MAIS UMA PARA AJUDAR A FESTA...
Armando Vara, ex-secretário de Estado da Administração Interna no governo Guterres, de onde saiu em consequência do escândalo da Fundação para Prevenção e Segurança, foi nomeado pelo novo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O ministro substituiu também o presidente do banco público, Vítor Martins, nomeando para o cargo Carlos dos Santos Ferreira, um homem próximo de António Guterres e muitas apontado como eventual membro dos governos do antigo primeiro-ministro.
Recorde-se que Vítor Martins ocupava a presidência da CGD desde Setembro do ano passado, tendo na altura substituído António de Sousa e Luís Mira Amaral, que lideravam o anterior modelo bicéfalo de administração do banco público.
CAIXA COR-DE-ROSA
Carlos dos Santos Ferreira tem 56 anos de idade, é licenciado em Direito e tem 34 anos de carreira como gestor. Começou na ANA - Aeroportos de Portugal, passou pela gestão do aeroporto de Macau e tornou-se depois 'braço direito' de António Champalimaud, integrando a direcção da Mundial Confiança, de onde saiu em 1999 magoado com Champalimaud por não ter sido consultado sobre o negócio com os espanhóis do Santander.
O novo presidente da CGD passou ainda pela direcção do BCP para a área dos seguros e ocupava actualmente a vice-presidência da Estoril Sol. É agora o primeiro socialista numa década a presidir ao Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos.
Em comunicado, o Ministério das Finanças adianta que “na qualidade de representante do accionista Estado na instituição” decidiu, igualmente, reduzir de onze para nove o número de elementos da Administração da Caixa. Dos nove administradores da nova direcção, quatro são da área socialista.
Substituído pelo novo ministro das Finanças foi também o vice-presidente da CGD, João Freixa, que abandonou a direcção. António Maldonado Gonelha mantém-se na direcção - para onde foi levado pelo presidente cessante (Vítor Martins) - e passa agora a ser o único vice-presidente do banco público.
De saída estão também os vogais António Vila Cova, Luís Alves Monteiro e Gracinda Raposo. O ministro das Finanças decidiu manter na administração da CGD - além de Maldonado Gonelha - os vogais José Santos Ramalho, Vítor Lopes Fernandes, Carlos Silva Costa, Celeste Cardona e Norberto Rosa.
FACTURA DE 2,25 MILHÕES
Em concreto, foram demitidos cinco membros da administração da CGD, uma medida que custará ao banco público mais de 2,25 milhões de euros em indemnizações.
O ministro substituiu também o presidente do banco público, Vítor Martins, nomeando para o cargo Carlos dos Santos Ferreira, um homem próximo de António Guterres e muitas apontado como eventual membro dos governos do antigo primeiro-ministro.
Recorde-se que Vítor Martins ocupava a presidência da CGD desde Setembro do ano passado, tendo na altura substituído António de Sousa e Luís Mira Amaral, que lideravam o anterior modelo bicéfalo de administração do banco público.
CAIXA COR-DE-ROSA
Carlos dos Santos Ferreira tem 56 anos de idade, é licenciado em Direito e tem 34 anos de carreira como gestor. Começou na ANA - Aeroportos de Portugal, passou pela gestão do aeroporto de Macau e tornou-se depois 'braço direito' de António Champalimaud, integrando a direcção da Mundial Confiança, de onde saiu em 1999 magoado com Champalimaud por não ter sido consultado sobre o negócio com os espanhóis do Santander.
O novo presidente da CGD passou ainda pela direcção do BCP para a área dos seguros e ocupava actualmente a vice-presidência da Estoril Sol. É agora o primeiro socialista numa década a presidir ao Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos.
Em comunicado, o Ministério das Finanças adianta que “na qualidade de representante do accionista Estado na instituição” decidiu, igualmente, reduzir de onze para nove o número de elementos da Administração da Caixa. Dos nove administradores da nova direcção, quatro são da área socialista.
