quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

TLEBS

As seis evasivas


Luís Capucha, director-geral do Ministério da Educação, deu uma entrevista sobre a TLEBS [Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário] publicada no Público de 06.01.2007.

A novidade de monta é a de a generalização da terminologia a todo o ensino básico e secundário ter sido suspensa.

No entanto, pelo art. 4.º da Portaria n.º 1147/2005, de 8 de Novembro (do actual Governo), a aplicação da experiência pedagógica da TLEBS foi generalizada ao universo das escolas do ensino básico no corrente ano lectivo.

E, pelo art. 7.º do mesmo diploma mantêm-se em vigor os preceitos da Portaria 1488/2004 (que aprova a TLEBS) relativamente ao secundário.

Onde está a agora portaria que determina a suspensão? Se não existe, está-se, não perante um progresso na matéria, mas perante uma evasiva destinada a iludir a opinião pública...

Outra evasiva resulta desta eufemística passagem: "Provavelmente não teria feito sentido que o anterior Governo a tivesse aprovado." De acordo. Mas é preciso saber quem induziu o anterior Governo a fazê-lo. E só podem ter sido os serviços do Ministério. Os mesmos que também induziram este Governo a aprovar a Portaria 1147/2005, em plena concordância com o teor da TLEBS, o que continua sem fazer sentido… E continua sem se saber quem é que, no Ministério, patrocinou junto de um Governo a adopção da medida e, junto de outro, a sua manutenção e, agora, pelos vistos, a sua suspensão. Volto a perguntar: o Ministério faz esta tristérrima figura e não acontece nada aos serviços responsáveis por isso?

A terceira evasiva, porventura a mais delirante, está em se imputar à "forte componente de ensino de textos de literatura" o insucesso escolar e a iliteracia: pretende-se justificar a TLEBS como panaceia, em vez de se considerar que há uma desordenada componente de textos e autores organizada sem qualquer critério cultural ou pedagógico digno desse nome. Sem falar das omissões escandalosas…

A quarta evasiva está no expediente da revisão. Somos informados de que os profs. João Costa e Vítor Aguiar e Silva foram incumbidos da correcção das deficiências. Isto significa que o Ministério reconhece ter começado por forçar a aplicação de um instrumento que tem muitas deficiências (aliás, também se reconhece que "não há ainda formação de professores que seja passível de sustentar a introdução da TLEBS"). Ou seja, nos últimos dois anos, o Ministério tem andado a gozar com toda a gente, professores, alunos, responsáveis pela educação, cidadãos em geral!

Aguiar e Silva é uma das mais conceituadas e isentas figuras da nossa Universidade, não da área da Linguística, mas da área da Literatura. Não é de questionar, antes é de saudar a sua intervenção.

Mas João Costa só tomou posições públicas em defesa da TLEBS (Visão, de 16.11.2006; Público, de 15.11.2006). Considera que não houve nela a assunção de um modelo teórico específico (Visão), mas deixa entrever que há uma remissão para a gramática chomskyana (Público). Entende que a TLEBS não revoga os programas vigentes, mas ignora a Circular n.º 3/2005 do Ministério, que informa terem os termos adoptados sido "observados na elaboração dos Programas homologados de língua materna e de línguas estrangeiras na Revisão Curricular do Ensino Secundário", e a Circular n.º 14/2005 cujo ponto 2.1 diz que ela "não se sobrepõe aos programas vigentes, mas actualiza-os", isto é, interfere neles, alterando-os…

Na estrutura criada há um patente desequilíbrio quanto à presença de orientações científicas diferentes. O único linguista que dela faz parte acabará por se reconduzir à figura do juiz em causa própria. Impunha-se a presença de, pelo menos, um dos catedráticos altamente qualificados que deram a cara contra a TLEBS, apontando-lhe publicamente os vícios inumeráveis e os erros calamitosos (o que João Costa não fez, antes silenciou). Refiro-me evidentemente a João de Andrade Peres e Jorge Morais Barbosa.

A quinta evasiva está em se afirmar que o trabalho de correcção, "depois de concluído, vai ser debatido e só depois haverá homologação". Se é assim, mais uma razão para a suspensão da TLEBS ser decretada por portaria que dissipe de vez todas e quaisquer dúvidas.

A sexta evasiva respeita aos editores de materiais escolares. Não foram desmentidas as declarações de Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora e da APEL, ao DN de 23.11.2006, segundo as quais o Ministério contactou os editores e induziu-os a seguirem as recomendações no sentido da generalização aos 3.º, 5.º e 7.º anos. Diz-se agora que "se as editoras fizeram manuais antes da revisão científica final, provavelmente haverá ajustamentos a fazer". O Ministério não pode escamotear a sua responsabilidade nos termos prenunciados por esta dúbia tomada de posição.

Infelizmente, tudo parece indicar que nem mesmo no tocante ao ensino da língua o Estado pode ser considerado uma pessoa de bem...


