VERGONHOSO PROFESSORES DAS ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR NÃO RECEBEM
As Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), há quem as designe de Actividades de Empobrecimento Curricular, nasceram algo tortas e, como diz a sábia voz do povo, aquilo que nasce torto, tarde ou mal se endireita.
Não querendo tomar a parte pelo todo, não me atrevo, para já, a juntar-me ao exército, que tem visto as suas fileiras engrossarem, daqueles que diabolizam as AEC.
Apesar de não ser novidade para ninguém que me conheça que não concordo com o modelo adoptado nem com os objectivos (se é que estes existem) que estas se propões alcançar.
Todavia, posso afirmar, convictamente, que este modelo contribui para o empobrecimento dos professores envolvidos no projecto.
A trabalharem desde Setembro sem receberem um cêntimo pelos seus serviços é absolutamente inaceitável.
Não esqueçamos que estes profissionais trabalham a Recibo Verde, portanto há uma boa parte do ano em que não recebem coisa alguma. Isto já é preocupante.
Pensar que estas pessoas desde Julho que não auferem qualquer vencimento suscita-me algumas questões:
Quem paga a renda / prestação da casa?
Quem paga a alimentação?
Quem paga a água, a luz, o telefone?
Como é que se vive assim?
Não esqueçamos que muitos têm que se deslocar em transporte próprio para a (s) escola (s) onde leccionam.
Não sei se esta situação se está a passar em todo o país.
Em Viseu esta é uma realidade dramática.
Parece que os vencimentos estão a ser processados…estavam…estarão…
Ninguém sabe ao certo.
O que sei é que há gente a vivenciar situações dramáticas.
Um amigo disse-me que não sabe se o dinheiro que ainda lhe resta será suficiente para o combustível que lhe permita deslocar-se às várias escolas em que trabalha.
Aqui está outra aberração: contratam imensa gente e depois atribuem apenas 12 horas a cada professor, horas distribuídas por distintos locais, obrigando a várias deslocações diárias.
Se não expusesse esta situação vergonhosa e lamentável hoje, tenho a sensação de que nem dormiria em paz.
Outros há que estão, dado o adiantado da hora, tranquilamente a sonhar com a cabeça na almofada.
Enquanto isso, muitos fazem das tripas o coração, encetando majestosos malabarismos, para fazerem face às necessidades básicas do quotidiano.
Que vergonha!!!
José Carreira
Não querendo tomar a parte pelo todo, não me atrevo, para já, a juntar-me ao exército, que tem visto as suas fileiras engrossarem, daqueles que diabolizam as AEC.
Apesar de não ser novidade para ninguém que me conheça que não concordo com o modelo adoptado nem com os objectivos (se é que estes existem) que estas se propões alcançar.
Todavia, posso afirmar, convictamente, que este modelo contribui para o empobrecimento dos professores envolvidos no projecto.
A trabalharem desde Setembro sem receberem um cêntimo pelos seus serviços é absolutamente inaceitável.
Não esqueçamos que estes profissionais trabalham a Recibo Verde, portanto há uma boa parte do ano em que não recebem coisa alguma. Isto já é preocupante.
Pensar que estas pessoas desde Julho que não auferem qualquer vencimento suscita-me algumas questões:
Quem paga a renda / prestação da casa?
Quem paga a alimentação?
Quem paga a água, a luz, o telefone?
Como é que se vive assim?
Não esqueçamos que muitos têm que se deslocar em transporte próprio para a (s) escola (s) onde leccionam.
Não sei se esta situação se está a passar em todo o país.
Em Viseu esta é uma realidade dramática.
Parece que os vencimentos estão a ser processados…estavam…estarão…
Ninguém sabe ao certo.
O que sei é que há gente a vivenciar situações dramáticas.
Um amigo disse-me que não sabe se o dinheiro que ainda lhe resta será suficiente para o combustível que lhe permita deslocar-se às várias escolas em que trabalha.
Aqui está outra aberração: contratam imensa gente e depois atribuem apenas 12 horas a cada professor, horas distribuídas por distintos locais, obrigando a várias deslocações diárias.
