quarta-feira, 12 de abril de 2006

FALSO PURITANISMO?

Rui Pimentel/Visão



O primeiro-ministro, José Sócrates, devia ter ido a Angola de «peito feito» e aproveitar a ocasião para denunciar a corrupção que existe no país, a pobreza, os negócios escuros, a prepotência das autoridades e a falta de democracia.
Posto isto, o governante deveria aconselhar os empresários a não investirem no país e dizer mesmo ao Presidente José Eduardo dos Santos que não contasse com Portugal, enquanto não fossem criadas no País todas as condições normais de um Estado de Direito. Os angolanos ganhariam alguma coisa com isso? E Portugal?

Curiosamente, esta tem sido a posição defendida por alguns formadores de opinião quando se trata de Angola. Em alguns casos são os mesmos que apoiam a abertura económica do Ocidente face à China, argumentando que esta é a melhor via para dar a volta a um regime onde impera a mão-de-obra infantil e o delito de opinião pode ser punido com a pena de morte. Ou os mesmos que criticam a estratégia de isolamento de Cuba protagonizada pelos Estados Unidos, argumentando que um «boom» na distribuição da riqueza faria o regime de Fidel Castro cair de «maduro». Isto é, nestes casos vinga a tese de que a melhor forma de combater os regimes onde existe défice democrático é a de os ir alimentando com doses progressivas de economia de mercado.

Quando se trata de Angola, as mesmas vozes mudam de registo. Equipam-se de falso puritanismo, acusam os empresários e o Governo - este ou um outro qualquer -, de pactuar com um regime autocrático e desrespeitador dos direitos humanos e saem pela esquerda baixa sem alternativas plausíveis. É verdade que existe uma grande desigualdade e corrupção em Angola, mas também é evidente que o País está a fazer progressos.

Por muito que isto doa, a hipocrisia não está no lado daqueles que pensam que o investimento estrangeiro é a melhor forma de provocar mudanças em Angola, mas sim entre os que defendem que o isolamento do regime de Luanda - missão onde, pelos vistos, Portugal devia estar orgulhosamente sós - é a estratégia mais adequada. Estes, lá bem no fundo, continuam a alimentar o «bichinho» do neocolonialismo, atribuindo ainda a Portugal um papel de superioridade moral no seu relacionamento com Angola.

Investir, criar empregos, distribuir riqueza e melhorar os índices de desenvolvimento social é a melhor maneira de ajudar os angolanos. O resto é apenas folclore demagógico.

Celso F.

4 Comments:

At 12 de abril de 2006 às 16:19, Anonymous Anónimo said...

Estas viagens do primeiro-ministro ou do presidente português a Angola são cíclicas, vão sempre com uma vasta comitiva que representa uma boa parte do PIB e arredores e voltam com numerosos negócios e sucessos empresariais e políticos na bagagem. Até ver esta viagem de Sócrates foi só mais uma, e daqui a uns tempos vamos estar a negociar o costume com o banco habitual, a dívida externa de Angola

 
At 12 de abril de 2006 às 16:25, Anonymous Anónimo said...

