PARABÉNS AO PRIMEIRO MINISTRO
As últimas previsões da Comissão Europeia (CE) sobre a evolução da situação económica e social em Portugal - que se juntam a todas as outras conhecidas - confirmam um quadro bem mais pessimista que aquele que o Governo tem usado para emoldurar a proposta orçamental actualmente em debate.
Os números de Bruxelas são mesmo preocupantes.
A inflação esperada para 2008 é de 2,4, quase 15% acima do que prevê o Governo (2,1).
A taxa de desemprego atingirá 8,0% contra os 7,6 governamentais.
A criação de emprego ficará pelos 0,6, bem abaixo dos 0,9 do Governo.
O investimento global no País poderá atingir 2,3% contra os 4% inscritos pelo Governo, pouco mais de metade do que Sócrates prevê. E mesmo as exportações - a explicação mais usada para o pífio crescimento dos dois últimos anos - sofrem um golpe assinalável nas previsões da CE (5,6) relativamente às expectativas governamentais (6,7).
Perante esta generalizada revisão em baixa dos principais indicadores que sustentam a proposta de Orçamento para 2008, seria legítimo esperar que o Governo utilizasse o debate em curso para ponderar, e eventualmente rever, pelo menos alguns desses indicadores.
Por exemplo, o valor da inflação que, como se sabe, determina de forma decisiva os salários, a forma de actualizar os escalões de IRS e o valor das deduções e abatimentos neste imposto, podendo assim reflectir-se num menor agravamento fiscal para centenas de milhares de portugueses.
Pelo ar da carruagem da reacção de Teixeira dos Santos não parece que o Governo esteja disponível para aceitar esta hipótese, mostrando mais uma vez uma evidente ausência de flexibilidade política e uma inexplicável indisponibilidade para concertar ou ponderar algumas propostas construtivas e lógicas que tem sido feitas, em especial a da descida do IVA para 20% já em 2008.
Teremos então que nos ficar pelos comentários de José Sócrates sobre as últimas previsões da CE.
Directamente do Chile, onde foi fazer figura de corpo presente na Cimeira Ibero Americana, o Primeiro-Ministro considerou os dados de Bruxelas uma boa notícia para Portugal.
Teremos assim que nos limitar a dar os parabéns ao Governo do PS. Parabéns porque Portugal vai chegar ao final deste ano com o mais baixo crescimento económico dos vinte e sete países que agora integram a União Europeia, parabéns ao Governo porque - sejam quais forem os números usados - vamos em 2008 continuar a afastar-nos, pelo oitavo ano consecutivo, da riqueza média produzida nesses países.
Parabéns!
H.N.
Os números de Bruxelas são mesmo preocupantes.
A inflação esperada para 2008 é de 2,4, quase 15% acima do que prevê o Governo (2,1).
A taxa de desemprego atingirá 8,0% contra os 7,6 governamentais.
A criação de emprego ficará pelos 0,6, bem abaixo dos 0,9 do Governo.
O investimento global no País poderá atingir 2,3% contra os 4% inscritos pelo Governo, pouco mais de metade do que Sócrates prevê. E mesmo as exportações - a explicação mais usada para o pífio crescimento dos dois últimos anos - sofrem um golpe assinalável nas previsões da CE (5,6) relativamente às expectativas governamentais (6,7).
Perante esta generalizada revisão em baixa dos principais indicadores que sustentam a proposta de Orçamento para 2008, seria legítimo esperar que o Governo utilizasse o debate em curso para ponderar, e eventualmente rever, pelo menos alguns desses indicadores.
Por exemplo, o valor da inflação que, como se sabe, determina de forma decisiva os salários, a forma de actualizar os escalões de IRS e o valor das deduções e abatimentos neste imposto, podendo assim reflectir-se num menor agravamento fiscal para centenas de milhares de portugueses.
Pelo ar da carruagem da reacção de Teixeira dos Santos não parece que o Governo esteja disponível para aceitar esta hipótese, mostrando mais uma vez uma evidente ausência de flexibilidade política e uma inexplicável indisponibilidade para concertar ou ponderar algumas propostas construtivas e lógicas que tem sido feitas, em especial a da descida do IVA para 20% já em 2008.
