MENEZES, A POLÍTICA, O POVO: O DESENCANTO
Nesta espécie de campanha eleitoral sofrida pelo PSD, houve uma senhora do povo, algures numa feira ou coisa assim, que se virou para Luís Filipe Menezes e lhe disse: Espero que o senhor ganhe para que isto melhore, porque, como está, não vamos a lado nenhum!. Não sei dizer exactamente porquê, mas este simples comentário, lido num jornal, pareceu-me encerrar em si tudo o que o país e a política actuais podem conter de desilusão e descrença.
Como é óbvio, nenhum de nós acredita que, se amanhã já, Luís Filipe Menezes fosse primeiro-ministro, melhoraria o que quer que fosse. Nem sequer por ele ou principalmente por ele, mas porque não há muito mais para melhorar - e o que há, político ou partido algum teria coragem de fazer. Ninguém se atreveria a terminar com a promiscuidade entre o Estado e os grandes negócios privados, ninguém se atreveria a ter uma política de ordenamento territorial e ambiental que protegesse o interesse público derrotando os predadores imobiliários, ninguém se atreveria a pôr a Justiça ao serviço das pessoas e da economia contrariando os lóbis instalados, ninguém se atreveria a enfrentar a sério o caciquismo autárquico e o dr. Jardim, ninguém ousaria cortar o que fosse preciso nas despesas correntes do Estado - por exemplo, seguindo a sugestão de Daniel Bessa de fixar um limite à cobrança fiscal em função do PIB. O PCP seguramente que não mudaria nada que tivesse que ver com os legítimos interesses dos trabalhadores, e que é quase tudo; a direita do PP seguramente que não mexeria uma palha para afectar os inúmeros interesses representados pelo sr. Abel Pinheiro e afins; e o PS e o PSD, com mais ou menos social e mais ou menos projectos PIN, obviamente que nunca chegariam ao fundo da reforma de um sistema que criaram e alimentaram.
Pelo que, como todos já compreendemos, o Governo de Sócrates é o mal menor, e em certas áreas, como a saúde, a educação e a segurança social, tem sido até o único Governo a reformar e a tentar mudar alguma coisa. É certo que governa em obediência a um princípio de equilíbrio entre contrários: concede à esquerda as questões de moral e costumes (o aborto, as seringas nas prisões, em breve o casamento de homossexuais) e concede à direita o sossego de leis para sossegarem a paranóia securitária; concede à esquerda a manutenção de um sistema laboral que protege os maus trabalhadores e fecha as portas do mercado aos jovens; e concede à direita a garantia de manter vivo e actuante o consagrado sistema do tráfico de influências políticas nos grandes negócios dos privados com o Estado. E é certo que, assim actuando, mantém imutável o essencial: a protecção dos direitos adquiridos, contra o mérito, contra a mudança e contra o risco, quer à direita quer à esquerda. Mas é o melhor que temos, o melhor que conseguimos, o mais a que pode aspirar o bom povo português.
Se algum dia me desse a tentação para a política (coisa que, até agora, nunca sucedeu), eu acho que recuaria perante a obrigação de prestar vassalagem ao bom povo português. O bom povo português é um mito de trazer por casa. Existem, é claro, muitos e bons portugueses, sem distinção de classes ou de categoria profissional, que são bons aqui como o seriam em qualquer lado do mundo. Existem ainda e felizmente, muitos empresários que investem, que correm riscos, que tentam competir num mercado global e que não vivem de pagar salários de miséria e fazer batota com a Segurança Social. Existem agricultores que não abandonaram as terras nem as venderam aos espanhóis e que investiram, modernizaram, investigaram, sem ficar sentados à espera do subsídio que nunca é suficiente. Assim como existem grandes médicos, arquitectos, cientistas, juízes, ou financeiros, tal como existem trabalhadores sérios, competentes, empenhados em fazer melhor, aprender e progredir profissionalmente. Mas duvido que grande parte do bom povo português não seja antes constituído por batoteiros e preguiçosos, que se especializaram a viver em dívida para com a comunidade, seja fugindo ao fisco ou gastando apoios que não justificam, seja corrompendo autarcas ou traficando influências com os governos, seja, a outro nível, metendo baixas fraudulentas ou vivendo instalados no subsídio de desemprego, acumulando com biscates por fora sem passar recibo. Acontece que os políticos, para chegarem onde chegou, por exemplo, o dr. Menezes, têm de passar a vida a ouvir lastimar uns e outros e a prometer o milagre de conseguir satisfazer uns e outros. Não se chega ao poder dizendo às pessoas: Não contem comigo para proteger a evasão fiscal ou o «off-shore» da Madeira, para fazer obras públicas sumptuárias ou inúteis só para dar dinheiro a ganhar à clientela do sector, para fazer negócios como o da Lusoponte, para assistir, impávido, ao endividamento constante das autarquias e das Regiões, ou para pagar subsídios de desemprego e baixas por falsas doenças. Não contem comigo para gastar o dinheiro dos que trabalham e investem por sua conta e risco para sustentar os que se habituaram a viver à sombra do Estado.
