terça-feira, 3 de março de 2009

MAIS UMA DE MUITAS...

O envelhecimento da população portuguesa foi o argumento utilizado pelo actual Governo para aumentar a idade da reforma para 65 anos.
Em causa estavam, diziam, a sustentabilidade e sanidade financeiras de todo o sistema.
Depois disso, soubemos que o mesmo Governo teve a irresponsabilidade de jogar em bolsa o dinheiro das pensões de reforma dos portugueses.
Resultado: um rombo de 300 milhões de euros.
Um valor que, caso não tivesse sido torrado ao jogo, poderia pagar muitíssimas reformas durante vários anos ou, se quiserem, poderia possibilitar a antecipação de muitíssimas reformas para o limite de idade do anterior sistema, com a correspondente libertação de postos de trabalho.
Depois chegou a crise e, com ela, uma algazarra de soluções que culminou num consenso entre PS, PSD e CDS-PP que incluiu a redução da taxa social única paga pelas empresas.
Novo rombo.
Hoje, sem grande surpresa, ficamos a saber que a OCDE prevê que em 2030 Portugal terá as pensões de reforma mais baixas de toda a Europa (54,4% do último salário).
Será preciso trabalhar ainda mais anos para receber ainda menos.
Porquê?
Porque em vez de diminuir impostos, porque o défice continua a prioridade da governação, a crise está a ser financiada com o dinheiro das nossas reformas.
Em velhos, vamos lembrar-nos dos partidos de quem se dizia serem os responsáveis.
Em novos, trataram de embaratecer-nos os salários.
Sem se descuidarem em assegurar-nos uma pensão de reforma a condizer.


F.T.

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5 Comments:

At 4 de março de 2009 às 14:52, Anonymous Anónimo said...

Todos gostaríamos de estar tranquilos como Filipe Soares Franco. A calma zen com que diz "o défice de tesouraria é crónico no Sporting (mas) está controlado", deixa-nos descansados para o futuro. É uma forma bem disposta de dizer que estamos falidos, mas a falência está controlada. Portugal não é diferente do Sporting: está insolvente há muito, mas não há razão para pânicos. Por isso talvez não haja razão para alarme quando lemos o relatório da OCDE que diz que as mudanças na segurança social vão levar a que os actuais trabalhadores portugueses recebam quando se reformarem, dentro de 20 anos, apenas metade do último salário recebido.


Isto é, qualquer pessoa que hoje tem menos de 40 anos, auferirá o suficiente para pagar o empréstimo da casa que comprou a 35 anos. O resto receberá, por certo, em senhas para a sopa dos pobres. A situação portuguesa é a mais débil dos 30 países da OCDE e, a continuarmos assim, vamos aproximarmo-nos rapidamente do México. Nada mau. Os portugueses estão dependentes da segurança social pública, até porque pouco dinheiro têm para criar esquemas de poupança paralelos. Os portugueses chegam ao fim do ano com zero euros poupados, mas podem alegrar-se porque, dentro de 20 anos, estarão falidos. É claro que o País continua a encarar factos como este como uma inevitabilidade ou mesmo, como Filipe Soares Franco, com um sorriso. Só que agora já não se pode dizer: o que vier a seguir que pague a crise. Terá de se dizer: quando a reforma chegar eu não vou ter dinheiro para sobreviver.

 
At 4 de março de 2009 às 23:05, Anonymous Anónimo said...

A edição de hoje do Jornal de Negócios (JdN) publica uma interessante - e enigmática - nota acerca do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS). Escreve o JdN que "com 20% do seu património aplicado em acções e 67% em dívida pública (...) o FEFSS registou uma desvalorização de 4,37% no primeiro semestre de 2008". Mais adiante no artigo, é citado o presidente do Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social, o dr. Manuel Baganha, em que este afirma que "o FEFSS terminou o ano com uma desvalorização de 3,86%" concluindo-se, portanto, que houve alguma recuperação do valor patrimonial durante o segundo semestre. Enfim, não é a primeira vez que aqui comento a evolução do nosso FEFSS e, como de seguida demonstrarei, as minhas contas, desgraçadamente, voltam a não bater certo com aquilo que agora foi divulgado!

