Ó amigo (Natal oblige) anonymous said (acho que é este o nome com que assinaste o comment, curiosa a coincidência de usarmos idêntica assinatura, ou talvez não) perdoa-me o conselho, porque conselhos só devem dar-se quando pedidos, por isso não passa de uma sugestão (e quem sou eu para dar sugestões, oh Deus meu!), creio que nesta altura quase ninguém estará com disposição para tiradas dessa dimensão, por isso te sugiro (quem sou eu para sugerir seja o que for?) que guardes as tuas energias para o ano que vem. Mau ano vai ser, já o imagimanos. Mas ainda assim...
O ano que vai acabar foi o ano de Sócrates. Com uma habilidade inesperada, Sócrates conseguiu no partido, no governo e no Estado um poder pessoal, que depois do "25 de Abril" ninguém antes dele teve. No PS, a derrota de Soares acabou com o "soarismo" e da "esquerda", fora a inevitável Ana Gomes que insiste em vociferar ao vento, não resta nada. Melhor ainda, ou pior ainda, até nova ordem o fim da "comissão permanente" e a acumulação do cargo de secretário-geral com o de primeiro-ministro garante o silêncio e a unanimidade do partido. No governo, Sócrates fez discretamente o que Santana indiscretamente anunciou que ia fazer e não fez: controlar a informação e, através dela, o público, os média e os ministros. Só chega cá fora o que ele quer e a imagem dele é o que é, porque não há outra. E, para acabar, também no Estado, Sócrates removeu uma a uma as "forças de bloqueio", em potência e em acto, e removerá as que aparecerem com a mesma dureza e o mesmo método. Se isto passa ou não passa os limites do tolerável e legítimo, não me parece por enquanto o principal. Claro que, desde já, aberrações como ERC não admitem explicação ou desculpa. Mas, no fundo, o problema não está no autoritarismo de Sócrates. Toda a gente sabia, sabe e sente que para ele e para Cavaco a liberdade não conta, como contava para Sampaio e, principalmente, para Soares. Pelo contrário, o problema está na eficácia da autoridade de Sócrates, por muito grande ou excessiva que ela seja. Em última análise, a maioria chega para reduzir o PS à obediência. Como chega obrigar o governo a uma disciplina de caserna e, com certeza, para intimidar duas dúzias de altos funcionários. Se chega ou não chega para uma real reforma da sociedade portuguesa, é o que falta ver. Legislar não custa. Sócrates, como milhares de antecessores que ele não conhece, não pára de legislar. Só que nenhuma lei jamais mudou a dependência do Estado da classe média portuguesa. E nenhuma lei jamais criou, ou criará, um ensino decente. E nenhuma lei jamais "modernizou" uma economia atrasada e pobre. A velha ideia, que Sócrates obviamente partilha com o país, de que um poder virtuoso salva e regenera sempre levou à desilusão e ao fracasso. Este ano foi o ano de Sócrates, do poder de Sócrates, da popularidade e da confiança. O ano que vem é o ano do julgamento. Bom Natal, sr. primeiro-ministro.
This is a man's world, this is a man's world But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
You see, man made the cars to take us over the road Man made the trains to carry heavy loads Man made electric light to take us out of the dark Man made the boat for the water, like Noah made the ark
This is a man's, a man's, a man's world But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
Man thinks about a little baby girls and a baby boys Man makes then happy 'cause man makes them toys And after man has made everything, everything he can You know that man makes money to buy from other man
This is a man's world But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
He's lost in the wilderness He's lost in bitterness
4 Comments:
Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores. A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora. Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
Dia de Natal
Ó amigo (Natal oblige) anonymous said (acho que é este o nome com que assinaste o comment, curiosa a coincidência de usarmos idêntica assinatura, ou talvez não) perdoa-me o conselho, porque conselhos só devem dar-se quando pedidos, por isso não passa de uma sugestão (e quem sou eu para dar sugestões, oh Deus meu!), creio que nesta altura quase ninguém estará com disposição para tiradas dessa dimensão, por isso te sugiro (quem sou eu para sugerir seja o que for?) que guardes as tuas energias para o ano que vem. Mau ano vai ser, já o imagimanos. Mas ainda assim...
***** BOAS FESTAS *****
BOM NATAL, SR. PRIMEIRO-MINISTRO
O ano que vai acabar foi o ano de Sócrates. Com uma habilidade inesperada, Sócrates conseguiu no partido, no governo e no Estado um poder pessoal, que depois do "25 de Abril" ninguém antes dele teve. No PS, a derrota de Soares acabou com o "soarismo" e da "esquerda", fora a inevitável Ana Gomes que insiste em vociferar ao vento, não resta nada. Melhor ainda, ou pior ainda, até nova ordem o fim da "comissão permanente" e a acumulação do cargo de secretário-geral com o de primeiro-ministro garante o silêncio e a unanimidade do partido. No governo, Sócrates fez discretamente o que Santana indiscretamente anunciou que ia fazer e não fez: controlar a informação e, através dela, o público, os média e os ministros. Só chega cá fora o que ele quer e a imagem dele é o que é, porque não há outra. E, para acabar, também no Estado, Sócrates removeu uma a uma as "forças de bloqueio", em potência e em acto, e removerá as que aparecerem com a mesma dureza e o mesmo método. Se isto passa ou não passa os limites do tolerável e legítimo, não me parece por enquanto o principal. Claro que, desde já, aberrações como ERC não admitem explicação ou desculpa. Mas, no fundo, o problema não está no autoritarismo de Sócrates. Toda a gente sabia, sabe e sente que para ele e para Cavaco a liberdade não conta, como contava para Sampaio e, principalmente, para Soares. Pelo contrário, o problema está na eficácia da autoridade de Sócrates, por muito grande ou excessiva que ela seja. Em última análise, a maioria chega para reduzir o PS à obediência. Como chega obrigar o governo a uma disciplina de caserna e, com certeza, para intimidar duas dúzias de altos funcionários. Se chega ou não chega para uma real reforma da sociedade portuguesa, é o que falta ver. Legislar não custa. Sócrates, como milhares de antecessores que ele não conhece, não pára de legislar. Só que nenhuma lei jamais mudou a dependência do Estado da classe média portuguesa. E nenhuma lei jamais criou, ou criará, um ensino decente. E nenhuma lei jamais "modernizou" uma economia atrasada e pobre. A velha ideia, que Sócrates obviamente partilha com o país, de que um poder virtuoso salva e regenera sempre levou à desilusão e ao fracasso. Este ano foi o ano de Sócrates, do poder de Sócrates, da popularidade e da confiança. O ano que vem é o ano do julgamento. Bom Natal, sr. primeiro-ministro.
VASCO PULIDO VALENTE
No:Público
It'S A Man'S Man'S Man'S World
This is a man's world, this is a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
You see, man made the cars to take us over the road
Man made the trains to carry heavy loads
Man made electric light to take us out of the dark
Man made the boat for the water, like Noah made the ark
This is a man's, a man's, a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
Man thinks about a little baby girls and a baby boys
Man makes then happy 'cause man makes them toys
And after man has made everything, everything he can
You know that man makes money to buy from other man
This is a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl
He's lost in the wilderness
He's lost in bitterness
James Brown
Enviar um comentário
<< Home