Substituído pelo novo ministro das Finanças foi também o vice-presidente da CGD, João Freixa, que abandonou a direcção. António Maldonado Gonelha mantém-se na direcção - para onde foi levado pelo presidente cessante (Vítor Martins) - e passa agora a ser o único vice-presidente do banco público.
De saída estão também os vogais António Vila Cova, Luís Alves Monteiro e Gracinda Raposo. O ministro das Finanças decidiu manter na administração da CGD - além de Maldonado Gonelha - os vogais José Santos Ramalho, Vítor Lopes Fernandes, Carlos Silva Costa, Celeste Cardona e Norberto Rosa.
FACTURA DE 2,25 MILHÕES
Em concreto, foram demitidos cinco membros da administração da CGD, uma medida que custará ao banco público mais de 2,25 milhões de euros em indemnizações.
Contas feitas pelo 'Diário Económico' referem, por exemplo, que só Vítor Martins e João Freixa vão receber a totalidade dos ordenados a que teriam direito até ao final dos respectivos mandatos, que terminava no final de 2007.
São pelo menos 725 mil euros para Vítor Martins e 507 mil euros para João Freixa, sendo que este último valor ronda a indemnização a atribuir também a Luís Alves Monteiro.
São pelo menos 725 mil euros para Vítor Martins e 507 mil euros para João Freixa, sendo que este último valor ronda a indemnização a atribuir também a Luís Alves Monteiro.
Já António Vila Cova e Gracinda Raposo 'baixam' a directores, pelo que têm direito a uma indemnização apenas relativa ao diferencial no ordenado.
Foi o percurso inverso do de Armando Vara, que era director-coordenador da CGD e agora é promovido a vogal do Conselho de Administração do banco público.
12 Comments:
Porra estou farto de pagar impostos para esta cambada de Filhos da Puta de polítiicos da Merda.
VIVAM OS BOYS
É uma desilusão ao ver a falta de ética e integridade moral dos governos, quando começam nestes malabarismos de cadeiras, no sentido de colocarem os seus Boys nos poleiros, seja por questões de favor, seja apenas por questões de colorido.
Esta questão, é tanto mais desagradável, quanto mais frequente se torna, pois os mesmos já são impermeáveis à critica e ao bom senso, sejam de que partidos forem.
Mas uma das coisas que a mim me causa mais espanto, é sentir tanta ignorância quando há pessoas que se exprimem no sentido de que, estas atitudes são bem feitas e levam tudo isto como sejam vinganças do tipo: "tu fizeste a mim, agora eu faço-te a ti.."
Em relação a isto há pessoas que acham bem!
Denotando de tal modo uma ignorância extrema.
Nós, povo, queremos em determinados lugares, pessoas credíveis,integras, no sentido de administrarem as empresas do estado ou seja o que for, muitos com provas dadas, e não ficarmos bem, satisfeitos, só porque são deste ou daquele partido.
Ao se fazer comentários num tom de regozijo, face a determinadas artimanhas, estamos a ser muito ingénuos, para não dizer, pobres de espirito.
Não devem saber que as despesas do estado face a estas mudanças triplicam ou mais, pois os que saem vão receber indeminizações avultadas, e estão-se nas tintas...!
Mas quem acha bem, também se deve estar nas tintas, provavelmente não lhe sai do bolso, e talvez seja mais um (uma) dos que vai buscar sem dar nada em troca. Por isso fica jubilada com estas coisas que considero da pior falta de moral e vergonha.
É só obras de fachada
Na última Ponte, o candidato a verrador pelo PSD, verborreia um sem número de sílabas, vogais e consoantes que nos fazem sentir pequeninos e enfezadinhos!! Enfim!
Uma vergonha regional?!
Ó dr Bento não havia melhor que isto?
Um engenheiro químico, filho do povo, que o PSD local achou por bem empontar para enfrentar um monstro da política autárquica local e regional, que conseguiu em pouco mais de 3 mandatos colocar a Ponte de Sor no mapa do país, como uma comunidade moderna, evoluída e exemplar, consegue afirmar entre otras cosas e losas que Ponte de Sor é só obras de fachada!!!!
