terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AS GORDURAS DO ESTADO SÃO OS PORTUGUESES


Primeiro foram os jovens desempregados a receber do secretário de Estado da Juventude guia de marcha para fora de Portugal; agora coube a vez aos professores, pela voz do próprio primeiro-ministro.

No caso dos professores, a coisa passa-se assim: o ministro Crato varre-os das escolas; depois, Passos Coelho aponta-lhes a porta de saída do país: emigrem, porque Angola e Brasil têm uma grande necessidade (...) de mão-de-obra qualificada.

Portugal (que é um dos países da Europa com mais baixos níveis de escolarização, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011, divulgado no mês passado pelo PNUD) não tem, como se sabe, necessidade de mão-de-obra qualificada.

E, como muito menos tem necessidade de mão-de-obra desqualificada, ninguém se surpreenda se um dia destes vir o secretário de Estado do Emprego e o novo presidente do Instituto do Emprego e Formação (?) Profissional a mandar embora quem tiver como habilitações só o ensino básico; o ministro da Segurança Social a pôr na rua pensionistas e idosos (para que precisa Portugal de pensionistas e idosos, que apenas dão despesa?); o ministro da Saúde a dizer aos doentes que vão morrer longe, em países sem listas de espera e com taxas moderadoras em conta; o da Defesa a aconselhar os militares a desertar e ir para sítios onde haja guerras; e por aí adiante...












Percebe-se finalmente o que são as tais gorduras do Estado: são os portugueses.

M.A.P.


Etiquetas: ,

24 Comments:

At 20 de dezembro de 2011 às 12:46, Anonymous L. Carvalho said...

Um primeiro-ministro não pode ser um comentador político, um cobrador do fraque, um bitaiteiro. O que nunca se pode esperar de primeiro-ministro é que ele tenha sido eleito para fazer o papel do Diabo.
Um primeiro-ministro tem de ser um líder.
Alguém que leva consigo o povo que o elege um nas horas boas mas sobretudo nas horas difíceis.
O segredo da popularidade de muitos ditadores é que mesmo nas horas más eles faziam sentir ao povo que tinham ali um anjo da guarda, alguém em quem podiam confiar.
Foi esse o trunfo de Salazar ao mostrar que Portugal nunca cederia a pressões externas, nunca venderia por nada a sua independência.
Mesmo que tal atitude significasse só.
Orgulhosamente só.
É esse o segredo de Alberto João Jardim.
Os madeirenses sabem que ele nunca fará nada que possa significar a perda de direitos e de autonomia na Madeira.
Podemos discordar, mas se fossemos madeirenses dificilmente veríamos nele um castigador.

Ora Passos Coelho não é nada disto.
Ganhou umas eleições que ele precipitou em nome do crescimento de Portugal, contra as medidas do PEC IV.
Mentiu quando disse que não tinha sido informado delas.
E nunca mais parou de mentir quando jurou a uma criança que nunca aumentaria impostos, muito menos sacar o subsídio de Natal. Mentiu.

Em 5 meses espremeu o país numa cavalgada paranóica contra os direitos dos trabalhadores, o Estado Social, destruíndo a débil economia que em 10 anos teve um crescimento zero. Para ele o objectivo é destruír o país para construír um outro com sede em Berlim.
Habituado a gerir umas empresas que se movem entre negócios com o Estado, julga que um país é uma empresa e que os portugueses são empregados que se podem despedir carimbando-lhes o passaporte com visto para Angola.

A sua estratégia é a de um coveiro que tem pressa em enterrar o morto, cuspir nas mãos, para que a enxada lhe escorregue bem nas mãos sujas.

O político com uma carreira académica de cábula, o político que nunca teve um emprego decente na vida, este carreirista do aparelho do PSD, chegou a primeiro-ministro porque era o idiota útil, no tempo certo, para uma direita troglodita levar a cabo um sonho antigo: a destruição de um conceito social de fazer política, a construção de um Estado refém dos interesses privados.
A crise internacional foi a grande oportunidade para esta gente levar a cabo uma política de destruição da classe média, das empresas médias.

Portugal só pode saír do buraco poupando, gerindo bem e crescendo. Para isso é preciso confiança, ânimo, liderança.
Em suma: é preciso política activa, corajosa, interveniente, feita por um líder maior e não por um garoto armado em comentador taxista.

E já agora um líder da oposição a sério também dava jeito!!

 
At 20 de dezembro de 2011 às 12:53, Anonymous Myriam Zaluar said...

Exmo Senhor Primeiro Ministro

Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.

Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.

Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.

Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.

...

