domingo, 24 de dezembro de 2006

A TODOS FELIZ NATAL


Infelizmente nasci no tempo de ter que enfrentar a guerra colonial, não me escapei a uma ida a África, desses tempos recordo as horas infindáveis de televisão mostrando filas de militares a dizerem que estavam todos muito bem, a desejar um Bom Natal aos familiares e a terminarem a mensagem com o inevitável adeus e até ao meu regresso.

Eram natais sem esperança, as prendas eram a utilidades do costume, os chocolates repetiam-se de ano para ano, os pequenos bombons nacionais, e os chocolates da Regina, o “coma com pão” as sombrinhas e as barras.


Recordo-me dessa época porque de ano para ano estamos a regressar a natais sem esperança, não há guerras domésticas mas num mundo globalizado não podemos ficar indiferentes, é um mundo onde se multiplica a guerra a miséria, um mundo onde a Guerra Fria deu lugar às guerras da família Bush cujo primogénito decidiu brincar aos cowboys usando o mundo como quintal das suas brincadeiras.


Perante tanta miséria e sofrimento humano à escala mundial, e com tanto português a passar por dificuldades sinto alguma vergonha em queixar-me, afinal faço parte do pequeno grupo de privilegiados, participo no imenso trânsito que nesta semana transformaram Ponte de Sor num inferno, participo nas hordas de compradores de olhar esgazeado que empaturram os corredores dos hipermercados, compro os molhos de grelos que irão acompanhar o bacalhau a dez euros.


Não gosto de resolver os meus problemas de consciência com hipocrisia natalícia, mas reservo para esta quadra para encher as baterias da esperança, um momento em que paro para não pensar e concluir que o mundo ou o país vai ser melhor.
Mas não, nestes anos a ausência de esperança tem-se juntado ao que resta dos hábitos de outros anos, sei que os próximos anos serão maus e, piro do que isso as futuras boas notícias não serão para mim, o meu sapatinho, como o de muitos portugueses, estará vazio de futuro, tenho duas das piores qualidades que um europeu pode ter, sou Português, vivo em Ponte de Sor.

Terei que pagar pelos desmandos dos políticos que temos escolhido, pagar taxas e impostos por tudo e por nada e carregar com anátema de ser o culpado de todos os males que sucederam a este concelho e país.

Ainda assim, há que fazer um sorriso, ter esperança e cumprir com todos os rituais a que a época obriga.



A todos Feliz Natal.

18 Comments:

At 24 de dezembro de 2006 às 15:51, Anonymous Anónimo said...

Caro Zé da Ponte
Espero que estejas bem na companhia da tua mulher e filhas.
Neste Natal quero desejar-te a ti , à familia e aqueles que fazem o blogue Ponte do Sor:

Que o PONTE DO SOR continue a ser o "Speakers Corner" de Ponte de Sor, onde TODOS podem participar e dizer de sua justiça.

Que a critica não seja considerada uma ofensa, mas uma mais valia a favor do interesse de todos.

Que a discordância não seja pretexto para injuriar e agredir.

Que a falta de argumentos não seja motivo para invocar preconceitos e dogmatismos.

Que o interesse do concelho seja sempre colocado acima de interesses individuais ou "lobbies".

Que os partidos encontrem a sua razão de ser no confronto de ideias com o objectivo de encontrar as melhores soluções a favor de Ponte de Sor.

Que os partidos e os eleitos tenham consciência da honra e da confiança que lhes foi conferida e não as desmereçam.

Que os partidos seleccionem e nomeiem os cidadãos mais honestos e mais competentes para gerir o concelho.

Que os partidos assumam a responsabilidade pelos actos dos eleitos que eles nomeiam.

Que os eleitos sejam íntegros e responsáveis pelo cumprimento das promessas que fazem.

Que os eleitos assumam os seus actos em vez de atirar sempre as culpas para outros.