Adonde tem andado o Senhor Engenheiro. Eu cá por mim não escrevo muito bem mas ainda vejo com os meus olhos, que algum dia a terra áde comer., aquilo que vocemecê diz que na presta. Obras de fachada. Já na se deve lembrar dos banhos que dava no sor,
(quando fazia calor), do futebol no campo da aviação, e da mercearia do Zé das sardinhas. Pois atão do alababronx eras muito pequenino, mas narscestes lá lembras-te?!…
O qué que vocemecê quer mais, crianças, pessoas, piscinas, estádios, fundações, hipermercados, fábricas, que nos dão de comer e de beber, e nos dão uma vida boa. Na presta??? Ou o negócio do gado já na dá???!!!
Por quem fala o risonho? por si, ou pela voz do dono. Inveja diz o povo! Não é pra admirar… Que dizer entre muitas cosas do engenheiro químico que entrou para as águas do norte Alentejo pela mão do dr. , que tem como mandatário de campanha o primeiro cheira cús do dr.
Livrem-nos disto, por favor, não nos tratem como uns imbecis, para o ridículo já temos o sr. Engenheiro vereador Jordão e o casal maravilha, mais a dolly e o milionário comunista amante, que estão de passagem prá outra margem….
Ó dr. deixe que lhe faça uma ideia, (na me leve a mal) mas na antiga casa do lixo ao pé dos Pascoaes faça um asilo e metaos lá a todos, mais aquele gajo do vale de açor que na tem adonde cair morto… Todos prá casa do lixo…
Já!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Vem para aquí este anónimo armado em moralista, no melhor estilo de afilhado do PS, comentar, sem nada ter a ver com assunto postado.
Como aqui já alguem já escreveu, cada dia que passa a «verdade dói muito».
O que aquí está em causa é os gastos que o governo está a criar com a nova e antiga adinistração da CGD.
Estes rapazes tem sempre uma memória curta, foram eles quando estavam na oposição criticaram o PSD e agora vem fazer o mesmo.
São eles que pedem sacrificios a todos nós e que vão gastando o dinheiro dos nossos impostos à farta.
Como diziam os A:
« A MERDA É A MESMA AS MOSCAS É QUE VÃO MUDANDO»
Políticos de m...
A VERDADE É COMO AZEITE...
CGD recusou-se a financiar grandes projectos públicos
Financiamento da Ota e do TGV poderá estar na origem da saída de Vítor Martins
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) voltou a viver momentos de instabilidade. O anúncio repentino de mudança de presidente - com a substituição de Vítor Martins por Carlos Santos Ferreira - trouxe a público uma relação de tensão existente entre o Governo socialista e a administração do banco público que, apesar de alguns indícios de falta de sintonia, não fazia prever este final.
Segundo fontes do mercado ontem contactadas pelo DN, os desentendimentos entre Vítor Martins e o Governo resultaram, em grande parte, da recusa da administração da CGD em participar nos financiamentos privados aos grandes investimentos públicos, como o futuro aeroporto da Ota e a rede de TGV. No mercado fala-se de decisões de crédito polémicas e contestadas, que no entanto não chegaram a ser conhecidas. Confrontada com estas e outras questões, a administração da Caixa remeteu-se ontem ao silêncio. Também o ministro das Finanças, Tei- xeira dos Santos, através do seu gabinete, escusou-se a comentar.
Sem grandes explicações, o ministro das Finanças justifica a sua decisão com a ausência de uma "relação de confiança" que deveria existir entre administração e o accionista. Esta justificação encontra eco no adiamento das assembleias gerais ordinárias da CGD e da Caixa Banco de Investimento, que gerou especulação no mercado sobre a intenção do Governo em substituir administradores.
