LADRÕES...
Navegava Alexandre Magno numa poderosa armada pelo Mar Vermelho, com o intuito de conquistar a Índia. Numa das aldeias conquistadas, trouxeram à sua presença um pirata, que por ali andava a roubar os pescadores. Alexandre repreendeu-o com severidade por andar em tão mau ofício; porém, o pirata, que não era medroso, nem lerdo, respondeu assim: Basta, Senhor! Só porque eu roubo numa barca, sou ladrão, e vós, porque roubais com uma armada, sois imperador?
Assim é. O roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu falo, são outros ladrões de maior calibre e da mais alta esfera; […]. Não só são ladrões, os que cortam bolsas, ou espreitam os que vão se banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem lhes é dado o governo dos estados, ou a administração das cidades, ou ainda a representação do povo, os quais com astúcia e malícia, já com o poder, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam países e cidades; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.
Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu uma grande tropa de políticos e ministros da justiça levar uns ladrões para a forca, e começou a bradar: Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos! Afortunada Grécia que tinha tal pregador! E mais afortunadas as outras nações, se nelas não sofre a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes, se viu em Roma, enforcarem um ladrão por ter roubado um carneiro; e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado um país.
Assim é. O roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu falo, são outros ladrões de maior calibre e da mais alta esfera; […]. Não só são ladrões, os que cortam bolsas, ou espreitam os que vão se banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem lhes é dado o governo dos estados, ou a administração das cidades, ou ainda a representação do povo, os quais com astúcia e malícia, já com o poder, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam países e cidades; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.
Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu uma grande tropa de políticos e ministros da justiça levar uns ladrões para a forca, e começou a bradar: Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos! Afortunada Grécia que tinha tal pregador! E mais afortunadas as outras nações, se nelas não sofre a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes, se viu em Roma, enforcarem um ladrão por ter roubado um carneiro; e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado um país.
Padre António Vieira
Essa história do roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza, está a fazer escola em PORTUGAL, sobretudo nestes últimos tempos.
SALVE-SE QUEM PUDER!
SALVE-SE QUEM PUDER!
M.
Etiquetas: Ladrões Encartados
3 Comments:
deiam mais apoio aos criminosos, curruptos, ladrões, assassinos, etc, e continuem a criticar as autoridades, nomeadamente a GNR... continuem e depois queixem-se ao TOTTA
Sempre tão oportuno e actual o nosso Padre António Vieira.
E os ladrões dos bancos, que nos assaltam todos os meses ,e a industria do petrólio ,e o proprio estado .
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