Como é óbvio, Luís Filipe Menezes não disse nem dirá nada disto ao povo do PSD que vê nele apenas uma melhor hipótese de conseguir chegar à manjedoura pública do que aquela que lhe podia prometer Marques Mendes. Marques Mendes não foi apeado por ser mau político ou desonesto ou mau líder da oposição - ele foi apeado porque não cheirava a poder possível e Menezes cheira. Menezes ganha eleições e Marques Mendes não. Mendes foi o único (julgo que apenas acompanhado de Miguel Veiga) que, no Conselho Nacional do PSD, votou contra Santana Lopes - todos os outros se calaram, porque Santana garantia o poder, embora todos desconfiassem da inevitabilidade da catástrofe que se iria seguir.
Luís Filipe Menezes tem sido um excelente presidente da Câmara de Gaia, que recebeu em situação indescritível, após anos de governação socialista que representaram o que de pior o poder autárquico alguma vez mostrou. Ele transformou aquele pardieiro no melhor que alguém poderia imaginar possível. Esse mérito ninguém lho tira. O problema é que o fez à moda de Jardim: transformando Gaia no mais endividado concelho do país, em percentagem. Também passou a defender a Ota e a Regionalização, ou seja, tem a mentalidade de um «big spender» de dinheiros públicos: é tudo o que o país não precisa neste momento, mas é também tudo o que muitos esperam dele, se algum dia chegar lá acima.
Por outro lado, ele traz consigo alguma da pior gente que alguma vez habitou na nossa política, do género que faz querer gritar: Socorro, que eles vão voltar!. Como também não disse ao que vinha e se limitou a contar votos e espingardas e a alimentar uma guerra suja que as directas consentem, apresenta-se ao país (Gaia à parte) com o pior cartão de visita possível.
Chega como lídimo representante do bom povo português contra as elites. Não sei se sabem o que isto quer dizer: que todas as campainhas de alarme devem ser ligadas e que, por enquanto, José Sócrates agradece.
Miguel Sousa Tavares
Como é óbvio, nenhum de nós acredita que, se amanhã já, Luís Filipe Menezes fosse primeiro-ministro, melhoraria o que quer que fosse. Nem sequer por ele ou principalmente por ele, mas porque não há muito mais para melhorar - e o que há, político ou partido algum teria coragem de fazer. Ninguém se atreveria a terminar com a promiscuidade entre o Estado e os grandes negócios privados, ninguém se atreveria a ter uma política de ordenamento territorial e ambiental que protegesse o interesse público derrotando os predadores imobiliários, ninguém se atreveria a pôr a Justiça ao serviço das pessoas e da economia contrariando os lóbis instalados, ninguém se atreveria a enfrentar a sério o caciquismo autárquico e o dr. Jardim, ninguém ousaria cortar o que fosse preciso nas despesas correntes do Estado - por exemplo, seguindo a sugestão de Daniel Bessa de fixar um limite à cobrança fiscal em função do PIB. O PCP seguramente que não mudaria nada que tivesse que ver com os legítimos interesses dos trabalhadores, e que é quase tudo; a direita do PP seguramente que não mexeria uma palha para afectar os inúmeros interesses representados pelo sr. Abel Pinheiro e afins; e o PS e o PSD, com mais ou menos social e mais ou menos projectos PIN, obviamente que nunca chegariam ao fundo da reforma de um sistema que criaram e alimentaram.