As reacções mais imediatas a esta decisão do Governo dizem respeito aos custos que ela implica, numa conjuntura económica difícil e num quadro de contenção de despesa pública que, nos últimos tempos, tem colocado a CGD no centro desta polémica, com a tão falada reforma do ex-presidente da comissão executiva da Caixa, Mira Amaral.
"Esta decisão do ministro das Finanças é pouco compreensível, pois vão gastar-se alguns milhões de euros em indemnizações", referiu ao DN o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Caixa (STEC), João Lopes. Recorde-se que dos cinco administradores demitidos, Vítor Martins, João Freixa e Alves Monteiro deixam a Caixa, enquanto António Vila Cova e Gracinda Raposo regressam ao cargo de directores.
As Finanças vão ter de pagar indemnizações que correspondem à totalidade dos vencimentos que os três administradores iriam receber até 2008, altura em que cessam o mandato iniciado em 2004. Ninguém conseguirá avançar com os números exactos dos valores a serem pagos, mas sabe-se que, em 2004, a CGD gastou 2,7 milhões de euros em remunerações de órgãos de gestão e fiscalização, mais 500 mil euros do que no ano anterior.
João Lopes reconhece que a redução de 11 para nove administradores corresponde a uma poupança, mas tal resultará numa concentração de pelouros, o que pode- rá ser prejudicial.
Para o presidente do STEC, o principal custo a ter em conta é a "instabilidade que volta à instituição". E acrescenta "O ministro das Finanças devia explicar-se."
Mas as explicações do Governo sobre esta decisão parecem resumir-se ao comunicado da passada segunda-feira. Sabe-se que a decisão tem efeito imediato, com o novo conselho de administração a entrar em funções nos próximos dias.
Além do presidente Carlos Santos Ferreira, a CGD passa a contar só com um vice-presidente, António Maldonado Gonelha. Os seis vogais são Vítor Fernandes, José Santos Ramalho, Carlos Costa, Celeste Cardona, Norberto Rosa (que transitam da anterior administração), entrando Francisco Bandeira e Armando Vara.
A CGD tem agora uma administração onde passa a dominar os elementos afectos ao PS, dez anos após o último presidente "socialista" da instituição (Rui Vilar). O Governo decidiu manter Celeste Cardona, do PP, e Norberto Rosa, do PSD, numa relação de forças políticas que o mercado entendeu como uma resposta a críticas sobre a "partidarização" do banco público. No entanto, algumas fontes consideram que esta lógica não é benéfica para uma empresa que se insere num mercado altamente concorrencial como a banca.
O QUE FAZ SER BOY:
De funcionário de balcão a administrador
Começou como simples funcionário de balcão na dependência da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Mogadouro. Ascende agora a um dos lugares de administrador da CGD, superada enfim a "travessia do deserto" cumprida após a sua atribulada demissão do Governo de António Guterres.
Transmontano de gema, Armando António Martins Vara nasceu há 51 anos no lugar de Lagarelhos, freguesia de Vilar de Ossos, no concelho de Vinhais. Quando eclodiu a Revolução dos Cravos mergulhou a fundo na política, filiando-se no Partido Socialista. Mário Soares era o seu ídolo. Volvida uma década, com 30 anos, já representava o PS na Assembleia da República, como deputado do círculo de Bragança, chegando a vice-presidente do grupo parlamentar. Por concluir ficou o curso de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa.
A experiência parlamentar, que se prolongou por várias legislaturas, permitiu-lhe alargar a rede de conhecimentos e sedimentar relações nos círculos políticos, fora do âmbito do PS, e também nos meios jornalísticos. "Ele é amigo do seu amigo, bastante generoso, e tem uma forte personalidade. Por vezes revela-se bastante obstinado." É assim que o descreve ao DN um dos jornalistas que o conheceu bem nos corredores de São Bento.
O jornalismo, de resto, foi uma actividade que sempre fascinou Armando Vara. Ainda muito jovem, o futuro ministro manteve um programa radiofónico na RDP-Nordeste. Em 1985, integrou a equipa de fundadores do jornal A Voz do Nordeste - mais um sinal evidente de ligação à região natal. Do seu currículo político a nível regional constam ainda as funções de secretário coordenador da Federação Distrital de Bragança do PS e deputado municipal na sede do distrito.