 
At 20 de dezembro de 2011 às 12:55, Anonymous Myriam Zaluar said...

...
Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...

Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.

Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

 
At 20 de dezembro de 2011 às 12:56, Anonymous Myriam Zaluar said...

...
enho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.

Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro.

E como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus.

Myriam Zaluar,

 
At 20 de dezembro de 2011 às 14:37, Anonymous Anónimo said...

Isto, não se resolve enquanto o povo não pegar em armas e limpar o cebo aos cabrões e putas do governo da nação.

 
At 20 de dezembro de 2011 às 17:45, Anonymous Anónimo said...

Mas o que quer esta gente?

Este primeiro ministro governa há menos de seis meses, a culpa da situação do país é dele e do governo?

Esta senhora tão indignada votou certamente no Sócrates e no bando de malandros que levou o país ao fundo, mas antes devia estar melhor, aliás os rendimentos dela em 2010 de €4.000,00 são elucidativos.

As dificuldades são muitas e o desespero também, mas a situação do país como estava não podia continuar, senão pessoas como a senhora, deixavam de receber o ordenado porquanto iria deixar de haver dinheiro para pagar aos funcionários públicos.

Para terminar, essa senhora não se lembrou de compararar as habilitações dela com as do camarada Sócrates que também a governou durante seis miseráveis anos.

Só interesses politicos, vão trabalhar, vadios.

A mama vai acabar.

 
At 20 de dezembro de 2011 às 17:53, Anonymous Lopes said...

Deves ser um grande braço de trabalho?
Daqueles que viveu durante anos à custa dos subsídios da CE?
És mais um igual ao Pinto Bugalheira!
Vai para o ...

 
At 20 de dezembro de 2011 às 17:56, Anonymous Anónimo said...

Isto não interessa nada. Logo há mais gordos, mais telenovelas e, com sorte, mais bola.
Nesta república de bananas, o banco do mesmo estado que literalmente esfola qualquer pateta que ainda trabalhe, aumentando-lhe impostos, reduzindo-lhe salários, retirando-lhe qualquer garantia social, seja a possibilidade de uma pensão de reforma ou o acesso aos cuidados de saúde, permite que o seu banco a CGD tenha dependências em paraísos fiscais [Economia
Caixa Geral de Depósitos transfere operações da Madeira para as ilhas Caimão
A Caixa Geral de Depósitos está a transferir a operação que tem na zona franca da Madeira para o paraíso fiscal das ilhas Caimão. Em causa está o fim de alguns benefícios fiscais no offshore da região portuguesa, particularmente a tributação dos juros nas contas dos não-residentes a 21 e meio por cento. A Caixa já informou os clientes da transferência para as Caimão.] e aí administre e multiplique as fortunas depositadas sem que estas paguem um tostão de imposto.
Ou seja, enriqueça-se quem já é rico, e atire-se para a mendicidade quem não tem contas em offshores.

 
At 20 de dezembro de 2011 às 18:59, Anonymous Anónimo said...

Boa noite a todos.
O nosso Portugal esta como os portugueses querem, já o disse uma vez nestas paginas e volto a referir, vivemos numa democracia, os nosso governantes são eleitos por sufrágio eleitoral livre. Nestas ultimas eleições legislativas, ouve alguém que me disse. - Vou votar em quem! Nós temos partidos políticos para todos os gostos, então porque não procurar uma alternativa. Nós portugueses de norte a sul do país, somos uns mansos, sim uns mansos, levamos porrada e ainda pedimos desculpa. Fazemos manifestações, concentrações, colóquios, mas depois paramos, não pode ser, temos que acreditar no nosso país, na nossa qualidade, no nosso patriotismo, nós somos Portugal. Primeiro foram os jovens licenciados a ser convidados para abandonar o país, agora são os professores. Há que embrutecer o povo, pois só assim nos conseguem amordaçar.
Mestre lopes

 
At 20 de dezembro de 2011 às 19:23, Anonymous Anónimo said...

Que raio de governo é este que atira fora a massa cinzenta que temos.
Que país restará desta austeridade, desta destruição da economia, destes baixos salários, sem direitos laborais e sociais, de toda esta sangria do futuro.

 
At 20 de dezembro de 2011 às 19:27, Anonymous Anónimo said...

"O comissário europeu dos assuntos sociais, Laszlo Andor, mostrou-se hoje muito preocupado com a emigração de jovens europeus para outras paragens, nomeando "Brasil, Angola e Moçambique", numa mensagem que parece desenhada para chocar com o apelo à emigração feito pelo primeiro-ministro português, Passos Coelho. Andor não apenas critica a perda de uma "geração inteira" como também recorda o "custo financeiro" que isso acarreta.

