CHINATOWN OU CIDADE ABERTA
Quando, no século XIX, a Union Pacific construiu o caminho-de-ferro que ligava as duas costas dos EUA, abriu um território a uma imensidão de emigrantes: de irlandeses a chineses.
Ao mesmo tempo soltou as pistolas de Billy the Kid ou Butch Cassidy, que não queriam perder a sua liberdade face a tanta concorrência.
Mas, no fundo, a América ficou a ganhar, na sua diversidade.
Lisboa, nesse aspecto, é cada vez mais uma cidade multicultural.
Disparar sobre as lojas dos chineses na Baixa é não entender o óbvio.
Portugal há muito que deixou de ser um jardim da Estrela.
Olhe-se para a selecção de futebol: portugueses das cidades e do que resta do campo, filhos de segunda geração africana, brasileiros.
Veja-se os desportistas que defendem as cores nacionais nos mundiais de atletismo: muitos filhos de segunda, ou mesmo de primeira geração (como Obikwelu) africana.
Escute-se a melhor música que se faz em Portugal neste momento: Mariza, Buraka Som Sistema, Lura (cabo-verdiana, nascida em Lisboa).
Olhe-se para o mundo dos negócios e para o multiculturalismo existente.
Quando se fala da criação de uma Chinatown no Martim Moniz dá vontade de rir.
Toda uma zona comercial de Lisboa só existe porque são emigrantes que ali vendem produtos tão díspares como comida indiana, gengibre fresco, produtos africanos, brasileiros, chineses e japoneses.
Se eles não estivessem ali, essa Lisboa era um deserto, como muita da Baixa e do centro de Lisboa já o é.
Lisboa é um porto.
Fechá-lo é asfixiar Portugal.
F.S.
Ao mesmo tempo soltou as pistolas de Billy the Kid ou Butch Cassidy, que não queriam perder a sua liberdade face a tanta concorrência.
Mas, no fundo, a América ficou a ganhar, na sua diversidade.
Lisboa, nesse aspecto, é cada vez mais uma cidade multicultural.
Disparar sobre as lojas dos chineses na Baixa é não entender o óbvio.
Portugal há muito que deixou de ser um jardim da Estrela.
Olhe-se para a selecção de futebol: portugueses das cidades e do que resta do campo, filhos de segunda geração africana, brasileiros.
Veja-se os desportistas que defendem as cores nacionais nos mundiais de atletismo: muitos filhos de segunda, ou mesmo de primeira geração (como Obikwelu) africana.
Escute-se a melhor música que se faz em Portugal neste momento: Mariza, Buraka Som Sistema, Lura (cabo-verdiana, nascida em Lisboa).
Olhe-se para o mundo dos negócios e para o multiculturalismo existente.
Quando se fala da criação de uma Chinatown no Martim Moniz dá vontade de rir.
Toda uma zona comercial de Lisboa só existe porque são emigrantes que ali vendem produtos tão díspares como comida indiana, gengibre fresco, produtos africanos, brasileiros, chineses e japoneses.
Se eles não estivessem ali, essa Lisboa era um deserto, como muita da Baixa e do centro de Lisboa já o é.
Lisboa é um porto.
Fechá-lo é asfixiar Portugal.
F.S.
Etiquetas: Economia, Emigrantes, Portugal
7 Comments:
Maria José Nogueira Pinto pretende «travar a proliferação das lojas chinesas» na Baixa-Chiado. Acrescentou ainda que o comércio «é central» para a Baixa-Chiado, mas sem as lojas chinesas, que «estão a dar cabo do comércio da cidade». A autarquia deveria deslocá-las para uma «Chinatown». «A câmara é que dá a licença, pode dizer que a quota de lojas chinesas neste espaço está esgotada».