Que os eleitos invistam na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos em vez de obras populistas inúteis.

Que os eleitos não deixem destruir nem alienar os recursos concelhios, promovendo a sua valorização e gestão sustentável, no interesse público.

Que os cidadãos não sejam considerados como um público cuja opinião é manipulável a favor de interesses inconfessáveis.

Que os cidadãos tenham consciência dos seus direitos e a coragem e liberdade para poder exigir o que lhes é devido.

Que os cidadãos tenham consciência que a razão de ser dos partidos e respectivos políticos, é a satisfação do seu bem-estar e qualidade de vida.

Que a liberdade de expressão não acabe aqui...

Um grande e Feliz Natal para todos

 
At 24 de dezembro de 2006 às 18:27, Anonymous Anónimo said...

Cumprimentos por existir o blogue e votos de um Natal feliz.
Portugal não está nada bem, sofre das várias maleitas que continuam a transformar o 25 de Abril numa "abrilada", em que os ricos engordam e os menos afortunados são espoliados com impostos e, de benefícios, só auto-estradas que em pouco tempo serão para muito poucos. Mas nada me incomoda uma falência das Brisa's e companhia.
O pior é não haver esperança, uma luzinha ao fundo do túnel, principalmente para as novas gerações.
Mas ponte de Sor é ou está assim tão má? Não andará um pouco ressabiado com qualquer coisa, por exemplo, por não ser presidente? É que o actual, doa a quem doer, foi o preferido pelos eleitores. Que até já tiveram bastante tempo para o conhecer bem! E que, aliás, parece que não esconde nada!
Um feliz Natal.

 
At 25 de dezembro de 2006 às 21:02, Anonymous Anónimo said...

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros. coitadinhos. nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso anti-magnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra, louvado seja o Senhor!. o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
Fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão,
in "Máquina de Fogo", 1961; "Poesias Completas", 1968

 
At 25 de dezembro de 2006 às 21:04, Anonymous Anónimo said...

Lembrança

No meu tempo, dizia-se que se confrontavam em Portugal dois modelos de socialismo: o modelo "Pestana & Brito" (Soares) e o modelo "sobrancelha e bruto" (Cunhal).
Com o tempo, instalou-se este modelo único, pronto-a-vestir, e sinto que se perdeu algo na confusão.

 
At 25 de dezembro de 2006 às 21:07, Anonymous Anónimo said...

A MENSAGEM

O senhor primeiro-ministro está "confiante" no "passo a passo" que anda a dar. Todos os seus "indicadores" melhoraram, a sua "confiança" aumentou, as "expectativas" aumentaram. Isto graças ao "esforço" que ele anda a pedir a "todos" e a que, pelos vistos, "todos" devem obedecer sem hesitação. "Trabalho árduo" é a receita do senhor engenheiro, a mesma que Salazar proclamou quando ascendeu ao lugar hoje ocupado por Sócrates. Não existe comparação possível. Salazar saneou e equilibrou as finanças, apostou numa economia rural pouco mais que primitiva e, porventura com receio da "classe operária", desprezou a industrialização do país e cerceou as liberdades a fim de sossegar as gentes depois dos desmandos da I República. Até certo ponto da história, foi um estadista notável. Todavia, e contrariamente ao que dizia, decidido até onde ir, acabou por ir mais além. O regime - ele- tornou-se esdrúxulo. Um dos grandes portugueses do século terminava como uma caricatura de si mesmo, convencido de que ainda era o que já tinha deixado de ser. Sócrates não é nada disto. Em Salazar havia persistência, método, consistência e censura. Em Sócrates existe teimosia, power point, superficialidade e exploração das virtualidades mediáticas e tecnocráticas da democracia. Salazar era alérgico à "política" e, em certo sentido, construiu o seu poder contra ela, tornando-se, apesar e por causa disso, num dos maiores políticos portugueses de sempre. Sócrates, sendo um típico produto da política partidária e caciqueira - ele é uma circunstância feliz sobretudo para si próprio - acabou por anular o PS e secar praticamente tudo à sua volta em nome da "salvação" do partido e do país. Se falhar, como acabará por falhar, será a vez de o país o secar a ele.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 13:45, Anonymous Anónimo said...

