sexta-feira, 22 de setembro de 2006

COMPROMISSO P... FINAS(OS)




O CAPITAL CONTRA-ATACA

10 Comments:

At 22 de setembro de 2006 às 14:20, Anonymous Anónimo said...

Vai tudo para o Beato...
Isto até poderia voltar a dar pasto para mais uma peça de teatro levada à cena por Raúl Solnado - quando há anos - alguém engedrou a ideia de que havia Petróleo ali para as bandas de Stª Apolónia.

Bom, quem é esta gente e o que querem?
Em 1º lugar diria que é gente profundamente ambiciosa, i.é, pensa primeiro em si e no seu património e só depois no País, embora o objectivo seja passar a ideia contrária.
Pensam que integram uma elite bem pensante, que é mais gestora do que empresária, logo fala mais do que produz.
Alguns deles já foram governantes, e alguns ainda estão ressentidos por terem saído do governo pela porta do cavalo.
Lembro aqui o caso de Nogueira Leite que hoje fala pelo PS mas é capaz - se lhe prometerem o lugar de Secretário de Estado de qualquer coisa - de pugnar pelas ideias do PSD no day after.
Ou mesmo no minuto seguinte...
Depois esta gente tem uma agenda tão majestosa quanto exuberante: Educação, Saúde, Segurança Social, Ambiente e ordenação do território e o mais...
Parece até um programa de governo que visa influenciar simultaneamente o governo e a oposição.
Mas como são iniciativas pontuais a coisa falha por falta de consistência.
Será que Santana Lopes também lá esteve...
O Beato torna-se assim o caldo cultural para fixar um novo modelo económico, social e político para o Estado e para a sociedade portuguesa, especialmente ao nível da segurança social cujo modelo não pode continuar a pactuar, mormente por razões demográficas e de quebra de natalidade, com as novas gerações a pagar as reformas aos idosos - que vivem cada vez mais tempo, por razões do progresso da própria ciência.
Ao nível da despesa do Estado esta gente também tem um objectivo: baixar a despesa do PIB de quase 50% para 40% - reduzindo assim o défice do O.G.Estado.
Isto implica um novo contrato social para Portugal, apesar de alguma coisa o governo socialista já ter avançado. E com mérito. Gostaraia de perguntar ao sr. Carrapatoso - que fala de economia como um merceeiro que enrrola chouriços na vodafone - se também pensa privatizar o O2 que respira...
Em síntese: o Compromisso Portugal tem mais gestores do que empresários, é a malta que compra os Porshes, os Rolls, os Aston Martin e têm as vivendas de meio milhão de contos e pavoneia-se na maior das vaidades;
fogem aos impostos;
alguns são mesmo corruptos; pretendem influenciar e pressionar o governo e a oposição e até governar.
Fica, contudo, uma questão nuclear:
que credibilidade tem o sr. Carrapatoso em fazer-se porta-vox desse movimento?
Um sujeito que recorre ao expediente da mudança de morada (sua ou da esposa) para se eximir ao pagamento de cerca de 140 mil cts ao Estado - que acabou por ser perdoado pela inércia e/ou ineficácia da máquina fiscal.
Ou será pura corrupção.
Por via desta dúvida será legítimo perguntar ao sr. Paulo Macedo, o opus day do grupo Millénium que dirige a DGI, se não tomou conta da ocorrência e se fez algo em tempo útil para reparar esse dano ao Estado por parte de um privado, o sr. Carrapatoso.
O que fez o Paulo Macedo a este respeito?
Será que sabia da situação e a encobriu?
O mesmo Carrapatoso é o que lidera a Vodafone, de que sou cliente (por enquanto), e que é a empresa que tem cerca de 90% dos seus trabalhadores em regime de precaridade absoluta recebendo 2, 5 euros à hora.
Isto já não é vergonhoso, é aviltante...
O sr. Carrapatoso nem duma empresa falida deveria ser porta-vox.
Não tem autoridade nem credibilidade para o efeito. Conclusão: o sr. Carrapatoso é um parasita da sociedade portuguesa. Mas não é um parasita qualquer.
É um parasita de luxo. E este, se o Estado e a sociedade portuguesa tivesse nível, jamais ocuparia o lugar de que usufrui hoje e pura e simplesmente ficaria a falar sózinho.
Lamentavelmente, é esse o rosto da hipocrisia institucionalizada que graça por este Portugal que cheira mal...
Por irónico que pareça o sr. Carrapatoso só pensa e age assim porque o Estado (via máquina fiscal) é, ele próprio corrupto, laxista e permisssivo com certos contribuintes especiais.
São os contribuintes de luxo...
O que significa que este sujeito beneficiou, na prática, das vantagens e das benesses fiscais excepcionais que o próprio Estado lhe concede para que ele continue a respirar milhões à pala da sociedade inteira que desconta os seus impostos até ao último cêntimo.
Ora, isto é a maior das iniquidades.
Isto é gozarem com a cara a cara dos portugueses, de forma descarada e até provocatória.
Até quando?!