"Alguns jovens já estão a sair da Europa para encontrar emprego em países como os EUA, o Canadá, Austrália ou o Brasil, Angola e mesmo Moçambique dependendo da sua língua de origem", lamentou o comissário. "Esta tendência não pode continuar: não apenas arriscamos perder uma geração inteira mas também há um custo financeiro. Há, aliás, um recente estudo europeu concluiu que o fardo dos actuais níveis de desemprego para a sociedade é de cerca de dois mil milhões euros por semana ou um pouco mais de 1% do PIB da UE". E por isso, a comissão de Durão Barroso "apela de forma urgente à acção europeia mas também nacional e local" para travar esta sangria geracional."

In:Económico
20-Dezembro-2011

 
At 20 de dezembro de 2011 às 23:57, Anonymous J. Mário said...

Desde o início que este Governo afirmou que, entre outras coisas, queria reduzir a despesa pública, aumentar as exportações, melhorar a balança de pagamentos e diminuir o desemprego. Sendo assim, a melhor maneira de fazer tudo de uma assentada é promover a emigração.

Com gente a emigrar, temos menos povo a encher hospitais, a pedir subsídios ou a fazer despesa ao Estado. Poupa-se no Serviço Nacional de Saúde, poupa-se na Segurança Social, etc. É só poupar.

Depois, exporta-se aquilo que cada vez há mais: desempregados. Ao exportar, não só diminuímos o desemprego, como ainda se melhora a balança de pagamentos quer pelas próprias exportações quer pela remessa de poupanças dos emigrantes para Portugal. Até mesmo porque fica sempre cá alguém da família. Sim, porque há sempre gente teimosa.

Até se deveria reformular o lema da diáspora, para “Emigrar é preciso. Viver não é preciso”. Os tempos mudam, e os lemas também deviam mudar.

Pela primeira vez há uma verdadeira política de emigração. Aliás, política de incentivo à emigração. E numa altura em que tanta gente fala que há falta de estímulo e de incentivos.Com a emigração não faltam novos horizontes. São horizontes a perder de vista. Não falta mundo.

Antigamente, nos tempos idos de Salazar, que era muito bom gestor e sabia fazer contas, e de Caetano, que até gostava de conversar com as famílias portuguesas, nem um nem outro deu palavras de incentivo a emigrar. As pessoas tinham de ir por iniciativa própria, sem uma palavra de estímulo, nem nada. Ao menos, agora, há um Governo solidário. E as pessoas ainda reclamam. Com franqueza!

 
At 21 de dezembro de 2011 às 11:48, Anonymous Anónimo said...

Parece que há excesso de portugueses em Portugal. Para remediar tão desgraçada contrariedade, o Governo decidiu minguar-nos tomando decisões definitivas. Há semanas, um secretário de Estado estimulou a emigração de estudantes. Há dias, o primeiro-ministro alvitrou que os professores desempregados ou com dificuldade em empregar-se deviam encaminhar-se para os países lusófonos, nos quais encontrariam a felicidade que lhes era negada na pátria. O dr. Telmo Correia, sempre inteligente e talentoso, elogiou, na SIC-Notícias, a sabedoria cristã de tão arguta ideia.

Acontece um porém: e os velhos? Que fazer dos velhos que enchem os jardins e a paciência de quem governa? Os velhos não servem para nada, nem sequer para mandar embora, não produzem a não ser chatices, e apenas valem para compor o poema do O'Neill, e só no poema do O'Neill eles saltam para o colo das pessoas. Os velhos arrastam-se pelas ruas, melancólicos, incómodos e inúteis, sentam--se a apanhar o sol; que fazer deles?

Talvez não fosse má ideia o Governo, este Governo embaraçado com a existência de tantos portugueses, e estorvado com a persistência dos velhos em continuar vivos, resolver oferecer-lhes uns comprimidos infalíveis, exactos e letais. Nada que a História não tivesse já feito. Os celtas atiravam os velhos dos penhascos e seguiam em frente, sem remorsos nem pesares.

Mas há outro problema. A fome. A fome que alastra como endemia, toca a quase todos, abate-se nos velhos e, agora, nos miúdos. Os miúdos das escolas chegam às aulas com as barrigas vazias: pais desempregados, famílias desgarradas, "a infância, ah!, a infância é um lugar de sofrimento, o mais secreto sítio para a solidão", disse-o Ruy Belo; e as escolas já não têm o que lhes dar. As cantinas reabrem, mesmo durante as férias, e sempre se arranja uma carcaça, um leite morno, nada mais, oferecidos por quem dá o pouco que não tem.
...Continua

 
At 21 de dezembro de 2011 às 11:49, Anonymous Anónimo said...

