sexta-feira, 6 de abril de 2007

QUANTO MAIS SE MEXE NA M..., MAIS MAL CHEIRA







Ò povo nem tu sonhas,
Ai o Gago não mata,
Ai ’té lava diplomas,
Ai põe-nos cor de prata.

Três diplomas, um bacharel,
Sete exames, um Doutor,
Três notinhas no papel,
Que o freguês é um Senhor.

Engenheiro, sorridente,
Engenheiro que o curso aldrabou,
Universidade, Independente,
Povinho que o Sócrates enganou.
Um curso de engenheiro,
Vê lá bem tão lavadinho,
Influências ou dinheiro,
Vê lá bem, está aprovadinho
.

E.

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12 Comments:

At 6 de abril de 2007 às 14:48, Anonymous Anónimo said...

"Estou com pressa de me ir embora porque não me dou com a nova mentalidade. Isto é só para safados. Os outros não obedecem a princípios e vão ganhando, e nós perdendo."

Salazar a Franco Nogueira, em 20 de Fevereiro de 1962

 
At 6 de abril de 2007 às 14:49, Anonymous Anónimo said...

O LUGAR DO MORTO

O ministro Mariano Gago apareceu a semana passada, com um ar sério e composto, a prometer praticamente o encerramento do estabelecimento "independente". De repente, saiu-se com um "comunicado" em que, entre outras vacuidades, entende que os "diplomas" do dito estabelecimento "não podem ser descredibilizados". Acontece que foi justamente o ministro, com um voluntarismo inoportuno, quem criou há uma semana uma torrente oficiosa que parecia apontar para o fecho iminente da "universidade". Se existe alguma descredibilização - para além da demasiado óbvia -, ela é toda imputável ao ministro. Mesmo assim, não queria estar no lugar de Mariano Gago.

Adenda: A 3o de Março, quando M. Gago "ameaçou", o prof. Vital Moreira, um zeloso "socrático", sentenciou logo que "os nossos campeões da "liberdade de ensino" também devem ter fartos motivos de inquietação". O comunicado "credibilizador" de hoje já os deve ter "descansado" mais a eles do que a si, sr. prof.

 
At 6 de abril de 2007 às 15:51, Anonymous Anónimo said...

A forma e o canudo

Há dias, no decorrer da análise de um documento proferi críticas quanto ao estilo usado, além de aludir a manchas de inércia no que se pretendia dizer. Na resposta, um rapaz a imitar os ignaros cabos-de-esquadra repimpou as vestes de um poder estribado na conjuntura mais ou menos efémera (o tempo, esse terrível escultor, o dirá) e ribombou: "não interessa a forma, interessa o conteúdo".

Se o expedito jeco fosse mais modesto, estudasse e pelo menos lesse um livro por ano saberia quão grande é a importância da forma – carácter de estilo, feitio, modelo, configuração –, para uma ideia ou uma intenção serem convenientemente entendidas. No caso em apreço o dito conteúdo além de pobre, visto, gasto e usado pelos miméticos copiadores de frases feitas, necessitava de uma boa forma para lograr atingir os efeitos pretendidos.

O dito rapaz, tal como tantos outros, desconhece a razão de existir das formas porque compra os sapatos nas lojas, não usa chapéu, e adquire o queijo na mercearia fina. O sapateiro usa a forma para o conteúdo, o pé, não andar apertado e ganhar calos, o chapeleiro dispõe sobre um molde a copa do chapéu e os queijos fazem-se dentro de um chincho. Tudo formas de alta condição, para conteúdos de eleição. Bem sei, para ele quem for portador de algum tipo de sabedoria, passa por inútil, e não por sábio.

Ora, também as habilitações do Sr. José Sócrates têm de ser analisadas dentro da fórmula: forma e conteúdo. Ele licenciou-se em engenharia civil, esse conteúdo apresentou-o debaixo da forma de engenheiro. Erradamente. Ele frequentou um "cursinho" estilo "curso de Verão" organizado pelo euro-deputado Carlos Coelho. Colocou-o no site na forma de pós-graduação em engenharia sanitária. Erradamente. Agora, está numa atrapalhação devido à talonqueira da Universidade Independente.

