quinta-feira, 15 de março de 2007

AGRICULTURA VIA INTERNET


O Ministério da Agricultura anunciou que a candidatura de agricultores aos subsídios da PAC se passará a fazer, a partir do próximo ano, exclusivamente por via da Internet.

O ministro foi imediatamente muito criticado pelo facto mas talvez com algum excesso. A verdade é que o próprio Ministério, como a própria Agricultura em Portugal, é uma entidade semi-virtual e os subsídios não se destinam nem pouco, mais ou menos a agricultores info-excluídos por definição, de boné, colete e com as botas cheias de terra, mas a finórios de sapatos italianos, que dominam as tecnologias. De maneira que o Ministério só está a ver as coisas com realismo.

Queixam-se as associações que, apresentando-se as candidaturas através da Internet, apenas talvez 18 mil o consigam fazer, num universo de 248 mil associados. Mas pensarão as associações de agricultores que os subsídios chegarão alguma vez a mais que esses 7 por cento de pretendentes? E que alguma vez haverá subsídios para quem não saiba mexer no computador, embora saiba manobrar um tractor?
Pura ilusão.
Os agricultores modernos não fazem exactamente agricultura.
Cultivam amizades, plantam relações, transplantam influências e colhem subsídios.

Pensar o contrário será tão ingénuo como admitir que, uma vez recebidos os subsídios, os agricultores terão que semear batatas ou plantar vinha.
Isso era dantes.
Agora, recebem-se subsídios da PAC para não cultivar, até mesmo para arrancar, de modo a não fazer concorrência aos parceiros da União Europeia que produzem e vendem a sério, inclusivamente para os países subsidiados para não produzir.

Agora, só falta um aspecto a considerar: que a PAC passe a patrocinar a troca de alfaias agrícolas por computadores.

J.P.G.

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