ANDA TUDO LIGADO...
ESTRATÉGIA
No Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação, o Governo elegeu como prioridade o litoral.
Claro que isto anda tudo ligado. E neste sistema de vasos comunicantes, travar a desertificação do interior poderia começar por estabelecer alguma ordem no litoral. Mas será assim?
A questão é que a estratégia para a orla costeira, e nomeadamente a aprovação de planos de ordenamento das áreas protegidas, à qual o Governo decidiu meter ombros em 2006, tem surgido sempre como uma maquilhagem do desordenamento. Os governos em geral, e também este Governo, não travaram quando podiam e deviam os desmandos cometidos no litoral, chegando a aprovar planos de gestão da orla costeira já ultrapassados por compromissos assumidos com promotores imobiliários e turísticos, transformados depois em direitos adquiridos. De maneira que os planos de ordenamento das áreas protegidas do litoral têm sido, em geral, meras declarações de intenção desrespeitadas à nascença. E sendo assim, está mesmo a ver-se que da “estratégia” para o litoral sairão, muito provavelmente, mais alguns compromissos para “compatibilizar” a preservação da natureza com os interesses da especulação.
Com o Governo voltado prioritariamente para o litoral, o interior continuará a ser encarado como uma reserva de índios, desprezado nas prioridades legislativas e de investimento, entregue a tão desgarradas, como meritórias, generosas e criativas, medidas de combate à desertificação fustigadas pelos rigores orçamentais.
O maior dos problemas do avanço da desertificação em Portugal é o despovoamento, questão inseparável do modelo de crescimento. E esta é que é a estratégia. Quanto ao interior, quando chegar a hora de avaliar a situação, o poder vai queixar-se da seca.
O clima tem sempre as costas largas.
João P. Guerra
Claro que isto anda tudo ligado. E neste sistema de vasos comunicantes, travar a desertificação do interior poderia começar por estabelecer alguma ordem no litoral. Mas será assim?
A questão é que a estratégia para a orla costeira, e nomeadamente a aprovação de planos de ordenamento das áreas protegidas, à qual o Governo decidiu meter ombros em 2006, tem surgido sempre como uma maquilhagem do desordenamento. Os governos em geral, e também este Governo, não travaram quando podiam e deviam os desmandos cometidos no litoral, chegando a aprovar planos de gestão da orla costeira já ultrapassados por compromissos assumidos com promotores imobiliários e turísticos, transformados depois em direitos adquiridos. De maneira que os planos de ordenamento das áreas protegidas do litoral têm sido, em geral, meras declarações de intenção desrespeitadas à nascença. E sendo assim, está mesmo a ver-se que da “estratégia” para o litoral sairão, muito provavelmente, mais alguns compromissos para “compatibilizar” a preservação da natureza com os interesses da especulação.
Com o Governo voltado prioritariamente para o litoral, o interior continuará a ser encarado como uma reserva de índios, desprezado nas prioridades legislativas e de investimento, entregue a tão desgarradas, como meritórias, generosas e criativas, medidas de combate à desertificação fustigadas pelos rigores orçamentais.
O maior dos problemas do avanço da desertificação em Portugal é o despovoamento, questão inseparável do modelo de crescimento. E esta é que é a estratégia. Quanto ao interior, quando chegar a hora de avaliar a situação, o poder vai queixar-se da seca.
O clima tem sempre as costas largas.
João P. Guerra
4 Comments:
À velocidade do caracol
Há 20 anos Portugal entrou na Europa comunitária.
Isso representou, por um lado, o fim do ciclo da poupança militante e o começo do consumo democratizado.
Mas certas coisas, com o tempo, tornaram-se redundantes.
A política, entre nós, transformou-se numa outra espécie de «fast food».
Não se desfruta, nem se digere. Consome-se. E a classe política move-se à velocidade do caracol para mudar isso.
Insiste em oferecer à população portuguesa, desorientada sobre o rumo que há-de seguir, uma bússola fora de prazo.
José Sócrates acredita que é protegido por um escudo invisível. Mas 2006 será um ano crucial para o seu Governo.
Números de trapézio verbal como «modernidade», «investigação» ou «qualificação», que fazem parte do seu discurso como batatas fritas congeladas, não vão servir para nada. Porque raramente deixam de ser «slogans» para se tornarem em algo de concreto.
Para a oposição, após as presidenciais, também será um momento de elevar o nível das propostas.
No Portugal de 2006, na política e em economia, o êxito e o drama vão conviver. Porque é impossível continuar a alimentar o país de palavras ocas como se elas fossem o gás natural da nossa sobrevivência.
