O OÇARMENTO DE ESTADO COR-DE-ROSA
Os impostos ganharam.
Portugal perdeu.
Esse parece ser o resumo da empolgante luta de tenores de cana rachada entre Sócrates e Santana.
Algo que já Eça de Queiroz dissecava nas Farpas quando falava na honra com que, alternadamente, os Partidos Regenerador e Progressista propunham o imposto para salvar a Pátria.
Só num país que parece uma mercearia e o primeiro-ministro usa um lápis na orelha para anotar em papel pardo o que devem os vizinhos que compram a fiado, se discute assim a economia.
O que Sócrates e Santana têm estado a discutir não é o mais importante documento do país, mas o seu próprio ego.
Tudo o resto acaba por se resumir ao imposto.
Este é o meio que permite que não caia o cinto das calças do anafado Estado.
Mas como este nunca pára de engordar, de reforma em reforma, os impostos sobem e o fisco vai-se vestindo de EMEL dos rendimentos mal estacionados.
Os resultados que os Governos clamam conseguem-se à custa de quê?
Do crescimento produtivo?
Não.
Da cobrança de receitas.
A divergência profunda entre as políticas de Sócrates e de Santana é a dimensão do imposto.
Dependendo de quem está no poder ou na oposição.
São, mais uma vez, os impostos, qual bombeiros, que salvam a pátria.
As reformas são a ilusão com que se iludem os tolos neste país.
Mas dói ver esta discussão do OE.
O futuro do país não se resume a uma sova de Sócrates a Santana ou vice-versa.
Mas, aparentemente, Portugal não é um país.
Tanto assim é que o OE está a ser editado em versão de revista cor-de-rosa.
F.S.
Portugal perdeu.
Esse parece ser o resumo da empolgante luta de tenores de cana rachada entre Sócrates e Santana.
Algo que já Eça de Queiroz dissecava nas Farpas quando falava na honra com que, alternadamente, os Partidos Regenerador e Progressista propunham o imposto para salvar a Pátria.
Só num país que parece uma mercearia e o primeiro-ministro usa um lápis na orelha para anotar em papel pardo o que devem os vizinhos que compram a fiado, se discute assim a economia.
O que Sócrates e Santana têm estado a discutir não é o mais importante documento do país, mas o seu próprio ego.
Tudo o resto acaba por se resumir ao imposto.
Este é o meio que permite que não caia o cinto das calças do anafado Estado.
Mas como este nunca pára de engordar, de reforma em reforma, os impostos sobem e o fisco vai-se vestindo de EMEL dos rendimentos mal estacionados.
Os resultados que os Governos clamam conseguem-se à custa de quê?
Do crescimento produtivo?
Não.
Da cobrança de receitas.
A divergência profunda entre as políticas de Sócrates e de Santana é a dimensão do imposto.
Dependendo de quem está no poder ou na oposição.
São, mais uma vez, os impostos, qual bombeiros, que salvam a pátria.
As reformas são a ilusão com que se iludem os tolos neste país.
Mas dói ver esta discussão do OE.
O futuro do país não se resume a uma sova de Sócrates a Santana ou vice-versa.
Mas, aparentemente, Portugal não é um país.
Tanto assim é que o OE está a ser editado em versão de revista cor-de-rosa.
F.S.
Etiquetas: Economia, José Sócrates, Partido Social Democrata, Partido Socialista, Pedro Santana Lopes, Portugal
3 Comments:
Num "parlamentarês" impróprio de professor catedrático, o dr. Santos Silva, dos Assuntos Parlamentares e do governo, disse que Santana Lopes "berrou e desandou".
Depois veio o sr. Junqueiro - uma nódoa que se senta na primeira fila da bancada do PS - recuperar Guterres, em 1999, e mandar "desaparecer" o referido Santana. Já antes de ontem Sócrates, respondendo ao PP, falara em "tripas" e, ontem, em Parque Mayer.
Lopes - e muito bem - não ficou na sala porque não é interlocutor destes acólitos menores.
O PS oscila entre Prada e brega.
O populismo dá, afinal, muitas voltas.
O grande circo...