EDITORIAL DO JORNAL DE ANGOLA DE DIA 11 DE ABRIL DE 2006

«A visita oficial do Primeiro-Ministro português a Angola foi um êxito a todos os níveis e marcou o início de uma nova era de relações entre o nosso país e Portugal. José Sócrates e a sua delegação trouxeram um abraço de solidariedade e de amizade do povo Português ao povo Angolano. O diálogo franco e aberto que se estabeleceu entre os mais altos dirigentes dos dois países ajudou a enterrar velhos fantasmas e estabeleceu-se um clima de confiança. Estão criadas todas as condições para aprofundarmos uma relação fraterna, própria de povos que têm uma vivência comum de séculos.
Por isso, dificilmente se compreende que muitos órgãos de Informação portugueses tenham desencadeado um coro de insultos contra os mais altos dirigentes angolanos e toda a espécie de mentiras sobre o nosso regime e as nossas instituições. Os fantasmas do colonialismo explicam muito deste comportamento. O racismo, numa primeira linha, responde por esta campanha bizarra. Mas a ignorância também joga um papel importante neste autêntico festival de mentiras e calúnias. Muitos líderes de opinião portugueses que se têm destacado nesta campanha caluniosa contra Angola e os seus governantes desconhecem em absoluto o nosso país ou apenas têm conhecimento dele pelas informações que lhes são oferecidas por centrais de intoxicação.
Entre eles estão antigos turistas da Jamba que faziam parte da lista de pagamentos de Jonas Savimbi. Nesse grupo de comerciantes da honra está o caricato Director do Jornal ?Público? que sem nunca ter posto os pés no nosso país destila em forma de escrita canhestra opiniões fundadas na ignorância e na provocação. Pelos vistos, há escribas que têm sempre um dono pronto a pagar-lhes. Ontem era Savimbi, hoje sabe-se lá quem é. Mas publicar opiniões sobre algo que não se conhece, é de um atrevimento inaudito. Portugal merecia melhor que estes indigentes mentais que publicam desvairados recados a troco de uns tostões. Que lhes façam bom proveito.
Qualquer mentecapto compreende que levantar um coro de insultos contra o Presidente da República de Angola, contra os nossos governantes e empresários, não é um acto amistoso. Nenhum jornalista angolano, nenhum comentador, nenhum líder de opinião lembrou à comitiva portuguesa que o direito ao emprego faz parte do elenco dos Direitos Humanos. Ninguém se lembrou de investigar os governantes portugueses por terem permitido que crianças à guarda do Estado Português tivessem sido abusadas sexualmente. Ninguém fez a lista dos corruptos que, segundo magistrados portugueses, crescem como cogumelos à sombra do aparelho de Estado e estão a exaurir a riqueza de Portugal. O que aconteceria em Portugal se o tivéssemos feito? Ainda temos bem presente as reacções dos órgãos de Informação portugueses quando um dirigente angolano opinou sobre membros da família Soares. Não trataram de saber se as declarações eram verdadeiras ou falsas. Foram logo catalogadas de insultos e geraram ondas de indignação. A libertação de Angola das garras do colonialismo doeu a muita gente em Portugal. Ainda dói. Mas esses saudosos do colonialismo, esses racistas dementes, têm de se habituar, de uma vez por todas, que os angolanos são senhores do seu destino. E os partidos políticos angolanos, as nossas instituições não precisam de vozes de burros para se fazerem ouvir. Em Angola existe liberdade de expressão, ninguém precisa de voz de donos que ninguém sabe donde lhes vem a legitimidade democrática. A nossa vem da luta, do combate heróico contra o colonialismo e o fascismo.
A nossa liberdade foi construída nos campos de batalha. Para conquistá-la, ficamos cheios de feridas e muitas delas, ainda estão abertas. A visita do Primeiro Ministro português a Angola ajudou a curar algumas. Será por isso que choveram os insultos e as calúnias contra o Presidente da República de Angola e os nossos governantes? A amizade entre os nossos povos tem muitos inimigos!»

 
At 12 de abril de 2006 às 16:27, Anonymous Anónimo said...

PRETOS, MUITO CORRUPTOS, SÃO IGUAIS AO TAVEIRA PINTO?

 
At 13 de abril de 2006 às 14:41, Anonymous Anónimo said...

preocupem-se e com Portugal primeiro que tudo. Precisa uma pessoa de recorrer a serviços e esbarra com um aviso de que so abre na terça porque e feriado na sexta e na segunda em ponte de sor. Na quinta (hoje) o governo tambem dispensa a funcao publica. Merda pa puta da funcao publica que nao fazem ponta de caralho. O privado que se mate a trabalhar para pagar os ordenados a essa javardice dos 7% da populacao nacional e pagar os impostos obsuletos e a levar sempre os apertoes de calos dos bancos e das finanças so porque ninguem tem dinheiro com o custo de vida actual. Irra que e de mais nos ultimos tempos catano. Ainda se quixam!!! Vao e todos po caralho.

 

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