 
At 22 de setembro de 2006 às 14:49, Anonymous Anónimo said...

COMPROMISSOS
Há casos em que a distinção entre “sociedade civil” e mundo político é perversa e enganadora. Um deles, evidente como um enorme reclame de néon, é o do Compromisso Portugal. A iniciativa é política até ao tutano, traduzindo a politização do nosso mundo de gestores (e em menor grau de empresários, menos representados na reunião), mas afirma parar à porta da política, quer-se dizer da política partidária, mecanismo pelo qual nas democracias se conseguem os votos para governar.

O resultado é uma sensação de grande irrealidade. As propostas não são novas, mas isso seria apenas uma questão mediática que em nada invalidava a sua oportunidade. A questão é outra: é que, sabendo-se o que se deseja, nenhuma resposta é dada à questão de como realizá-lo, de como chegar lá. Que forças sociais podem ser mobilizadas, como se traduzem esses movimentos em votos, como se organizam e expressam politicamente para terem eficácia em democracia? Sim, porque em democracia o lobiismo de movimentos proto-políticos que não tem expressão partidária, nem vai às urnas, é apenas e só lobiismo. E o lobiismo, o mexer das influências, quando feito em público, sem sequência, nem consequência, fica mais fraco pela repetição. De cada vez que se repete a mesma coisa, sem acrescentar meios nem apontar instrumentos, a sensação de impotência cresce.

Eu também penso que há excesso de hegemonização da vida política pelos partidos e que é bom que haja outros parceiros activos na vida pública. Mas, a não ser que se queira apenas ser lobiista (e é isso o que muitos destes gestores sabem fazer bem nos meandros do poder, logo convencem-se que isso pode ser transposto para os eleitores) seria melhor usar os recursos disponíveis para intervir na sociedade civil para formar opinião. Formar opinião: invistam em think tanks, em estudos sérios, em jornais e revistas, em conferências, em ensino de excelência não apenas para as empresas mas para a actividade cívica, apoiem iniciativas modelo que mostrem a eficácia das propostas, etc, etc. Apoiem os políticos e os partidos que melhor pensam poder expressar essas propostas. Às claras, para se saber. Sem receios. Ou então façam um partido político e concorram às eleições, uma solução que daria uma grande legitimidade ao movimento e acabaria com algumas ambiguidades sobre as naturais ambições de alguns dos seus proponentes. E acima de tudo dêem o exemplo, a melhor das propagandas.

É um trabalho moroso e que só dá frutos a prazo, mas o único que pode ser eficaz. É que reunirem-se em fileiras cerradas, direitos e compostos, numa imagem sem qualquer modernidade e apelo, como qualquer especialista de marketing vos poderá dizer, com os jornais a divulgarem promessas com a mesma consistência das promessas eleitorais dos políticos, dá a pior das imagens e serve mal muitas das propostas com as quais concordo. Só que o mundo dos portugueses não tem a ordem asséptica das cadeiras do Beato e esse é que é o problema que o Compromisso Portugal não quer pensar, ou não sabe pensar, ou não pode pensar.

José Pacheco Pereira

 
At 22 de setembro de 2006 às 14:59, Anonymous Anónimo said...

Carta Aberta aos Senhores do Compromisso Portugal

Antes de mais gostaria de lembrar vexas que Portugal tem uma democracia que, mal ou bem, tem funcionado, que nessa democracia os cidadãos escolhem quem os deve representar e que os problemas do país se discutem no Parlamento.
Eu sei que nem sempre andamos bem representados, que os deputados não correspondem ao modelo de virtudes que todos desejaríamos e ainda por cima é frequente a maioria ter sido eleita por partidos de que vexas não gostam, mas a democracia tem destes inconvenientes, era Winston Churchill que dizia que “a democracia é o pior sistema de governo com exceção de todos os outros”.