Entre os socialistas, a nível nacional, começou por ser apoiante de Jaime Gama. Mas, através do seu amigo José Sócrates, aproximou-se de António Guterres. Este escolheu-o para membro do "governo- -sombra" do PS nas áreas das Obras Públicas e Transportes. Foi uma espécie de ensaio geral, ainda na oposição, para as funções governamentais que Vara exerceria após a vitória "rosa" nas legislativas de 1995. Quatro anos antes fora candidato a presidente da Câmara Municipal da Amadora, tendo recebido cerca de três mil votos menos do que o representante da CDU, então a força dominante no concelho. Foi vereador durante algum tempo.
A mudança de ciclo político, protagonizada por Guterres, levou-o primeiro a secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois a secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99). Com a segunda vitória eleitoral consecutiva do PS nas legislativas, em 1999, tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social. "Finalmente ministro", titularam à época alguns jornais.
Já em 2000, passou a ministro da Juventude e Desporto. Mas antes do fim do ano viu-se forçado a pedir a demissão ao surgirem notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara no ano anterior, quando era secretário de Estado. As irregularidades nunca foram provadas já em 2005, a Procuradoria-Geral da República arquivou o processo, reconhecendo que Vara não violou a lei. Mas o ex--ministro continua sem perdoar ao Presidente da República: na altura, Jorge Sampaio terá recomendado a Guterres que o tirasse do Governo.
Agora é o regresso pela porta grande à instituição que acolheu os primeiros passos profissionais deste benfiquista que se mantém sócio do Grupo Desportivo de Bragança. Vara é assim por mais que suba, não esquece as raízes.
ESTÃO DE VOLTA
Não foi no tempo da primeira AD ou nos governos de Cavaco Silva. A memória está fresca para quem queira lembrar-se do que alguns dos actuais governantes disseram sobre a nomeação de Celeste Cardona para a administração da Caixa Geral de Depósitos.
Estávamos em Setembro de 2004 Bagão Félix, ministro das Finanças de Santana Lopes, nomeava a ex-ministra da Justiça de Durão Barroso para a administração da Caixa. Os ataques políticos que a decisão sugeriu aos dirigentes socialistas devem ser entendidos e enquadrados nesse rigoroso plano. Faz parte do jogo.
Acontece que os mesmos que agora reconduzem Celeste Cardona não se limitaram a criticá--la no plano político. Crucificaram-na questionando a sua capacidade técnica para o cargo, afirmando que o currículo não sustentava a nomeação. Conclusão Celeste Cardona estava a beneficiar de um favor político.
Que se saiba, de então para cá, a administradora da Caixa não ganhou novas qualificações para a função e muito menos alterou a sua filiação partidária. Terá cumprido as suas responsabilidades e, admite-se, com desempenho apreciável.
Armando Vara não tem, igualmente, especiais habilitações para a administração da Caixa - a não ser, claro, a militância e os serviços prestados ao PS. Além de ser funcionário da instituição há 22 anos - a esmagadora maioria deles requisitado pela política.
Foi agora recompensado por essa fidelidade, tal como Celeste Cardona o foi no passado - Celeste que agora serve para amaciar a nomeação de Vara. Poderá ser uma interpretação injusta, mas é o que parece.
As regras do jogo não mudam. E estão viciadas. A lógica do Bloco Central renasce com José Sócrates em todo o seu esplendor nomear os boys do PS e poupar alguns do PSD, agora com o apêndice da recente coligação. Para não dar demasiado nas vistas.