Vasco Graça Moura

11 Comments:

At 10 de janeiro de 2007 às 14:17, Anonymous Anónimo said...

A TIA LURDINHAS ESTÀ MALUCA???

Tutela diz que experiência da TLEBS se mantém


Escolas escolhem modo como desenvolvem aplicação. Subscritor da petição contra a terminologia contesta

A generalização da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário foi ou não suspensa? A pergunta é da Associação dos Professores de Português e do primeiro subscritor da petição contra a efectivação desta experiência pedagógica, José Nunes.
A questão surge depois das declarações do director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação (ME), Luís Capucha, em entrevista ao PÚBLICO no sábado passado, em que anunciou que a tutela suspendeu a generalização da aplicação da terminologia (TLEBS) e que esta só será generalizada em 2008/2009. A terminologia tem como objectivo uniformizar os termos gramaticais.
Luís Capucha anunciou ainda que o ME criou dois grupos de trabalho, um que será responsável pela correcção da lista de termos e outro que vai aplicar a nova lista aos vários ciclos de ensino. Quer Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação dos Professores de Português (APP), quer José Nunes questionaram o ME sobre esta questão. A resposta foi: "A generalização está suspensa, mas a experimentação generalizada mantém-se." "O que é que isto quer dizer?", perguntam.
O director-geral explica: "A experiência pedagógica continua e é feita ao ritmo das escolas, quando a TLEBS for aplicada de forma generalizada, então todas as escolas terão de a aplicar." Em Setembro, as escolas receberam um documento de orientação onde era dito que podiam escolher a modalidade e os prazos para fazer a experiência pedagógica, ou seja, para experimentar a TLEBS. "Em princípio todas as escolas devem fazer esta experimentação", explica o director-geral.
Quanto à obrigatoriedade de aplicar a nova terminologia, a chamada generalização, será apenas em 2008/2009, mas só depois de todos os professores de Português fazerem formação e de haver materiais didácticos disponíveis. Portanto, "a experiência pode prolongar-se por mais um ano e a generalização ser adiada", acrescenta.
José Nunes "presume" que a TLEBS possa ser inconstitucional, porque tem erros científicos, reconhecidos pela tutela, o que viola a garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar, uma vez que os alunos estão a aprender com erros. "Esta é uma geração que é carne para canhão, que está em desigualdade comparativamente às gerações antes e pós TLEBS", lamenta. "O caso é muito sério e pode prefigurar, a partir de agora, um dano causado pelo Estado, de forma reiterada, contínua e consciente, sobre menores de idade, sobre os nossos filhos", conclui.

Bárbara Wong
Público

 
At 10 de janeiro de 2007 às 16:02, Anonymous Anónimo said...

Liberdade e soberania

Um dos piores sintomas de desorganização social, que num povo livre se pode manifestar, é a indiferença da parte dos governados para o que diz respeito aos homens e às coisas do governo, porque, num povo livre, esses homens e essas cousas são os símbolos da actividade, das energias, da vida social, são os depositários da vontade e da soberania nacional.

Que um povo de escravos folgue indiferente ou durma o sono solto enquanto em cima se forjam as algemas servis, enquanto sobre o seu mesmo peito, como em bigorna insensível se bate a espada que lho há-de trespassar, é triste, mas compreende-se porque esse sono é o da abjecção e da ignomínia.

Mas quando é livre esse povo, quando a paz lhe é ainda convalescença para as feridas alcançadas em defesa dessa liberdade, quando começa a ter consciência de si e da sua soberania... que então, como tomado de vertigem, desvie os olhos do norte que tanto lhe custara a avistar e deixe correr indiferente a sabor do vento e da onda o navio que tanto risco lhe dera a lançar do porto; para esse povo é como de morte este sintoma, porque é o olvido da ideia que há pouco ainda lhe custara tanto suor tinto com tanto sangue, porque é renegar da bandeira da sua fé, porque é uma nação apóstata da religião das nações - a liberdade!

Antero de Quental

 
At 10 de janeiro de 2007 às 17:09, Anonymous Anónimo said...

Parabéns a quem, a este propósito, nos vem recordar o escrito do grande Antero de Quental.
O problema é que a liberdade de expressão, a própria liberdade cívica do cidadão para contestar quando sente ofendidos os seus direitos, têm sido sistematica e estrategicamente ignorados ou escamoteados ao sabor da nova ditadura, dita democrática. É isto a democracia?
Claro que poderes absolutos de "ignorantes" impõem medidas "delirantes" como esta de querer, por inspiração iluminada ao sabor de modas, mudar a gramática da nossa língua materna. Às tantas pretende é acabar com ela, como já fez com o seu ensino! Sem perceber que é principalmente por este motivo que os pequerruchos não atinam com o Português nem com a Matemática.

 
At 10 de janeiro de 2007 às 21:38, Anonymous Anónimo said...