A mim não me afecta ver um cavalheiro desprovido de habilitações proferir "uma lição de sapiência" numa Universidade, mas já me repugna ver senhoritos aceitarem o tratamento de doutor sem ao menos serem portadores de canudo. O deputado Marques Júnior rejeitou tal apodo, o funcionário passou a tratá-lo por engenheiro! Eu não morria de amores por José Manuel Casqueiro, mas um dia felicitei-o porque um subserviente dos muitos que pululam por aí, desatou a chamar-lhe: Sr. Engenheiro, Sr. Engenheiro. Rápido, respondeu-lhe: trate-me por regente agrícola, está a ouvir – regente agrícola.

Se a vanidade não subisse à cabeça dos homens, o Sr. Sócrates tinha uma Páscoa mais calma. Acreditem!

 
At 6 de abril de 2007 às 15:51, Anonymous Anónimo said...

Que o homem era mentiroso já sabíamos, mas agora parece que também é corrupto. E é este Governo que tem como bandeira a luta contra a corrupção. Podem começar já por prender o primeiro-ministro!

 
At 6 de abril de 2007 às 15:52, Anonymous Anónimo said...

Um caso bicudo


O caso da licenciatura do engenheiro José Sócrates continua a dar que falar. Parece que agora já não lhe podemos chamar engenheiro, porque sendo supostamente licenciado em engenharia civil não está, contudo, inscrito na Ordem dos Engenheiros. Portanto, é só senhor José Sócrates ou, quanto muito, senhor licenciado em engenharia. Embora mesmo assim haja quem, neste particular da licenciatura, ponha em dúvida que a tenha concluído. Isto porque o documento que lhe oficializa o curso foi passado há uns anos pela Universidade Independente, e já todos se aperceberam como os professores responsáveis por aquela pouco douta universidade são pouco ou mesmo nada confiáveis. Além de não confiarem uns nos outros, também têm a polícia e os tribunais à perna com acusações pouco próprias de doutores universitários, tais como falsificação de documentos, branqueamento de capitais e até peculato, que é assim uma espécie de má acção em que alguém gasta ou subtrai dinheiro que não é dele. E consta que ainda por cima em quantidades muito generosas.

Pois voltando ao curso do senhor José Sócrates (note-se que já não o tratamos por engenheiro) sabe-se, aparentemente de fonte segura, que o primeiro-ministro tirou o curso de engenheiro técnico em Coimbra e que até chegou a exercer (não sei se lhe deva chamar o ofício) na Câmara da Covilhã. Foi já em Lisboa, quando secretário de Estado do Ambiente, que se inscreveu na tal Universidade Independente para concluir a tal licenciatura de engenheiro civil que agora, o Público primeiro e depois o Expresso, lhe negam. Ou seja, não é bem negar-lhe, é mais lançar a suspeição. Até porque, diz o Expresso na sua investigação, o documento de licenciatura tem data de domingo. Ora, conclui o arguto jornal, ao domingo ninguém trabalha porque é o dia do Senhor. Do Senhor com "S" grande e não do senhor José Sócrates (hão-de reparar que já não o tratamos por senhor engenheiro).

Posto isto, daríamos aqui por concluído o grande diferendo com duas ou três recomendações: primeiro, que o senhor primeiro-ministro passe a ser apenas senhor José Sócrates, à semelhança do tratamento que é dado aos seu congéneres senhor Blair ou o senhor Chirac, e dizem até que ao senhor José Barroso – que terá perdido o senhor doutor quando foi presidir à Comissão Europeia.

Recomenda-se ainda que não seja permitido o senhor primeiro-ministro José Sócrates ser responsável por alguma obra de engenharia civil, nem sequer o novo aeroporto da Ota – embora neste particular a Ordem dos Engenheiros já esteja no bom caminho, como se viu no debate do programa Prós e Contras da RTP (que por sinal teve mais contras que prós, tal como foi mais político que técnico).

Por fim, que deixem ao senhor primeiro-ministro o ofício de governar, ainda que sem o precioso título de engenheiro a que já todos nos tínhamos habituado, isto porque nos dizem que a Constituição não prevê habilitações mínimas para o cargo, para além de saber ler, escrever, contar e interpretar (este interpretar é um acrescento nosso, que achamos de elementar prudência).

E já agora, um ponto final na confusão da Universidade Independente, que tem pouco de universidade e tudo de independente. Talvez que assim as notícias voltem a tratar de assuntos importantes, como os gastos dos gabinetes dos senhores ministros que, se o Tribunal de Contas sabe fazer as ditas, terão gasto em três anos o equivalente a três aeroportos da Ota. Ora, três aeroportos são o equivalente a… é só fazer as contas!