Se não expusesse esta situação vergonhosa e lamentável hoje, tenho a sensação de que nem dormiria em paz.
Outros há que estão, dado o adiantado da hora, tranquilamente a sonhar com a cabeça na almofada.
Enquanto isso, muitos fazem das tripas o coração, encetando majestosos malabarismos, para fazerem face às necessidades básicas do quotidiano.
Que vergonha!!!
José Carreira
Etiquetas: Educação
5 Comments:
A vergonha do governo é igual a Zero!
A Sinistra Ministra da Educação "Nacional", além de explorar estes docentes a recibo verde, ainda por cima é caloteira juntamente com os municípios.
Este país tem uma classe política de grandes filhos da puta, começando pelo governo acabando nos presidentes dos municípios.
Concordo que quem produz deve receber. Percebo o lado de quem foi contratado e não recebe. No entanto, como mãe preocupa-me a qualidade das AEC'S, é que ao contrário do que é assumido neste tópico nem todos os monitores são docentes, podem até ser licenciados, mas daí a serem docentes a distância é longa.
Já agora gostaria de colocar outra questão, aplica-se à nossa realidade. Como são ocupados os meninos da antiga escola primária( Garimbaldi de Andrade)quando os monitores dasAEC'S faltam? Este edifício não tem um único espaço onde estas crianças possam ficar.
E, já agora porque não posso eu como mãe optar se o meu filho frequenta estas AEC's ou um ATL por mim escolhido, sem que isso signifique um peso maior no meu orçamento? Isto é o que eu chamo de planificação e formatação estalinista.
Cara anónima:
Apesar do Senhor Primo Pedro da Conceição se ter inspirado no italiano Giuseppe Garibaldi para colocar o nome ao filho o nome do Professor, Editor e Escritor é Garibaldino de Andrade e não "Garimbaldi de Andrade", como escreveu no seu comentário.
Ao Historiador da Vila!
Peço desculpa se ofendi a alma pontessorense, mas como escrevi no meu comentário não sou de Ponte de Sôr,ou será Sor?Conheço alguns aspectos da obra do Primo Pedro da Conceição, mas do seu filho pouco ou nada conheço, volto a pedir desculpa, aos pontessorenses por tal ignorância. Sou conterrânea do mauel da Fonseca, mas chocar-me-ia mais que soubessem o seu nome e nada da sua obra. Agradeço a correcção fiquei a saber que não sou de todo ignorante, sei agora que o meu filho frequenta a Escola Garimbaldino de Andrade, mas seja qual for o nome da Escola, sei uma outra coisa, quando os monitores das AEC'S falterem o meu filho fica sem qualquer ocupação, nem um espaço próprio para onde ir.
E, posso até voltar a pedir desculpa aos pontessorenses por desconhecer o nome de Garibladino de Andrade, mas não me parece ficar muito bem na fotografia uma terra que põe o nome de um escritor a uam escola, e não se preocupa com o facto de esta ter ou não uma Biblioteca.
Por vezes é necessário abandonarmos o carreiro simples, mas estreito, do politicamente correcto e da sabedoria convencional, dos chavões adquiridos, das frases feitas e tentar pensar as coisas de outra forma, olhando-as de um novo ponto de vista.
A Escola a Tempo Inteiro é apresentada como uma grande conquista da acção deste Governo, deste ME, aplaudida pela Confap actual e por diversos opinadores (preo)ocupados com a situação das crianças, cujos pais não conseguem acompanhar devidamente e, por isso, devem ser deixadas mais de 10 horas “nas mãos” (não gosto da expressão por uma multiplicidade de razões) do(a)s professore(a)s.
É um excelente exercício de spin sobre a admissão clara de um fracasso do Estado Social e a demissão de quem representa as “famílias” de efectivamente as defender pela via certa que deveria ser a da “Família a Tempo Inteiro” ou, no mínimo, a “Família a Meio-Tempo”.