Teremos então que nos ficar pelos comentários de José Sócrates sobre as últimas previsões da CE.
Directamente do Chile, onde foi fazer figura de corpo presente na Cimeira Ibero Americana, o Primeiro-Ministro considerou os dados de Bruxelas uma boa notícia para Portugal.
Teremos assim que nos limitar a dar os parabéns ao Governo do PS. Parabéns porque Portugal vai chegar ao final deste ano com o mais baixo crescimento económico dos vinte e sete países que agora integram a União Europeia, parabéns ao Governo porque - sejam quais forem os números usados - vamos em 2008 continuar a afastar-nos, pelo oitavo ano consecutivo, da riqueza média produzida nesses países.
Parabéns!
É mesmo obra,
Eng. José Sócrates!
Eng. José Sócrates!
H.N.
Etiquetas: Economia, José Sócrates, Partido Socialista, Portugal
2 Comments:
José Sócrates raramente se engana e nunca tem dúvidas. É por isso que, antes da votação do OE, convocou as legiões socialistas e fez soar a sua voz. “Com a disciplina de voto não se brinca”, trovejou. Os deputados da maioria cumpriram a sua função de delegados políticos e não de eleitos pelo povo.
Pedro Silva Pereira puxou as cordas e todos os braços direitos responderam à ordem: levantaram-se ao mesmo tempo. Sabe-se que os deputados respondem perante o seu líder e não perante os eleitores, mas o jogo democrático é assim: as ovelhas seguem o bom pastor. Porque, de outra forma, são condenados aos inclementes raios que os hão-de tornar em cinzas políticas. Nesse aspecto não há, no Parlamento, quem possa dar lições de democracia a Sócrates: cada partido, nos seus melhores momentos, atira os que duvidam pela borda fora. Mas o primeiro-ministro vai-nos surpreendendo. À volta de Sócrates não há o deserto: há deputados alimentados a Lexotan. Sócrates fala alto e Silva Pereira nos dias pares e Santos Silva nos ímpares carrega o seu tacão de basebol. Mas esse foi o ponto alto de um debate onde se deveria questionar o primeiro-ministro porque é que fala tanto da aposta no conhecimento e depois vêm os reitores das Universidades a dizer que estas estão a ser estranguladas financeiras e o dinheiro é despejado no MIT. Isto é: há uma traição miserável aos portugueses. Mas é por isso que Sócrates fala alto: para não ouvir as vozes que se escutam nos transportes públicos. Que, é claro, ele não frequenta.
Nos últimos dois anos José Sócrates criou um Governo à sua imagem: intransigente, duro e arrogante. Características que se estenderam a várias áreas da governação, desde a Saúde à Educação, passando pelas Finanças (que tem o importante pelouro da Administração Pública – 15% da população activa) e Obras Públicas.
A praticamente dois anos das legislativas, o primeiro-ministro tem de alterar este registo. A intransigência terá de dar lugar ao diálogo, a dureza à bonomia e a arrogância à humildade. O problema é saber como é que ministros como Correia de Campos, Mário Lino e Maria de Lurdes Rodrigues encaixam neste perfil. Alguns, receando ser atirados ao mar numa próxima remodelação, já perceberam o perigo e começaram a ensaiar um estilo diferente. Mas conseguirão dar esse passo? É duvidoso: teriam de vestir um fato que não condiz com a sua própria natureza. Maria de Lurdes Rodrigues, por exemplo, escolheu o Estatuto do Aluno para estrear uma nova imagem. E os resultados são conhecidos?
É por isso que José Sócrates, preocupado com as sondagens de opinião, já deve estar a pensar em alternativas. Mas tem um problema bicudo: saber como mudar o seu próprio estilo. É que o primeiro-ministro é o campeão da intransigência e arrogância de que se falava acima. Conseguirá mudar o ar crispado que é a sua imagem de marca? Não vai ser fácil.
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