Continuamos à espera há muito tempo.
Só que as palavras passam e a crise continua.
A situação política actual do mundo e particularmente a da Europa parece-me caracterizada por uma discrepância brutal: a evolução política, nos factos e nas ideias, ficou num enorme atraso em relação ao mundo económico, radicalmente modificado em tempo extremamente curto. Os interesses dos Estados individuais devem subordinar-se aos interesses de uma comunidade singularmente ampliada. A luta pela nova concepção do pensamento e do senso político choca-se com as tradições seculares. Mas à sua benéfica vitória está ligada a possibilidade da Europa de continuar a existir. A minha convicção é que a solução do problema real não demorará muito tempo, assim que os problemas psicológicos forem superados. Para criar uma atmosfera propícia, faz-se mister, em primeiro lugar, unificar os esforços pessoais daqueles que perseguem o mesmo ideal. Possam esses esforços combinados chegar a criar uma ponte de confiança recíproca entre os povos.
Temos de render homenagem, mais uma vez, ao pensamento seminal e fecundo do nosso amigo Albert Einstein, que era uma bondade de pessoa em movimento, e o físico mais filósofo do séc. XX. Proferiu aquelas palavras por volta da década de 30/40 do séc. passado. Hoje, o mundo acordou com um conflito com base no petróleo que opõe a Rússia à Ucrânia - e que pode penalizar sériamente os países do chamado ex-Leste europeu que hoje estão implantadíssimos no velho club: a Europa das nações e das pátrias que dá pelo nome de União Europeia.
É certo que a parte mais Ocidental dessa Velha Europa - integrante do Velho Continente - não depende do ouro negro dessa parte do mundo, mas do petróleo que vem do Norte d'África. Mas tal não implica que amanhã, depois de amanhã, esse club não se esfarele à pancadaria por causa dos preços e das guerras do ouro negro que começa a "partir" uma parte da Europa e ameaça a outra parte da Europa - ameaçando esfrangalhar tudo num futuro próximo.
Era interessante pensar nisto, até porque a Europa se começou a fazer por causa da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço/CECA (1950 - a fim de terminar de vez com a eventualidade duma nova guerra franco-alemã); hoje não seria de surpreender que ela se fragmentasse por causa do petróleo.
Seja como fôr, uma conclusão sólida pode extrair-se destas guerras do III milénio. A Europa mais a Ocidente dentro da União Europeia - não pode continuar tão dependente como está do petróleo do Norte d'África; e a Europa mais Oriental da UE também não pode subjugar-se aos ditâmes de Moscovo por causa do fornecimento dessa matéria-prima que dá luz e faz andar os automóveis e trabalhar as fábricas, padarias e discotecas.
Tomando isto por certo, uma outra coisa resulta e é a seguinte: a UE terá de pensar sériamente, e no mais curto espaço de tempo, em desenvolver políticas públicas que apoiem a construção de fontes de energias alternativas, e o nuclear é a opção (mais) credível actualmente existente.
E aqueles que lhe resistem são os mesmos que têm receio de andar de avião, e depois metem-se no carro para ir ao supermercado comprar comida e morrem, porque foram atravessados por um camião carregado de crude que os cilindrou.
Infelizmente, a vida tem destas ironias. Mas a Europa - no seu conjunto - não pode mais estar dependente dos Estados de espírito e dos humores do produtores de ouro negro: seja a Leste, seja no Norte d'África ou até de um grupo de terroristas organizado que faz da violência um sistema de vida para, precisamente, destruir o Ocidente pela guerras dos preços dos combustíveis e das acções terroristas, que é o nosso "calcanhar de aquiles".
Talvez o nuclear deva ser estudado por quem sabe. E talvez o Estado português, o ministro da Economia, da Ciência e Tecnologia e de mais uns quantos experts (nacionais e internacionais) se devam reunir para pensar o que fazer nos tempos imediatos e pensar no futuro da Europa, na sustentabilidade das suas gerações vindoiras. E o empresário Patrick Monteiro de Barros, com experiência no sector petrolífero, é capaz de poder dar um bom contributo a essa discussão que bem poderia ser iniciada sob coordenação do próprio PM. Uma discussão de cujo resultado depende o futuro: o nosso futuro.
Não tenho dúvida de que se Einstein fosse vivo e pudesse hoje participar nestas decisões tomaria em linha de conta o facto de Portugal ser um país muito dependente do petróleo, ser um tremendo gastador e um grande poluidor. Daí a razão adicional da utilização racional e urgente da energia e na busca de soluções alternativas, de que o nuclear tem dado provas na Europa e mesmo aqui ao lado, em Espanha.