A "INOVAÇÃO"

Corre por aí uma frívola discussão em torno de um director-geral, do que ele ganha. O pequenino país que é Portugal - o da inveja, o do ressentimento, o dos merceeiros, o que não cresce - indigna-se por causa da "igualdade". Como se todos os directores-gerais e equiparados deste pobre sítio, como lhe chama o Ribeiro Ferreira, fossem iguais no sentido que interessava que o fossem. Tome-se o exemplo do director-geral da "inovação e desenvolvimento curricular". Só o nome é assustador. A mania de colocar o termo "inovação" à frente de tudo é, quase sempre, meio caminho andado para a asneirae para o absurdo. Aliás, a "inovação" é de tal ordem que o referido director-geral se louva em legislação do augusto doutor Salazar, de 1967, para justificar a aplicação da tenebrosa TLEBS. Isto é, a "experimentação" que o senhor defende (chamam-lhe enfaticamente "experiências pedagógicas em crianças") com a pertinácia e com a teimosia própria dos "iluminados", equivale a tratar os alunos como ratinhos de laboratório para os delírios das doutas cabeças que inventaram a coisa, tudo por causa da horrível "inovação". O pior é que não é só ele. A gentinha habitual das "esquerdas" também está encantada com a TLEBS em nome, quem sabe, da "utopia" que enche de vento as suas pobres cabeças. Em vez de andarem a discutir o salário de quem quer que seja, fariam melhor em meditar no que é que directores-gerais desta estirpe andam a fazer à conta do "progresso" e da interpretação que os mandam ter do "interesse nacional". É por causa de "progressistas" destes que estou cada vez mais reaccionário.

 
At 10 de janeiro de 2007 às 22:02, Anonymous Anónimo said...

No dia de hoje,10 de Janeiro de 1875, Antero e José Fontana fundavam o "primeiro" Partido Socialista Português.
Se hoje cá voltassem, tornavam a morrer.
De susto.

 
At 11 de janeiro de 2007 às 15:54, Anonymous Anónimo said...

TLEBS.
O monstro volta a atacar.
Só por preguiça não escrevi nada este fim-de-semana sobre as declarações do director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério da Educação.
Nelas, o dr. Luís Capucha afirma que a TLEBS tem deficiências e que a maior parte delas só se corriguirá depois de serem identificadas «na prática com os alunos», que servirão de cobaias para uma terminologia que «tem deficiências», como reconhece à partida. Apesar disso, o dr. Luís Capucha entende não querer «que a TLEBS seja um corpo estranho nas escolas». É brilhante. Portanto, haverá agora uma comissão que corrigirá as deficiências (onde estará, entre outros, o Prof. Aguiar e Silva), mas o Ministério vai fazer uma «comparação, através dos exames do 9.º e do 12.º ano» entre os alunos que tiveram a TLEBS e aqueles que não a tiveram -- para saber quem deles está melhor a Português (vai ser bonito, vai).
É o corporativismo do ME a funcionar no seu melhor, uns defendendo os outros para que uns e outros não sejam atacados.
Mas há uma passagem atrevida na entrevista com o dr. Luís Capucha; afirma ele: «A TLEBS tem diversos níveis de complexidade e é um instrumento científico. Provavelmente não teria feito sentido que o anterior Governo a tivesse aprovado.» Pergunta a jornalista Barbara Wong: «Discorda dessa decisão?» Volta: «Creio que o Governo PSD-CDS/PP deveria ter incentivado a construção de uma terminologia uniformizada; mas a principal missão do ME seria pegar nesse instrumento científico e transformá-lo em conteúdos passíveis de administração ao ensino.» Mas que tem a ver isto com a jogada à defesa, invocando o Governo PSD-CDS/PP?

 
At 11 de janeiro de 2007 às 15:55, Anonymous Anónimo said...

TLEBS - Público de 6.1.2007

"Deficiências" obrigam a "trabalho de correcção da TLEBS" em 2007 e 2008

Apesar da polémica que a terminologia linguística tem suscitado, o Ministério da Educação não vai suspendê-la e quer vê-la definitivamente na vida das escolas. O director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular encara-a como medida para combater os maus resultados dos alunos. Precisa é de correcções.


