quarta-feira, 21 de setembro de 2005

O PAÍS DOS GENÉRICOS

Portugal é o país dos genéricos: quando tenta tratar de tudo acaba por não resolver nada. Todas as decisões começam por ser excelentes para o consumidor e, depois deste ser aliciado pelo melhor dos mundos, descobre que foi convocado para o pior dos infernos. Aparentemente é assim nos remédios.
Com os genéricos o cidadão iria descobrir a agulha no palheiro dos enganos. Agora também paga a palha. Para o Estado, como sempre, com mais ou menos mercado, em caso de dúvidas paga o consumidor. É mais rápido que a própria sombra das suas promessas.
Em Portugal o Estado é Lucky Luke e os cidadãos consumidores são convidados a fazer o papel de Rantanplan.
É triste.


O novo paradigma de como o Estado funciona são os recibos verdes. Criaram-se condições, de facto, para que ele fosse um dos pilares do emprego. Agora os contabilistas de serviço à máquina estatal vislumbraram ali um paraíso fiscal. Há quem deva pagar. Há quem não deva. Mas há casos de quem, entre os novos valores do pagamento para a segurança social e os descontos obrigatórios para o IRS, vá trabalhar para pagar a sopa e a sandes do almoço.

O Governo socialista chama a isto suavizar a dor. Isto é: nem trata da doença nem a esquece. Dá-lhe genéricos mais caros até que a cólica volte.

Fernando Sobral

4 Comments:

At 21 de setembro de 2005 às 16:50, Anonymous Anónimo said...

Deplorável

Já se sabia - há meses - que Fátima Felgueiras ia voltar, as questões jurídicas que se levantam, e que impedirão a concretização da sua prisão preventiva por ser candidata autárquica (pese o facto de a prisão preventiva ter sido ordenada há muito tempo, o que invalidaria a aplicação do espírito da lei que a candidata invoca) não são novas, logo, e em nome da credibilidade do Estado de Direito - democrático - não deveriam a PJ, o MP e a magistratura judicial, estar à espera, preparados, bem preparados, com um discurso afinado e inequívoco ? Se uma parte do circo é inevitável, isto é um maná para as TVs, já o outro, o das dúvidas, das diferentes interpretações da Lei, do espalhafato de prender/não prender é não só dispensável como contraproducente.

Não teria sido possível, a tempo e horas, concertar posições e acordar numa posição comum, que solucionasse a coisa sem dramas, e de modo evitar que qualquer decisão fosse vista ou como uma vitória ou como producto de uma qualquer perseguição ?

 
At 21 de setembro de 2005 às 17:27, Anonymous Anónimo said...

A COLHEITA DO PRESIDENTE DA CÂMARA
O Partido Socialista anda agora a tentar convencer-nos de que as eleições autárquicas não devem ter uma leitura nacional, uma vez que são eleições diferentes das legislativas.

(O Partido Socialista, para quem já esteja esquecido, é o partido daquele primeiro-ministro que, há quatro anos, deu à sola quando o PS perdeu as últimas eleições autárquicas.)
É óbvio que as próximas eleições autárquicas vão continuar a ter, como sempre tiveram, uma leitura nacional, como, aliás, tem acontecido em todas as eleições (legislativas, autárquicas e europeias) e até nos referendos. Sem esquecer que estas eleições vão ser as únicas eleições nos próximos 4 anos (não vai haver outras, à excepção das presidenciais) em que os portugueses se poderão manifestar sobre a falta de legitimidade de um Governo que venceu as eleições com base numa mentira: «se ganhar as eleições comprometo-me a não aumentar os impostos, porque isso seria um erro». (Lembram-se de quem repetia, nas últimas legislativas, esta frase todos os dias e a toda a hora?)

Ora, a mentira tem um preço que deve ser pago já nestas eleições, sob pena de os mentirosos se julgarem impunes.
Além disso, é bom que os presidentes de Câmara não permaneçam muito tempo nos seus cargos. Os presidentes de Câmara são como os frutos: se ficarem muito tempo na árvore acabam por apodrecer. Por isso, é higiénico substituí-los, antes que apodreçam. Ou seja, antes que se julguem os donos do concelho, que comecem a confundir-se com a própria Câmara e que usem o dinheiro dos contribuintes como se fosse seu.

Como dizia Lord Acton, «todo o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente». Por isso, se gostamos muito do nosso presidente da Câmara devemos evitar que seja reeleito mais do que duas vezes para que não se estrague. As reeleições sucessivas dos presidentes da Câmara têm levado a que indivíduos adoráveis, humildes e trabalhadores se transformem, com o passar dos anos, em autênticos déspotas que usam o seu poder de uma forma absolutamente sanguinária e arbitrária, perseguindo todos aqueles que têm a ousadia de discordar ou de criticá-los.

E fiquem descansados que, se o presidente da Câmara perder as eleições, o mundo não vai acabar. Obras? Todos fazem. Empregos? Todos dão. Desde que haja dinheiro, bem entendido. Sem dinheiro é que é difícil fazer obras e dar emprego. E com a chegada dos fundos comunitários, dinheiro foi coisa que nunca faltou. Pena que nem sempre seja bem gasto. Mas isso também já era pedir muito.
No entanto, nem só de obra feita vive o homem. Mais importante do que as obras é cada um de nós sentir, em cada momento, que é um homem livre. Livre para pensar, livre para criticar e livre para fazer.

E a única forma de se viver em Liberdade na nossa terra é nunca permitirmos que alguém se sinta senhor do nosso voto ou dono do nosso concelho. E, para isso, só há um antídoto seguro: nunca deixar que um presidente apodreça na árvore.

Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha

 
At 21 de setembro de 2005 às 17:31, Anonymous Anónimo said...

Ó Zé da Ponte, o que esperas para publicar o artigo do santana maia no teu blogue? Também tens medo do Pinto? Este artigo devia era ser distribuído no nosso concelho, Já que a censura socialista impede o hommem de escrever nos jornais de ponte de sor.

 
At 21 de setembro de 2005 às 17:51, Blogger Zé da Ponte said...

Caro Anónimo:

Só agora [17h42m]do dia 21/Set/2005, nos foi dada autorização pelo autor do artigo Dr.António Santana Maia para a sua publicação.
Por isso só agora é possível publicar o mesmo.

Cumprimentos a todos.

Zé da Ponte

 

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