segunda-feira, 24 de abril de 2006

DE UMA VEZ POR TODAS, TENHAM JUÍZO SENHORES DEPUTADOS

Em vésperas de 25 de Abril confesso que não me revejo nesta Assembleia da República (que deveria designar-se por AGD – Assembleia Geral de Deputados já que são tantas as deslocações os trabalhos políticos, as visitas internacionais, que o parlamento propriamente dito só funciona de tempos a tempos, para as cerimónias e votações da praxe, como se fossem reuniões de condóminos), para mim é como o macho da viúva negra que morre depois de consumar o acto, contados os deputados e feitas as aprovações da praxe constitucional o parlamento morre, torna-se num clube recreativo.

Seria de esperar que o parlamento vigiasse a governação, mas por ali quase ninguém (a excepção vai para Manuel Alegre) tem voz própria, cada deputado diz o que o chefe anda dizer na hora combinada.

E o que dizer dos deputados-gestores? Alguém acredita que um deputado que é administrador de uma eléctrica tem tempo para representar os seus eleitores? E se todos os deputados fossem consultores de uma eléctrica? Bem, nesse caso quando estivesse em causa a discussão da política regional faria mais sentido que o debate fosse transferido para a Assembleia da Freguesia de São Bento.

Ou o que dizer da separação de poderes quando um dos deputados do parlamento desempenha em simultâneo funções de consultoria num governo regional, da mesma região pela qual foi eleito?

Estou cansado da arrogância de muitos dos nossos deputados pois deles esperava humildade, chegam a São Bento e tornam uns sacerdotes da democracia, como se fossem eles a democracia.

Talvez seja tempo dos deputados da Assembleia da República começarem a cuidar melhor da sua imagem e da credibilidade da instituição que, graças às suas práticas, está a atingir níveis que põem em causa a própria democracia que os elegeu
.

J.E.R.