Por Bárbara Wong
A Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS) - aprovada há dois anos e confirmada pelo actual Governo - tem como objectivo uniformizar os termos gramaticais usados no ensino. Professores, escritores e pais não lhe têm poupado críticas.
Luís Capucha, director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério da Educação (ME), reconhece que a lista de termos, já adoptada nalgumas escolas, "tem deficiências". Foram designados especialistas para corrigi-la e aplicá-la do 1.º ao 12.º ano. Apesar de a generalização a todo o ensino básico e secundário ter sido suspensa, o director-geral espera que daqui a dois anos a TLEBS não seja um "corpo estranho" às escolas.
PÚBLICO - É necessária a introdução da TLEBS no sistema de ensino?
LUÍS CAPUCHA - Nos últimos anos, o ensino da gramática tem sido descurado. Há uma constatação de deficiências numa matéria que é básica: a língua materna. A totalidade dos programas de Português tem uma forte componente de ensino de textos da literatura portuguesa e este tem sido o caminho; se estivesse correcto, não teríamos problemas de literacia. Não podemos estar satisfeitos com os maus resultados dos alunos portugueses, quer nas provas nacionais quer nos estudos internacionais. A TLEBS pode ajudar a combater o insucesso. Foi esta a razão que levou um conjunto de pessoas a lançar um movimento a favor da construção de uma terminologia, para pôr cobro a uma situação de deriva terminológica.
O que é que isso significa?
Quer dizer que não há uma terminologia consensualizada e que existem vários termos para designar as mesmas coisas e há coisas diferentes designadas pelo mesmo termo. A TLEBS tem diversos níveis de complexidade e é um instrumento científico. Provavelmente não teria feito sentido que o anterior Governo a tivesse aprovado.
Discorda dessa decisão?
Creio que o Governo PSD-CDS/PP deveria ter incentivado a construção de uma terminologia uniformizada; mas a principal missão do ME seria pegar nesse instrumento científico e transformá-lo em conteúdos passíveis de administração ao ensino.
É isso que vai acontecer agora. Quem vai fazer esse trabalho?
Há um trabalho de correcção da lista de termos, que tem deficiências. Esse trabalho foi entregue a dois especialistas: o linguista João Costa e o professor de literatura e análise literária Vítor Aguiar e Silva, que farão a correcção e revisão final. Vamos pedir a outros dois especialistas - Olívia Figueiredo e Vítor Manuel Oliveira -, ligados ao ensino do Português, para definir que termos devem ser aplicados a cada nível de ensino.
O trabalho terá discussão pública?
Depois de concluído, vai ser debatido e só depois haverá homologação.
Que outras medidas vai o ME tomar?
Vamos sujeitar a TLEBS a um teste prático: saber se os alunos que aprenderam com a terminologia têm melhores resultados a Português. Vai ser já este ano que vamos fazer essa comparação, através dos exames do 9.º e do 12.º ano.
Haverá perguntas sobre a TLEBS?
Não, porque o que é matéria de exame são os programas. Esperamos é que os alunos que tenham tido um contacto com a TLEBS tenham melhores resultados. Se isso acontecer (é provável), significa que a inclusão da terminologia está a obter os resultados desejados.
Quando é que vai ser generalizada?
A expectativa é que o trabalho de base esteja feito em 2007/2008. A generalização vai acontecer em 2008/2009. Temos a determinação de melhorar o ensino, esperamos ter resultados, mas queremos que as coisas sejam bem feitas. Não queremos que a TLEBS seja um corpo estranho nas escolas.

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"Alguns erros só são identificados na prática com os alunos"
Director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular admite que é preciso mais formação para os docentes na TLEBS

A TLEBS ir ser corrigida significa que os alunos que estão agora a experimentá-la estão a aprender coisas erradas?
Em princípio, não. A TLEBS, tal como qualquer outra área científica, está sujeita a avanços e em boa verdade nunca haverá uma correcta. Os termos vão ser revistos, mas isso não impede que a experiência continue, porque alguns erros só são identificados na prática com os alunos.
A formação dos docentes tem sido suficiente?
Neste momento ainda não há formação que seja passível de sustentar a introdução da TLEBS. Por isso suspendemos a sua generalização. Não valia a pena impor um instrumento com o qual as pessoas não sabiam trabalhar.
Os materiais pedagógicos já publicados contêm erros?
Se as editoras fizeram materiais antes da revisão científica final [agora encomendada a João Costa e Aguiar e Silva], provavelmente haverá ajustamentos a fazer.
Vai haver mudanças nos programas?
Os programas mantêm-se e se houver alterações não serão resultado da introdução da TLEBS, mas de actualizações ou de introdução de novas matérias.
O Ministério da Educação vai organizar uma conferência. Quando?
Vai ser este ano, mas será sobre o ensino da língua portuguesa. A TLEBS não é tudo o que existe em termos de matéria de Português, é apenas um instrumento. O comissário é Carlos Reis [actual reitor da Universidade Aberta].
Esperamos que os temas abordados possam dar contributos positivos e permitam melhorar o conjunto de procedimentos e instrumentos que se utilizam nas escolas. B.W.
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"A polémica ajuda a encontrar soluções mais adequadas"
Capucha dá as boas--vindas à polémica, desde que dê origem a um debate construtivo. "A língua não é uma vaca sagrada imutável"