D. João Miranda: ignorância e fundamentalismo

Alguns prelados, por desespero ou por raiva, estão a descuidar-se e a exceder-se, evidenciando uma mentalidade obscura que ao longo do tempo tentam esconder, porque no mundo de hoje não convém parecer tão fundamentalista como um Mulah das montanhas do Afeganistão.

Depois de D. José Policarpo não ter resistido à tentação de transformar a sua mensagem de Natal em tempo de antena do debate do referendo, foi a vez de D. João Miranda que no Porto tentou fazer concorrência aos vídeos do Bin Laden, mostrando uma faceta medieval que há muito não se via num eclesiástico da Igreja Católica.

Comparar os abortos com os meninos da roda dos mosteiros medievais é absurdo porque o que menos convém à Igreja são as práticas medievais, e ainda por cima é porque muitas mães não desejam entregar os filhos na roda que optam pela péssima decisão de fazer um aborto em condições essas humilhantes. Mas as condições medievais em que são feitos os abortos clandestinos, nem esta prática generalizada alguma vez levaram D. João a dizer asneiras.

As crianças que D. João deveria comparar com os meninos da roda são os milhões de crianças que não chegam a ser homens, que vivem em condições miseráveis nos bairros da lata, ou que fazem dos cemitérios a sua residência de onde são despejados para que a Igreja Católica cumpra os seus rituais, como sucede nas Filipinas, um país, como outros da América Latina, onde a Igreja Católica consegue impor a sua sharia. Meninos da roda são as crianças órfãs de África cujos pais morreram com sida e a quem a Igreja Católica negou o uso de preservativos. Medievais são os estudos e conclusões da Igreja Católica segundo os quais os preservativos não são suficientes para evitar a sida por que os vírus passam pelos seus poros. Meninos da roda foram os filhos dos republicanos espanhóis a quem a Igreja Católica alterou os registos de baptismos para os entregar a famílias de adopção, ou os filhos órfãos porque os pais republicanos foram fuzilados depois de denunciados por padres católicos.

Depois de D. José Policarpo ter afirmado que a Igreja não ia participar na campanha eis que o está fazendo da pior forma, para o debate e para ela própria, está a dar um exemplo de intolerância que há muito não se via.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 13:48, Anonymous Anónimo said...

Em Portugal o Natal está cheio de rituais hipócritas, políticos, jornalísticos e eclesiásticos não resistem ao poder da comunicação das rádios e televisões ara fazerem, tal como o Papa, a suas bênçãos “urbi et orbi”, ou às visitas natalícios ao pobrezinhos, velhotes e demais desfavorecidos, houve mesmo um autarca que deu um jantar para os desfavorecidos. E no Ano Novo volta a suceder o mesmo, e lá vamos ver alguns governantes a passar a noite ao lado dos que são forçados a trabalhar, é muito provável que o ministro da Administração Interna vá acompanhar a BT, o ministro da Defesa o faroleiro das Berlengas, e por aí adiante. A importância destes rituais é tão importante que até têm o seu próprio protocolo, o primeiro-ministro serve-nos o peru de Natal, o Presidente da República dá-nos as passas para a noite de Ano Novo.

A tendência é para que os políticos nos deixem descansados na noite de Natal, talvez seja uma consequência do espectáculo ridículo que Bush deu ao mundo quando no Dia de Acção de Graças foi ao Iraque oferecer um peru de plástico.
Mas se os políticos andam mais comedidos, os eclesiásticos deram este ano um triste espectáculo ao assumirem-se como mullahs, houve mesmo um tal D. João que se esqueceu que estava no Porto e falou como se estivesse falando para talibans nas montanhas do Afeganistão.