Lembram-se do cartaz de campanha do PSD com a frase "quer mesmo que eles voltem?"? Estavam lá as caras de alguns que já voltaram, não à política, mas ao que a política pode fazer por eles. Fernando Gomes está na Galp, Armando Vara na Caixa. E outros se seguirão. Estão de volta
Mudanças na Caixa Geral de Depósitos
Teixeira dos Santos fez a mudança que Campos e Cunha recusara
O Presidente da República, Jorge Sampaio, não foi avisado previamente por José Sócrates da decisão de mudar a administração da Caixa Geral de Depósitos, uma das instituições mais relevantes do tecido económico nacional, tendo sabido da notícia através da televisão.
O PÚBLICO apurou que o Presidente terá reagido mal não só ao facto de José Sócrates não o ter informado, como Durão Barroso habitualmente fazia quando tomava medidas semalhantes, mas também não terá visto com bons olhos a entrada do ex-ministro socialista Armando Vara para administração, já que fora por sua pressão que ele saíra do Governo quando era ministro da Administração Interna de António Guterres, após o escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança.
A transferência de poder dentro do Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi, por outro lado, um dos pontos de discórdia entre o chefe do Governo, José Sócrates, e o anterior titular da pasta das Finanças, Luís Campos e Cunha, que se recusou a mudar a administração a meio do mandato. Esta terá sido mesmo uma das razões que levaram à saída de Campos e Cunha do Governo.
Loga nas primeiras semanas de governação, José Sócrates sugeriu ao anterior ministro de Estado e das Finanças que procedesse à substituição da administração da CGD, liderada por Vítor Martins, o que este recusou fazer. No braço-de-ferro que travou então com o primeiro-ministro, Campos e Cunha alegou que o mandato de quatro anos seria para levar até ao fim. Isto porque a administração indicada pelo Executivo de Santana Lopes tinha tomado posse há menos de um ano, em Outubro de 2004.
No entender de Campos e Cunha, as mudanças na estrutura de topo da Caixa, nesta fase, não só poderiam indicar um reforço da politização da empresa, com efeitos negativos na sua imagem exterior, mas contribuiriam igualmente para criar instabilidade no tecido social do grupo financeiro, que ainda recentemente levou a cabo uma greve geral contra a transferência do Fundo de Pensões para a Caixa Geral de Aposentações. Por isso, na última assembleia-geral da Caixa, a 17 de Junho, o Estado, o único accionista da CGD, chegaria mesmo, por indicação de Campos e Cunha, a manifestar total confiança em Vítor Martins, uma figura respeitada que fora secretário de Estado dos Assuntos Europeus de Cavaco Silva.
Porém, apesar do voto favorável, a tutela optou na altura por não atribuir prémios aos gestores e por não proceder à sua avaliação, dando sinais de poderem existir divergências quanto ao futuro. O que aliás se acabou por confirmar.
Um gestor ligado à ala guterrista do PS
Segunda-feira ao final do dia, e apenas dez dias depois de tomar posse, Teixeira dos Santos esclareceria as dúvidas, ao anunciar de forma inesperada para os mercados financeiros que o Governo iria proceder a mudanças na gestão da Caixa Geral de Depósitos, nomeando agora um financeiro da área seguradora e um nome próximo da ala guterrista do PS: Carlos Santos Ferreira.
O gestor, que amanhã assume funções de presidente, passará a trabalhar com um conselho composto por um total de nove membros (menos dois que a anterior administração, que dispunha do número máximo permitido pelos estatutos).
Nos últimos anos, uma "mescla de critérios" não exclusivamente "financeiros" tem orientado a escolha das administrações do banco público, com a maioria dos administradores a transitar da equipa de Vítor Martins. Mesmo assim sai reforçado o peso dos nomes com ligações partidárias fortes ao PS, PSD e PP. É o caso de Armando Vara e Maldonado Gonelha, ambos dirigentes do PS e ex-ministros de governos socialistas, e de Celeste Cardona, dirigente do PP e ex-ministra de Durão Barroso. Refira-se que Celeste Cardona é amiga pessoal de Maldonado Gonelha.
