou a fugida prof de nataçao, claroq ue um ugnorante so sobressaino meio de outros mais ignorantes.
Esta Camara anda ha anos a fazer uma pagina na net, ja sei que o Sr Presidente quer entrar para o guiness, para isso ja tem o maior aquario da europa, a fundaçao do Prates , que mete mais agua que a barragem d emontargil, o tal empreendedor ainda transforma sem licença aquilo num hote

 
At 16 de outubro de 2007 às 10:51, Anonymous Anónimo said...

se os TPC são anti-pedagógicos como é possivel nos critérios de avaliação os TPC têm uma precentagem que conta para a nota do aluno????

Emília Rainha
Profissão: tec. profissional de biblioteca; mãe de 2 filhos de 11 e 13 anos - manuela e diogo, respectivamente,(o diogo com com dislexia) bem como explicadora dos malditos TPC,explicadora de educação sexual, drogas e afins; esposa; doméstica; portadora de lupus sistemico (controlado) e fibromialgia, e sem tempo para mim...- SERÁ QUE COM ESTE CURRICULUM AO FIM DE 7 ANOS NA FUNÇÃO PUBLICA VOU FINALMENTE TER CRÉDITOS PARA SUBIR E GANHAR MAIS DO QUE OS MISEROS 650€????
desculpem o desabafo
merainha@gmail.com

 

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