As rituais políticos e eclesiásticos seguem-se as reportagens televisivas do costume, ficamos sempre a saber que para os comerciantes este Natal foi pior do que o anterior, temos a oportunidade de conhecer mais um ou dois tenentes da GNR promovidos a relações públicas da guarda com gabinete instalado à entrada da Ponte 25 de Abril, mostram-nos as prisões desertas graça às precárias e visitamos uma ou duas aldeias ara conhecer as suas tradições.
No fim acabamos (quase) todos de bandulho cheio, com mais três quilos de gorduras várias e com as mesas cheias de comida para despachar numa semana em que se trabalha um pouco menos, para depois libertarmos as toxinas de todo ano, dissolvidas em champanhe e fogo de artifício na noite de Ano Novo.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 15:54, Anonymous Anónimo said...

este natal sr taveira decidiu tirar da cartola grandes investimentos em montargil. rotundas horriveis já temos, fundações que não servem para nada tambémm mais predios também, falta de qualidade de vida também. ponte de sor é das poucas terras que comercio nem vê-lo ( a não ser supermercados que esvaziam bolsos e a ponte de sor de vida )agora vem a cenoura de montargil, já que o aerodromo e grandes fábricas já cairem no esquecimento. e o presidente cá anda a morder o beiço e o bigode. já a gora que tal dar uma espreitadela na abacarvalho e verem uma grande exposição de fotografia feita por malta nova que se está a marimbar para a falta que a terra tem de cultura e resolvem ser eles a fazer cultura. viva a rapaziada que ainda não se entregou a droga e ao alcool e faz coisas nesta terra que mais do que do sr taveira é deles (que são o futuro e ele já é passado e está atulhado de guerras provincianas

 
At 26 de dezembro de 2006 às 18:38, Anonymous Anónimo said...

oh anónimo tu andas passado? Ressaca natalicia ou e demencia? Ainda bem que ha iniciativas como esse pessoal e a exposiçao de fotografia. Quem disse que tem de ser a camara a tomar iniciativas dessas? Tenho pena que nao haja mais gente com este tipo de iniciativas, porque espaço para as exibir e coisa que nao falta. ou as fotografias sao tuas? Droga e alcool?! sabes o que dizes? Isso acho qye foi mais colar publicidade à exposiçao com cuspo do que outra coisa. Sinceramente isso foi meio descabido, mas enfim....boas festas

 
At 26 de dezembro de 2006 às 18:53, Anonymous Anónimo said...

Como eles não são ricos, não são ricos falidos, não dizem amem tem a exposição na loja grande.
Porque é que as portas da biblioteca só se abrem para alguns?

 
At 26 de dezembro de 2006 às 21:39, Anonymous Anónimo said...

diga-me 1 exemplo...obvio k kem nao tem 1 reconhecimento, nao pode expor obras na biblioteca, senao tb ia la expor os meus castelos com baralhos de cartas i lindos barquinhos feitos de fosforos. Ou entao as belas esculturas que se fazem na casa de banho. a que ter uma referencia minima

 
At 26 de dezembro de 2006 às 22:27, Anonymous Anónimo said...

Abre a pestana!
O Manuel P. disse não 1 mas 3 exemplos.

 
At 26 de dezembro de 2006 às 22:36, Anonymous Anónimo said...

No Diário de Notícias, este oportuno artigo de José Sasportes especialmente destinado aos "iluminados" neo-realistas que ocupam presentemente o Palácio da Ajuda.

«A Dança ameaçada pelos OPART


José Sasportes
Escritor e historiador de dança
Esta coisa de haver uma lei que tenha a vaidade de se impor a todos é tão irritantemente estúpida como a de haver uma só medida pra todos os chapéus.