 
At 6 de abril de 2007 às 18:39, Anonymous Anónimo said...

O canudo do primeiro-ministro é um assunto sério demais para brincar. Como aliás se pode ver. Nem os Gato Fedorento ou o Herman José irão cometer a irresponsabilidade de tocar em assunto tão sério. Há humorismo oficial, como há imprensa oficial. As regras e os limites não constam de documento nenhum, mas gozam de geral aceitação. E a Universidade Independente irá ser encerrada? Não pode ser. Um estabelecimento que consegue conferir licenciaturas em engenharia civil quando ainda só tem a funcionar os dois primeiros anos do curso é uma instituição inestimável. Bem podem esforçar-se os desalinhados, aqui ou acolá, que nada sairá da linha. Como deve ser. A Universidade já se dotou de um Reitor novo, por coincidência um socialista da Caixa Geral de Depósitos. Tal como o Eng. António Morais, o homem que examinou Sócrates em quatro disciplinas técnicas e o achou brilhante. E tal como Morais e o Reitor Roberto também o Dr. Armando Vara é administrador da CGD. Notável. Antes da Independente Vara não era Dr. Tem um licenciatura em Relações Internacionais pela Independente. Também irão investigar esta licenciatura? Só mesquinhez e inveja! O Sr. Ministro da Ciência já se insurgiu contra este clima de suspeição. Tem toda a razão. Sem os socialistas, a Caixa Geral de Depósitos, a Independente, e todas as restantes instituições que se têm imposto ao respeito geral, o que seria do país?

 
At 6 de abril de 2007 às 18:50, Anonymous Anónimo said...

Da questão da Independente ao fundo da questão

Nunca julguei que os profissionais de comunicação ao serviço do Primeiro-Ministro e do governo a que chegámos se enredassem nesta teia de gatos e ratos, em que acabou por tornar-se o processo da UNI, desencadeado em 2005 por um homem só, António Balbino Caldeira, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP. Nunca julguei que o problema mais bicudo que tem arranhado o ilustre ministro da ciência acabasse por ser um desses cursos de papel e lápis das universidades lusitanas, não das vilipendiadas ciências sociais, mas antes das superciências ditas exactas, precisamente o da área de licenciatura do senhor ministro da ciência e do senhor chefe do governo: a engenharia.

Aqueles que lavavam as mão como Pilatos face aos cogumelos universitários já não conseguem que o velho regime das notas oficiosas e das promessas de futuros inquéritos e inspecções, hierarquicamente dependentes de suas excelências ministeriais, consiga deter a ânsia de procura de verdade da blogosfera e da chamada liberdade de imprensa. No dia seguinte, há sempre um "Diário de Notícias" que nos explique que o Reitor e Professor Doutor Jorge Roberto é um excelente funcionário da Caixa Geral de Depósito há 25 anos e que apenas concluiu no passado mês de Setembro o seu doutoramento em Comunicação e Documentação na Universidade da Extremadura, em Badajoz.

Pouco me interessa que ele, na CGD, esteja na dependência do licenciado na UNI Armando Vara. Interessa-me muito mais dizer que a minha ideia de universidade portuguesa implica uma muito maior exigência. De nada vale que uma qualquer inspecção venha dizer que, afinal, já estão arquivados, por inexistência de infracção, quatro dos cinco processos abertos por supeita de ilícito quanto aos sinais de trânsito no interior do parque de estacionamento da universidade A ou B. E de nada vale que se faça uma solena nomeação de Maria José Morgado como futura inspectora-geral do ensino superior.

Interessa muito mais denunciar o ambiente de conúbio entre a partidocracia, as universidades ditas privadas e os financiadores das instalações das mesmas. Quando ilustres membros do governo Guterres, para completarem as respectivas licenciaturas, entraram em contacto directo com uma universidade dita privada, eles deveriam saber que estavam a entrar num domínio onde poderiam ser instrumentalizados por aquilo que em português corrente se chama cunha institucional. Estavam a entrar num reino sem rei nem roque qualquer universidade privada praticava, chamando para docentes deputados e partidocratas, ansiosos por um cartão de visitas que lhes desse o título de professores do ensino superior, porque, lançando esta semente, um qualquer reitor poderia, amanhã, contar com um deles como decisor, colega ou dependente do decisor.

