PORREIRO, PÁ!
Se tudo decorreu como o previsto, o Conselho de Ministros aprovou ontem as alterações à legislação laboral, acordadas com as confederações patronais e a UGT.
Contudo, essa aprovação não esconde três factos sensíveis.
Em primeiro lugar, tirando o Governo, e talvez a UGT, ninguém ficou satisfeito. A CGTP não subscreveu o acordo, que considera um ataque à contratação colectiva, ao movimento sindical e à conciliação entre vida pessoal e familiar. Os patrões dizem que se acordou o possível, mas não o bastante, na medida em que continuam a impor-se restrições aos despedimentos e à livre contratação entre empresas e empregados. E os partidos à esquerda do PS falam de retrocesso no Direito Laboral.
Em segundo lugar, percebe-se que o trabalhador anónimo não faz a menor ideia do que se está a passar. Não entende em que medida a nova legislação vai impactar a sua vida, conferindo-lhe maior segurança ou insegurança, aumentando ou diminuindo os seus proventos, dando-lhe ou retirando-lhe meios para se pensar no futuro.
Em terceiro e último lugar, as alterações agora aprovadas inscrevem-se num movimento internacional que configura, efectivamente, uma machadada profunda nas conquistas dos trabalhadores que, em todo mundo, alcançaram melhores condições de vida. É por isso que a OCDE veio dizer que a legislação portuguesa é restritiva, e que é preciso liberalizar o mercado de trabalho e os despedimentos individuais. É também por isso que os países da União Europeia aprovaram novos limites da jornada de trabalho para 65 horas semanais, ao melhor estilo dos idos escravizantes da revolução industrial.
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Tudo isto, permite uma quarta conclusão, a de que o assunto não está encerrado e a revolução neoliberal continuará a sua escalada em prol de uma mais compensadora reprodução do capital, contra todos os que nada têm senão a sua capacidade de trabalho. Veja-se que em plena crise da economia mundial, o número de ricos no Globo aumentou, no ano passado, 6 por cento.
Por isso, bem pode Sócrates repetir o seu Porreiro, pá!, que haverá sempre um qualquer Angel Gurria a dar-lhe um puxão de orelhas. E, o pior de tudo, é que, por este caminho, as convulsões sociais só podem crescer até à explosão.
M.C.
Contudo, essa aprovação não esconde três factos sensíveis.
Em primeiro lugar, tirando o Governo, e talvez a UGT, ninguém ficou satisfeito. A CGTP não subscreveu o acordo, que considera um ataque à contratação colectiva, ao movimento sindical e à conciliação entre vida pessoal e familiar. Os patrões dizem que se acordou o possível, mas não o bastante, na medida em que continuam a impor-se restrições aos despedimentos e à livre contratação entre empresas e empregados. E os partidos à esquerda do PS falam de retrocesso no Direito Laboral.
Em segundo lugar, percebe-se que o trabalhador anónimo não faz a menor ideia do que se está a passar. Não entende em que medida a nova legislação vai impactar a sua vida, conferindo-lhe maior segurança ou insegurança, aumentando ou diminuindo os seus proventos, dando-lhe ou retirando-lhe meios para se pensar no futuro.
Em terceiro e último lugar, as alterações agora aprovadas inscrevem-se num movimento internacional que configura, efectivamente, uma machadada profunda nas conquistas dos trabalhadores que, em todo mundo, alcançaram melhores condições de vida. É por isso que a OCDE veio dizer que a legislação portuguesa é restritiva, e que é preciso liberalizar o mercado de trabalho e os despedimentos individuais. É também por isso que os países da União Europeia aprovaram novos limites da jornada de trabalho para 65 horas semanais, ao melhor estilo dos idos escravizantes da revolução industrial.
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Por isso, bem pode Sócrates repetir o seu Porreiro, pá!, que haverá sempre um qualquer Angel Gurria a dar-lhe um puxão de orelhas. E, o pior de tudo, é que, por este caminho, as convulsões sociais só podem crescer até à explosão.
M.C.
Etiquetas: José Sócrates, Nova Legislação Laboral, Partido Socialista, Trabalho
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