Artigos de opinião, abaixo-assinados... Foi a polémica à volta da aplicação da TLEBS que obrigou o Ministério da Educação a rever a posição?
Não. Estas medidas enquadram-se num conjunto de outras decisões que já vinham a ser tomadas. Estamos atentos porque não podemos ser arrogantes e pensar que temos a verdade toda.
Em toda a polémica que rodeia a TLEBS parece haver uma divisão entre os especialistas da literatura e os da linguística. Concorda?
Não podemos entender o ensino da estrutura da língua (gramática e linguística) como matéria que se oponha ao ensino centrado na literatura, interpretação de textos ou gosto pela leitura. Pelo contrário, são instrumentoscomplementares. Os textos literários são instrumentos óptimos para ensinar a estrutura da língua. Queremos evitar a dicotomização do ensino da literatura e da língua.
Uma das críticas é a de que a TLEBS poderá afastar os alunos do gosto pelo Português. Concorda?
A TLEBS é um auxiliar da gramática para que os alunos compreendam a estrutura da língua, é uma ferramenta útil para a descodificação dos textos literários.
Depois das medidas anunciadas, acha que a polémica vai diluir-se?
Não temos de ter medo da polémica. O que gera problemas são as más soluções. A polémica ajuda a encontrar soluções mais adequadas.
O que recomenda a quem tem tido um papel activo neste debate?
A língua não é uma vaca sagrada imutável - é um instrumento utilizado por pessoas concretas, no dia-a-dia e é nessa óptica que temos de centrar o debate. Espero que as pessoas pensem no que temos enquanto resultados aferidos; esses permitem dizer que alguma coisa tem de ser feita para que os alunos possam escrever, ler e falar melhor. A crítica deve servir para uma melhoria do ensino, porque aquilo que tem acontecido não é bom.
B.W.

 
At 11 de janeiro de 2007 às 15:56, Anonymous Anónimo said...

Mim ser bom pessoa


Vasco Graça Moura
(Publicado no Diário de Notícias em Agosto de 2005)

As línguas, tal como as nacionalidades, as identidades, os seres humanos, as artes e muitas coisas mais, nunca foram entidades comandadas por uma racionalidade estrita ou por uma lógica sem falhas. Entre nós, já Camilo Castelo Branco ironizava, há bem mais de um século, a propósito, salvo erro, do jovem Joaquim de Vasconcelos, que, regressado da Alemanha, propunha que se dissesse “estejai”, em vez de “estai”.
Vem isto a propósito do livro A Língua Portuguesa em Mudança, organizado por Maria Helena Mira Mateus e Fernanda Bacelar do Nascimento (Caminho, 2005). É uma útil investigação sobre a maneira como a língua falada e escrita na comunicação social pode condicionar certas tendências do português que falamos.
Maria Helena Mira Mateus (MHMM), por quem tenho grande consideração e estima pessoais, assina uma densa introdução, “A mudança da língua no tempo e no espaço”, cujas últimas páginas, todavia, me deixam muito apreensivo. Aí, depois de postular a necessidade de uma norma-padrão, “como referência da produção linguística e como garante da aceitabilidade de um certo comportamento no contexto sócio-cultural em que estamos inseridos”, da qual “a escola é especial depositária” e que tem “justificações sócio-políticas e culturais, de carácter pedagógico e comunicativo”, MHMM não encontra solução para as dificuldades de definição dessa norma-padrão, de modo a ser possível circunscrever o que é “correcto” e o que é “incorrecto”.
E passa a imputar a “uma alta percentagem de subjectividade” a condenação de certas construções ou formas lexicais. É esse o primeiro passo de neutralização da própria norma-padrão cuja necessidade e cuja defesa julguei entrever algumas linhas antes. Imputar à subjectividade o que decorre de um conjunto de factores independentes da lógica, tem como efeito desvalorizar, precisamente, a norma-padrão.
Mas meu alarme vai mais longe: quando MHMM considera como “alternâncias possíveis”, por ocorrerem “com frequência” e se justificarem “linguisticamente” formulações como “a maioria dos estudantes passaram no exame”, ou “o prédio que o Paulo vive é moderno”, ou ainda “O autor que eu mais gosto é Aquilino”.
Na mesma linha, são em seguida formuladas algumas interrogações, para as quais a rejeição de uma auctoritas que possa decidir sobre a correcção à luz da norma-padrão acaba, em última análise, por abrir a porta às mais bizarras permissividades. Por exemplo, “há-dem”, quanto a “hão-de”, “pensar de que” por “pensar que”, “houveram muitos acidentes”, por “houve muitos acidentes”…
E a autora pergunta-se “como saber o que se pode aceitar e o que se deve reprovar?”. Compreende-se a angústia da linguista ante uma questão a que a sua ciência não dá resposta. Mas isso não deveria levá-la, nem a admitir aberrações da nossa língua, como as exemplificadas, nem a invocar mutações socioculturais lá, onde a única explicação é o falhanço calamitoso da escola.
Sem ser linguista, penso que o grande problema está em haver um sector da Linguística que parece preocupar-se apenas com aspectos de eficácia comunicacional e mais nenhuns. Será a língua, como instrumento de conhecimento e apreensão do mundo, irisado de uma multiplicidade de valores afectivos, estéticos, sedimentados pela memória e pela história, pelo uso transgeracional, pelos autores, algo de que se considera poder fazer tábua rasa?
Aplicando justificações muito próximas das que leio em MHMM, eu posso afirmar que está bem (salvo seja!) uma frase como “mim ser bom pessoa”.
Em primeiro lugar, porque o destinatário da mensagem perceberá perfeitamente o que eu quero dizer, logo o nível estritamente comunicacional está alcançado.
Em segundo lugar, porque posso considerar que a formulação se limita a ser elíptica quanto a um enunciado de correcção indiscutível: (no que a) mim (respeita, considero) ser bom (enquanto) pessoa.
Como não será de admirar que a comunicação social um dia destes desate a brindar-nos com pérolas destas, é evidente que não se pode aceitar, ao contrário de MHMM, que “a norma portuguesa dotada de maior vitalidade e capacidade de fazer adeptos é a que transmitem os jornais, a rádio e a televisão”. Norma???
Bem sei que MHMM diz que não podemos aceitar este conceito sem critério, mas a verdade é que tal critério se dilui na nebulosidade com que é tratada a norma e assim entramos num círculo terrivelmente vicioso e, o que é pior, num ciclo grotescamente viciado…

