sexta-feira, 9 de novembro de 2007

MAIS UM TIRO, O "MAR DA PALHA" COMEÇA A FICAR CHEIO DE BARCOS NO FUNDO...

Previsões de Outono

Desemprego vai crescer em Portugal

A Comissão Europeia reviu hoje em alta as previsões para a taxa de desemprego em Portugal este ano e no próximo para os 8 por cento, apesar de ser esperada uma aceleração do crescimento económico.

Nas Previsões Económicas do Outono para 2007-2009, apresentadas hoje, em Bruxelas, a Comissão Europeia revê em alta, para 8 por cento, as estimativas para o desemprego este ano, mais 0,3 pontos percentuais que nas previsões da Primavera.

Em 2008, a taxa de desemprego deverá manter-se nos 8 por cento, contra os 7,5 por cento estimados nas anteriores previsões da Comissão Europeia, divulgadas em Maio.

Estas previsões ficam claramente acima das estimativas do Governo no Orçamento de Estado para 2008.

O executivo prevê que a taxa de desemprego se situe nos 7,8 por cento, em 2007, e nos 7,6 por cento, em 2008.

«A criação de emprego foi lenta, reflectindo a resposta retardada do emprego subjugado à actividade económica», refere a Comissão Europeia, acrescentando que «estes factores deverão continuar em 2008 e 2009, consequentemente dando pouco relevo ao desemprego».

No entanto, os salários deverão manter os actuais níveis de crescimento, mas os custos unitários do trabalho poderão crescer, marginalmente, menos do que nos outros países europeus.

A Comissão Europeia revê em alta o desemprego, apesar das previsões apontarem para que o crescimento da economia portuguesa acelere no próximo ano, mas para um ritmo mais pessimista do que o esperado pelo Governo, mantendo-se a tendência de divergência com a UE até 2009.

O ritmo de crescimento da economia portuguesa continuará a acelerar este ano e nos próximos dois, seguindo a tendência iniciada em 2005, passando de 1,8 por cento em 2007 para 2,0 por cento em 2008 e 2,1 por cento em 2009.


No:Sol

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1 Comments:

At 9 de novembro de 2007 às 17:30, Anonymous Anónimo said...

O professor Luís Campos e Cunha assina hoje, no Público, as suas “lições sobre consolidação orçamental”. Fazendo a destrinça entre cortes horizontais e verticais, elogia os últimos que, afirma, são os mais “importantes” porque permitem mudar qualitativamente o funcionamento do Estado. Dá um exemplo. Se o Governo cortar 5% nas transferências para o ensino superior, “a universidade fica marginalmente pior, os alunos com computadores com cinco anos, em vez de quatro, e eventualmente mais suja, mas nada se altera”. Mas, se cortar 50% de uma só vez, “então tudo muda” e a “instituição ajusta-se ao novo regime”. Como? “fecha cursos inúteis”, encerra serviços dispensáveis, manda funcionários para os disponíveis, trata de arranjar novas receitas, aumenta as propinas para quem puder pagar, será mais activa no fund rainsing, procurará parcerias com as empresas”.

Vejamos, então, as propostas de Campos e Cunha. Apesar da anacrónica profusão de cursos existente, encerrar os “inúteis” só muito marginalmente reduziria os custos. Portugal é o pais da Europa com maior número de cursos e, ao mesmo tempo, o que menos gasta no ensino superior (7200 euros por aluno, quando a média da OCDE já vai nos 11 254 – dados de 2006). Não há nenhuma relação directa entre os dois. O financiamento está indexado ao número de alunos e docentes, não de cursos. Depois, devia saber que as faculdades já têm as propinas no valor mais alto permitido por lei. Novo aumento de propinas só com nova Constituição (o valor actual está indexado às propinas da ditadura – quando o ensino superior era para uma elite, curiosa ironia – e foi calculado precisamente para contornar a questão da tendencial gratuitidade da educação).

Resta o fund raining, novas receitas e parcerias com as empresas, três propostas para encontrar sempre o mesmo problema: o reduzido interesse das empresas nacionais em investir na investigação. A OCDE recomenda uma despesa de 3% do PIB em investigação científica, um terço dos quais a cargo do Estado e o resto proveniente da iniciativa privada. Em Portugual, funciona tudo ao contrário. O Estado, que nem investe assim tanto, é responsável por 70% da investigação, enquanto as empresas apenas assumem 30% dos custos em I&D. O pior valor de toda a Europa. O problema não é só o chavão das universidade viverem de costas voltadas para as empresas, é que a maioria destas tem muito pouco interesse em arriscar e inovar.

É este o país que temos. Algo que Campos e Cunha parece que não perceber, baseando-se nas propostas de um ex-ministro sueco. Portugal é o país mais pobre dos 15, com menores qualificações e que menos gasta no ensino superior, mas a solução liberal é aumentar propinas e cortar nos serviços sociais (não por acaso, os únicos gastos que refere no texto são com a educação e saúde). É o problema de ver o país através de uma folha de Excel, até dá para elogiar “os ganhos de eficiência na saúde”. Só lhe falta explicar isso aos 380 mil que esperam por uma consulta no SNS e aos 200 mil que esperam por uma cirurgia.
Deve ser canja.

 

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