Com efeito, a energia que consumimos diáriamente tem implicações económicas e ambientais que já não podemos ignonar: as pessoas, as empresas, o Estado - todo os agentes sociais e económicos da mudança sofrem com essa dependência e ausência de alternativas que nos asfixia.
É, pois, urgente, Portugal reduzir essa dependência energética do exterior e controlar os níveis de emissão de dióxido de carbono (CO2), o gaz que mais contribui para o chamado efeito de efeito. Aqui o papel emergente das atitudes e comportamentos é crucial, e se houver uma abertura à mudança, com riscos controlados, dado que vamos todos dentro do avião e ninguém quer morrer (nem o piloto que o comanda), temos de encarar novas formas de produção energética. A história da ciência traduz esses saltos, e os países que não arriscaram, não inovaram estão hoje mais dependentes daqueles que se abriram à mudança e prosseguiram na senda da modernização. Espanha, por ser aqui ao lado, representa um bom exemplo, de que poderíamos colher algumas indicações e seguir nessa rota. É certo que para tanto é indispensável coragem política, que Sócrates diz ter. Aliás, o PM já referiu que gostaria de ficar na história, logo de ser recordado, como um PM que modernizou Portugal. Uma espécie de Cavaco II na dobra do milénio.
Até porque nada fazer é, já, uma opção ineficiente económicamente e políticamente estúpida: uma vez que em termos energéticos Portugal depende em cerca de 80% da importação de combustíveis fósseis, que são esse tal recurso raro, caro e poluente - tudo handicaps à sua manutenção. Por isso, para alterar essa situação, não há muitos caminhos: racionalizar os consumos e utilizar energias renováveis e limpas e, se possível, começar a equacionar a opção nuclear a sério, pois se resultou com êxito noutros pontos da Europa também poderá resultar em Portugal sem acréscimo de riscos.
Se nada fôr feito, e segundo as estimativas da Agência Europeia do Ambiente, Portugal deverá aumentar em cerca de 42,2% as suas emissões de CO2 até 2012, o que representa um pior desempenho da nossa parte ante as coordenadas da UE - e assim entramos no incumprimento do Protocolo de Quioto sobre o aquecimento global. E é olhando para este sério agravamento da nossa factura energética que teremos de pagar, se nada fizermos de racional (estima-se em mil milhões de euros em 5 anos (2008 a 2012). Trata-se, pois, duma "dolorosa" incomportável e que terá de ser atacada por aquela via dupla: racionalização dos consumos e criação de fontes de energia alternativas de que o caminho poderá ser o nuclear.
E, já agora, o nosso amigo A. Einstein, que era um homem profundamente humanista, sabia que essa energia devia ser utilizada para fins civis. Quando ele soube que assim não era, ele pura e simplesmente abandonou os projectos em que estava envolvido e emigrou para o outro lado do Atlântico (EUA), que beneficiou muito com esses imigrantes de "luxo". Ora, no nosso caso ele não poderia ter acertado mais na direcção dessa discussão, a haver, cá no burgo. Só é pena é que o PM Sócrates não possa contar com a presença de Einstein nessa discussão, mas sempre se poderá, creio, aproveitando os seus ensinamentos e humanismo, reproduzir o seu espírito e recuperar o seu ambiente para fazer qualquer coisa de inteligente, digno e económicamente eficiente pelo nosso futuro do nosso País. Pelo futuro da humanidade.
Assim haja boa vontade...
Força, Alegre.
Ponte de Sor investe 310 mil euros no reforço de abastecimentos de água
A Câmara Municipal de Ponte Sor acaba de abrir um concurso público destinado à construção de infra-estruturas para as zonas de abastecimento de água de Vale do Arco, Longomel, Tramaga e Foros do Mocho.
Com uma base de licitação de 310 mil euros, o concurso encontra-se aberto até 2 de Janeiro de 2006 e destina-se à concepção e construção de reservatórios de água, compreendendo trabalhos estruturais em betão, execução de caminhos de acesso e fornecimento e instalação de equipamento hidromecânico.
O prazo de execução é de 120 dias, sendo o financiamento assegurado por verbas inscritas no orçamento do município de Ponte de Sor. Os critérios de adjudicação dão primazia à qualidade técnica da solução proposta (45 por cento), seguindo-se o preço global mais baixo (35 por cento) e o prazo de execução (20 por cento). O acto público realizar-se-á a 3 de Janeiro de 2006, pelas 10 horas, na sala de reuniões do município.
Fonte: http://www.ambiente.pt/notícias/detalhes.php?id=3334
Montargilense
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