Estava tudo preparado para ser um grande espectáculo. Duelo de titãs, assim o apresentava a imprensa, que ajudou a montar o circo. Nem como espectáculo valeu. Foi demasiado previsível. Sócrates nem precisou de fazer muito para emparedar Santana Lopes, direccionando-o para o seu tema preferido, o seu próprio eu. Depois, queixou-se Santana, faltou-lhe tempo para o resto. O resto, não o principal, ele mesmo. Discutiram o passado, Santana resumiu esse passado a um tempo em que estava presente. Podia ter falado no passado imediatamente anterior às eleições, o único relevante para o tema a tratar ali. Nada disso, optou pelo tapete que o opositor lhe estendeu e nada disse sobre as promessas de um José Sócrates que, em campanha, vendeu a esperança que depois de já eleito transformou em sacrifícios. O argumento da metamorfose de Sócrates está bem longe, demasiado longe, do umbigo de um menino guerreiro fiel ao que sempre foi. Regressou igual a si mesmo.
Conversados sobre o espectáculo, abordemos o debate. Pior ainda. É cada vez mais visível o reality show em que se tornou a política nacional, feita com actores – uns piores, outros melhores, uns mais talentosos, outros menos – mais dados a encenações povoadas de palavras ocas do que ao que teoricamente os levaria a estar ali: política, soluções, projectos. Pelo contrário, os debates desenrolam-se como as deixas no teatro, se disseres a 12 eu respondo-te com a 27, se disseres a 36 eu respondo-te com a número 4. Esta é a fórmula da política profissionalizada, da escola de actores das jotinhas. A política nacional é feita com gente recrutada nas juventudes partidárias, que aí aprendeu a arte de dizer sim ao amo como forma de alcançar o trampolim para o parlamento. E lá estão os eleitos, os que agradaram mais, os sobreviventes da selecção natural. Ganharam o lugar sem nunca terem tomado o pulso ao país, sem nunca terem experimentado um trabalho dito “normal” e sem nunca terem feito mais nada na vida que viver da política. A realidade, o debate útil, as propostas, a política digna desse nome ficaram, naturalmente, de fora. Ficam sempre, pertencem a um mundo que está longe dos seus.
Restam dois grupos. O primeiro, o daqueles que pertencem ao país real, com potencial para servirem a política e não apenas de se servirem dela, afastados tanto pela ameaça que representam por terem ideias próprias e um saber fazer como pela sua inaptidão para se movimentarem e ascenderem no meio. O que lhes sobra em vocação e qualificações para servir a causa pública, falta-lhes em arte de representação. O segundo, as personagens secundárias do show, os deputados dos pequenos partidos. Nunca chegamos a saber que projectos têm, estão tão à margem desta lógica de funcionamento como estão longe da cobertura mediática dada às novelas em que não participam. A política é aborrecida. Os espectadores mudam de canal se os aborrecemos. Que se lixe o Orçamento. E assim vamos andar até que os resultados desta era sejam tão maus que façam com que isto abane. É inevitável. Para que lado será a mudança, é a incógnita. Falta bater mesmo no fundo.
Santana Lopes andou mais de uma semana a anunciar que se estava a preparar para a reedição dos seus debates com José Sócrates. Ontem, na TSF, falava da abertura de um “novo ciclo político” comparável ao de Cavaco Silva. A imprensa foi na onda. Os jornais da manhã anunciavam a coisa em tons épicos. A Sic Notícias fez um separador para a ocasião. O espectáculo estava montado, as galerias cheias, a Assembleia silenciosa. Só se esqueceram que não basta ter um actor para ter filme. É preciso que ele conheça o papel. Santana foi igual a Santana. Um flop. Tinha cinco minutos para questionar o primeiro-ministro. Perdeu-se a falar do seu tema preferido. Ele próprio. Nos escassos segundos que deixou para falar do Orçamento ninguém percebeu do que é que estava a falar. Ainda inventou uma qualquer figura regimental para tentar um remake. Outra vez o mesmo filme. Penoso e vazio.
Existe um mito que a imprensa acredita e que anda a “vender-nos” há anos. Santana Lopes é um bom orador e um adversário temível em debates. Nada mais errado. Santana Lopes só conhece um dossier. Dá para encher as páginas de jornais com mil e uma efabulações, mas não dá para mais nada. Depois, a imagem de estroina instável persegue-o. Para compensar a ligeireza da imagem, e assumir a pose de Estado, veste um fato que não é o seu. É um peixe fora de água. São os dias em que traz os óculos para falar de improviso. Nem sempre basta andar por aí, é preciso saber o que se faz. Só faltou Sócrates virar-se para Santana e dizer-lhe: “foi porreiro, pá”.
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