O ideal seria os governantes serem escolhidos por concurso curricular, António Borges teria currículo para primeiro-ministro, Nogueira Leite teria boas hipóteses de ficar nas finanças e o Carrapatoso, com o seu MBA da Universidade Nova, poderia ambicionar um lugar de secretário de Estado.
O parlamento deveria ter duas câmaras, uma composta pelos deputados eleitos pela populaça, aos quais só seria exigido o ensino obrigatório, e uma outra câmara constituída por gente inteligente e com provas dadas, nela onde poderiam estar muitos dos peregrinos do Beato.
O orçamento apenas pagaria os vencimentos dos eleitos pelo povo, os governantes seriam pagos pela empresas promotoras e ganhariam prémios fixados por essas empresas, os deputados da câmara dos inteligentes teriam que recolher patrocínios para se sustentarem, como sucede com os pilotos portugueses da Fórmula 1. O problema é convencer o povo.

Permita-me que lhe dê os parabéns pela escolha dos nomes para a apresentação dos textos provocatórios, como, por exemplo, o do capítulo relativo a “Pensar e redefinir as Funções do Estado”, foram dois secretário de Estado de Pina Moura (um dos melhores modelos de político-empresário que por cá temos), Nogueira Leite (o vaidoso secretário de Estado do Tesouro) que quando o barco guterrista começou a dar sinais de meter água pela borda assumiu o papel de ratazana de serviço, e Fernando Pacheco (secretário de Estado do Orçamento), que quando a nau já não tinha salvação inventou à pressa cinquenta medidas para reduzir a despesa pública.

O modelo escolhido para fazer passar a mensagem também me merece o elogio, não deve ter sido fácil a tão ilustres pensadores transformar as propostas numa linguagem tão simples, quase tão simples como a publicidade que o Modelo me mete na caixa do correio.

Não insinuo que estamos perante uma nova linguagem para a economia política, a linguagem pimba, trata-se antes de uma forma de comunicação simples e objectiva, para que o povo a entenda, tão simples que me até parece tem semelhanças com uma quadra do corridinho algarvio:

As moças da minha aldeia.
Quando vão mijar à rua.
Dizem umas para as outras.
A minha é maior que a tua!

Deixe-me dizer-lhe também que discordo do muitos que o acusam de defensor do ultra-liberalismos, embora a generalidade das propostas nos levem a pensar assim, a verdade é que o Compromisso Portugal propõe-nos a mais moderna e actualizada das revisões do leninismo, quer no plano político, quer no que se refere ao modelo económico.

As críticas subtis ao modelo político e a exibição dos modelos de virtudes da sociedade portuguesa não são mais do que evidenciar as fragilidades da democracia e a defesa de que cabe a uma vanguarda a mudança da sociedade.
No antigo modelo leninista esse papel cabia à classe operária, enquanto vanguarda do proletariado era a classe que melhor simbolizava os valores da nova sociedade e capaz de ser mais fiel ao marxismo-leninismo.
Para o Compromisso Portugal deverá continuar a haver uma vanguarda que deverá zelar pela mudança, em vez dos operários, coisa que está em extinção, deverão ser os assalariados mais capazes e bem sucedidos, os administradores das empresas.
Aliás, a melhor das democracias seria aquela em que o país seria governado por essa mesma classe, ninguém tem dúvidas que em vez do Santana Lopes o lugar de primeiro-ministro seria de António Borges, o grande líder da nova vanguarda.

Também no modelo económico o Compromisso Portugal se revela leninista, para o seus promotores a mudança da sociedade faz-se através do Estado, todos os males e benfeitorias da sociedade passam pela gestão do Estado.
Até no texto provocatório dedicado à competitividade, onde esperava uma análise dos problemas das nossas empresas só encontramos medidas aplicadas ao Estado, isto é, fiquei a saber que é do Estado que depende a competitividade das nossas empresas, coisas como a inovação são manias dos americanos.
Para o Compromisso o Estado é a fonte de todos os bens e de todos os males, o grande centro da economia.