Os argumentos de Teixeira dos Santos
Quanto ao actual titular da pasta das Finanças, este justificou as mudanças em comunicado oficial por, entre outras coisas, a Caixa necessitar de "uma liderança forte e uma relação com o accionista Estado assente na transparência". Segundo Teixeira dos Santos, "nos últimos meses uma série de eventos e notícias" vieram "fragilizar a imagem interna e externa da actual administração, bem como a relação de confiança que deveria existir entre ela e o accionista". Razão que o levou "a criar condições que permitam à CGD prosseguir com firmeza a sua estratégia". Para o actual ministro, ao indicar o nome de Santos Ferreira para liderar o banco público, a sua preocupação foi a de assegurar a competitividade do grupo Caixa num mercado muito concorrencial, como é o financeiro
Contudo para João Lopes, sindicalista da CGD, a nomeação de uma nova administração é um acto "surpreendente" pois "ainda há pouco tempo os actuais gestores tinham recebido o apoio do Governo", o mesmo que agora "vem contestar actos de gestão realizados" por Vítor Martins. "É uma história mal contada, até porque a Caixa está a atravessar um bom momento" do ponto de vista económico e financeiro. Para João Lopes, "se o Governo tivesse feito as mudança quando chegou ao poder era mais razoável".
Para preparar a transição, Carlos Santos Ferreira encontrou-se ontem com o ainda líder da instituição Vítor Martins, para acordarem a passagem de testemunho.
Teixeira dos Santos fez a mudança que Campos e Cunha recusara
A primeira grande medida do novo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, foi a de fazer a vontade ao primeiro-ministro e substituir a administração da Caixa Geral de Depósitos, uma mudança que Campos e Cunha recusara por considerar que a equipa de Santos Martins estava no início do seu mandato e interessava manter a estabilidade na instituição, que agora passa a ser presidida por um gestor socialista. O Presidente da República soube das mudanças pela comunicação social e não gostou.
E Teixeira foi à Caixa...
Não se pensava que Fernando Teixeira dos Santos seguisse o exemplo de António Bagão Félix e fosse na Caixa Geral de Depósitos a sua estreia no cargo. Mas foi. Vítor Martins já não regressa depois de férias. Como Mira Amaral e António de Sousa seguiram para a praia há um ano, sem bilhete de volta. Existe, porém, uma ligeira diferença entre um caso e outro. As razões para a mudança.
Este ministro não tem motivos para demitir. O outro ministro, além de motivos de sobra, tinha urgência numa decisão.
A CGD estava então bloqueada há meses, por causa de um modelo de governo absurdo, inventado pela doutora Manuela Ferreira Leite. O grupo estava partido ao meio, o eng. Mira Amaral mandava numa parte, o prof. António de Sousa noutra.
Deixaram rapidamente de se falar. Menos ainda de trabalhar em conjunto. Uma aberração completa. Bagão Félix nem precisou explicar a decisão salomónica de pôr os dois a andar.
Agora não. Teixeira dos Santos limita-se a falar em fragilidade interna e externa da administração. Fragilidade que se baseia numa série de eventos e de notícias recentes.
Admite-se, portanto, que este ministro assume o mal-estar entre a equipa de Vítor Martins e o Governo socialista, tendo a coragem de fazer aquilo que Campos e Cunha não quis.
Mas que eventos podem ser? Os sucessivos adiamentos das assembleias gerais, quer da CGD, quer do banco de investimento do grupo? E que notícias? Terá sido o mal-explicado voto de confiança do accionista nos órgãos sociais do banco?
Ou terá sido ainda, num tempo mais remoto, a demissão não consequente de Vítor Martins, face àquela opção danosa de transferência do fundo de pensões para a Caixa Geral de Aposentações?
Ou, por outro lado, terão sido actos de gestão, decisões estratégicas tomadas no âmbito do Projecto Líder, que não agradaram?
Dito de outra forma: na base desta decapitação ontem anunciada no maior banco português só estão especulações. Ainda por cima, mal resolvidas com a solução apresentada.
