quarta-feira, 29 de março de 2006

OS NOVOS VAMPIROS DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS





A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária.


A carta da Caixa Geral de Depósitos começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.

As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado/a cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a EUR 1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.

Ora sucede que muitas contas da Caixa Geral de Depósitos, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal.
É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de EUR 343,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio de EUR 3,57 (três euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na Caixa Geral de Depósitos por determinação expressa da Segurança Social.

Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela Caixa Geral de Depósitos e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.

O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com obscenas pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos.
É sem dúvida uma sordície vergonhosa, como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade.

Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa.

Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso a quem se aplicam como uma luva as palavras sempre actuais dos Vampiros de Zeca Afonso: Eles comem tudo/ eles comem tudo/ eles comem tudo e não deixam nada.


Para meditar e divulgar . . .

Desejaríamos saber, se for possível, o que pensam disto o Armando Vara e os demais socialistas que pugnam por critérios de competência de doutros registos meritocráticos para a escolha e nomeação de dirigentes para a alta administração do Estado que, na prática, são pura ilusão e areia para as nossas vistas.
O problema é que hoje em Portugal já muita gente usa óculos, e a maior parte dos licenciados deste país em gestão, economia e em ciências sociais em geral sabe mais do que o Armando Vara - cujo único critério é o de ter o cartão rosa.
Ah e parece que trabalhou também uns anos num balcão dum banco...

Pedro Manuel

2 Comments:

At 29 de março de 2006 às 20:08, Anonymous Anónimo said...

O amigo está mal informado.Olhe que esse seu amigo pensionista da segurança social não é obrigado a ter conta na Caixa. E por outro lado as contas de pensionistas estão isentas de desepesas manutenção. Olhe veja os outros bancos e depois fale...

 
At 3 de abril de 2006 às 12:12, Anonymous Anónimo said...

Será?
Porque será?
Como será?

 

Enviar um comentário

<< Home