...continuação
Vêm aí mais fome, mais miséria, mais desespero, mais assaltos, mais violência, mais velhos desamparados, mais miúdos espantados com tudo o que lhes acontece e não devia acontecer. Mais desemprego, num movimento cumulativo, mecânico a automático, como nos querem fazer crer. Diz o Governo. Como se esta realidade fosse natural; como se a semântica moderna da sociedade explicasse a amoralidade da eliminação da justiça e a inevitabilidade do que sucede.
Para que serve este Governo?, a quem favorece, a quem brinda, a quem satisfaz? Podem, em consciência, os seus panegiristas passar ao lado das infâmias a que assistimos, e continuar omissos ou desbragadamente cortesãos? Podem. É ao que temos vindo a assistir. O Governo administra o ódio e o desprezo com a indiferença gélida de quem não é por nós. Diz-se que o anterior Executivo vivia da e na mentira. Este subsiste de quê?

B.B.

 
At 21 de dezembro de 2011 às 14:02, Anonymous Anónimo said...

Estes grandes filhos da puta que nos mandam emigrar é que devem ser colocados num barco com rombos no casco e desaparecer de vez.
Grandes filhos da puta, chulos de merda!

 
At 21 de dezembro de 2011 às 16:36, Anonymous Luís said...

Querido Pai Natal:
Venho por este meio pedir-te que ofereças ao meu pai uma arma automática com um bom carregador de balas, a fim de ele limpar o sebo a alguns merdas que estão no poder.
Estou farto de ser roubado!

 
At 21 de dezembro de 2011 às 20:15, Anonymous Carlos Alberto L. said...

Comunas p'ró poleiro, já!

 
At 21 de dezembro de 2011 às 20:28, Anonymous Lopes da Silva said...

Para o último comentador:
- Vai para o ...!

 
At 21 de dezembro de 2011 às 22:28, Blogger CF said...

Myriam gostava de expor o seu caso pessoal no meu espaço.

Visite-o e, se quiser, entre em contacto comigo

http://www.sobreaponte.blogspot.com/

 
At 22 de dezembro de 2011 às 10:00, Anonymous André said...

Naquela sua mistura de ingenuidade e impreparação explosiva, Passos Coelho aconselhou os professores desempregados que querem continuar a ser professores a emigrar para os PALOP. Interessante este primeiro-ministro: não disse ter assinado um acordo diplomático, político ou empresarial - o que ele quisesse - para reforçar o ensino de português em Angola, no Brasil ou na China. Numa frase leviana e sem o contexto adequado, indicou a porta de saída do País a milhares de pessoas que, presumo, não lhe merecem muito mais esforço intelectual.

É verdade que muitos destes professores não são na realidade professores - são licenciados em História, Jornalismo, Direito, Sociologia, Antropologia, etc., que, não tendo encontrado trabalho na sua área de especialização, a certa altura da vida acabaram por dar aulas para se sustentarem com alguma dignidade. O excesso de oferta desta mão-de-obra (qualificada mas indiferenciada) não é, por isso, de agora - é um problema antigo do País que todos os governos alimentaram -, e talvez tivesse feito sentido o primeiro-ministro explicar, com cuidado, como esta desadequação ao mercado de trabalho reflecte a encruzilhada económica portuguesa e como ele, Passos Coelho, se propõe mudar este terrível estado das coisas.

Não foi isso, no entanto, que o primeiro-ministro fez. Como sempre acontece nestes casos, a asneira deu lugar a uma sucessão de disparates para tentar desculpar a inacreditável superficialidade da abordagem. Primeiro, o sempre galvanizante Paulo Rangel lembrou-se de criar uma Agência da Emigração, o que me abstenho sequer de comentar tendo em conta a natureza lunática do empreendimento. Depois, lá veio Miguel Relvas - o limpa-neves do Governo - elogiar o esforço dos quadros portugueses (é sempre oportuno falar ao coração) na reconstrução de Moçambique, como se fosse isso que estivesse em causa.

Não é, evidentemente, o que está em causa; mas a intenção do ministro adjunto não era esclarecer ou iniciar um debate que até poderia ser útil - apenas baralhar os factos para enterrar o mais depressa possível a polémica. Voltemos, então, ao essencial. Portugal tem feito um enorme esforço de qualificação. Melhorou muito, mas ainda tem muitíssimo a fazer, e isso passa por reformas na educação, na organização do Estado e até na lei laboral. Não há soluções imediatas para um problema tão vasto; mas ao meu primeiro-ministro eu peço que me indique um caminho político e não que, em desespero, nos faça regressar aos tempos da mala de cartão.