 
At 11 de janeiro de 2007 às 15:57, Anonymous Anónimo said...

TLEBS e discussões

Helena Carvalhão Buescu


1.Não estaríamos a ter esta discussão pública, e eu não estaria a intervir nela, se a Nomenclatura Gramatical Portuguesa de 1967 tivesse sido substituída por uma Terminologia Linguística em 2006. É bom que haja consenso, no interior de uma comunidade especializada, sobre a terminologia e os conceitos que utilizam. O problema (e ele não pode nem deve ser escamoteado, porque é de fundo) começa no momento em que uma Nomenclatura Gramatical Portuguesa é substituída por algo que se auto-intitula Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário, vulgo TLEBS (convém olhar bem para acrónimos e suas implicações). No preciso momento em que a pouco subtil passagem para o terreno do Ensino Básico e Secundário é efectuada, e é mesmo reclamada por um grupo, o que acontece é que essa auto-designação passa a integrar o objectivo com que de facto foi elaborada: não "apenas", como alguns dos seus defensores dizem agora, produzir novas formas de estabilidade numa linguagem técnica, mas antes legislar para o Ensino Básico e Secundário e, nele, para a disciplina de Português.
2. A partir desse gesto de apropriação (porque o é), a TLEBS passou a dever (emprego o termo de forma ponderada) ser discutida por todos os que são agentes, intervenientes e interessados no ensino da disciplina do Português no Ensino Básico e Secundário, e não apenas por linguistas. Porque o Português do EBS não é nem pode ser concebido (gostaria tanto de reforçar esta afirmação!) como domínio único e especializado da Linguística.
3. Que alguns (sublinho alguns) linguistas confundam Português com apenas Língua Portuguesa, e que além disso considerem que sobre esta apenas se podem pronunciar os "técnicos da língua" que a Linguística formaria, como tem sido várias vezes repetido neste debate, apenas atesta a absurda redução (e reacção) tecnocrática que afecta alguns linguistas, mas que qualquer reflexão ponderada e séria manifesta como capciosa. Quanto a isto, estamos conversados.
4. Como mãe de crianças que frequentaram e frequentam ainda o EBS, e como pessoa que obteve na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecciono, uma formação específica em Linguística que, quero crer (em benefício de antigos mestres e actuais colegas), é superior à da generalidade de outras formações em diferentes áreas do saber, não só me considero habilitada a pronunciar-me sobre um instrumento que afectará a relação dos meus filhos com a língua que é a sua (porque se não afecta, então é inútil), como penso também que tenho até esse dever - mesmo quando (e precisamente porque) a minha visão é complementar da visão tecnicista (mesmo, convenhamos, de alguns pesadelos tecnicistas, de que darei apenas um ou dois exemplos) de que a TLEBS enferma.
5. Apenas alguns exemplos, que estão efectivamente na TLEBS (e até estaria eventualmente disposta a admitir que poderiam estar numa TL que não tivesse cometido o gravíssimo erro de não se saber distinguir de uma terminologia dirigida a um conjunto de graus de ensino que começa aos 6 e acaba aos 18 anos). Vejam-se por exemplo as especificações dadas para a formação de certas palavras por derivação (adjectivo relacional, adjectivo de possibilidade, nome agentivo, nome colectivo, nome de acção, nome de qualidade, verbo causativo, verbo incoativo/inceptivo). A pergunta central, no quadro de uma terminologia para o EBS, é: quem deverá saber tudo isto? Os docentes? Os alunos? Quais? Será este saber algum dia testado em