Qualquer investigação jornalística pode correr todas as universidades em causa e encontrar inúmeros exemplos deste hábito lusitano, tanto nas privadas que se pretendiam publicizar, como nas públicas que, entretanto, se foram privatizando, para que todas correspondessem a esta feira de vaidades, para que todas se transformassem neste baixo nível das chamadas escolas de regime, sujeitas ao patrimonialismo da encomendação feudal. Basta passarmos os olhos pela biografia oficial de inúmeros deputados, actuais e passados, e pedirmos que nos indiquem o momento e causa dos convites que os levaram a "professores universitários". Edeste processo não se livram os próprios avaliadores e avaliadores primazes.

Basta recordarmos como Paulo Portas e Santana Lopes acabaram por ser nomeados directores de um centro de sondagens e passarmos os olhos pela descida ao mundo universitário e politécnico de alguns jornalistas de nomeada, pois o conúbio passou da partidocracia a jornaladocracia, avançando recentemente para grandes companhias, susceptíveis de patrocínio. Nenhum partido político consegue escapar à trama e, por isso, até se compreende o silêncio de Marques Mendes sobre a matéria, dado que poderiam surgir investigações sobre a respectiva actuação na Universidade Atlântica, até com recordações de primeiras páginas do "Expresso", onde ele aparecia aliado ao próprio primeiro-ministro actual, em actuações coloquiais universitárias.

Não são precisas grandes procuradoras especialistas em "Apitos Dourados" para fazermos uma lista exaustiva de docentes de privadas ligados ao poder político partidocrático, nem será precisa muita imaginação para detectarmos quais as que estavam mais ligadas a este ou àquele partido. Julgo que, da trama, não escapam os próprios ensinos concordatário e público, onde docentes sem "curriculum" universitário ou de investigação se transformaram em distintos professores.

 
At 6 de abril de 2007 às 18:52, Anonymous Anónimo said...

UM PRINCÍPIO

Da "crónica" de Vasco Pulido Valente no Público: "Não por acaso, Augusto Santos Silva, que tutela (notar bem: tutela) a "comunicação social" e que nunca deu provas de um particular amor pela liberdade, prepara um novo Estatuto do Jornalista, que prevê penas disciplinares para quem desagradar à Comissão de Carteira (exactamente a solução de Hitler) e estabelece regras de uma absoluta arbitrariedade. A coisa, claro, vai tarde ou cedo rebentar na cara do sr. Silva e do Governo. Para não falar na de Sócrates. Mas não deixa de ser triste que o partido de Mário Soares se torne agora no partido da repressão e da censura (embora indirecta), que o Estatuto do sr. Silva inevitavelmente inaugura. Espero que nem Mário Soares nem Jorge Sampaio assistam em silêncio a esta miséria." Apenas duas notas. Sócrates anulou politicamente Mário Soares nas presidenciais. Pô-lo a tecer-lhe loas impensáveis há três anos. Basta lembrar - eu lembro-me- o que rosnavam os próximos de Soares em relação a Sócrates e o que "pensam" agora do actual primeiro-ministro. Talvez já estejam a dobrar a língua. Alfredo Barroso, por exemplo, foi mais incisivo com Sócrates do que Freire Antunes que parecia um comissário do actual PS, ambos ontem à noite na SIC-Notícias. Soares tem mais dificuldade em ser esmagador como o foi no passado, todavia sempre é Soares. Quanto a Sampaio, é uma sombra do estudante sentado no muro da universidade nos anos 60. Pode ser que, entretanto, arrebite embora ninguém lhe preste a mais vaga atenção. Contar verdadeiramente, só conta Cavaco que, a esta hora, deve andar baralhado. Já é um princípio.

 
At 6 de abril de 2007 às 18:54, Anonymous Anónimo said...

Um documento impressionante, na primeira pessoa.
É uma intervenção no Público, sem link disponível, e por isso tem que ser transcrita na íntegra (já mandaram tirar a palavra dos dicionários).