Pelo que, como todos já compreendemos, o Governo de Sócrates é o mal menor, e em certas áreas, como a saúde, a educação e a segurança social, tem sido até o único Governo a reformar e a tentar mudar alguma coisa. É certo que governa em obediência a um princípio de equilíbrio entre contrários: concede à esquerda as questões de moral e costumes (o aborto, as seringas nas prisões, em breve o casamento de homossexuais) e concede à direita o sossego de leis para sossegarem a paranóia securitária; concede à esquerda a manutenção de um sistema laboral que protege os maus trabalhadores e fecha as portas do mercado aos jovens; e concede à direita a garantia de manter vivo e actuante o consagrado sistema do tráfico de influências políticas nos grandes negócios dos privados com o Estado. E é certo que, assim actuando, mantém imutável o essencial: a protecção dos direitos adquiridos, contra o mérito, contra a mudança e contra o risco, quer à direita quer à esquerda. Mas é o melhor que temos, o melhor que conseguimos, o mais a que pode aspirar o bom povo português.
Se algum dia me desse a tentação para a política (coisa que, até agora, nunca sucedeu), eu acho que recuaria perante a obrigação de prestar vassalagem ao bom povo português. O bom povo português é um mito de trazer por casa. Existem, é claro, muitos e bons portugueses, sem distinção de classes ou de categoria profissional, que são bons aqui como o seriam em qualquer lado do mundo. Existem ainda e felizmente, muitos empresários que investem, que correm riscos, que tentam competir num mercado global e que não vivem de pagar salários de miséria e fazer batota com a Segurança Social. Existem agricultores que não abandonaram as terras nem as venderam aos espanhóis e que investiram, modernizaram, investigaram, sem ficar sentados à espera do subsídio que nunca é suficiente. Assim como existem grandes médicos, arquitectos, cientistas, juízes, ou financeiros, tal como existem trabalhadores sérios, competentes, empenhados em fazer melhor, aprender e progredir profissionalmente. Mas duvido que grande parte do bom povo português não seja antes constituído por batoteiros e preguiçosos, que se especializaram a viver em dívida para com a comunidade, seja fugindo ao fisco ou gastando apoios que não justificam, seja corrompendo autarcas ou traficando influências com os governos, seja, a outro nível, metendo baixas fraudulentas ou vivendo instalados no subsídio de desemprego, acumulando com biscates por fora sem passar recibo. Acontece que os políticos, para chegarem onde chegou, por exemplo, o dr. Menezes, têm de passar a vida a ouvir lastimar uns e outros e a prometer o milagre de conseguir satisfazer uns e outros. Não se chega ao poder dizendo às pessoas: Não contem comigo para proteger a evasão fiscal ou o «off-shore» da Madeira, para fazer obras públicas sumptuárias ou inúteis só para dar dinheiro a ganhar à clientela do sector, para fazer negócios como o da Lusoponte, para assistir, impávido, ao endividamento constante das autarquias e das Regiões, ou para pagar subsídios de desemprego e baixas por falsas doenças. Não contem comigo para gastar o dinheiro dos que trabalham e investem por sua conta e risco para sustentar os que se habituaram a viver à sombra do Estado.
Como é óbvio, Luís Filipe Menezes não disse nem dirá nada disto ao povo do PSD que vê nele apenas uma melhor hipótese de conseguir chegar à manjedoura pública do que aquela que lhe podia prometer Marques Mendes. Marques Mendes não foi apeado por ser mau político ou desonesto ou mau líder da oposição - ele foi apeado porque não cheirava a poder possível e Menezes cheira. Menezes ganha eleições e Marques Mendes não. Mendes foi o único (julgo que apenas acompanhado de Miguel Veiga) que, no Conselho Nacional do PSD, votou contra Santana Lopes - todos os outros se calaram, porque Santana garantia o poder, embora todos desconfiassem da inevitabilidade da catástrofe que se iria seguir.
