O POLVO AUTÁRQUICO
«Quem vive de cócoras é incapaz de votar direito».
Durante dezenas de anos, fruto da maneira de ser muito portuguesa do “deixa andar” e do “fingir que não se vê”, aliada à novel cultura pós-modernista de que o dinheiro faz a felicidade, a corrupção foi-se espalhando por todo o tecido social e em progressão geométrica. Só que as coisas chegaram a um tal ponto, em que o cheiro é já tão nauseabundo, que o ar se tornou irrespirável. E é já sem surpresa e com naturalidade que todos os dias assistimos a esta implosão de novos escândalos.
E, como está à vista de todos, o poder autárquico foi um terreno fértil à propagação da doença. Muitas vezes pouco conhecedores de onde começava e terminava o seu poder, educados numa sociedade sabuja e autoritária (que, ainda, têm por referência), a verdade é que muitos presidentes da Câmara convenceram-se de que eram donos e senhores das suas autarquias. O poder subiu-lhes à cabeça de tal forma que se transformaram em autênticos senhores feudais. E o dinheiro da autarquia, que chegam a confundir com o seu (basta ouvi-los falar), é utilizado para cimentar o seu poder, cumprindo a velha máxima de que «a política serve para ajudar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar as leis aos que nos são indiferentes».
Assim, em vez de se guiarem por critérios objectivos na atribuição de apoios e subsídios a particulares e associações, o dinheiro público é, antes, utilizado para silenciar consciências, eliminar adversários e colocar homens de mão à frente das diferentes associações e instituições. Ou seja, a torneira autárquica abre ou fecha, consoante as associações e os particulares prestem ou não vassalagem ao senhor feudal.
Mas o que é mais revoltante e aviltante em todo este processo é a forma humilhante, sabuja e conformada como a maioria das pessoas aceita vergar-se ao poder presidencial para poder comer as migalhas que vão caindo do prato (o empregozito, o licenciamento da obra, o muro, o subsídio, etc.).
É certo que o voto é secreto. Mas ninguém consegue ser vertical no momento de votar quando chega à cabine de voto com uma tão grande curvatura nas costas. Quem vive de cócoras é incapaz de votar direito.
REXISTIR
Etiquetas: Autarcas, Câmara Municipal de Ponte de Sor
6 Comments:
Ponte de Sor é um bom exemplo disto mesmo. Somos um concelho de sabujos e de vendidos. Na hora da verdade... metemos o rabinho entre as pernas e somos uns pintainhos.
Até parece que quem escreveu isto conhece o Taveira Pinto.
O problema é que Taveiras Pintos há muitos por esse país fora. Se fosse só em Ponte de Sor, estava a gente bem... Bastava mudar de concelho. O problema é que são quase todos iguais.
O Senhor que fez o comentário anterior,não deve conhecer o País!!não se ouve falar assim em tantos!!Repare bem que o Pinto Bugalheira é que se incliu no grupo dos MAFIOSOS/CORRUPTOS(valentim,Isaltino,Feigueiras e pouco mais)não é assim???
É tudo a mesma roupa.
Senhor Anónimo de Sábado dia 17:Repare bem que não é tudo igual,muitos Presidentes de Câmaras são pessoas sérias,que se dedicam por vezes ao trabalho da Autarquia e esquecem a Família...Ficando até muito prejudicados....Mas claro que a Equipa Bugalheira só se tem servido a eles próprios: Ora veja:OPinto ao fim de 3 mandatos reformou-se,continua a receber o ordenado de Presidente ,mais metade da reforma,O Carita Idem.Idem,(è mentira o que eles dizem que só recebem a reforma)Esse Carita e o Margalho até receberam Subsidio de reintegração e estavam Reformados...ISTO SIM É SÓ SERVIREM-SE - CORRUPTOS MAFIOSOS......
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