O PARTIDO SOCIALISTA NO SEU MELHOR!!!
Rui Pimentel/O JORNAL 1992
O silêncio de Soares
Uma tempestade num copo de silêncio foi o que prometeu Mário Soares. Vamos a ver se esse golpe de mágica resulta até ao dia das presidenciais. De repente o silêncio tornou-se a voz hegemónica da política portuguesa. Sócrates é conhecido por fazer da palavra um bem escasso.
Cavaco não faz parte da geração dos grandes tribunos parlamentares.
Uma tempestade num copo de silêncio foi o que prometeu Mário Soares. Vamos a ver se esse golpe de mágica resulta até ao dia das presidenciais. De repente o silêncio tornou-se a voz hegemónica da política portuguesa. Sócrates é conhecido por fazer da palavra um bem escasso.
Cavaco não faz parte da geração dos grandes tribunos parlamentares.
Soares acaba de se reformar da nobre arte do discurso. A sua adesão ao silêncio perante os jornalistas é uma espécie de tremor de terra registado pela escala de Richter das sondagens.
Das duas, uma: ou Soares acredita nas palavras que proferiu sobre a falta de isenção da comunicação social ou então a sua estratégia eleitoral está a mudar de rota para não chocar contra o «iceberg» que tem sido Cavaco.
Rui Pimentel/O JORNAL 1992
O verdadeiro problema de Soares é que, desde o início, o Partido Socialista não foi a sua bóia de salvação. Comportou-se, antes, como um elemento estranho infiltrado com uma picareta, como se estivesse desejoso de afundar o velho navio. Para afastar, para sempre, o pai do partido. Definitivamente o inimigo de Soares não é a comunicação social. É o silêncio ensurdecedor do Partido Socialista que não quer Alegre, mas que também não deseja ardentemente Soares.
Fernando Sobral
Fernando Sobral
2 Comments:
Pessoalmente, o que quero é que a esquerda ganhe no dia 22. Mas, se perder tal não é nenhuma desgraça, pois só nos convém uma direita igualmente forte.
O grande responsável pelo imbróglio em que se transformaram estas presidenciais para a esquerda mantém um silêncio inédito, nunca antes um primeiro ministro e líder de um partido esteve tão ausente de uma campanha presidencial, nunca qualquer receio de degradação de futuras relações institucionais foram motivo para a ausência de um primeiro-ministro, Cavaco participou activamente na campanha de Freitas do Amaral, pelo menos até ao momento do pagamento das contas, e Sá Carneiro morreu num acidente quando se deslocava para um comício da campanha de Soares Carneiro.
No pressuposto de que o problema no joelho não impede Sócrates de falar, ao que se deve o seu silêncio?
Há duas hipóteses.
Sócrates está preocupado com a sua própria imagem e não pretende assumir a derrota da sua estratégia. Esta parece ser a opinião de Soares que já assumiu a responsabilidade no caso de derrota.
Sócrates receia uma vitória de Cavaco Silva e pretende que seja este a assumir os custos de uma eventual crise política, receia que o candidato aproveite a sua presença na campanha para, a partir desse momento, estabelecer a crispação entre ambos, que mais tarde ou mais cedo se transformaria em crise política.
Em qualquer dos casos Sócrates está preocupado com ele próprio, e arriscamo-nos a assistir à eucaliptização da política portuguesa, com um eucalipto em Belém, outro em São Bento e mais nada no meio.
Sócrates está a tratar o seu partido com o mesmo desprezo que Cavaco tratou o PSD quando foi primeiro-ministro.
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