 
At 22 de dezembro de 2011 às 16:39, Anonymous A.C. said...

Olhe Myriam,
acabei de ler o seu comentário e as lágrimas escorrem-me. Sim Myriam, sou homem e choro, de pena, de comiseração e de raiva, aqui em Paris, onde vim passar uns dias com o meu filho e nora, Paris onde estive por um curto tempo exilado em 1965 para não fazer a guerra colonial, mas que acabei por fazer desgostado com as intrigas e a desunião já nesse tempo entre os outros jovens meus compatriotas e exilados.
Tenho muita pena que o País que quisemos melhor, por que lutámos, sofremos e sonhámos seja esta merda, que este Povo afinal – na sua esmagadora maioria – não preste, seja aquilo que penso e não nomeio. Lutámos, muitos de nós, Myriam, por um País mais justo, solidário e tolerante, sem exploração de uns pelos outros (sempre muitíssimo menos os exploradores do que os explorados…), sem opressão, ‘mobbying’ e outras coisas (que também o conheci em certas instâncias da Europa ditas democráticas). Conheci, com muitos companheiros de luta (optámos ou divergimos nos caminhos, mas éramos/somos companheiros de luta contra a PIDE e a DGS (quero dizer, a PIDE reciclada), a guerra colonial e suas injustiças, os crimes e a opressão de cuja participação as Forças Armadas portuguesas se recusam ainda hoje a fazer a sua autocrítica – para os seus porta-vozes é sempre a defesa da Pátria… -, conhecemos o PREC e a sua esperança, as suas traições e desuniões. Porque alguém, vários traíram
Tudo isso, Myriam, conhecemos, sofremos, ansiámos por uma sociedade melhor, supondo que, no fim, os sofrimentos teriam sido o preço por uma vida mais feliz, não para mim, não apenas para a minha família e amigos e companheiros, mas para todos. Juro-lhe que nas celas de Caxias, no exílio e na depressão da minha participação na guerra de opressão em Angola, era nesse futuro melhor para todos que eu pensava. Tudo teria merecido a pena.
Por isso lhe digo Myriam, enquanto escrevo directamente no comentário, sinceramente com as lágrimas a escorrerem-me pela cara, triste, com amargura, após ‘exílios’ sucessivos em África e na Europa nos anos 80, 90 e 2000, que a sua carta aberta desperta em mim um urgente sentido de solidariedade e, ao mesmo tempo, a muita pena por sermos afinal impotentes para pôr fim à injustiça e canalhice que campeiam e governam o País que julguei ser o nosso – seu e meu.
Tenho quase 68 anos, o meu filho não terá qualquer futuro risonho em Portugal – dei-lhe em 4 de Dezembro de 1975 um nome que reflectia ainda a aliança entre o Povo e o MFA -, e a minha filha, que apesar das suas múltiplas qualificações, não terá talvez grandes oportunidades no rectângulo europeu extremo-ocidental.
Um abraço fraterno, Myriam, e os votos de que finalmente encontre com os seus filhos as oportunidades e a justiça que bem merecem. Sinceramente.
Armando Cerqueira

 
At 22 de dezembro de 2011 às 18:26, Anonymous Anónimo said...

Sempre vi o quanto o sócrates é fraco e sem principios sociais mas sim principios individuais. Portugal andou a deriva mas não foi apenas na sua governação nos ultimos 20 meses do mandato do PSD já começara os problemas. em relação a este governo o que posso dizer é que estão a deixar os principios sociais de lado. Eu considero-me culpado pois não voto e por este caminho tambem eu terei de emigrar

 
At 27 de dezembro de 2011 às 10:49, Anonymous Anónimo said...

Eu, a esse porco ordinário, acusava-o era de assédio sexual continuado, se não tivesse medo das represálias.

Uma anónima

 
At 3 de janeiro de 2012 às 22:02, Anonymous Anónimo said...

Para o país progredir, teriam que existir apenas 3 ministros: norte, centro e sul. Existir no máximo 15 deputados, 5 por ministro.Tudo o que roubaram até agora, ser devolvido ao país e os gatunos serem abatidos.
E caso os troikas não o fizessem, serem também abatidos, assim veriam que tudo mudava e estes 20 politicos, terem que se preocupar com quem trabalha e não com quem nada faz como tem sido até então.
Dêm valor a quem trabalha e não aos engraxadores.

 

Enviar um comentário

<< Home