António Costa tem de pagar os apoios de campanha e por isso não me admirei ver aparecer o nome da Zézinha como podendo voltar ao projecto Baixa-Chiado. Não entendo muito bem onde uma Câmara que está falida vai encontrar todos os milhões que esse projecto custa, mas mesmo que seja só em papel, o importante é que se crie mais uma empresa e que mais umas administrações tomem posse. Nós, que já vimos tantas a nascerem por aí como nascem lojas chinesas, já não estranhamos. O que ela não pode defender é inconstitucionalidades e vir lançar ideias xenófobas para o ar. Também eu penso que as lojas chinesas são um mal a que a globalização abriu a porta, mas também os Mcdonalds o são. O mal está no sistema e não nos chineses que aproveitam a oportunidade que lhes deram. Ao abrirem o mercado aos seus produtos em busca de mão-de-obra barata e de um mercado de biliões esqueceram-se que também eles ficaram com a porta aberta para cá entrarem. Não é só o comércio que sofre com isso, mas também as empresas, onde tantas já fecharam por não ser possível haver concorrência justa quando as regras de produção não são iguais. Quando uns usam trabalho infantil e escravo sem respeitarem regras de qualidade, quem produz com leis e direitos para quem trabalha não tem hipóteses de resistir. Mas para os grandes do mundo há que expandir a globalização capitalista pelo que esses pequenos detalhes não contam. Assim, também eles podem abrir lá as suas fábricas e beneficiar dessas vantagens competitivas sem terem de respeitarem as leis dos seus países. Afinal, é no lucro que está o ganho.
Mas, voltando à Zézinha e á sua luta contra as lojas chinesas. Propõe também a criação de uma Chinatow em Lisboa, um local para onde seria enxotado todo o comércio chinês. Será que depois também proporá uma Indiatown, um Harlen, ou um Gueto de Varsóvia. Que pior ideia pode haver em concentrar numa só zona toda uma cultura, possibilitando a importação aquilo que ela tem de bom, mas também todos os males de que padeça. Alguém diga à Zézinha que, se o que deseja é aplicar ideias de extrema-direita que volte ao CDS.
Hoje, no Diário de Notícias, Maria José Nogueira Pinto volta a insistir na necessidade de Lisboa ter a sua Chinatown, a exemplo, diz ela, das «várias cidades do mundo, cidades dignas desse nome, todas com a sua chinatown.» A gente lê e pasma. Maria José Nogueira Pinto não é uma estagiária de 20 anos, pouco lida e pouco viajada, sem qualquer noção de História, obrigada a escrever sobre o tema para que o jornal decida se fica afecta à Sociedade ou ao Local. Não. Maria José Nogueira Pinto é uma mulher culta, com provas dadas nos cargos que exerceu (razão pela qual, sendo de Direita, tem vela acesa na Meca das várias Esquerdas), conhecendo, como toda a gente razoavelmente lida e viajada conhece, a origem histórica dos bairros que de Londres a Toronto (imagem ao alto) e de Nova Iorque a São Francisco, agregaram as respectivas comunidades chinesas. Foi o racismo, então ostensivo, e legal, que juntou essas comunidades em guetos próprios, como do mesmo passo aconteceu com os italianos que atravessaram o Atlântico. Hoje, com o racismo encapotado, e ilegalizado, esses guetos tornaram-se atracções turísticas. O que não impede que de Londres a Nova Iorque haja muita morada chinesa fora de Chinatown (alguns dos melhores restaurantes chineses de Londres estão em Belgravia, tal como em Nova Iorque estão a norte da rua 60, muitos no Upper East Side, ou seja, a oitenta quarteirões da Chinatown de Manhattan). Dirá Maria José Nogueira Pinto que não fala de restaurantes, que fala dessas lojas que chegaram «como um upgrading, uma manifestação prática da globalização enxertada no nosso quotidiano. Disseminadas por toda a cidade, com uma enorme variedade de produtos, preços imbatíveis e horários alargados, tornaram-se a resposta para a crise económica que atinge, agora, outros estratos sociais.» Pois ainda bem que chegaram. Digo-o com o à-vontade de quem as não frequenta (sou fiel aos meus fornecedores), mas vejo nelas a possibilidade de espicaçarem o “comércio tradicional”, incapaz de dar resposta às necessidades de uma cidade como Lisboa, que não é uma grande cidade, mas sempre tem, de segunda a sexta, uma população flutuante superior a 1,2 milhões de pessoas, com horários de trabalho cada vez mais diversificados, e um ritmo de vida que não se compadece com horários de repartição fiscal. (Cujas estão abertas à hora do almoço, ao contrário de muita loja “tradicional”...) Quando Maria José Nogueira Pinto diz ser necessário perceber «a tempo, as chamadas diferenças úteis», de forma a «coexistir harmoniosamente» na cidade, está exactamente a querer dizer o quê? É que falar de «realidades específicas» a propósito do «reordenamento espacial» da imigração chinesa, tem como corolário uma doutrina pouco abonatória.