Almada Negreiros, A Engomadeira

O Ministério da Cultura anunciou a criação de uma empresa pública denominada com particular infelicidade OPART( Organismos de Produção Artística ) , em que viriam a convergir o Teatro Nacional de S. Carlos e a Companhia Nacional de Bailado (CNB). Este anúncio suscitou comentários adversos de diversos sectores, que têm evidenciado, sobretudo, os danos que tal fusão acarretaria para o S.Carlos, a única casa da ópera portuguesa. Sem discordar desta visão, creio que a instituição mais lesada virá ser a CNB, admitindo mesmo que depois da catastrófica desfundação do Ballet Gulbenkian seja esta a pior notícia que podia atingir o mundo da dança.

A nova lei orgânica do Ministério da Cultura diz que estes OPART contribuirão para o "desenvolvimento da cultura musico-teatral", categoria em si mesma antiquada, que desde logo faz desaparecer o facto coreográfico que constitui a CNB. Recorde-se que quando, em 1946, o Estado assumiu a tutela do S.Carlos declarou que o fazia para "estimular e desenvolver a arte lírica e coreográfica em Portugal", era serôdia já então esta concepção de uma única arte lírico-coreográfica, mas, ao menos, a dança não estava ausente do enunciado, como agora acontece. A verdade é que a dança sempre ocupou pouco espaço na programação do S. Carlos no séc. XX, e idêntica secundarização se afigura inevitável se uma só gestão se vier a impor sobre os interesses artísticos historicamente contraditórios das duas artes. A dança vem sempre em segundo lugar, salvo quando decide em casa própria.

Os equívocos , no entanto, começam logo na decisão de criar esta entidade, sem que qualquer estudo prévio tivesse sido feito sobre o modo melhor de enfrentar os problemas artísticos e administrativos de que pudessem sofrer o Teatro e a Companhia, mas apenas para obedecer aos imperativos do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE ), que visa reduzir, indiscriminadamente, o números de directores e de institutos, assim amalgamando o que, pela sua especificidade, o não pode ser. A tutela, aproveitando esta boleia, e sem ouvir os responsáveis directos pela identidade artística das duas casas, satisfez um desejo ideologicamente motivado de subordinar as artes a um modelo tecnico-administrativo, como é bem demonstrado pelo figurino avançado para os OPART em que os directores artísticos seriam súbditos da administração.

O pior, porém, é o aspecto anacrónico desta opção. A partir da revolução dos Ballets Russes, tornou-se claro que a dança perdia em estar associada aos teatros de ópera, pelo que foi lutando para alcançar sempre maior autonomia e independência. A fórmula de casas da dança ou de centros coreográficos é hoje a mais corrente em toda a Europa, correspondendo ao lugar que a dança grangeou no panorama cultural. O projecto que a Companhia Nacional de Bailado tem estado a desenvolver no Teatro Camões, transformando-o numa autêntica Casa da Dança, graças ao apoio de um mecenas generoso, a EDP, é o que melhor corresponde às necessidades da Companhia e da evolução da dança em Portugal. Mas para que continue a história de sucesso ali iniciada (aumento de quase 200% de público desde 2003 e significativo crescimento de receitas) é indispensável que a CNB continue a mandar naquela Casa sem ver os seus interesses subalternizados aos da ópera, como inevitavelmente sempre acontece.

Os OPART foram lançados sem que antes se tivessem medido as consequências práticas desta opção. A Ministra da Cultura não fez declarações substanciais e não são conhecidos os seus pontos de vista sobre as duas artes, mas já do Secretário de Estado se podem ler singulares interpretações da história do Teatro S. Carlos ou a sua hilariante opinião sobre o Ballet Gulbenkian, segundo a qual a Fundação teria feito melhor em apoiar as alternativas então existentes - Verde Gaio e grupo de Margarida de Abreu -, que representavam o amadorismo que a companhia da Fundação Gulbenkian veio a superar.

