quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

AS CERTEZAS REPETIDAS DE TANTOS CONCELHOS...

Fátima Felgueiras é mestre na arte da dissimulação. Consegue transformar uma má numa boa notícia.
Para ela não há julgamentos.
Há prazos que podem não ser cumpridos.
Um julgamento, para a autarca de Felgueiras, é um tiro de pólvora seca: ameaça mas não explode.
Fátima Felgueiras tem um condão único: transforma o ouro em chumbo.
Ela consegue colocar em cacos o jarro da justiça portuguesa.
Nada se julga, tudo é atirado para as calendas gregas.
Mas o que se passa com a autarca de Felgueiras é semelhante ao que acontece com dezenas de outros arguidos: os julgamentos têm sempre incidentes processuais, há sempre acidentes de percurso, demoram anos a conhecer um desfecho.
Há sempre algo que evita um julgamento em Portugal.
A justiça final é a fugitiva mais conhecida do país.
Ninguém a encontra.
Não é a questão de se saber se um arguido é culpado ou inocente.
É simplesmente ser julgado para se saber a verdade. E isso é algo que nunca acontece. É como o acidente entre de Entre-os Rios, ou os de Peniche ou de Odemira. Do apito Dourado ou do caso Casa Pia. Portugal é o país dos inquéritos fantasmas e dos julgamentos intermináveis.
É especialista em
liftings: a única coisa que se transforma é a sua face.
Felgueiras não é uma perplexidade: é uma certeza repetida.
O julgamento de Fátima Felgueiras é o karaoke nacional: não há canções originais, há repetições mais ou bem ou menos conseguidas.
É assim que se julga num Portugal em que tudo, às vezes, parece uma piada mal contada.


F.S.

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