Acho mesmo que da peregrinação do Beato deveria ter saído o Manifesto do PCP – Partido do Compromisso Portugal, e os textos provocatórios, que contemplam centenas de medidas para o Estado, deveria ter saído do encontro sob a forma de plano quinquenal.

Sem mais, despeço-me com elevada estima e consideração.
Até para o ano!

 
At 23 de setembro de 2006 às 10:53, Anonymous Anónimo said...

Agora que a peregrinação do Beato terminou é a altura de manifestar a minha indignação por Cavaco Silva ter recebido Carrapatoso no seu exercício das funções de Presidente da República. Nada tenho que criticar no facto de um Presidente da República receber em Belém seja quem for, sejam representantes de umas quantas empresas ou cidadãos que defendem os seus interesses pessoais. Mas acho que pessoas sobre as quais recaem suspeitas de não terem cumprido com as suas obrigações de cidadania graças a prescrições manhosas (e neste país toda a gente sabe como estas prescrições são conseguidas) não deveriam ter autorização para entrar no Palácio de Belém e muito menos ser recebidas pelo próprio Presidente da República.

 
At 23 de setembro de 2006 às 10:54, Anonymous Anónimo said...

O editorial do Dário de Notícias da autoria de Helena Garrido, um dos raros gritos de indignação que li na comunicação social, cuja leitura recomendo a todos os peregrinos do Beato. Pela sua qualidade reproduzo na íntegra e aqui:

«"Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que podes fazer pelo teu país." A famosa frase de John F. Kennedy é naturalmente trazida da memória com a iniciativa do Compromisso Portugal.

Pelo Convento do Beato, em Lisboa, passaram ontem gestores - mais que empresários - das maiores e mais importantes empresas a trabalhar em Portugal. Lideram uma significativa parte da criação da riqueza e do emprego no País. Pela influência das suas empresas são responsáveis, em grande medida, pelos caminhos económicos, sociais, políticos e culturais de Portugal. Mas, tal como há dois anos, ouvimos conselhos para o outro, o Estado.

Portugal, na imagem que foi transmitida, está uma desgraça. É verdade. Todos conhecemos o diagnóstico do baixo crescimento e da reduzida escolaridade que nos pode condenar ao empobrecimento.

É preciso combater o abandono escolar, dizem os gestores do Beato. Quantos deles, nas suas empresas, têm políticas de responsabilidade social com programas de apoio aos seus empregados para promover a escolaridade dos filhos?

É preciso aumentar as exportações. Mas é o Estado que arranja clientes no exterior? Ou será que ao mesmo tempo que se pede menos despesa pública está a dizer-se que é preciso gastar mais no apoio às exportações?

É preciso reduzir o número de funcionários públicos em 200 mil, dizem. Quantos destes gestores iriam para a praça pública dizer que precisavam de reduzir em quase 30% o seu número de empregados? E quantos conseguiram fazer isso sem ser lentamente e usando com grande frequência os mecanismos que o Estado, ou seja, a despesa pública, põe ao seu dispor através de reformas antecipadas ou do subsídio de desemprego?

É preciso salvar a Segurança Social, dizem. E a receita é passar do actual regime em que os empregados pagam a reforma dos pensionistas para uma conta de poupança individual. E quem paga as pensões de quem está reformado ou prestes a ser pensionista? A resposta é: o Estado endivida-se. Falta contar o resto da história. Se Portugal se endividar mais viola mais uma vez os compromissos assumidos com Bruxelas e corre o risco de ter de pagar taxas de juro mais altas e, como tal, aumenta a despesa pública. Além disso, a dívida, como todos sabemos, tem de ser paga, mesmo que seja daqui a 50 anos. E nessa altura aumentam os impostos.

Ouvir o que têm para nos dizer alguns dos gestores de topo de Portugal acaba por ser mais um triste contributo para percebermos porque está o País como está. Como é vulgar, há muitos conselhos para os outros, pouco ou nenhum pensamento sobre o que cada um no seu lugar pode fazer por Portugal. »

 
At 23 de setembro de 2006 às 20:54, Anonymous Anónimo said...

