domingo, 23 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte II ]


D. João Manuel: Ahhhh...! o chá estava divinal... assim já não é necessário mezinhas para digirir a grande derrota da disPUTAs com o Ceia da Silva... dizei então afinal que raio vos atormenta; chamasteis-me vós aqui p'ra falar de um biquíni...
D. João José : Nem me fales na derrota da disPUTAs com o Ceia da Silva, a culpa é toda dos blogues do da Ponte de Sor e do de Portalegre, grandes filhos da puta.... eu que queria o cargo para te nomear para um job melhor, que te desse mais guita...
Estava-me eu a aperaltar p'ra dar uma cavalgada, quando vou buscar a espada e...NADA! Foi então que a Isabel, a minha esposa adorada e tua cunhada se lembrou que a dita espada fôra p'ra ser afiada há já mais de mês e meio, e ainda não voltara...
D. João Manuel: Ah! agora já apanhei...
D. João José : Espera que não acabei; ainda sobre a conversa que tivemos logo ali, veio à baila o biquíni...
D. João Manuel:... no Canadá comprado, aquando da viagem paga pela pelebe cá do burgo...
D. João José : Então sempre estás lembrado?
D. João Manuel: Foi só achar as pontinhas do novelinho enrolado...
D. João José : És danado bom João Manuel, e esperto que nem um alho, dar-te-á muito trabalho contar-me o resto da estória? Por mais que forçe a memória não me consigo lembrar...
D. João Manuel: Quereis que vos passe a contar...
D. João José : a estória do biquíni.
D. João Manuel: Ih,ih,ih! o bendito biquíni foi mandado outro dia p'rá real lavandaria, como tudo no castelo; só que houve um caramelo que guardou o biquíni numa gaveta p'rá'li já que o mesmo não constava do rol, à qual respeitava a roupinha dessa trouxa, e nunca mais se lembrou. Quando a raínha topou a falta do biquíni, mandou-me chamar a mim p'ra resolver a questão.
D. João José : E que descobriste então?
D. João Manuel: Quem tinha sido o camelo que com excesso de zelo metera a pata na poça.
D. João José : Camelo de pêlo e bossa, eh,eh,eh, e que lhe disseste tu?
D. João Manuel: Fi-lo correr todo nú com o biquíni na mão p'ra nunca mais se esquecer; trinta voltas ao largo da feira todo despidinho, em pêlo, e a trotar para aquecer.
D. João José : Ah,ah,ah, decerto vai aprender. Mas... e a minha espada?
D. João Manuel: Juro que não sei de nada... mas vou tratar de saber.


(D. João Manuel está quase a sair a porta quando, de repente, se vira e regressa para junto de D. João José)


D. João Manuel: Já me estava a esquecer senhor, perdão...
D. João José : Pois não?...
D. João Manuel: É ideal a ocasião, penso que vem a calhar; quero convosco falar do meu último plano.
D. João José : Plano?!... qual plano?!
D. João Manuel: Vou ser conciso e directo, o plano ainda é secreto, há coisas a trabalhar...
D. João José : E porque estás a falar desse plano em surdina?
D. João Manuel:Há orelhas a cada esquina sempre prontas a escutar, como nós temos, sob a direcção de frei Nuno Jorge, inquisidor môr do reino.
D. João José :Ahhh! ... e podem querer-nos roubar... a água do laranjal, mas vão ser julgados pelo tribunal do Santo Oficio, com a ajuda do parecer pago a peso de ouro, a famoso jurista, o qual escreve o que eu mando?...
D. João Manuel:... A ideia, vendê-la a outro condado. Temos que tomar cuidado, há espias por todo o lado.
D. João José : Está bem lembrado,... mas diz-me qual é a ideia?!
D. João Manuel: Um plano para acabar de vez com a burocracia.
D. João José : Quem diria!... isso vem mesmo a calhar.
D. João Manuel: Eu quero simplificar...TUDO! É um plano do canudo e vou chamá-lo BUGALHEIRAPLEX!
D. João José :Um plano... Práfrentex...
D. João Manuel: Yes, Real Senhor! Vós aprovais?
D. João José : Nem mais!
D. João Manuel : Ainda bem; este plano contém mil trezentas e trinta e três medidas.
D. João José : Porra!!
D. João Manuel: Que foi?!
D. João José : Mil Trezentas e trinta e três?!... vai ser bué complicado decorar tanta merdice... vai ser bué complicado...
D. João Manuel : Podeis ficar descansado ó meu senhor muito amado, até o parvo da aldeia da Fazenda vai ficar especializado.
D. João José : Eu juro que estou espantado, que planeias João Manuel?!
D. João Manuel: Nada do outro mundo, vou por tudo num livrinho!
D. João José : Num livrinho?!
D. João Manuel: Sim, um livrinho igual ao outro.
D. João José :Mau!... mas qual outro?!... Ora vá lá de travar e aguentar os "cavais", mas queres simplificar ou complicar ainda mais?!
D. João Manuel: Mas senhor... se eu até...
D. João José : Diz-me: És homem de fé?
D. João Manuel:!!!???... Sou homem de muita fé...
D. João José : Ora então ainda bem. Põe os olhos em Yavé.
D. João Manuel: Como é que é?!
D. João José : Fez o primeiro SIMPLEX...
D. João Manuel:!!!???!!!...
D. João José : Dois em um, como o champô...
D. João Manuel: Como o champô?!
D. João José : Espera aí que já lá vou, explico de outra maneira que vais entender melhor.
D. João Manuel: Agradeço meu senhor, estais por demais enigmático.
D. João José : Yavé foi pragmático, com dez medidas apenas, escritas pela própria mão, fez uma constituição e um código de conduta entregando-os ao profecta...
D. João Manuel: Mas senhor, Esse "era" Deus, eu sou um simples mortal...
D. João José :... Em sincronia total entre o céu e o inferno.
D. João Manuel: Continua enigmático meu adorado senhor e irmão.
D. João José : Pôr favor!... Tu és crente, és inculto e burro e ainda não reparaste?
D. João Manuel: Em quê?!
D. João José : Então ainda não topaste como estás tu de permeio entre Yavé e Satã?
D. João Manuel: Hãããã????!!!
D. João José : Com que número foi cifrado o chifrudo dos infernos?
D. João Manuel: Segundo os Santos Cadernos... dois mil seiscentos e sessenta e seis.
D. João José : E quantas são as tais leis a que fizeste referência?
D. João Manuel: Mil trezentas e trinta e ... Haaaaa!!!!!
D. João José : Ora vês? exactamente metade do número de Belzebú, vê lá tu.
D. João Manuel: Eh,eh,eh,eh, simples coincidência.
D. João José : Sendo ou não tem lá paciência, vais ter que mexer na "coisa".
D. João Manuel:Na "coisa"?!... não posso crer Majestade que sejais tão supersticioso...
D. João José : Digo antes... cuidadoso, nestas coisas não me meto...
D. João Manuel:... Não vá o rei do espeto aparecer por aí?... ih,ih,ih!...
D. João José : Sei lá... e dái? não seria a vez primeira, o bicho é atrevido...

Continua...
Z.N.

2 Comments:

At 24 de abril de 2006 às 23:24, Anonymous Anónimo said...

Isto promete

 
At 24 de abril de 2006 às 23:38, Anonymous Anónimo said...

Uma peça em 5 actos que vai ser representada em Ponte de Sôr, brevemente.
Pela companhia do teatro D.Maria II

 

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