Depois de ter vendido o Tempo, recebi um convite para ensinar Jornalismo na Universidade Independente. A universidade ocupava então umas instalações recém-construídas num edifício residencial junto ao Poço do Bispo e era rudimentar. O reitor Luiz Arouca convidou-me para um almoço onde surgiu o dr. Rui Verde. Os dois falaram-me sobre a universidade e convidaram-me para director do curso de Jornalismo. Não aceitei o convite porque não tinha experiência de docência, mas ambos insistiram para que ingressasse na universidade. Como não tinha trabalho nessa altura, aceitei ser apenas professor e sugeri Marco Leão para dirigir o curso, o que ele aceitou rapidamente, até porque era também amigo do reitor. Pouco depois o reitor e Rui Verde decidiram transferir a UnI para umas instalações livres na Gomes da Costa (na Opel), tendo para tal realizado uma operação financeira apoiada pelo BCP. Foi lá que nasceu a nova Universidade Independente, com magníficas salas e, também, com problemas financeiros, já que eu próprio não recebia salário e era pago através de "acções" da universidade. Parecia um bom investimento para a minha vida. As carências financeiras eram, no entanto, cada vez mais evidentes, pois outros professores não recebiam salários, o que sucede ainda hoje. Como a situação era desesperada apareceram novos investidores, como a família Neiva de Oliveira e a Fundação Ilídio Pinho, que depressa deixavam de ser accionistas e partiam.Para ajudar a universidade criei uma pós-graduação em Marketing Político, que foi um sucesso. Associei-me ao prof. Alejandro Pizarroso Quintero, da Universidade Complutense, e conseguimos a colaboração como professores de eminentes políticos como Carlos Encarnação, Jorge Coelho ou Ruben de Carvalho. Vieram professores espanhóis da Complutense, que se deslocavam a Lisboa todas as semanas, caso de J. Timoteo Alvarez. Muitos actuais autarcas e políticos conhecidos foram alunos dessa pós-graduação. Quando decidi aceitar ser professor de Jornalismo, solicitei a Rui Machete, presidente da Fundação Luso-Americana, que me permitisse visitar, juntamente com Marco Leão, a universidade de Jornalismo em Boston e Nova Iorque. Percebi lá como o ensino do Jornalismo em Portugal era, de uma forma geral, mau. Não havia nem alunos (que faltavam todos os dias às aulas), nem livros, nem leitura de jornais. Mesmo assim, convidei para professores na Independente pessoas como Joaquim Vieira, Fernando Cascais (presidente do Cenjor), Joaquim Letria, Diniz de Abreu, Fernando Balsinha, Cristina Branco e Mário Crespo. Foi um período em que lá se formaram excelentes jornalistas, como João Abreu, Carlos Moleira e Manuela Vicência, hoje os três na SIC-Notícias, ou Pedro Bello de Morais, da TVI. Chegámos a ser o curso universitário de Jornalismo com mais alunos inscritos.Do curso fazia parte, por exemplo, uma excursão anual a Madrid. Seguíamos de autocarro, ficávamos num hotel barato e, num dia bem preenchido, íamos à Universidade Complutense de Periodismo, onde o prof. Pizarroso dava uma aula, seguíamos para as instalações do El Pais, onde havia sempre uma palestra e se visitava a redacção e a enorme casa das máquinas, tudo antes de passarmos pela televisão Antena 3 a tempo dos noticiários da noite. Lá, Condorcet Costa, fundador da TVI, também falava aos alunos. Por fim, com base no curso e nos seus alunos, em 1998, fundei a revista mensal Media XXI, que ainda hoje continua a ser publicada.Entusiasmado com todo este trabalho, convidei também o meu amigo Baptista Bastos e a Bárbara Guimarães. Contudo, sem experiência do jornalismo, o reitor cometia erros, como o de convidar para dar Língua Portuguesa uma jovem escritora. Queria dirigir, mas não sabia como, continuando a escola a debater-se com problemas de salários em atraso. A universidade ficou mesmo a dever a um professor meu amigo um ano de salários. Mas ninguém, como sucede hoje, protestava. Ou sabia que o dr. Verde e o reitor Arouca compravam andares na "Expo" e faziam grandes excursões de iate. A pouco e pouco a universidade foi-se extinguindo, aparecendo apenas alunos para aulas nocturnas e muitos vindos de África.Eis, pois, como o caso da Independente ilustra o romance ou a tragédia da universidade portuguesa. E desta sociedade de lobbies e de "oportunistas".Em 18 de Julho de 2002 deixei a Universidade Independente na sequência de um pequeno AVC que sofrera, uma semana antes, depois de uma reunião na escola. Foi num período em que a universidade vivia uma agitação fora do vulgar e quando estava a tentar construir mais um novo curso, uma pós-graduação de Desporto. Quem me trouxe a ideia foi Jorge Schnitzer, que deixara a SIC depois de um contencioso. Com ele fui a Barcelona convidar Cruyff, que fora fundador e director de um curso de Marketing de Desporto numa universidade catalã, convidando-o a apoiar-nos no projecto. E quando Cruyff veio a Lisboa, conseguimos ser recebidos pelo secretário de Estado do Desporto, José Lello, e que o Presidente Jorge Sampaio também o recebesse. O eco na imprensa foi enorme e rapidamente começaram a afluir à Independente dezenas de candidatos. Só que enquanto tentava formar um corpo de professores, Schnitzer tratava de se apropriar do curso, rondando o gabinete do reitor e do dr. Verde. Com o curso cheio de alunos, o dinheiro entrava a rodos e o reitor e o dr. Verde sonhavam com grandes lucros. A dr.ª Mafalda Arouca, filha do reitor, entrou então no processo e o Schnitzer parecia-me mais inquieto do que ninguém. Até que se começou a falar de contas - e as contas eram a tragédia de sempre do prof. Arouca e do dr. Verde. [Eu devia lembrar-me porque, quando quis fundar o Tempo, o prof. Arouca ofereceu-me 500 contos para ser accionista, passou o cheque e, poucos dias depois, disse que estava com problemas na PIDE e que era melhor devolver os 500 contos, pois não queria ser preso. Foi o que fiz imediatamente.] Ficou assim o Schnitzer como director do curso de pós-graduação do Desporto, tendo pedido colaboração a Emídio Rangel. Mas pouco tempo duraria, tendo Emídio Rangel deixado já a Independente. Desta forma se foi destruindo uma universidade para que entrei com orgulho e de onde saí porque tinha chegado o tempo de outros. Os de que falei atrás.