Parece que há por aí umas alminhas que julgam ter descoberto não a pólvora mas a verdadeira localização do Graal. 'Nenhuma empresa sobreviveria se vosse gerida como Portugal'. Verdade, verdadinha, mas olhando às constantes osmoses entre o público e o privado, onde tanto se está num lado como no outro, quando não se está nos dois, o raciocínio falha o alvo, afinal quantas das empresas que florescem cá na terrinha sobreviveriam lá fora, geridas da forma, e no 'contexto' em que o são cá. Goste-se ou não, e por muito que isso incomonde alguns pretensos serafins os vícios do Estado são os vícios dos privados, e os vícios dos privados, os vícios do Estado.
Não perceber isto, é não perceber nada, pior - é tomar tudo e todos por parvos. Otas ? TGVs, o autêntico escândalo que tem sido a política energética (GALP, EDP...) sobre isso népias. A haver moralidade tem que haver para todos, ponto.

 
At 24 de setembro de 2006 às 17:46, Anonymous Anónimo said...

A vanguarda dos administradores
Muitos anos depois de Lenine ter dado uma expressão organizativa ao Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx, assiste-se em Portugal a mais uma reinvenção leninista, desta vez protagonizada pela versão mais modesta do proletariado os administradores de empresas e alguns dos seus consultores das universidades.

Trata-se de uma vanguarda esclarecida que sabe que o futuro está nas soluções e que estas nunca serão adoptadas num modelo de democracia representativa, num mundo de globalização perceberam que a vanguarda do proletariado dos princípios do século XX deveria dar lugar a uma reinterpretação do leninismo em tempos de globalização, a nova vanguarda já não tem sede nas cinturas industriais, tem a visão dos gabinetes das administrações, dos últimos pisos de escritórios de Lisboa.

 
At 25 de setembro de 2006 às 13:39, Anonymous Anónimo said...

Portugal é um pais com uma diversidade excepcional, apesar da sua pequena dimensão geográfica apresenta uma extraordinária riqueza natural e humana, Basta poucos quilómetros para que tudo mude, desde a paisagem à arquitectura, dos hábitos aos instrumentos, das raças de cães ao cantar dos pássaros.

E esta riqueza não pára de aumentar, já tínhamos o cão de água do Algarve e o Castro Laboreiro, o podendo e o Serra da Estrela, o Rafeiro do Alentejo e o Cão de Fila dos Açores, os Cavacos açorianos e o burro Mirandês, agora temos vindo a assistir ao apuramento de novas raças nacionais.

Na última semana assistimos a mais uma sessão de apuramento do Compromisso Portugal, o resultado do cruzamento dos capitais portugueses com os administradores de empresas espanholas, do qual resultou uma vanguarda intelectual que só não tem mais sucesso porque os outros portugueses têm uma grande dificuldade em percebê-los, o seu discurso é para gente com habilitações acima do MBA.

Por falar em cruzamentos também temos o Bloco de Esquerda, uma esquerda melhor que qualquer outra pois é moderna enquanto as restantes não o são, é o resultado de cruzamentos sucessivos do maioismo, trotsquismo e estalinismo, o melhor que a esquerda internacional já tinha produzido e que só em Portugal encontrou as condições actuais.

A magistratura é outra das raças que atingiu um elevado grau de pureza nos últimos anos, mas neste caso não é resultado de qualquer cruzamento, a sua perfeição resultou de um processo de depuração que permitiu à classe não sofrer dos males dos políticos, trata-se de uma raça tão pura que até não se compreende que não tenha substituído os políticos no poder.

Não será por falta de vanguardas que este país não passa da cepa torta.

 
At 25 de setembro de 2006 às 15:15, Anonymous Anónimo said...

Mais que perder tempo com uns senhores há dias reunidos no "Compromisso do Capital" - o qual, por ausência de rigor e completa falta de vergonha, apareceu com a última palavra trocada por Portugal -, parece bem mais importante para o nosso futuro estar atento às últimas notícias do Ministério da Saúde.

A verdade é que a rapaziada destas reuniões do Beato vai dizendo e propondo o que já se percebeu que não é novidade e que está - ou será - incorporado por este executivo (dito) socialista. Por isso, por razões de sanidade mental e para fazer jus à máxima de que "enquanto o pau vai e vem, folgam as costas", será preferível concentrar atenções no pau de marmeleiro com que o Dr. Correia de Campos está de novo a agredir os portugueses e de forma especial os mais desfavorecidos.

