quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NATAL

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3 Comments:

At 25 de dezembro de 2009 às 01:57, Blogger Romicas said...

Uma boa noite de Natal para TODOS.

 
At 27 de dezembro de 2009 às 17:28, Anonymous A.F. said...

O fantasmático Mário Henrique Leiria escreveu em 1972 (e a Forja editou em 1975), um Conto do Natal para crianças. Começa assim: “Tendo dormido socegadamente (sic) decidi desentupir o autoclismo e ler um texto emocionante que também preocupou exaustivamente o senhor Ricardo da mercearia. Mas sobreveio-me tal enxaqueca que resolvi tomar um pouco de ar e fazer algum exercício, se bem que morigerado. Então encontrei um amigo que me propôs a ida a um espectáculo musical e mímico. A primeira parte foi agradável, o tio Estêvão e a madame Albergaria também gostaram muito, especialmente da segunda parte que, quanto a mim, era repetitiva e monótona. O que mais me encantou foi o solista pop; realmente admirável. À saída encontrei três conhecidos que não via há bastante tempo já. Não gostei. Tomei o transporte habitual, para voltar a casa e sentei-me. Tomei uma bebida, o mais silenciosamente que me foi possível e agora desejo a todos Boas Saídas e Melhores Entradas. No entanto nem tudo está perdido, parece-me. Abraço. Mário Henrique.”

A ditadura ainda estava instalada no sofá quando o surrealista desenhou escrevendo este conto, muito atenta a tudo quanto fosse fora do ditado teve o cuidado de mandar escoltar o poeta por três conhecidos (pides) a fim de melhor o vigiar. O visado caçoou, mandou-os dar uma volta ao bilhar grande, bebeu mais uma dose do apreciado Gilbey’s gim originador de contos e outras coisas que tais e escreveu aos manos.

Um era o poeta António José Forte. Estava a viver em Santarém, ali escreveu NATAL DE 1964. Leiam: “Este ano a quadra festiva vai ser melhor do que nunca/ no seu centro vai haver/ um grande ramo de flores/ que é por onde vão entrar/ uns atrás dos outros de cabeça para baixo/ os rapazes de mais categoria das e das letras/ uns atrás dos outros de mão dadas/ cantarolando com a boca cheia/ e escorregando docemente escorregando/ para debaixo da mesa/ onde os espera Jesus/ para introduzi-los na grande sala de recepção do vómito/ Quanto ao autor destes versos/ aguardará um telefonema até ao último momento/ mas à cautela e antes que seja tarde/ já comprou um cachucho/ que mandou fechar à chave no seu cofre-forte.” Pareceu-me oportuno – dada a quadra e o soturno ambiente destes últimos tempos –, oferecer aos leitores a possibilidade de se deliciarem lendo, relendo dois activos e virulentos poetas, declarados inimigos do culto da personalidade, dos sempre-em-pé especialistas na arte de raparem em todas as gamelas.

 
At 28 de dezembro de 2009 às 14:55, Anonymous Anónimo said...

As mensagens de Natal são mesmo assim, são formatadas para serem redondas, cheias de lugares comuns e palavras de circunstância. Talvez para não destoar muito do contexto de conveniência que cada vez mais envolve a quadra natalícia. A mensagem que o país ouviu de Sócrates foi de Natal, logo foi redonda, cinzenta, não podia fugir à regra nem às regras.

Talvez a mensagem de Ano Novo não seja este ano tão redonda quanto S. Bento gostaria. Se assim for - e nada assegura que ela vá ser mais concreta, até pela natural redundância de quem a profere - será apenas uma excepção que confirmará a tendência inexorável de desinteresse que marca este tipo de mensagens impostas por festividades datadas.

A esmagadora maioria do país real alheia-se das mensagens natalícias. Não dá por elas ou então muda de canal, mais preocupada com o apurar da rabanada ou com a falta de dinheiro para a poder comer. Consciente do alheamento do País por estes actos formais sem sentido e pouco conteúdo, a comunicação social já há muito optou por reduzir a cobertura destas mensagens natalícias à mais ínfima notoriedade a que palavras de altos responsáveis da Nação podem ser reduzidas…

Seja como for, Sócrates lá dirigiu aos portugueses a sua mensagem de Natal. Como de costume, nada disse de especial, ninguém esperaria que o fizesse. Repetiu, de forma mais serena e intimista, o que tem dito e redito nos últimos meses, seja na redescoberta (das virtualidades do investimento público, sempre cortado quando se tratou de cumprir as imposições orçamentais de Bruxelas), seja na manipulação e aldrabice (como a de aumentar as pensões por valores miseráveis e quase ofensivos), seja na total e descarada desresponsabilização pela actual situação económica, seja ainda na irresponsabilidade que continua a patentear, (quando fala da saída da crise com o mesmo descarado optimismo com que há cerca de um ano negou a sua gravidade e as suas consequências para o País)!

 

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