Luís Filipe Menezes tem sido um excelente presidente da Câmara de Gaia, que recebeu em situação indescritível, após anos de governação socialista que representaram o que de pior o poder autárquico alguma vez mostrou. Ele transformou aquele pardieiro no melhor que alguém poderia imaginar possível. Esse mérito ninguém lho tira. O problema é que o fez à moda de Jardim: transformando Gaia no mais endividado concelho do país, em percentagem. Também passou a defender a Ota e a Regionalização, ou seja, tem a mentalidade de um «big spender» de dinheiros públicos: é tudo o que o país não precisa neste momento, mas é também tudo o que muitos esperam dele, se algum dia chegar lá acima.
Por outro lado, ele traz consigo alguma da pior gente que alguma vez habitou na nossa política, do género que faz querer gritar: Socorro, que eles vão voltar!. Como também não disse ao que vinha e se limitou a contar votos e espingardas e a alimentar uma guerra suja que as directas consentem, apresenta-se ao país (Gaia à parte) com o pior cartão de visita possível.
Chega como lídimo representante do bom povo português contra as elites. Não sei se sabem o que isto quer dizer: que todas as campainhas de alarme devem ser ligadas e que, por enquanto, José Sócrates agradece.
Miguel Sousa Tavares
Etiquetas: José Sócrates, Luís Filipe Meneses, Portugal, PSD
5 Comments:
As probabilidades de sucesso de Luís Filipe Menezes são reduzidas, não lhe conhecemos grandes méritos, a receita que usou em Gaia levaria o país à falência se aplicada pelo governo, as companhias com que se apresenta são pouco recomendáveis, as motivações dos que nele votaram não são as que levam à escolha dos melhores, enfim, não faltam razões para vaticinar uma desgraça ao PSD nas próximas legislativas.
Só que Menezes poder vir a ser uma surpresa. É um erro confundir Menezes com Santana Lopes e esperar que o novo líder do PSD cometa os mesmos disparates, entre Menezes e Santana há mais diferenças do que semelhanças. Ao contrário de Santana Lopes, Menezes é um cabide político, disponível para vestir o facto que lhe escolherem, o actual líder pensa como lhe disseram para pensar e diz o que lhe mandam dizer. Santana tinha o defeito de pensar e falar por si, o resultado foi uma série de disparates. Quando Santana chegou à liderança do PSD mal conseguiu esperar por dizer que agora era ele o presidente da junta, poucos dias depois dava uma entrevista e logo aí começou com as suas anedotas. Santana sentia que tinha um poder divino que o ajudava a convencer as massas, Menezes tem a humildade de aceitar o apoio de agências de comunicação.
A estratégia política de Menezes é evidente, como disse Pedro Lomba chegou à liderança com o apoio dos descamisados do PSD, o seu discurso político lembra os tempos do peronismo, o seu percurso pode levar a que um dia alguém lhe chame a Evita de Gaia.
Mas a verdade é que a maioria dos portugueses são ou tendem a ser descamisados, gente que não tem a protecção da Maçonaria ou da Opus Dei, que não são accionistas de bancos, que não contam para os assessores de Sócrates pois nada representam no PIB que costuma viajar com o primeiro-ministro nas visitas ao estrangeiro.
Podemos considerar que Menezes não oferece garantia de competência, mas que garantias oferecia José Sócrates? Não é assim tão difícil encontrar gente com mais competências do que ministros que roçam o idiota, qualquer candidato a primeiro-ministro arranja melhor do o ministro dos Negócios Estrangeiros ou da Economia. Convenhamos que um bom contabilista faria o lugar do ministro das Finanças e que para fazer uma reforma da Administração Pública como a que está a ser feita bastaria contratar um sargento-ajudante.
Não vai ser fácil destronar um Sócrates que conta com o apoio quase unânime dos grupos de interesses que ele próprio prometeu afastar da decisão política, em seu apoio tem a artilharia formada por jornalistas e opinion makers ávidos de servir a banca. Mas num país onde se é cada vez mais pobre e uma boa parte dos eleitores pouco pensam em termos de interesse nacional Luís Filipe Menezes pode causar uma surpresa.
Os descamisados do PSD á estão em movimento
Convencidos de que têm um novo heróis os descamisados do PSD já esqueceram Santana, Mendes ou Marcelo e passaram a venerar Luís Filipe Menezes. Ainda o novo líder do PSD não abriu a boca (deve estar a aguardar sugestões da empresa de comunicação) e já os militantes absorveram os novos valores.