Sun Tzu, alinhavou, na “Arte da Guerra” uma série de princípios tácticos e estratégicos que se aplicam à guerra e à política. Uma das suas mensagens é profética: “toda a campanha guerreira deve ser alinhada através da aparência”. A Guerra do Iraque mostrou como esse princípio foi utilizado pelos americanos: entre o acontecimento e a simulação joga-se a vitória ou a derrota de um uma política. Olhe-se para Portugal: o que é verdade e o que é simulacro?
Olhe-se para Portugal: o que é verdade e o que é simulacro? Há meses a ASAE investiu contra os restaurantes de comida chinesa. Resultado: o negócio entrou em colapso. Há dias, Maria José Nogueira Pinto defendeu a retirada dos chineses da Baixa (aparentemente para ajudar o comércio tradicional) e a criação de uma Chinatown no Martim Moniz. Não se sabe em que qualidade Nogueira Pinto fez as declarações (talvez nas de futura comissária nomeada pela CML para a zona), ou nas de polemista. Em que ficamos: a posição da CML é a dela ou a de um vereador do executivo (Sá Fernandes)? Já agora, se se deslocar as lojas chinesas para o Martim Moniz, o que se deve fazer ao comércio indiano e africano lá existentes? Deslocam-se para o Areeiro, e cria-se ali a “Little Delhi” e a “Grande Luanda”? Só não ouvimos foi a eloquente voz de Nogueira Pinto sobre o império Zara que ocupa o território do comércio português na Baixa. Será “real politik” semelhante à do Governo português? O que não recebe o Dalai Lama, mas não se importa de abrir os braços a Mugabe. O simulacro é, na política actual, superior ao conteúdo.
Para justificar a sua posição contra a presença de lojas chinesas na Baixa de Lisboa Maria José Nogueira Pinto relacionou a presença dessas lojas com a decadência do comércio tradicional. A Zezinha encontrou a causa de um problema que já tem décadas e que nenhuma medida conseguiu evitar.
Esta posição revela uma faceta da conhecida política da direita mais conservadora, a sua ignorância em coisas da economia, o que permite questionar a sua competência para gerir o projecto de revitalização da Baixa. Há muito que a Baixa está em decadência e nos últimos anos o processo acentuou-se, as alterações na rede do Metro desviaram transeuntes, o abandono os habitantes transformaram-no num deserto nocturno perigoso, o comércio não se modernizou, as empresas ali instaladas não acompanharam os tempos e surgiram novas cadeias comerciais como a Zara.
Associar a decadência às lojas aos chineses ou é ignorância ou má-fé, muito antes de os chineses ali instalarem uma dúzia de lojas já o comércio local agonizava.
