sexta-feira, 20 de abril de 2007

QUEM É QUE NOS ACODE?

Em mais de 30 anos de democracia, com governos constitucionais, não me lembro de tão grande bandalheira institucional como a que vivemos por estes dias (ou meses).
A degradação moral e autêntica corrupção a que assistimos, com assento nas mais altas instâncias do poder político, atingiu um nível tal que dificilmente arranjamos memória repetida.

A inversão de valores atingiu um patamar tão elevado que daqui para a frente, o descrédito não poupará ninguém.
As instituições demitiram-se do seu dever e os poderes públicos imobilizaram-se no atavismo da estabilidade artificial.

Procuro um exemplo recente na Europa mais ocidental, recente.
Só me lembro da Itália, antes do desaparecimento da Democracia Cristã.
Foi aí que surgiu a operação mãos limpas.
Mas isso, foi no século passado e o nosso presente nem parece ter futuro.

Quem é que nos acode?

José

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4 Comments:

At 20 de abril de 2007 às 12:12, Anonymous Anónimo said...

Num jogo, no final, só conta uma coisa - o resultado, é verdade. Mas, para haver jogo tem que haver, pelo menos, duas partes, que concordem num número básico de regras - nem que seja em regras mais ou menos ocultas para combinar o resultado, preservando o 'espectáculo'. Dito isto, e nos próximos tempos, por estas bandas o jogo acabou. Não interessa se Sócrates cai, ou se se arrasta moribundo. Não interessa, porque nunca mais vai haver um único debate político com seriedade. Sócrates vai conseguir fazer o que for combinado debaixo da mesa pelos interesses fáticos do costume, isto é apenas e só o que o deixarem fazer. Quanto ao resto - isto é tudo o que é essencial - népias, porque à mínima movimentação será acusado de batoteiro. À primeira vista isto não é grave, dirão os cínicos, porque os partidos sempre jogaram debaixo da mesa. Sim, sim, só que em primeiro lugar parte da beleza do jogo era isso supostamente não dar muito nas vistas, e em segundo lugar era suposto a dita sociedade civil aparecer, quanto mais não seja para compor a fotografia. À custa da palhaçada da Independente, José Sócrates, e os seus acólitos de ocasião - mais preocupados em salvar o seu próprio pêlo, que a sua credibilidade - vieram simplesmente confirmar que as regras, as suas métricas são diferentes das dos meros mortais. É por isso que é impossível, demagógico e lírico, com eles qualquer debate sobre a discussão de questões políticas, puras e duras: o Aeroporto Internacional da Ota, os SAP, o encerramento das urgências, o PRACE, o QREN, o Programa Novas Oportunidades, o referendo e o TCE, as auto-estradas sem portagens, o Complemento Solidário para Idosos, o desemprego, o crescimento do PIB, etc e tal. Qualquer debate que haja nunca será com eles, será apesar deles, até por via das, agora claríssimas, regras. Poder ser o começo de alguma coisa.

 
At 20 de abril de 2007 às 12:26, Anonymous Anónimo said...

ESTA CORJA ADMIRA-SE DO SALAZAR GANHAR ESSE PELO MENOS ERA FORMADO E POR UNIVERSIDADE SERIA E NAO MANDAVA DESTRUIR DOCUMENTOS

 
At 20 de abril de 2007 às 16:37, Anonymous Anónimo said...

Explicar os factos é difícil, mas esclareço ter ouvido e lido relatos de governantes e deputados a vangloriarem-se de, num bater de palavras, colocarem nos jornais aquilo que lhes interessa no momento, seja a intriga a deixar mal colocado o inimigo partidário, a notícia truncada destinada a criar problemas ao antigo amigo, a anedota perversa retirada do contexto de modo a deixar em apuros o adversário político.

Também as rãs coaxam a dizer quão vai mal a convivência entre a comunicação social e o poder, seja ele qual for, tendo os fingidores, os fariseus e os vesgos de ouvido ficado espantados porque os assessores de José muito emagreceram devido aos esforços, baldados, no sentido de nos jornais e noticiários nada sair de importante acerca da sua fabulosa expedição à conquista do velo de oiro, entenda-se canudo engenheiral, repleta de perigos vários a merecer relato homérico não do cego da Odisseia, sim do magnifico historiador que é Jorge Coelho.

Esta saga socratiana apenas tem paralelo com as aventuras desenvoltas de deputados transformados em governantes por via da pressão partidária, os quais sem terem lido o Corão julgam que o seu destino a serem homens do poder estava atado ao seu pescoço, esquecendo o facto de terem ascendido a essas posições pela lógica do aparelho, o terem intrigado nas galerias e corredores e carregado a pasta ao Príncipe nos dias maus.

Os directores de jornais dotados de memória e decoro não esquecem os pedidos de entrevista, da fotografia ou da referência número sim, número não, por parte de inúmeros rapazes que a todo tempo se atravessam no caminho, mas que em relação a eles mantêm uma saudável distância. O caso muda de figura quando administradores de jornais pedem protecção, leia-se publicidade, a troco de "boa imprensa" entrando-se num jogo promíscuo que só é interrompido quando cessa a "energia" impulsionadora do cambalacho, dando azo a retaliações e à descoberta de alguma parte da verdade, porque as comadres se zangaram.

Todos se dizem de consciência tranquila, uma coisa que mais tarde ou mais cedo se descobre. Ninguém tenha esperança em melhorias, os telefonemas vão continuar, mais cuidadosos é certo, mais cifrados, no essencial, com a mesma intenção – colocar a informação ao serviço do poder. De um qualquer poder. Acreditem!

 
At 20 de abril de 2007 às 17:31, Anonymous Anónimo said...

A Democracia está doente.

O problema é que, quem a pode curar faz parte do sistema.

Por isso é necessário procurar FORA do sistema, ajuda.

Não anda por aí um D. Sebastião que queira pegar nisto?

A. Soares

 

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