Bastar ler os comentários deste bloco para perceber que muitos dos que estavam num silêncio frustrante desataram a fazer comentários agressivos, convencidos das invencibilidade da Evita de Gaia. Até que esta gente seja de novo derrotada nas urnas a democracia portuguesa vai passar um mau bocado. Não estamos perante gente que aprecie a democracia, estes descamisados tanto apoiam Menezes como seriam voluntários num gulag de Stalin.
Nos próximos tempos iremos assistir à marginalização dos mais incómodos dentro do PSD, como Pacheco Pereira, depois a turba de descamisados vai querer arrasar todos os que manchem a imagem do grande líder. Os blogues que se cuidem.
Desta vez a PJ deu-se mal com a manipulação
No caso Joana ficou evidente a manipulação da informação por parte da polícia e a estratégia deu bons resultados, apesar de a PJ não ter conseguindo apresentar provas consistentes a mãe da Joana já estava condenada muito antes da primeira sessão do julgamento. Pelo caminho ficaram suspeitas de violência e tortura prática que não parece ser rara na PJ.
Com os Mc Cann a PJ tentou a mesma estratégia mas deu-se mal, os jornais ingleses não dependem da PJ para venderem papel e a PJ entrou em desespero, o resultado foi o que se viu, um coordenador da PJ a disparatar contra a polícia inglesa e a ser demitido no mesmo dia.
Têm sido maus tempos para a PJ, vários julgamentos com acusações de tortura, uma da suas mais prestigiadas inspectora na cadeia por roubo, a Maddie por aparecer e as dúvidas a crescerem em relação ao caso Joana.
O desemprego aumenta
Sócrates está a pagar caro o seu oportunismo eleitoral e ignorância em economia, cada vez que são divulgadas estatísticas do desemprego toda a gente se lembra do famoso cartaz onde prometia criar 150.000 empregos.
Obrigado Mário Soares
Mário Soares virou benemérito e ajudou a Galp a ganhar uma posição no petróleo da Venezuela. Só que nesta coisa do negócio do crude acreditar a beneficência é ingenuidade a mais, as motivações costumam ser o dinheiro.
Curiosamente ninguém se lembrou de dois pormenores: a nomeação de Fernando Gomes para administrador da Galp com o pelouro da exploração e a tentativa frustrada de compra da Galp pela Carlyle de Carlucci e da família Bush.
José Pacheco Pereira, registou a paternidade da palavra Populismo: é dele. Vem no artigo da Sábado desta semana.
Não vem lá a definição do termo, que isso é outra loiça. Vem apenas o pechisbeque de quem o usa, sem lhe reconhecer a procedência legítima.
Da Loja, vem a explicação. Do termo e da avoenga da criatura.
Acrescento em 6.10.2007:
Depois do grande divulgador, Pacheco Pereira, ter assumido a paternidade da revelação do bicho populista, aparece hoje Vasco Pulido Valente a enunciar os termos sumários da definição, em modo de crónica na última página do Público.
“O populismo é, em substância,uma doutrina ou uma prática política que nega ou tenta enfraquecer o princípio da representação. O populismo promete ao "homem da rua" ou às "bases do partido" ( ao povo numa variante ou noutra) o exercício directo do poder. “
Numa coisa coincidem , JPP e VPV: Luís Filipe Menezes é um populista.
A base do argumento definidor de VPV é algo deletério, sintetizado na afirmação de um dos jovens turcos: “ a ligação directa ( do chefe) ao país real”. Essa ligação, liberta o chefe de qualquer programa ou obrigação programática, porque tudo passa a depender da vontade do chefe, em ligação privilegiada à vontade do povo.
Esta definição já tinha sido enunciada por Edward Shill,, nos anos 50 e este conceito de populismo, enunciado por VPV, parece-me o mesmo, escrito em 1989, na Vida do Independente, para definir Cavaco Silva e o seu modo de governar, como já foi apontado no escrito anterior.
O que traz um problema suplementar: Se Cavaco Silva também era ( é?) um populista, que dizer do conceito, assim definido?
Talvez elaborar um pouco mais e não ficar pelas análises perfunctórias, mal acabadas e que ressumam a mero preconceito, seja a solução. E no caso português, vamos provavelmente descobrir que o sistema político-partidário, não admite grandes populismos. Antes, suporta grandes partidos entrosados já em sub-sistemas oligárquicos de manutenção de poder.