exame nacional (o que o transformaria em virtualmente obrigatório)? Ou efectivamente, como se diz, em comentário à TLEBS, no site do Ministério da Educação, é deixado aos "docentes no terreno" latitude decisória (qual?) para "aplicar" esta terminologia, consoante o Programa? E se um docente, ou um grupo de docentes, entender que é isto que os alunos devem saber? Outro exemplo, dentro daquilo que aprendemos como género. O nome uniforme passa a ter de ser descrito de acordo com a seguinte terminologia: epiceno, sobrecomum, comum de dois. Complicações inúteis, para os alunos do EBS (é deles que estamos a falar): o "aposto" passa às seguintes categorias: "modificador nominal do nome apositivo", "modificador adjectival do nome apositivo", "modificador preposicional do nome apositivo" e "modificador frásico do nome apositivo". Mas estes são apenas alguns exemplos, embora esclarecedores.
6. Um dos efeitos mais perversos deriva do argumento, várias vezes apresentado, de que a TLEBS não é perfeita ainda (ainda?), e de que está a ser alvo de alterações. Algumas delas são indicadas no próprio site oficial do ME, e dou apenas um exemplo, cuja seriedade julgo não ter sido devidamente sublinhada, nas suas implicações. É que a meu ver infinitamente mais grave do que os exemplos atrás dados é o que se passa (o que se está a passar) com o conceito de "oração", substituído pelo não-coincidente (veja-se a sua definição) conceito de "frase". No site do ME, num dos documentos relacionados com a TLEBS, afirma-se que se pondera agora a reintrodução do conceito, que o ano passado foi excluído, de "oração". Não é isto sinal de precipitação e falta de ponderação na forma como a TLEBS foi implementada? Que tal um aluno a quem foi ensinado, até ao ano passado, que havia orações; que este ano está a aprender que deixaram de existir; e que talvez para o ano volte a aprender que afinal regressaram? É isto sinal de reflexão ponderada, pelas implicações que tem, inclusivamente nos manuais escolares, que correm o risco de ser hoje publicados para daqui a seis meses estarem desactualizados? E os pais? Terão de comprar manuais diferentes de cada vez que a TLEBS resolver introduzir uma alteração a algo que acabou de entrar em vigor? Ou tais alterações, sendo necessárias, não serão implementadas por razões económicas, que são sempre as piores razões neste domínio?
7. A partir do conjunto dos elementos aduzidos, e outros que lhes poderia acrescentar (mas não vale a pena), não posso deixar de concluir como segue: a TLEBS manifesta uma inexplicável (e inaceitável, quando se trata de perceber que ela afecta dezenas, centenas de milhares de crianças e jovens) precipitação na forma como foi concebida e aplicada; a TLEBS manifesta uma míngua de bom-senso, ao confundir uma Terminologia Linguística com uma TL para o Ensino Básico e Secundário; a TLEBS manifesta uma mais do que criticável aceitação de que o terreno da experimentação aplicada é a realidade escolar universal, que está assim sempre concebida sob o signo da flutuação, mais ou menos insensata; finalmente, da TLEBS (e das discussões a seu propósito) se infere a terrível confusão, que ela permite, entre Português, Língua Portuguesa e perspectiva linguística da Língua Portuguesa - confusão extremamente grave e com consequências redutoras, e por isso empobrecedoras, da concepção daquilo que o Português é: muito mais do que apenas a (importante) perspectivação linguística que integra, mas a que felizmente não se reduz.
[Professora de Literatura, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa]