Então, daquilo que pude ler no artigo do JdN, não encontrei nenhuma evidência de que, durante o segundo semestre de 2008, tenha ocorrido alguma mudança significativa na composição da carteira do FEFSS, face ao período compreendido entre Janeiro e Junho. Assim, a exposição em acções ter-se-á mantido estável em redor dos 20% do seu património total. Ou seja, o equivalente a um PPR de categoria C (investimento entre 15 e 35% em acções) que, em média, desvalorizaram cerca de 11% nos últimos doze meses. De acordo com a APFIPP, a associação do sector, o PPR que menos perdeu, ainda assim, desvalorizou 4,1% nos últimos doze meses. Em suma, apesar do ligeiro desencontro de datas - no caso dos PPR's, os valores reportam-se aos últimos doze meses terminados em 13 de Fevereiro de 2009; no caso do FEFSS, o período analisado refere-se ao ano civil de 2008 - constatamos que o fundo da Segurança Social desvalorizou muito menos que a média dos PPR's equiparáveis e, possivelmente, até menos que qualquer um destes. Notável!

Contudo, os números não batem certo. Assumindo que a alocação em acções não se afastou significativamente dos 20% - como dá a entender o JdN - não entendo como é que no segundo semestre foi possível atingir uma valorização (ainda que residual) do FEFSS!?! Nesse período, reparem, o PSI20 perdeu 29% do seu valor, o Eurostoxx 50 (onde estão cotadas as 50 maiores empresas da zona euro) desvalorizou 27% e o S&P500 (o índice de acções mais abrangente dos Estados Unidos) registou uma perda de 29%. Portanto, se aplicarmos a ponderação de 20% à desvalorização média do mercado accionista (ou seja, igual a 20% * 28) chegamos à conclusão de que, apenas à custa da componente "acções", o FEFSS deverá ter perdido 5,6% do seu valor patrimonial durante os últimos 6 meses de 2008. Significa isto que, para confirmar a recuperação global do FEFSS durante o segundo semestre de 2008, os gestores da Segurança Social, em média, terão tido mais valias de 7,7% (não anualizadas) nas restantes componentes do portefólio do fundo. Infelizmente, o tipo de investimentos realizados nesta última porção do FEFSS, na sua maioria em instrumentos de dívida pública nacional, não permitem ganhar 7,7% em 6 meses nem nada que se pareça!

Portanto, a não ser que alguma coisa me esteja a escapar na estrutura da componente accionista do FEFSS - por exemplo, uma redução de 20 para 5% do investimento em acções - não vejo modo de chegar aos números veiculados pela Segurança Social. Assim, dada a importância desta matéria, seria conveniente que a transparência fosse maior e que todos os elementos fossem disponibilizados ao público. Infelizmente, receio que não será assim. De acordo, com o JdN, "o relatório e contas de 2008 do FEFSS ainda não é conhecido, não sendo certo que venha a ser divulgado no primeiro semestre (de 2009)"!

 
At 4 de março de 2009 às 23:07, Anonymous Anónimo said...

O Sr. José começou a trabalhar aos 20 anos e reformou-se aos 65. O seu vencimento era de 1.000,00€ /mês, constante, ao longo de 45 anos de labuta. Quanto descontou para a segurança social? Somando o seu contributo e o da entidade patronal descontou cerca de 210.000,00€.
Quanto irá receber na sua reforma? Segundo a OCDE irá receber cerca de 50% do seu salário, de acordo com a reforma da segurança social levada a cabo por José Sócrates. Se viver até aos 85 anos, irá receber de volta cerca de 100.000,00€.
Ou seja, o governo sacou-lhe 210.000,00€ durante 45 anos e não se propõe devolver-lhe nem metade! Eu sei que estes números estão arredondados e há muitos factores a ter em conta, mas, em nenhum caso se pode aceitar uma discrepância destas.
Para onde foram os 100.000,00€ do Sr. José? O DE* dá uma dica noutra notícia, o rendimento social de inserção já abrange 355 mil pessoas e o complemento solidário chega a 195 mil idosos.
O governo andará a fazer solidariedade com o dinheiro dos pobres?
Enquanto resgata os ricos?
Isto é que é socialismo?

 
At 7 de março de 2009 às 19:09, Anonymous Anónimo said...

A culpa é do Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, Dr. João Taveira Pinto.

 
At 8 de março de 2009 às 00:46, Anonymous Anónimo said...

Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina.

 

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