Balsemão, um dia destes num Prós e Contras qualquer, dizia-se muito satisfeito pelo sistema político português que congrega já um número assinalável de profissionais da política.
Marques Mendes é o quê, senão um profissional da política que um ressabiado Belmiro dizia há uns anos que nem para porteiro o queria? Sócrates, com a engenharia que tem, é o quê, também?
E quem é que atende verdadeiramente ao aperfeiçoamento da democracia, através da criação e incentivo a instituições políticas, sólidas e autónomas, com regras de igualdade para todos e empenhadas em fazer respeitar as regras de mercado, sem intervenção na economia, para realizar interesses próprios , no dizer de David Grassi?
O que dizer da governamentalização do sistema político, com subalternização do Parlamento, como se tem visto em Portugal? E que dizer do modo como se escolhem deputados e comissários vários?
Isso é o quê? Democracia avançada, para o século XXI?
Portugal é o Estado mais pobre da União Europeia.
Hoje terá cerca de 7 milhões e quinhentos mil cidadãos residentes em Portugal.
Só a área metropolitana da cidade de New York , nos Estados Unidos da America ,tem 18, 7 milhões de habitantes!!!
O Governador do Banco de Portugal, Victor Constâncio ,ganha mais que o homólogo Presidente da Reserrva Federal dos EUA.
Victor Contâncio aufere, segundo informações que tenho ,mais de 5 mil contos por mês, 25.000,00 € , para governar o banco do pais mais pobre da União Europeia!!!
Ou seja, o Governador do Banco de Portugal ganha 25 vezes mais - proporcionalmente aos habitantes dos EUA - que o Governador do Banco dos EUA!!!
Há famílias em Portugal que nem têm 500 euros para comer durante todo um mês.
Cavaco Silva não diz nada!
Vitor Constâncio ganha mais de 50 salários mínimos nacionais!!!
Ele e a família almoçam e jantam ouro?
E os portugueses que o alimentam comem o quê?
Apetece dizer com todas as letras mas não posso.
Comem caca? Não são de carne e osso?
É por estas e por outras que Portugal não passa de um Zimbabwé, um Ruanda,
uma Libia.
Que Estado é este em que uma grande fatia vive na miséria e os do PS vivem como se Portugal fosse o El Dourado? Sócrates está a dormir? Os portugueses são estultos?
Só a falta de vergonha na cara, a falta de ética, permite que num Portugal miserável o Governador do Banco de Portugal ganhe mais que o Governador do Banco da maior potência industrial , económica e militar da Terra.
E que o Director-Geral dos Impostos ganhasse mais de 25 mil euros!!!
Se as actividades privadas pagarem , é problema delas. Mas pagar o Zé Ninguém que nem para o pão de cada dia ganha ,é uma afronta,uma iniquidade sem qualificativo.
Entendo que na actividade privada cada um safa-se como for possível, mas comer da manjedoura do Estado tem limites.
Andam todos a gozar com o Zé Povinho .
Os emigrantes portugueses têm de deixar de enviar dinheiro para Portugal , dinheiro que só vai engordar meia dúzia de parasítas.
Dr. Filipe Meneses, o País já não vive, perdeu o sentido, a cor , a legria e o amor à própria Bandeira. Na saúde, é o que Vossa Excelência e todos nós vemos... uma desgraça!
Na Educação, o desprestígio a que a classe docente foi votada, o roubo da dignidade daquela profisão/missão, a negação de direitos essenciais adquiridos, a alteração de regras, no final de um percurso de tanta gente que gerou alguns bons quadros profissionais, sociais e políticos, o desrespeito atrevido, tirano e permanente da péssima equipa minesterial, com a anuência insensível de um Primeiro Ministro arrogante, apenas contribuiram para o desvio do que é essencial nas nossas Escolas: educar, com responsabilidade, para os desafios da vida e do exercício da plena cidadania.
Dr. Filipe Meneses, acuda, por favor, a este estado caótico do ensino deste Portugal que, tal como eu e tantos outros portugueses, muito para além do PSD,todos queremos seja, o mais rapidamente possível, governado por si.
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