Porque parece que as coisas mudaram de lugar e a lógica se retorceu por completo neste país, nestes tempos. Com que então a Escola a Tempo Inteiro é uma grande conquista social? Porquê?
Não seria antes uma conquista ter-se conseguido desenvolver o país para que as “famílias” pudessem dispor de condições para estar perto dos seus filhos todo o tempo possível?
Conheço algumas pessoas a trabalhar em países consensualmente tidos como mais avançados do que Portugal, leia-se, Norte da Europa ou mesmo Costa Leste dos EUA.
Curiosamente, nesses países a Escola a Tempo Inteiro, em particular a Pública para os mais novos, não existe em muitas zonas e esse é um sinal do progresso dessas sociedades.
Porquê?
Porque existe uma efectiva protecção social à maternidade, que permite que as mães fiquem - se assim o quiserem - os primeiros anos de vida do(a)s seus(uas) filho(a)s em casa sem perda do posto de trabalho e vencimento. Porque os horários de trabalho são flexíveis, não para obrigar mães e pais a voltar a casa tardíssimo, mas para que possam recolher os seus filhos às 2 ou 3 da tarde, no máximo.
Porque se atingiram estados de desenvolvimento económico e protecção social inimagináveis para nós e que, mesmo em retrocesso, ainda estão muito à nossa frente.
Por isso, a Escola a Tempo Inteiro é apenas algo que se destina a apaziguar as “famílias” que, cada vez mais, são obrigadas a trabalhar em condições mais precárias e vulneráveis. Que não podem faltar, sob pena de perda do posto de trabalho no final do contrato. Que são obrigadas a cumprir horários incompatíveis com uma vida familiar harmoniosas. Numa altura em que, cada vez mais, as famílias são menos do que nucleares.
A Escola a Tempo Inteiro é um óptimo contributo para todos os empresários e empregadores que defendem a desregulação - pelo abuso - do horário de trabalho dos seus empregados. Se é isso que vai desenvolver o país? Abrindo mais umas dezenas de centros comerciais para as “famílias” tentarem desaguar as frustrações ao fim de semana?
Quem defende as “famílias” deveria defender, em coerência com os seus princípios, que o Estado protegesse a vida das ditas “famílias” a partir da melhoria das suas condições de vida. A defesa da Escola a Tempo Inteiro é a admissão de um fracasso, de uma derrota e não o seu contrário.
Eu, por exemplo, preferia viver num país com horários de trabalho que permitissem que os encarregados de educação dos meus alunos pudessem comparecer na escola num horário de atendimento civilizado e não em reuniões pós-laborais para todos. Gostaria de eu próprio não depender da Escola a Tempo Inteiro se o pudesse evitar.
Mas não. O Portugal Socrático, moderno e tecnológico, é um país falhado, com uma sociedade fragmentada e crescentemente fracturada e desigual. E o projecto democrático europeu dos últimos 20 anos - desde a adesão à CEE que trouxe fundos em forma de chuva grossa e os trará até 2013 - foi um projecto que falhou em tornar um país mais coeso, mais solidário, mais avançado em termos de conquistas sociais, só possíveis se o resto tivesse funcionado. Mas não funcionou. Ou funcionou apenas para alguns. Que são os que têm acesso a uma voz pública em nome do seu sucesso. E que depois palpitam sobre o tudo e o nada, sobre o que conhecem e desconhecem. Que têm serviçais para tratar das coisas chatas como ir buscar os “puto” à escola. Que só fazem por desfastio, em muitos casos.
As “famílias” comuns, essas, na sua grande maioria, podem olhar para a Escola a Tempo Inteiro como uma válvula de escape, uma almofada que amortece um maior choque da sua vulnerabilidade, mas é apenas isso mesmo, um estratagema para tornar um pouco mais suportável o que deveria ser visto como insuportável e intolerável.
A Escola a Tempo Inteiro é um projecto de sucesso se assumirmos que entre nós o Estado Social falhou irremediavelmente.
A Família a Tempo Inteiro, isso sim, teria sido uma enorme conquista e a marca do sucesso de um Portugal desenvolvido.
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