UM CONCURSO DA TV...
Parece que Salazar estará na iminência de vencer o concurso televisivo Grandes Portugueses.
Para quem, como o ditador santacombense, detestava votos, eleições, sufrágios, escolhas populares, esta será a pior partida que a história lhe pode pregar.
Tentando explicar os cinquenta e tal mil telefonemas suficientes para dar a vitória ao ditador, o professor Reis Torgal dizia ontem tratar-se de uma memória fabricada a favor da qual funcionava uma certa militância telefónica. Será certamente isso mas não só. Com os tratos que a democracia tem levado, o que admira é que sejam apenas cinquenta e tal mil os saudosistas da ditadura.
A primeira pedra para o monumento a Salazar e à ditadura erguido pela democracia é a falta de memória. Não se trata, no entanto, de qualquer maleita mas de uma falta de memória cultivada, de uma memória reprimida por conveniências da luta ideológica e política.
A segunda pedra é mito do homem que deixou o poder pobre, como quando entrara, num cenário de corrupção generalizada.
A terceira é o fracasso da democracia económica o que confirmará a tese de que as desigualdades e injustiças sociais fazem parte do destino.
Tudo isto, claro está, envolve uma outra questão essencial: a vaga memória que existirá de Salazar e do salazarismo é distorcida porque, naqueles tempos, toda a realidade era moldada pelos ditames da censura. E, havendo censura como havia, aparentemente não haveria miséria, atraso, corrupção, guerra.
O fantasma de um ditador morto não mete medo, nem mesmo ressuscitado pelos votos de um concurso de TV.
De meter medo é que o fracasso e os maus exemplos da democracia dêem vida a um qualquer candidato a ditador que prometa o outro mundo a troco da liberdade.
João P. Guerra
Para quem, como o ditador santacombense, detestava votos, eleições, sufrágios, escolhas populares, esta será a pior partida que a história lhe pode pregar.
Tentando explicar os cinquenta e tal mil telefonemas suficientes para dar a vitória ao ditador, o professor Reis Torgal dizia ontem tratar-se de uma memória fabricada a favor da qual funcionava uma certa militância telefónica. Será certamente isso mas não só. Com os tratos que a democracia tem levado, o que admira é que sejam apenas cinquenta e tal mil os saudosistas da ditadura.
A primeira pedra para o monumento a Salazar e à ditadura erguido pela democracia é a falta de memória. Não se trata, no entanto, de qualquer maleita mas de uma falta de memória cultivada, de uma memória reprimida por conveniências da luta ideológica e política.
A segunda pedra é mito do homem que deixou o poder pobre, como quando entrara, num cenário de corrupção generalizada.
A terceira é o fracasso da democracia económica o que confirmará a tese de que as desigualdades e injustiças sociais fazem parte do destino.
Tudo isto, claro está, envolve uma outra questão essencial: a vaga memória que existirá de Salazar e do salazarismo é distorcida porque, naqueles tempos, toda a realidade era moldada pelos ditames da censura. E, havendo censura como havia, aparentemente não haveria miséria, atraso, corrupção, guerra.
O fantasma de um ditador morto não mete medo, nem mesmo ressuscitado pelos votos de um concurso de TV.
De meter medo é que o fracasso e os maus exemplos da democracia dêem vida a um qualquer candidato a ditador que prometa o outro mundo a troco da liberdade.
João P. Guerra
Etiquetas: Ditadores
1 Comments:
O que se podia esperar destes cromos como o bugalheira e o cabeça de pião
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