Os chineses talvez tenham alguma culpa, mas não os chineses com que a Zezinha está preocupada. As calças que os portugueses compram na Zara em vez de irem à loja portuguesa a lado são produzidas (provavelmente) por chineses, o mesmo sucedendo com uma elevada percentagem dos produtos vendidos nas grandes superfícies. Até muitos dos produtos vendidos pelo comércio tradicional é produzido na China. Seria interessante se a Zezinha fizesse um estudo para apurar quanto do que compra e consome tem origem chinesa, mesmo sem ir às lojas dos pobres.
Mas é evidente que a Zezinha nunca ousaria selar a sua carreira política embirrando com o Continente do Belmiro de Azevedo, esse sim um dos grandes responsáveis pelas mutações da distribuição comercial a que o comércio tradicional não resistiu. Mas para a Zezinha os culpados são os chineses, com eles não há grandes amizades, insistem em ser enigmáticos (como ela escreve) e ainda por cima vendem barato e são prestáveis.
Lisboa sempre foi uma cidade universal, como o são as grandes cidades europeias, sempre o foi desde a sua fundação e não vai ser a Zezinha a impor os seus valores conservadores à Baixa de Lisboa. Quem é incapaz de compreender os fenómenos económicos, aborda-os com preconceitos contra determinadas comunidade e tem uma visão ruralista da Baixa de Lisboa, não está à altura de um projecto que visa a sua revitalização. Já foi fenícia, já foi romana, já foi árabe, tem sido portuguesa e cristã, ainda há-de ser muita coisa se não a congelarem no tempo das varinas e das fragatas do Tejo.
Desta vez concordo com Sá Fernandes, a Zezinha é uma má escolha (e um mau negócio) de António Costa. A mentalidade da Zezinha é dos tempos em que as notas de um escudo circulavam e o comércio tradicional da Baixa acabou com outro comércio tradicional. A Zezinha parece não perceber que o tempo não volta para trás, por mais que ela impeça os chineses de se instalar onde quer que seja.
DE UMA VEZ POR TODAS---------------Lisboa, depois de Abril é uma mistura de três coisas: uma azinhaga manhosa, uma estrumeira e um imenso bordel. É bem a capital do Portugal/MFA/Abril e comunagem vária.Eu,que normalmente estou em Lisboa quase todos os dias, tendo a sorte de me deslocar com frequência ao concelho de Mora onde tenho a lavoura possível, podendo assim usufruir desse ambiente de sobreiros, azinheiras, oliveiras e gados pastoreando à moda antiga, sou um priviligiado. É verdade. Já me esquecia que a Vila de Pavia, puramente alentejana ainda tem uma arquitectura pouco conspurcada. É de visitar enquanto é tempo. Sou pois um privilegiado.Um dos meus trisavôs nasceu em Montargil assim como vários ascendentes. Pessoas de bem. Enfim, voltemos à vaca fria. Ainda quanto a Pavia tenho pena que se situe no concelho de Mora. Et pour cause...Mantenho uma casa tipicamente alentejana na já citada vila de Pavia , cuja manutenção me custa o que os srs. imaginarão...Agora, e pedindo a vossa paciência vamos a Lisboa. A GRANDE PORCA. Não uma porca simpática com os seus leitões mamões e preguiçosos. Lisboa não é hoje a cidade das muitas e desvairadas gentes. É como disse atrás a mistura de uma azinhaga manhosa, de uma estrumeira e de um bordel. Mas também não pensem que é um daqueles bordéis simpáticos dos anos 50/60... Agora é por telemóvel e, também aqui está instalada a miscegenação: as p...s vêm da Ucrânia, da Moldávia, enfim daqueles países que eram do Paraíso do Homem Novo. Também de além-Atlântico se veem muitas... Ou fingem. É que trabalho faz calos. Eu até penso que as portuguesas são discriminadas. Ainda trabalham algumas nas ruas ao sol e à chuva. Sinceramente: tenho o maior respeito pelas miúdas de ataque do Técnico, Artilharia Um, Monsanto. Não estou a ser hipócrita. devia sindicalizar-se.Estas sim, bem o mereciam. São verdadeiramente exploradas no corpo e espírito. Mas basta. O que se pode fazer na Lisboa de 2007? Ir almoçar a um restaurante feito por um designer e comer metade do bago de uma uva com um molho de mayonaise. Pagar 10 a 20 contos e apanhar uma salmonelose. E o que é feito do Chiado? Esta quase que faz vir as lágrimas aos olhos pois as recordações de infãncia são grandes... Ha, já me esquecia, o Chiado ardeu! Bons e chorudos negócios, prédios dos novos arquitectos e um bando enorme de pedintes. Não,não estamos em Calcutá.