segunda-feira, 27 de março de 2006

OITO ANOS DEPOIS:

«O Governador Civil de Portalegre, Jaime Estorninho, mostra-se a favor da reestruturação dos Governos Civis e adiantou que "é necessário extinguir os Governos Civis criando regiões", admitindo ser "um regionalista convicto". »


1 - Oito anos depois de os portugueses terem rejeitado, em referendo, a regionalização num Pais de 89 mil quilómetros quadrados, o Partido Socialista decidiu retomar a questão.
Não se trata, porém, de um novo referendo, no qual os portugueses repensem a decisão tomada em 1998.
Trata-se de uma marosca, um truque, como tal claramente reconhecido por um deputado da maioria: o Governo vai avançar com a divisão do País em cinco regiões e, depois, a regionalização volta então a ser referendada, sem dor. Ou seja, tratar-se-á de um referendo para o boneco, no qual nada se decidirá. Ou os portugueses dizem que sim, e consagram a regionalização que já está no terreno, ou dizem que não, mas o facto está consumado.

2 - O PSD Madeira decidiu deixar de comemorar na Região o 25 de Abril. A inversa também é verdadeira. O 25 de Abril não comemora o PSD Madeira. A liberdade é assim mesmo. Nos tempos da outra senhora, quando o principal dirigente do PSD Madeira andava pelas bandas do partido único, é que as comemorações ou eram obrigatórias ou proibidas. Quanto ao 25 de Abril, como dizia o capitão Salgueiro Maia, tem muitos defeitos e muitas virtudes, mas tem pelo menos a virtude de não obrigar ninguém a festejá-lo.

3 - Não é verdade que a República Checa e a Eslovéniasejam mais ricas que Portugal, tal como noticiaram alguns jornais.
Portugal é que já está mais pobre que a República Checa e que a Eslovénia, após o nível de riqueza por habitante do País ter caído pelo quinto ano consecutivo. Portugal deixou de produzir riqueza. Agora, só produz ricos.

4 - O PSD dedica-se de momento a encontrar uma alternativa a Marques Mendes. Quanto ao CDS, anda freneticamente em busca de quem se ocupe em deitar abaixo Ribeiro e Castro. As oposições portuguesas criaram um novo aforismo: oposição bem praticada é por nós começada.

João P. Guerra

5 Comments:

At 27 de março de 2006 às 15:27, Anonymous Anónimo said...

os Governos Civis são inúteis para o país, mas de uma utilidade extrema para os caciques locais. E não são só, evidentemente, os Governos Civis, como igualmente as diversas extensões, sub-regiões, centros regionais e uma série de outros centros de emprego político que permitem a cada pequeno líder ter a sua pequena corte, numa malfadada macaqueação de uma espécie de feudalismo democrático.

Há quem diga que isto é levar a administração mais perto das pessoas. Falso! Isto é levar os amesentados do Estado mais perto dos líderes intermédios dos partidos.
Há quem diga que isto é a regionalização, o que também não é verdade. A regionalização pressupõe o autogoverno com os meios próprios gerados pela região e, em certos casos, com compensações (subsidiariedade) de regiões mais ricas. Nunca ao que assistimos: delapidação dos dinheiros públicos em inutilidades totais, que não têm modelos de aferição e controlo, seja em função de custo/benefício seja em função do eleitorado regional.

 
At 27 de março de 2006 às 15:35, Anonymous Anónimo said...

Oh Jaime, apresenta já a tua demissão.

 
At 27 de março de 2006 às 15:48, Anonymous Anónimo said...

E depois acabava-se, lá ficavam "uns rapazes sem tacho".
Conversa de treta, ou o PS no seu melhor.

 
At 27 de março de 2006 às 16:22, Anonymous Anónimo said...

O PS, em matéria de regionalização, vai tentar meter pela janela o que não conseguiu fazer passar pela porta. De acordo com o dr. Junqueiro, uma notablidade do grupo parlamentar socialista, a dita regionalização deverá primeiro "avançar no terreno" - cinco regiões em vez das sete chumbadas em 1998 - e seguidamente referenda-se. Esta decisão original daria depois lugar à figura do "governador civil regional" em substituição dos actuais dezoito, a única ideia razoável desta história. O PS quer à viva força "desforrar-se" dos resultados dos dois únicos referendos realizados até hoje. Em Setembro propôe o do aborto e, pelos vistos, seguir-se-á um outro sobre uma regionalização entretanto posta em prática. O país é pouco mais do que uma pequena caixa de fósforos. Não precisa de mais "divisões" sustentadas por mais burocracia. Assim, para além dos caciques autárquicos, teríamos os suseranos regionais, coisa que só de pensar nela me dá arrepios. Esta ideia manhosa do "faz-se agora" e legitima-se depois é perigosa. Para o PS, naturalmente. Arrisca-se a ficar com o mesmo resultado de há oito anos.

 
At 27 de março de 2006 às 16:25, Anonymous Anónimo said...

Sócrates não se importa muito com o eventual descontentamento que as suas medidas possam gerar, não dá qualquer atenção às reacção das classes sociais mais atingidas, não parece sofrer muito com a vida difícil dos desempregados ou dos idosos que tendo pensões de miséria são obrigados a suportar os aumentos de impostos. Tal distância de Sócrates e reacção aos protestos dos que sofrem as consequências das suas medidas até se pode entender, se assim não fosse seria impossível adoptar medidas que sendo penalizadoras também são necessárias. Mas se alguns elementos do seu partido se sentem incomodados porque as medidas os atingem, principalmente se delas resultar a perda de cargos e mordomias, o primeiro-ministro despe as vestes de governante e veste a sua camisola de gola alta, e vai a correr à próxima iniciativa partidária para informar que recuou nas medidas que incomodaram tanto os que o levaram ao cargo de líder do PS. Será que Sócrates também vai incluir a clientela do seu partido nos 100.000 portugueses imprescindíveis que vão levar a vacina contra a gripe das aves? Se assim for, está visto que todos os portugueses estão vacinados, uns com o orçamento e outros contra o H5N1, afinal todos são imprescindíveis, nem que seja para pagarem a factura das mordomias partidárias dos outros

 

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