 
At 11 de janeiro de 2007 às 15:58, Anonymous Anónimo said...

Terminologias: a nova e a antiga


Maria Helena Mira Mateus

A terminologia linguística que está neste momento em experiência e em revisão tem sido motivo de muitas tomadas de posição públicas, artigos, abaixo-assinados e muita irritação. Certamente, as pessoas, "famosas" ou não, que se pronunciaram sobre a questão não sabem do que estão a falar, tantas e tão ingénuas são as afirmações erradas. Existem os erros de base e os erros de pormenor. Vamos aos primeiros.
O estudo de qualquer área das ciências - exactas, sociais ou humanas - altera convicções e representa um progresso na compreensão dessas áreas. O funcionamento da linguagem e das línguas é uma área estudada pelos linguistas: gramáticos, psicolinguistas, sociolinguistas. Eles estudam a compreensão que nos permite perceber uma língua e estudam a produção linguística dos falantes. Sabe-se hoje mais do que há 40 anos no que respeita à relação entre compreensão e produção linguística, entre aspectos cognitivos e aspectos verbais. Esse saber não é uma nebulosa nem uma "vaga ideia" a que nos podemos referir de qualquer maneira, mas exige termos de referência. Por essa razão, as gramáticas actuais utilizam termos que servem o que se já conhece do nosso uso da língua, embora muitos desses termos sejam os mesmos que já eram usados em gramáticas anteriores. Idênticas alterações conceptuais e terminológicas existem em todas as outras disciplinas. Será que a escola portuguesa não pretende acompanhar o progresso das ciências? Será que tudo o que é novo desperta uma reacção própria de um conservadorismo reaccionário? Será que o ensino não pode beneficiar dos avanços da ciência? Será que os professores que têm a seu cargo os primeiros ciclos escolares não estão à altura de conhecerem, e saberem como transmitir, o que se conhece hoje em qualquer ciência, inclusive a ciência da linguagem? E os professores que ensinam ciclos mais avançados? Será que não é bom que apresentem esse conhecimento usando os mesmos termos, ou é preferível que cada professor escolha a seu gosto os termos que utiliza?
Estou a referir-me ao ensino da língua que todos falamos, não estou, claro, a referir-me à análise do uso da língua como obra de arte, ou seja, o que se integra na teoria literária e no estudo da literatura em geral, que para isso não tenho preparação especial. Na realidade, qualquer programa de teoria da literatura mostra que os conceitos, e a consequente terminologia nesta área, são muito diversos dos que usa o mero estudo da língua. Veja-se: "os géneros poéticos"; "as categorias: poesia épica, didáctica, elegíaca, lírica, epinícia, trágica, cómica e bucólica (...) O possível/impossível como categorias fenomenológicas" (programa de teoria da literatura da FLUL). E são temas específicos da literatura a desconstrução, a fenomenologia, o formalismo, o marxismo, a narratologia ou o pós-modernismo (CECLU da UNL). Estes são termos que ocorrem em programas universitários. Mas nos outros níveis de ensino também se encontram termos nem sempre transparentes, como por exemplo, em Quadros de Referência do ensino secundário, as "réplicas e didascálias", o "cânone literário", "a ambiguidade, polissemia e conotação", os "mitos/arquétipos", a "epígrafe, o incipit, o explicit". Os linguistas não estão preocupados em discutir estes (e muitíssimos outros) termos mas, sim, a sintaxe, a fonologia, a morfologia, a semântica, etc., que são os que respeitam ao funcionamento da língua que todos utilizam.
Vejamos os aspectos concretos e de pormenor desta questão. Por tudo o que acima está dito, se considerou indispensável rever a Nomenclatura Gramatical Portuguesa publicada em Diário do Governo de Abril de 1967, que é a terminologia oficialmente utilizada no ensino. Esta terminologia fala de morfologia e sintaxe, mas da semântica só conhece a das palavras (não há semântica das frases?). Fala de substantivos :e adjectivos, mas acrescenta: "As palavras que participam da natureza substantiva ou adjectiva recebem a designação de nome, o que permite uma relacionação com "flexão nominal", "predicado nominal", etc." Os substantivos têm classificação, têm género, número, grau e ainda podem entrar em locuções. Os advérbios podem ter 15 classificações. A fonética sintáctica tem próclise, ênclise, crase intervocabular, elisão, ligação consonântica, haplologia intervocabular, entoação e ritmo, os complementos circunstanciais podem ser de nove tipos diferentes, entre eles o de instrumento (por exemplo, "cortei com a faca"). Já não se lembravam que era assim que se aprendia? Não sabiam que estes termos complicados faziam parte da terminologia que se quer actualizar? Até o epiceno faz parte da infância de muitos dos que gritam e prevêem as maiores desgraças para o país inteiro com a nova terminologia. Felizmente, muitas coisas mudaram desde então. Os escritores não gostam do modificador, do anafórico, do agentivo? Mas gostam com certeza da aférese, da síncope e apócope ou de prótese, da epêntese e da paragoge, ou de crase, da sinérese e da diérese que estão na Nomenclatura de 67. E não gostam do ataque ou da coda da sílaba? Lamento, mas não perceberão nada de qualquer livro que aborde a prosódia das línguas. Aliás, o que é necessário é que o professor saiba o que são estas duas partes da estrutura da sílaba (que também tem estrutura, imaginem!?) e que o faça perceber aos alunos, sem precisar de os obrigar a decorar o termo. E assim por diante.
Por favor, não falem do que não sabem e deixem-nos trabalhar sobre a actualização da Terminologia, tirar conclusões da experiência em curso e tornar o ensino da gramática do português menos obsoleto e integrado nos programas actuais que, evidentemente, não sofrerão qualquer alteração.
[Professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; co-autora da TLEBS]

 
At 15 de janeiro de 2007 às 22:19, Anonymous Anónimo said...

Um dos lacaios da bruxa (Valter Lemos, aquele que quando era vereador do CDS nem sabia bem o caminho para a Câmara de Penamacor, tal era o número de faltas injustificadas) já anunciou que mais 900 escolas primárias vão fechar em 2007, juntando-se assim às 1500 que fecharam em 2006. Uma boa notícia para quem, como eu, anseia pelo fecho total e definitivo do país. Salazar não faria melhor.

Quando, em plena “democracia”, se toma consciência de que, afinal, o ditador que apostava na ignorância do povo até deixava que todas as crianças tivessem uma escola primária perto de casa, ao contrário do que acontece agora, alguma coisa no “reino” está muito podre (e não é só a maçã da bruxa).

Mas está bem: se já se vai aos hospitais espanhóis parir, abortar e qualquer dia até às urgências (que por cá já estão quase todas fechadas), por que não ir lá também para a escola e substituir a língua portuguesa pela castelhana? Sempre nos íamos preparando para o futuro.

 

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