É pior. O Chiado que rivalizou com o F.Saint Honoré de Paris e com Regent,s Street de Londres o melhor que tem é um simpático cego que toca pífaro e às vezes viola. Tem um cão como amigo e senta-se num vão de escada. Boa pessoa que merece bem a espórtula que lhe dão. Há também clubs nocturnos, onde o mínimo que lhe acontece, paciente leitor, é ser baleado.Temos um trânsito extraordinário: Do Terreiro do Paço até ao Campo Grande é uma espécie de auto-estrada ou via rápida. Não é para seres humanos.Temos também museus fechados ou em vias disso. Temos uma Universidade que litiga mais em Tribunais do que produz ideias. Onde estão os médicos como Fernando da Fonseca, Pulido Valente, Carneiro de Moura(pai), Lobo Antunes(pai) Francisco Gentil? Onde estão os homens dos "livros" Nemésio,Jacinto do Prado Coelho, Virgínia Rau, Manuel Antunes? Onde estão as tertúlias da Garret onde pontificava Aquilino Ribeiro? TUDO O VENTO LEVOU. Ainda, voltando ao presente, temos túneis que invariavelmente metem água ou estão em vias disso.Aos fins-de-semana a Praça da Figueira e o Rossio são uma autêntica ilha Bijagó. Para pior, claro.E os grandes arquitectos de Lisboa que foram no séc.XVIII, Manuel da Maia e Carlos Mardel; no séc.XIX Ressano Garcia e no último , talvez o maior , Duarte Pacheco? O que diriam a isto chamado Lisboa?Choravam. Mas temos a arquitecta Roseta,o arquitecto Ribeiro Telles, o dr. Sá Fernandes. É comparar.E no resto do país? É comparar. Pergunta-me o benévolo leitor o que poderá faze mais em Lisboa...Hum... pode ser assaltado, esmurrado, partir a cara depois de cair ao chão empurrado por um drogado. Pode também porque não ir a uma vernissage e encontrar, Lili Caneças, Cinha Jardim, Carlos Castro, Cláudio Ramos, Margarida Rebelo Pinto. É comparar a obra literária? desta última com O Malhadinhas , de Aquilino Ribeiro. Ainda pode o passeante ir até ao antigo Convento de São Bento. Entre e poderá ter a sorte de ouvir pessoas que governam todo este belíssimo espectáculo: O diácono Francisco Louçã, o deputado Fazenda, Miguel Portas, este agora foi para França aprender mais umas coisas,Jerónimo de Sousa, Marques Mendes e os inefáveis engºSócrates, Manuel Pinho ou Pinto, a já citada arqª Roseta, o poeta Manuel Alegre...Parece que não paga bilhete. Depois os personagens mudam. Quem manda na Câmara agora parece que é o ex-ministro do Interior, António Costa que por sua vez trocou com um juíz do Supremo Tribunal, salvo erro dr Rui Pereira que terá trocado de lugar com outro juíz. Os lugares devem estar sempre preenchidos. Aconselho o visitante de Lisboa a não visitar S.Bento na estação calmosa. Nessa epoca os personagens referidos costumam estar nas praias da Sardenha que é coisa fina, ou na Praia dos Tomates, mais para o grosseiro ou onde as EXas. entenderem. Se ainda estiver a ler este post e o leitor ficar um pouco confundido com a Lisboa de hoje , que já foi de Afonso Henriques, de Vasco da Gama, de Afonso de Albuquerque, de Camões e Pessoa, do Marqu~es e de salazar vamos dar-lhe um conselho para resolver qualquer estado confusional: 1º ir a São Vicente de Fora pedir a benção ao Patriarca Policarco que sonhou um dia ser Papa; se o caso fôr mais sério vá até à Av. de Roma e caminhe descontraidamente até ver lá ao fundo, como estando já a levitar, uma casa cõr-de-rosa. Vá e encontrará a explicação para a nossa Lisboa. É a vivenda Julinho, ou mais prosaicamente o Hospital Psiquiátrico Dr. Júlio de Matos. Verá que com uma conversa e umas pastilhas,compreenderá Lisboa,e, o Portugal. ----DE UMA VEZ POR TODAS. SEMPREPAVIA 15/9/2007.