Os OPART afiguram-se danosos para as instituições que se pretendem juntar, mas, das duas, a história ensina que a Companhia Nacional de Bailado viria a ser seguramente a mais penalizada. Os teatros nacionais e a CNB carecem de instrumentos de gestão próprios adaptados ao teor artístico de cada um, não se lhe podendo continuar a aplicar formas de gestão importadas de outros sectores da administração pública. Já se ensaiaram os modelos de administração directa, de fundação, de empresa pública, que regressa, e sempre com resultados não convincentes, que ditaram a necessidade das sucessivas mudanças. É tempo de se encontrarem soluções originais e eficazes, sendo indispensável que, agora, em relação aos OPART, o Governo revogue este seu projecto e que, nesta matéria, oiça quem sabe, estude primeiro e decida depois.»


A um, sobretudo.
A aplicar-se o PRACE ao Ministério da Cultura, que se aplique a sério, extinguindo a tutela.

 
At 27 de dezembro de 2006 às 14:48, Anonymous Anónimo said...

ATENÇÃO
ninguém percebeu omeu post. eu disse que era de louvar a exposição de fotografia e pelo o que me dizem foi feita sem o apoio da camara. eu queria dizer que enquanto o sr taveira anda a brincar Às camaras a malta nova da ponte de sor anda a ser criativa e quero dar mesmo a serio os parabéns á malta que fotografou e bem e também a quem deu o espaço para a exposição. parabens a todos!!

 
At 27 de dezembro de 2006 às 14:53, Anonymous Anónimo said...

mas qual reconhecimento qual carapuça. vocês acham que quem lá andou a a vender artesanato feito com bocados de vidro é artista ou são amiguinhos do presidente a ganhar uns cobres à custa do pessoal que paga a agua a luz da biblioteca. são artistas da tanga. que andam a enganar o pessoal com a conivencia da camara

 
At 27 de dezembro de 2006 às 16:22, Anonymous Anónimo said...

De facto a nossa biblioteca ja valeu a pena como galeria de esposicoes, agora desde os bordados da tal professora, artidta,pintora e sei la mais eke, ate levou a conta de nap sei kem uma tipa da novela compretensoes a artista, claro que ate poderiam aprioveitar as tais obras d earte para a dita fundacao

 
At 28 de dezembro de 2006 às 02:03, Anonymous Anónimo said...

este blog ja teve melhores dias...

 
At 28 de dezembro de 2006 às 20:43, Anonymous Anónimo said...

Liberdade com condições
Quinta-feira, Dezembro 28, 2006
Abílio Curto, foi condenado em Maio de 1998, pelo tribunal da Guarda, pelos crimes de corrupção passiva e fraude na obtenção de subsídio, na pena de prisão efectiva de 5 anos e sete meses.
Abílio Curto era considerado então, o autarca modelo do PS, a "jóia da coroa" socialista nas autarquias. Fora detido em 1995 pela PJ. Em 2004, deu entrada na prisão. Saiu agora, a meio da pena e ao fim de cerca de dois anos e meio na prisão. Saiu em liberdade condicional.

Na altura da sua condenação, deu uma entrevista ao Expresso que na sua edição de 7.2.2004, a titulou assim:
«TODO O DINHEIRO FOI PARA O PARTIDO SOCIALISTA»
Na pág. 11 do semanário, Abílio Curto defendia-se dizendo que "nunca recebi dinheiro em proveito próprio" e ainda que "Há pessoas do PS e do PSD envolvidas, que espero revelar um dia". O envolvimento referia-se às então alegadas "motivações políticas pessoais e económicas em todo o processo, que visaram a minha destituição e o meu assassinato político".
Provavelmente aquele dia ainda virá longe ou nunca chegará mesmo.
Mas os dois anos e meio de prisão, já ninguém lhos tira. E não consta que tenha declarado a intenção de accionar o Estado a fim de reivindicar uma indemnização por danos sofridos.
Pelo silêncio, sobretudo.
Aguentando a cabala do costume.

 

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