Já não basta ao Ministro querer fechar serviços de atendimento permanente, maternidades, centros de saúde, tudo com base em critérios tecnocráticos que são sobretudo consequências do desinvestimento público e/ou de políticas que provocam a desertificação e litoralização do País. Esta semana, o Dr. Campos foi ainda mais longe e anunciou também o encerramento de urgências hospitalares! Será mais meio milhão de portugueses sem urgências hospitalares públicas mas que em breve terão - obviamente pagando, muito e bem - urgências abertas em unidades hospitalares de grupos privados de saúde geridas por alguns dos mentores do tal "Compromisso do Capital". Quem não puder pagar passará a ir ao "endireita ou ao curioso", forma supletiva com que o Governo PS parece estar a encarar o Serviço Nacional de Saúde universal e tendencialmente gratuito de que fala a Constituição!

A fúria do Dr. Campos não se esgotou nos encerramentos, aumentou de novo as taxas moderadoras e alargou-as a novos serviços, desta vez aos internamentos e às cirurgias. Há muito que nos tentam convencer que as taxas moderadoras servem para impedir que os utentes utilizem sem razão serviços de saúde e urgências. O Dr Campos quer agora meter-nos na cabeça que, quando somos internados ou levados para a sala de operações, tudo é também uma espécie de passatempo e não uma evidente e inadiável necessidade de saúde. A continuar assim, o Dr Campos ainda decide pôr os médicos a pagar taxas moderadoras para impedir que nos internem ou nos operem tanto, procurando desta forma libertar mais enfermarias e poupar no pessoal... Assim teríamos - objectivo supremo do Governo - controlados os gastos na saúde! O que não teríamos certamente era Serviço Nacional de Saúde.

 
At 27 de setembro de 2006 às 10:26, Anonymous Anónimo said...

Gestores em xeque

O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial é uma vergonha para os gestores e empresários portugueses e um elogio às instituições públicas. Portugal desceu do 31.º lugar para o 34.º entre 125 países fundamentalmente por causa do mau funcionamento das instituições privadas. Afinal, a fraca imagem do País deve-se em grande parte ao sector privado.

O pior indicador de Portugal é o que está relacionado com o baixo crescimento e os défices público e externo. A seguir, a mais baixa qualificação está na sofisticação dos negócios. Ou seja, fracos processos produtivos, problemas nas estratégias de marketing e dificuldade em delegar competências. Aquilo de que tanto se queixam os gestores, ou seja, os custos de contexto, que correspondem ao enquadramento em que se movem os negócios, e a qualidade das instituições têm afinal uma classificação melhor que o funcionamento das empresas e das entidades privadas em geral. Em termos globais, as instituições públicas têm, no ranking do Fórum com sede em Davos, melhor classificação que as privadas.

O défice público, um dos problemas do País que podem ser directamente atribuídos aos governos, está em vias de resolução. Se a reestruturação do Estado for conseguida, o sector privado passa a ser o grande problema do País, aquele que contribui também para o fraco crescimento e o défice externo.

A imagem que o relatório transmite de Portugal para todo o mundo em nada coincide com o discurso de gestores e alguns empresários que ouvimos no espaço público. Um dos exemplos mais recentes foi o do Compromisso Portugal. Mas muitos de nós colocamos frequentemente a questão: porque são as empresas estrangeiras em Portugal competitivas e as nacionais não o conseguem ser? A resposta, que é fundamental levar a sério, está neste relatório do Fórum.

Os gestores e empresários de Portugal têm urgentemente de olhar menos para o Estado e de tratar melhor dos seus negócios. Não será fácil. As fragilidades das instituições privadas reflectem a falta de formação em áreas hoje tão importantes como a economia e as finanças e uma atitude geral que se focaliza demasiado nos problemas e pouco nas soluções.

O grande contributo que o relatório de Davos pode dar é acabar com a conversa sobre o funcionamento das instituições públicas para começarmos a falar do verdadeiro problema do País, a falta de preparação de gestores e empresários. Só começando por enfrentar a realidade podemos iniciar as correcções. O Estado, afinal, é um falso problema.

Helena Garrido
Editorial do Diário de Notícias
27 de Setembro de 2006

 

Enviar um comentário

<< Home