Errámos: Patriarca José Cardeal Policarpo. Quando nos referimos ao Marquês era ao Marquês de Pombal. E por fim minhas sras. e meus srs. não é salazar a grafia do ESTADISTA, PROFESSOR CATEDRÁTICO DE COIMBRA, PENSADOR, FILÓSOFO, HOMEM VERTICAL que sempre viveu pobre e pobre moreu. É Salazar , com maiúscula e letra grande. SEMPRE PAVIA 15/9/2007.
O "projecto" de uma "China Town" de Maria José Nogueira Pinto (que votou em Salazar para os Grandes Portugueses, com a mesma sublime inconsciência com que votou em António Costa para a Câmara de Lisboa) provocou por aí uma polémica. Há quem o ache racista, xenófobo e discriminatório e há quem o ache realista, iluminado e patriótico. Infelizmente, o cidadão comum não percebe muito bem do que se trata. O que se pretende é impor uma "quota" na Baixa para lojas chinesas, sem tocar no que está? O que se pretende é eliminar à força as lojas chinesas que já existem? O que se pretende é fazer, pelo licenciamento e o imposto, uma espécie de "gueto" de lojas "chinesas", com o nome abusivo de "China Town"? Ou o que se pretende, num incontrolável acesso de loucura, é criar mesma uma "China Town" genuína?
A última hipótese parece a menos provável. Para criar uma "China Town" genuína falta um ingrediente básico: uns bons milhares de chineses. Sabemos que os chineses são muitos, mas desconfio que os chineses de Portugal não chegam. Chegaram nas regiões de imigração antiga, como a Califórnia, mas cá com certeza que nem o Bairro Alto enchiam. De resto, uma "China Town" não vem ao mundo por ordem ou despacho de uma dra. que aprecia "mandar". Ou se forma espontaneamente, ou não se forma de todo em todo. E, para se formar, precisa de um sítio. Que sítio lhes destina a dra. Maria José Nogueira Pinto? Que arrabalde, que deserto? Ou será que tenciona remover uma pequena parte do indigenato, para instalar higienicamente os seus chineses?
No fundo, e tirando o delírio, o "projecto" de uma "China Town" não passa de código para o problema das lojas. Talvez por causa da sua alma tão nobremente aristocrática e nacionalista, a dra. Maria José Nogueira Pinto embirra com as lojas. Não tem no ADN o mais vago vestígio do amor português pela pechincha. Gostava de ver a Baixa como no bom tempo do dr. Salazar, cuidadosamente aggiornata pelo "bom gosto europeu". Para seu mal e mal da dra., os chineses destoam desta imaculada visão. Claro que eles vivem do dumping social, da ausência de horários, do trabalho da família. E vivem assim por uma única razão: porque os deixam. Se não os deixassem, não viviam. A coisa não se resolve inventando uma quota ou, pior ainda, um "gueto". Basta cumprir a lei. Só que uma ideia tão prosaica não é digna do vigor e do génio da dra. Maria José Nogueira Pinto.
Vasco Pulido Valente
In:Público
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