Todos os casos que supostamente deterioraram a relação com o accionista Estado nascem, única e exclusivamente, num só sítio: o Estado.
Não foi a administração que decidiu entregar o fundo de pensões como receita extraordinária do Orçamento. É o accionista que determina as datas da sua assembleia. E, como é óbvio, não é a administração que pode ou deve manifestar um voto de louvor a si própria.
Restam, assim, duas possibilidades razoáveis para este ministro suportar a decisão.
Uma, é que lhe faltava confiança política nesta administração – e, por isso, mantém Celeste Cardona. Outra, é que faltava competência profissional à equipa anterior – e, por isso, promove o dr. Vara, conhecido por «ministro das fundações».
Teixeira dos Santos substituiu Campos e Cunha debaixo do anátema da partidarização do cargo. Na vez de cortar despesa, preferiu cortar cabeças. É uma opção. Incompreensível. Inexplicável. Inacreditável. Imperdoável.
Cito o camarada Jaime Gama: não há segunda oportunidade para criar uma primeira boa impressão.
Santos encaixado
Governo nomeia Carlos Santos Ferreira e reduz número de administradores
A nomeação de Santos Ferreira para presidir à Caixa Geral de Depósitos (CGD) surge cerca de duas semanas depois de o seu nome ter sido rejeitado pelos accionistas da PT para substituir Horta e Costa na liderança da empresa.
Tal como, de resto, aconteceu com o próprio ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, outro dos nomes sugeridos pelo Governo e também rejeitado.
O ministro das Finanças nomeou Carlos Santos Ferreira, director da Mundial, para a presidência da CGD, substituindo Vítor Martins, que tinha sido indicado em Setembro do ano passado. De saída estão também o vice-presidente, João Freixa, e os vogais António Vila Cova, Luís Alves Monteiro e Gracinda Raposo.
Outro dos novos membros nomeados para o conselho de administração, que passa de onze para nove pessoas, é Armando Vara, ex- secretário de Estado da Administração Interna de António Guterres.
O ministro das Finanças justifica as mexidas com “uma série de eventos e notícias a eles associados que fragilizaram, objectivamente, a imagem interna e externa da actual administração bem como a relação de confiança que deveria existir entre ela e o accionista”.
A saída dos cinco administradores do Conselho de Administração deverá custar, segundo o Diário Económico, cerca de 2,25 milhões de euros ao banco.
“A CGD está a viver um clima de instabilidade quase há dois anos”, confirma João Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas da CGD, manifestando-se preocupado com “os efeitos negativos “ desta mudança.
João Lopes alerta ainda para o facto de o “número de altos quadros e directores da empresa ter mais de quintuplicado nos últimos 25 anos
A dança das cadeiras
Como se sabe a autocrítica é algo que não faz parte das actividades preferidas da classe política nacional. Porque faz sempre o que critica aos que os antecederam num qualquer cargo. Critica os «boys» e coloca «teenagers». Invectiva os «teenagers» e recoloca os «boys». E isso dentro de um circuito de manutenção que se tornou o discutível tónico da nossa democracia.
Portugal inventou mesmo a democracia portuguesa com aroma latino-americano. Uma espécie de Estado dos ananases. Se Portugal se vestisse como uma cantora era um clone de Cármen Miranda. Como se veste de fadista é uma versão em 45 rotações de Armando Vara.
O rotativismo partidário trata assim a democracia portuguesa. Apela aos portugueses para que o cinto aperte. E depois abre sucessivamente furos no cinto do Estado para alimentar a sua cada vez maior barriguinha. Estamos a assistir ao regresso dos comissários políticos. Sem reservas delimitadas pelo bom senso.
O PS criticou Cardona na CGD. Agora coloca lá Vara, mantendo a senhora. Diminui os administradores mas aumenta a percentagem de quem, se não estivesse no sector bancário, poderia estar no siderúrgico ou no das minas. O poder em Portugal não dança corridinho. Exercita-se, apenas, na dança das cadeiras.
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