Nuno Rocha
Jornalista, ex-docente da Universidade Independente

 
At 6 de abril de 2007 às 20:01, Anonymous Anónimo said...

Ao que isto já chegou
A manchete do Diário de Notícias foi desmentida pela Presidência da Rpública. Eu acredito mais na Jornalista Paula Sá do que num desmentido de uma fonte anónima do Palácio de Belém. Mas já agora é preciso dizer que seria muito estranho que Cavaco Silva ignorasse a questão e não tentasse perceber o que se está a passar à vista de toda a agente. Tanto mais que o Presidente conhece professores que deram aulas na Universidade Independente. Bastaria consultar um dos seus amigos polícos: Arlindo Carvalho

 
At 6 de abril de 2007 às 20:03, Anonymous Anónimo said...

Pela Verdade

No tratamento dado à matéria alusiva à alegada licenciatura de José Sócrates, os jornalistas têm omitido, com raríssimas excepções, um dado cada vez mais elementar: quem levantou a questão, quem a estudou e corajosamente publicou foi o Prof. António Balbino Caldeira, no seu blogue Do Portugal Profundo

Ora o Prof. há mais de dois anos que escreve sobre este assunto pelo que é de uma profunda desonestidade alegar, como tem feito o governo e hoje o barão socialista Jorge coelho reiterou, na Quadratura do Círculo, que tudo não passa de uma guerrilha entre gente que quer tomar o poder na alegada Universidade Independente. Guerra que como se sabe começou recentemente.

Com argumentos desse tipo pretendem atirar areia para os olhos do povo e adiar, quem sabe ad eternum, como noutros assuntos conseguiram, o conhecimento da realidade. Por que não fala José Sócrates? Algum licenciado admitiria, por uma hora que fosse, que questionassem o fruto do seu trabalho de pelo menos cinco anos?

A título de mera curiosidade, não posso deixar de assinalar um facto: Armando Vara, ex-governante socialista, surge agora também licenciado pela Independente, parece que em Relações Internacionais. Como foi meu colega em Direito na Universidade Lusíada, no já longínquo 1.º ano, hão-de ter sido as dificuldades sentidas a motivar a mudança de curso e de faculdade

 
At 11 de abril de 2007 às 17:06, Anonymous Anónimo said...

Como vamos ser um pais com gestores licenciados a pressao como o Vara, ainda melhor o Reitor da Independente e funcionario subalterno dele.
Ainda vou paap o PS aver se arranjo um dilomazito da Independente, sim pq me licenciei na Classica em Direito , quandos eprecisava de 16 media geral e 14 as nucleares para dispensar, mas nessa altura eram medias obtidas em exames nacionais e estes da Independente sao notas tiradas num qualquer concurso "Quem quer um diploma?"

 

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